sexta-feira, dezembro 29

pró ano

atão até pró ano;
este, por estas bandas, terminou, chegou ao fim, foi-se, esvaiu-se, pronto, ponto final;
volto a escrever neste canto só pró ano;
até lá e façam-me o favor de ter um valente 2007 que bem merecemos;
BOM ANO;

quarta-feira, dezembro 27

espantos e coisas que tais

do espanto
perante esta notícia (os portugueses gastam quase mil euros por segundo) fico estarrecido - conseguimos ser mais rápidos que Hobikwelo;

e como é possível prometer coisas destas - GNR promte ser inflexível perante consumo de álcool - mas é e?le tempo de prometer coisas destas;

das coisas que tais
são conhecidas as opções políticas e partidárias de Vasco Graça Moura; agora perante o melhor de 2006 optar quase que exclusivamente pela prata partidária é obra e revela algum descaramento;

um breve zapping sobre as capas dos jornais do dia deixam-me em estado que tal;
não regresso lá tão cedo;

inacabado

tenho em cima desta minha mesa de trabalho uns quantos livros, outras tantas colectâneas de cópias de textos diversos;
todas começadas a ler e a trabalhar, todas inacabadas, incompletas no seu percurso de entendimento e percepção;
este terá de ser um dos objectivos do novo ano, terminar aquilo que começo, pelo menos ao nível das leituras;

despropósito

pelo contador que coloquei no início do mês, é perceptível o entendimento que não escrevo apenas para mim ou para a família; outros há que por aqui passam e que têm a pachorra de me ler;
alguns desses transeuntes chamam-me a atenção para o facto de algumas entradas, algumas postas, serem demasiadamente imperceptíveis para o colectivo, para o geral do passante, para aquele que não lida ou não conhece mais de perto a realidade com que lido habitualmente;
duas notas nesse sentido;
escrevo tendo em conta que enquanto escrevo penso alto e acaba por ser um momento, ainda que breve, de reflexão mardamente pessoal;
depois cada um lê o que quer e, muito particularmente, interpreta como pode, sabe ou quer - e tem sido bastante agradável quanto interessante, perceber essas diferentes dimensões de interpretação do que escrevo, do que se escreve;
depois se uma posta aparente ser um despropósito de sentido, não deixa de ter o seu próprio sentido, ou da falta dele;

do grupo

sou filho único, como costumo dizer um bom filho único, isto é, repleto de quase todos aqueles esteriótipos que caracterizam e demarcam um qualquer filho único;
contudo, pela idade, pelas experiências vividas, já costumo colocar em primeiro lugar a razão (o que designo de razão) em detrimento da emoção, das vontades, dos impulsos;
mas aprendi a trabalhar em equipa, a colaborar com o grupo, a saber que a força do colectivo reside na fraqueza do seu elo mais fraco; aprendi, primeiro no desporto depois na tropa (é verdade), o sentimento de equipa, de pertença, de grupo; depois, na universidade, fruto mais de amizades do que de vontades, acentuou-se essa dimensão; profissionalmente tenho tido o privilégio de trabalhar com pessoas que me ensinam mais do que eu consigo fazer aos outros e a implementar uma dimensão colaborativa que me orientou para práticas mais colectivas e de grupo do que a dimensão individual e solitária que a profissão docente deixa transparecer;
hoje, sempre que sinto a manifestação de interesses individuais em face da acção do grupo fico piurço, bruto, danado; sou capaz de perder pretensas amizades, apenas porque me apercebi que o interesse colectivo foi manietado, manipulado em face de interesses e posições meramente individuais;
mais me chateio quando me apercebo que há quem, por interesses meramente pessoais, se deixam manipular e manietar;
a história não conta para esses, nem esses contam para a história;
preservo-me de perseguir na senda daquilo que considero ser um valor fundamental, (mas não intransigivel) o interesse do colectivo em detrimento de interesses particulares;

fundo

quando comecei a escrever neste canto o meu principal objectivo era perceber se conseguia escrever quotidiana e regularmente sobre temas que gravitam em meu redor - Alentejo, Évora, Educação e outros que aparecessem;
não tive, não tenho e considero que não é o sítio mais adequado para artigos de fundo, para experimentar o ensaismo em torno de uma ideia, de um conceito ou do que for;
mantenho-me, hoje como no início, fiel ao princípio de escrever pelo prazer da escrita, de trocar ideias, de procurar polemizar o que parece natural, dado, mas que mais não é que uma qualquer construção social ou retórica;
mas apareceu-me um outro, o de procurar perceber e racionalizar o meu mundo, os meus momentos, o meu tempo;
de quando em vez oiço reparos que extravassam manifestamente estes objectivos e me procuram situar onde não quero; tenho consciência que sou eu e o que de mim fazem; mas não me façam de parvo; isso já sou;

terça-feira, dezembro 26

referência

finalmente hoje referenciei, nos links de cabeça aqui ao lado, um colega que pela designação e pelo modo como assume a designação, muito poderá contribuir para a Educação Crítica, não apenas apontando erros e/ou omissões, não apenas isolando comentários, como se fosse possível a crítica asséptica ideológica que, estou certo, não pretenderá, mas reforçando o pendor da Educação Crítica, da reflexão, do pensar a educação para além da simples crítica ou mesmo da educação, integrando no devir social e económico, encarando a sua dimensão cultural;
é com prazer que o faço; é com orgulho que o referencio;

o próximo

o próximo ano não irá ser fácil, estou certo disso e consciente das muitas circunstâncias que o irão preencher e deixar muito pouco espaço e oportunidade a uma intervenção pessoal, ao lívre arbítrio;
a reorganização da administração pública irá fazer com que as mexidas se façam sentir mais abaixo na escala organizacional; as lutas e as mexidas irão ser interessantes de ver, perceber e sentir, particularmente a nível regional - e estou certo que irei ser um dos seus alvos, não sei para que lado;
o trabalho académico irá entrar numa fase determinante, mediante a criação de um campo de investigação, na definição de alguns pormenores que farão (ou poderão fazer) toda a diferença;
a minha organização pessoal, entalado entre deveres profissionais (sejam eles na administração pública ou na escola) e obrigações académicas irão definir muito do ritmo cá de casa;
também na família se irão sentir diferenças; a filha mudará de escola, de ciclo e de ritmo; o filho entrará definitivamente na adolescência, a esposa num novo ciclo profissional; no resto, isto é, nos avós, apenas se procura saúde, já escassa, para se atravessar o ano e sentirmos o prazer de chegar ao fim - a ver vamos;
em tudo o resto apenas faço votos para que os amigos me acompanhem e tenham saúde;
o resto ... se verá;

a próxima

passada um fim-de-semana preparamo-nos para o próximo;
como costumo dizer em conversas de amigos, é o fim do princípio;
balanços, perspectivas, anseios, ansiedades, contas de deve e haver de tudo um pouco se pretende fazer nesta semana;
o melhor e o pior, o feito e o por fazer, as contas são de resultado diverso, diferente de acordo com pontos de vista, valorizações e opções;
tenho pensado em trazer para este cantinho um pouco desse balanço;
fico-me pelo impressionante ritmo deste meu ano; ainda há dias fazia votos de bom ano e já estamos no fim; este é para mim, o grande balanço do ano, a velocidade estonteante, a rapidez com que as coisas acontecem, a voracidade do instante, o flash do que acontece, quase sem tempo para medir o tempo;
escrevo por isso, é uma das poucas formas que tenho de dar conta do quotidiano, de pensar os acontecimentos do dia a dia, de sentir o fluir do tempo, de sentir os dias a passarem por mim;
por isso escrevo em diferentes suportes, com diferentes propósitos e objectivos; por isso criei, no início do ano, um fotoblogue (não publicado), onde capto instantes, pormenores do que sou e do que gosto;

segunda-feira, dezembro 25

desparecimento

e, quase que de repente, aparentemente, todo aquele amontoado de embrulhos, revestidos de papel colorido, enlaçados ou entrelaçados em fitas garridas, desparececeu debaixo da árvore de Natal;
o espaço ficou mais livre, o canto mais aberto e as expectativas foram o que foram;
resta-nos esperar por outras oportunidades, outros momentos, outras alegrias ou, simplesmente, outros Natais;
mas e afinal, o Natal é sempre que uma pessoa quiser; ou não?

alterações

fruto de alguma disponibilidade e de algum entretem nesta quadra, procedi a mais algumas alterações do layout desta coisa;
estou seriamente desconfiado que não há gente entre a minha pessoa e o Miguel, que tenham mudado tanto e tanta vez de layout - inconformismo, vontade de mudança, contra a rotina, seja que razão for há sempre alguma que conduz à mudança;
espero que esteja melhor, que corresponda mais adequadamente a quem me visita, que vá ao encontro dos objectivos e das expectativas;
para já e pessoalmente gostei;

sábado, dezembro 23

FELIZ NATAL

feliz Natal a todo(a)s que por aqui passam e têm a pachorra de me ler;
saúde, paciência, bom senso, alguma temperança e sentido crítico, os votos para esta quadra;
atenção ao colesterol, às gorduras polinsaturadas, aos fritos...
pronto, Feliz Natal :))

da diversidade

de quando em em quando circulam na net, via correio, um conjunto de postais que se designam como Portugal no seu melhor;
para quem ainda não tenha tido a oportunidade de os ver, mais não são que um conjunto de apanhados sobre caricaturas algo portuguesas - anúncios mal escritos, ementas que não lembram ao diabo, indicações viárias contraditórias, motorizadas com tudo e mais alguma coisa, mulheres de barba farta, etc;
o que retractam, essencialmente, são, por um lado, a profunda evolução sentida e manifestada um pouco por todo o lado neste nosso país, com impactos fortes na maneira de ser e de nos entendermos e, por outro, o assombrar de curiosidade entre o que somos e o que pensamos ser;
por vezes fazem-me lembrar aquele condutor que nos buzina recriminado-nos por algo e que, logo de seguida, faz pior do que aquilo para a qual nos chamava a atenção;
portuguesices

das consequências

o fim-de-semana passado estava quase como este; um dia cheio de sol, apetitoso, convidadativo ao passeio;
como não gosto de passear em vésperas de Natal, andei de motoenchada de um lado para o outro;
a brilhante consequência é que fiquei fragilizado, quase convidativo e disponível para a fruta da época, as gripes;
na terça, um pouco mais de frio e fiquei com a voz assim, imperceptível, inaudível; o que não deixou de ter as suas agradáveis consequências, na reunião de 4ª de manhã todos diziam que ia ser rápida, pois eu não falava, a conversa radiofónica de certo que correu sem grandes atribulações, pois não marquei presença;
enfim, uma semana quase de molho, para retemperar de um fim-de-semana agradável e solarengo;

sábado, dezembro 16

solarengo

o dia estava apetitoso, convidativo ao passeio;
solarengo como estava era inevitável o convite ao passeio, cá em casa sentiu-se o desafio; não se resistiu e foram passear;
porque tenho consciência que invariavelmente se acaba num qualquer centro comercial, apinhado de glutões natalícios, optei por ficar;
mas o dia estava efectivamente convidativo, excessivamente desafiante para que se fique em casa; quase que obrigava a sair e disfrutar dos raios de sol;
pronto, fui lavrar um bocado de terra, até que o sol se escondeu e me obrigou a recolher;
fiquei por aqui para ler, descansar e pensar no meu trabalho;
face ao dia estou cansado mas descansado; sabe bem;

caminho

ontem tive oportunidade de ouvir Correia de Campos, ministro da Saúde;
em amena cavaqueira, tive oportunidade de constatar três distintas, mas complementares situações;
por um lado, a certeza de um caminho a trilhar, é evidente no seu discurso que sabe para onde quer ir e como; a simplicidade dos objectivos apresentados (relativamente aos cuidados de saúde primários, aos cuidados paliativos e ao orçamento do ministério) fazem parecer que as coisas são simples num ministério manifestamente complicado;
por outro lado, a consciência da situação, dos problemas, dos constrangimentos e a ousadia de os enfrentar, sabendo que há interesses, que há vícios, que há virtudes, que há necessidades, que há que ir ao encontro de muitos contrapondo o interesse de poucos;
finalmente, a manifesta ideia que não está em causa o serviço nacional de saúde, mas antes a forma de o gerir; percebendo que os tempos são diferentes daqueles em que foi criado e daqueles em que vingou; tendo ideia dos desafios e das necessidades;
é tão diferente ouvir em primeira mão, directamente da fonte, as ideias e os argumentos, que ficamos conscientes do camimho

sexta-feira, dezembro 15

do centro

há autores (Luhman, p.e) que defendem uma sociedade sem centro;
em conversa com uma colega, damos conta que, nós por cá, estamos cada vez mais afastados do centro;
um outro problema se nos coloca;
é que antigamente o centro era Lisboa (pretensamente) e hoje não sabemos onde fica;
apenas temos noção (breve, difusa) que não estamos no centro, que nos afastamos do centro;

da crise

a crise manifesta-se das formas mais inesperadas;
há dias, ao comprar castanhas, a senhora perguntava-se se queria 8 por 1€ ou uma dúzia por 1,5€;
há crise, é verdade, mas também há imaginação para lhe dar a volta - ou, pelo menos, procurar dar-lhe a volta;

quinta-feira, dezembro 14

da modernidade

há dias um colega, na mailing list da escola, perguntava:
qual o papel da escola na pós-modernidade?
que papel?
que escola?
que conceitos?
pergunta interessante que, remetendo para a retórica, não deixa de ser elucidativa de um questionar e reflectir sobre a escola que temos e para o que queremos;

das elites

há dias abordava a questão das elites regionais;
nem de propósito foi tema de conversa com um camarada do PC (desculpa lá a intimidade);
e neste campo, apesar das divergências, comungamos da mesma ideia, não temos elites no Alentejo; isto é, elementos que sejam referenciados à região, independentemente dos partidos ou das posições ideológicas, não temos uma figura que, quer na região quer fora dela seja identificada com o Alentejo;
nos anos 90 tivemos vários que, sempre que apareciam na TV, eram referenciados em face de uma região, de um contexto regional, casos de Carlos Zorrinho e Capoulas Santos, na área do PS, Abílio Fernandes, Joaquim Miranda ou Lino de Carvalho no PC, Luís Capoulas ou Maria do Céu Ramos, no PSD e mesmo, na área do CDS, Rosado da Fonseca ou Mariana Cascais;
quem, hoje, conseguimos identificar, referenciar enquanto elementos alentejanos? que não estejam presos a uma localidade, mas à região?
que elites temos nós? que protagonistas regionais? que actores políticos, sociais, económicos conseguimos identificar?

da agenda

antigamente, e não é há muito tempo, quando aparecia um senhor ministro na província não havia nem cão nem gato que não fosse atrás;
ele era a televisão, ele eram as rádios, ele eram os jornais;
com o progressivo aparecimento das rádios locais, a quantidade de gente de microfone em riste, até valorizava, por si só, o evento;
hoje estive numa cerimónia onde marcou presença um ministro; presentes apenas os locais;
nem uma rádio, nem sequer local, nem um jornal, nem sequer local - obviamente que nem sequer refiro as televisões;
pergunto-me, face a estas evidências e que não foram as únicas nem as primeiras, quem marcará a agenda da agenda mediática?
quem ditará o que é e o que não é importante?
que circunstâncias, contextos ou conjunturas, determinarão a presença da comunicação social?
que acontecimentos ou eventos, acções ou iniciativas serão merecedoras de divulgação pela comunicação social?
e este é apenas um, de entre muitos exemplos, que marcam esta região;
elucidativo porque se trata da presença de uma figura de estado, imaginemos então a desvalorização que nós mesmos fazemos (porque quero acreditar que existe uma comunicação social que é local, que é regional);
ou não?

terça-feira, dezembro 12

do tamanho

as postas crescem, não apenas aqui por este meu cantinho, mas um pouco por todo o lado desta blogosfera;
mais parece que se entrou de mansinho num espaço, qual aparente ganho de confiança, se ganhou à-vontade, e nos estendemos na escrita, alargando ideias e pensamentos, escritas e argumentos;
é bom sentir este alargamento;
mas será que a blogosfera se compadece com este estender de argumentos?

da tradição

tradicionalmente a política tem sido gerida e organizada em função de dois grandes referenciais, o poder, por um lado, os interesses particulares, por outro;
uma das razões pelas quais se manifestam as críticas à acção político-governativa consistem na afirmação do primeiro em detrimento do segundo - ou seja, um conjunto de interesses que, pontual e circunstancialmente, se sobrepoem a outros interesses e afirmam o que consideram ser o seu espaço de poder;
contudo, subsistem pequenos interesses, ilhas de afirmação individual ou sectorial (custa-me referenciar como corporativos ou pseudo aristocráticos ainda que assim pareçam) que, a seu modo e com características particulares, se degladiam nos corredores do poder recôndido e subliminar da acção política;
isto porque cada vez mais considero que não existem, pelo menos ao nível regional a que me situo, elites políticas capazes de afirmarem sentidos e opções; elites na sua acepção mais tradicional, naquilo que uns quantos pensam e defendem como interesse colectivo;
o que perspectivo nesta região Alentejo, mais não é que um pequeno conjunto de interesses e de interessados que persistem em construir a acção política em redor de pequenos interesses individuais ou meramente sectoriais (sejam corporativos ou partidários) em detrimento de uma acção colectiva de âmbito público;
o que sinto é que os próximos anos irão doer ao nível dos quadros regionais, que não sabem, não podem ou simplesmente revelam as suas incompetências, na afirmação das elites regionais; preferem seguir arcos de pretenso poder, em detrimento de construirem o seu próprio caminho, afirmarem as suas opções, definirem o seu sentido;
quando assim acontece, poucos ganhos existem, porque se perpectuam modus de fazer política, de fazer política como, considero eu, não se devia fazer;

da gestão

gerir o que quer que seja deverá levar em consideração, entre muitas outras situações, duas coisas algo distintas;
por um lado, os interesses de quem gere, podem ser particulares ou colectivos, pensados ou dados;
por outro, pensar nos interesses e objectivos de quem é gerido, e aí há uma multiplicidade de pequenos (e grandes) interesses que muita das vezes não são nem convergentes, nem comuns ao comum da organização e, menos ainda, ao primeiro conjunto de interesses;
conciliar uns e outros não é fácil; exige algum conhecimento, alguma experiência, muito bom senso e alguma competência ao nível da gestão de conflitos;
criar um ponto de equilíbrio não é nem fácil nem permanente; aceitar todo este conjunto de circunstâncias é ainda mais delicado, porque implica cedências, partilhas, compromissos;
tudo isto porque hoje troquei ideias com um dos sectores da casa e onde se procuraram ideias, modos e formas de ultrapassar o inultrapassável, a falta de elementos; isto para que um sector não pense que serve outro ou que um outro é superior a outro, ou que outro se sobrepõe a outro;
criar equipas é demasiamente delicado, para que se possa dizer que é complicado; mas começo a sentir que se ultrapassam sectores ou interesses sectoriais e, aqui e ali, pressente-se uma equipa;

segunda-feira, dezembro 11

da educação

finalmente, para encerrar o dia de hoje, tive oportunidade de assistir ao lançamento das actas do 3º encontro de um seminário que tem por designação Aprender no Alentejo;
aparentemente pode parecer algo despiciente uma designação como esta, e perguntar-se que diferenças existirão face a aprender no Algarve, aprender em Trás-o-Montes, por exemplo;
direi, para os menos atentos, que toda a diferença;
não por ser o Alentejo, apenas por ser diferente a forma, o modo, a disposição e o habitus com que se aprende em cada uma das nossas diferentes regiões, das nossas terras;
aprender no Alentejo é, seguramente, diferente do que aprender no Minho, porque a história social e económica é diferente, porque os contextos moldaram interesses diferentes;
que há traços comuns? disso não terei grandes reclamações; mas que é diferente é;
e destaco um dos traços comuns neste aprender regional;
a claríssima promiscuidade saudável entre a educação formal, isto é, a escola, e a educação não formal ou informal, por exemplo nos contextos comunitários, no associativismo, no convívio intergeracional, tudo elementos que progressivamente são atirados para as franjas de uma ruralidade em acentuado desaparecimento mas fundamentais para a criação de laços que tecem um manta de aprendizagens e competências de que carecemos no interior;

do vista

tive hoje a oportunidade de assistir ao lançamento nacional da nova versão do windows e dos seus derivados, respectivamente o windows vista e o mos - microsoft office system;
duas notas dispares;
mais agradável à vista e, aparentemente, mais user frendly; - há que perceber se será mesmo frendly e para que tipo de user - com a microsoft nunca se sabe;
segunda nota, a confirmação que a microsoft já não marca o ritmo, já não puxa a carroça, antes pelo contrário, vai atrás de outros protagonistas, de outras lideranças com funcionalidades recolhidas daqui e dali, nomeadamente do google ,do A9 ou do Mac, ficando, pelo menos para mim e em face de uma apresentação, algo aquém das expectativas;
se a isto se juntar que foi das apresentações mais chôchas a que assisti da Microsoft, fica resumido que precisa de um refresh, de um upload de criatividade e, muito particularmente, de energia;
caso contrário, arrisco a dizer, não chegará ao final da década com o protagonismo com que a iniciou;

da batalha

a batalha naval de ontem :( acertou em cheio num dos navios da frota;
as consequências e a importância deste tiro só lá mais prá frente se irá perceber;
para já, a confirmação que nem em engenharia naval nos safamos;

sábado, dezembro 9

da abertura

o meu amigo Miguel criou uma oportunidade de troca de ideias e de discussão de que há muito sentia saudades;
foi por intermédio de divergência de opiniões e por convergência de vontades que tive oportunidade de conhecer o Miguel e criar aquilo que (permita-se-me o pretensiosismo) designo por amizade (ou, pelo menos, cumplicidade pedagógica);
neste sentido, propos o Miguel a instauração de um dia em que a escola abriria as suas portas e receberia os pais;
provavelmente algo situado entre o "parents day" americano (geralmente coincidente com o final do semestre/período em que as turmas se mostram aos pais, se evidencia o trabalho desenvolvido e se permite um intercâmbio de conhecimentos entre a escola e os pais; algo como uma prestação de contas) e o modelo mais francófono da "aula aberta" (em que os pais e a comunidade é chamada a intervir e a participar num dia "normal" de aulas e se podem perspectivar as inter-relações educativas, perceber o trabalho desenvolvido e entender o ponto de situação de cada um);
tive oportunidade de deixar um comentário que dizia mais ou menos isto:
"já houve circunstâncias em que, fruto de ideias e projectos (pontuais ou mais consistentes) abri a porta não apenas aos pais/encarregados de educação como também à comunidade - ele foram fóruns de estudantes, ele foram conversas de/com história, ele foram dinâmicas parentais em conversas curriculares, ele foram sensibilizações (muito antes das formações cívicas); o que está em causa pode ser, por um lado, a transparência do que se faz na escola, do trabalho do professor, da acção e das inter-relações estabelecidas na e por causa da escola, como pode estar em causa um controlo exterior, a criação de mecanismos de monitorização e de desresponsabilização educativa, como de minimização ou vitimização do professor ou da escola; sei que não será esta última o objectivo, mas reforço o que disse, deve ser, tem de ser competência da escola abrir as portas, franquear oportunidades, tornar claro o que se passa nessa "caixa negra" que tanto serve para denegrir uma profissão como para desculpabilizar famílias ou sociedades, políticas ou comunidades; a escola que defendes, de forte pendor cultural, tem de integrar e não excluir, mostrar e não ocultar, participar e não denunciar, solucionar e não problematizar, reflectir e não denegrir";
ora o que está aqui em causa não é nem a proposta, nem a sua lógica, o que destaco é a capacidade de localmente nos fazermos valer na definição do que deve ser; é por nos escusarmos a isto que surgem ministro(a)s e políticas que acabam por, à revelia dos interesses particulares, definir o que cada um deve fazer;

do pito

estou seriamente desconfiado que este livro designado de "eu, Carolina" irá provocar mais estragos e maior mossa que vários apitos dourados juntos e em simultâneo;
não é uma questão de apito, será, mais adequadamente e bem à moda do Porto, uma questão de pito;

da razão

aprovado que está o projecto, reconheço a mudança para um estado de espírito que se situará entre a angústia e a expectativa;
um balancear entre a emoção (de o projecto estar aprovado e ultrapassada esta fase) e a razão (decorrente dos receios que se levantam para a fase subsequente);
há que pensar que, na generalidade dos casos, um doutoramento não está pensado para quem trabalha fora da academia e tem de gerir múltiplas situações num escasso e apertado espaço de tempo;
terei eu capacidades de gerir estas múltiplas solicitações? terei eu capacidade, espaço e tempo para gerir leituras, produzir apontamentos, criar argumentos e reflectir um amadurecimento necessário a uma prova deste tipo?
serei eu capaz de me organizar para gerir cansaços, fadigas, desapontamentos, obrigações, deveres e devoções?
podemos pensar que sim, quero pensar que sim; mas não posso esquecer que tenho de recuperar um atraso feito de divagações e precalços que me iam colocando em causa a aprovação e que esta só foi conseguida essencialmente com base na teimosia, do que propriamente em argumentos académicos ou qualidades científicas;

quinta-feira, dezembro 7

tá quase

tamos quase no fim-de-semana, ainda por cima coooommmmprriiiiiiiidddooooooo;
vai saber mesmo bem, descansar, não fazer nada (ou quase nada, pois estou certo que aparecerá sempre alguma coisita para fazer);
um dolce fare niente;

quase

escrevi há dias que somos messianicos, que a realidade não nos chega, que temos de contar sempre com o se... ou o mas...
ontem, perante o glorioso,ouvi uma outra, a do quase, estivemos quase, foi quase, faltou o quase;
faltou de tal modo que não tivemos nem arte nem engenheiro para as evidências dos senhores;

aprovado

passou a tempestade;
a seguir a esta virá mais tempestade, mas esta está ultrapassada e já dormi com mais tranquilidade;
não estava preocupado com notas, estava preocupado com a aprovação/aceitação (ou não) do meu projecto de investigação;
está aprovado/aceite;
há agora mais trabalho pela frente, duro, de rédea curta para não me dispersar, há que rectificar alguns aspectos, clarificar alguns conceitos, simplificar aquilo que muita das vezes complico;
mas está aprovado;

terça-feira, dezembro 5

da representação

é engraçado perceber quem, por intermédio da falta de representação e por querer minimizar outros, se desvaloriza a si mesmo e a instituição que representa;
tenho consciência que tenho um modo diferente (não é nem melhor nem pior, apenas diferente) de encarar a coisa pública, nomeadamente as políticas públicas e a acção política de muitos quantos estamos em cargos de nomeação;
agora o que gosto de perceber são os pequenos nadas, silêncios subtis, as indisfarçadas ausências, as singulares contrariedades de quem, ou por que não cresceu ou porque cresceu mal, gosta de vincar posições pessoais utilizando cargos públicos;
não é perceptível? talvez a apenas alguns, de certeza que aos menos entendidos;
e estamos tão cheios desta coisa;

sumaríssimo

ontem estive numa reunião de pais/encarregados de educação do filho;
a agenda, desconhecida de quem se apresentava, tratava de duas matérias caras à escola e aos professores, disciplina (melhor dito, indisciplina) e aproveitamento;
dito pelo Director de Turma (DT) que surgia na sequência das reuniões intercalares, definidas e organizadas pelo conselho executivo, excluindo-se do seu processo, como que demarcando-se dos seus objectivos e das suas intenções;
para além de pai optei, por conveniência académica, por procurar posicionar-me como observador crítico, criando algo como um primeiro teste de observação ao trabalho que pretendo desenvolver;
o que retiro não é nem novo nem exclusivo, seja daquele grupo, seja daquela escola, mas a generalização também pode ser abusiva;
algumas ideias (que considero interessantes sob o ponto de vista da construção de um objecto de investigação):
a. a celeridade processual, decorrente quer da Lei 30/2003, quer de alguma regulamentação avulsa posterior, criou processos que podem ser designados de sumaríssimos, onde, sem se ouvir o conselho de turma, nem o representante dos pais ou dos alunos, se instaura um processo, se define e aplica a pena, num processo que procura encurtar o prazo entre a prevaricação e a pena (qual nalgada pedagógica); mas é um processo que corre o sério risco de criar algumas arbitrariedades;
b. apesar de se sentir no discurso do professor alguma partilha de responsabilidades, particularmente face ao aproveitamento, por intermédio da indicação do esforço e do empenho dos professores e no pedido de trabalho e entrega pelos alunos, é ainda evidente o clarissimo peso da responsabilidade que cabe ao aluno, que se desinteressa, desmotiva, desliga; o professor mantém a sua trajectória, independentemente dos resultados, o aluno é que deverá acentuar a sua dedicação, o seu trabalho;
c. a surpresa dos pais/encarregados de educação pelo comportamento e pelo aproveitamento dos seus filhos/educandos; fica-se com a ideia que existem registos diferentes, pontos de observação que se não são divergentes não serão, garantidamente, convergentes quanto ao trabalho que pais e professores (não) reconhecem aos seus filhos/alunos;
d. como é evidente que, por razões variadíssimas (mas interessantes de perceber) as funções de responsabilização perante o estudo são deixadas ao livre arbítrio do filho, como que forçando a sua autonomia, delegando responsabilidades que, muita das vezes, os próprios adultos não assumem nas suas funções profissionais;
há trabalhos suficientes na compreensão e análise dos níveis de escolaridade dos pais e dos filhos, na criação de laços de perpectuação e continuidade face à escola e à escolarização;
em contrapartida seria interessante perceber a relação que os pais de alunos referenciados como indisciplinados (e aqui essencialmente são referenciados o desinteresse, a desmotivação, a falta de empenho, a distracção fácil, a desatenção, o interromper a aula) tiveram com a escola, com os colegas de escola, com os professores, que têm no seu local de trabalho, a relação de autoridade com os filhos e parceiros e procurar perceber até que ponto existem coortes ou continuidades, permanências ou alternâncias;
tenho trabalho; haja fumo branco amanhã;

da orientação

como professor gosto de trabalhar na área das pedagogias diferenciadas; de organizar o trabalho em face da pluralidade e heterogeneidade de pessoas com que me relaciono;
como pai procuro acentuar e acompanhar a construção das autonomias dos filhos, ajudando e colaborando na formulação da dúvida, no pensar o quotidiano, no reflectir as consequências;
como (ir)responsável público gosto de valorizar as pessoas, de pensar que somos maiores e vacinados, racionais na resolução dos problemas que se nos colocam;
por vezes surpreendo-me com os resultados (bons e/ou maus);
contudo, estamos muito dependentes do outro, da orientação, da sugestão, de um acompanhamento; são anos de cristalização de ideias e de práticas, o pai/mãe que diz o que é permitido, o professor que não permite o erro, o chefe sempre inteligente e conhecedor de tudo, sapiente na sua omnipresença;
resta pouco, muito pouco, para que as autonomias pessoais e profissionais se afirmem;
isto porque considerei deveras interessante ouvir, há dias, uma responsável pela educação dinamarquesa afirmar (na sic notícias) que sentem a necessidade de reduzir as competências ao nível da autonomia e acentuar o nível dos conhecimentos;
constrastes de uma orientação;
ficamos sempre à espera da orientação; a treta é que muita das vezes desorienta;

do messianismo

a monarquia criou o mito por intermédio do desaparecimento de D. Sebastião, Alcácer-Quibir calhou que nem ginjas à pátria portuguesa;
a República alimentou-o quer com o culto romântico do antigamente, o esplendor áureo do ouro dos outros, quer com a esperança adiada de Humberto Delgado;
a democracia, numa espécie de repetição em espiral, não lhes ficou atrás e criou a ideia que com Sá Carneiro tudo teria sido diferente;
as comemorações e os comentários ontem ocorridos assim o perspectivam;
não vivemos sem cultos, não sabemos agir sem pensar como seria se...
a realidade não nos chega;

segunda-feira, dezembro 4

estou que na posso

a tentar preparar uma apresentação de um projecto de investigação, fico sem saber por que ponta lhe hei-de pegar, se lhe dou por cima se por baixo, se da esquerda ou se da direita;
estou que na posso, tenho consciência, entre a dúvida e a ansiedade, a agrura e a vontade de parecer bem na fotografia;
pego em frases, nas principais ideias, e descubro pequenas pontas por onde a comissão de sábios me pode (e deverá) desancar;
agora pouco posso fazer a não ser justificar o que fiz, quais as competências adquiridas, qual a estrutura pensada para os próximos episódios;
e pronto;

da esquerda

sem pretensões académicas, mas ensaisticas (isto é soltas e argumentativas), traço a minha ideia sobre a esquerda no que designo ensaios sobre uma província de esquerda;
ensaio porque pessoal; de província por que parto deste ponto de vista, desta perspectiva (o Miguel diria deste olhar); de esquerda porque insisto e persisto num referencial que situa à esquerda (nas visões tradicionais da vida partidária) a acção do Estado;
não é despropositado, no fim-de-semana vários foram os artigos a opinar sobre o fim da esquerda; hoje, no Público, Eduardo Prado Coelho traça outros argumentos;
acrescento os meus, a partir deste nível de província;
dados:
a queda do Muro de Berlim e a crescente influência dos sistemas de informação naquilo que é conhecido como globalização, deram a impressão do fim das ideologias, em face da criação de um caudilho que não poucas vezes mistura economia com cultura, política com organização, administração com história, mediatização com comercialização;
a tal ponto que autores (Fukoyama, 1992) afirmavam o Fim da História, isto é, de uma dialética progressista e conflituosa que determinava uma relação quase directa entre causa e efeito e que tinha marcado todo o período que vai do primeiro quartel do século XIX até ao final da segunda guerra;
a gestão das organizações e do Estado, a partir dos anos 60 mas com incidência particular no decorrer dos anos 80, deram a ideia e criaram a ilusão da desregulação do Estado, a ponto de políticos ainda no activo afirmaram a necessidade de menos Estado para melhor Estado; era preciso achatar as organizações, prescindir de determinados serviços, considerados supérfluos ou que outros (os privados) poderiam fazer melhor (e mais barado) que o serviço público;
os anos 90 não ficaram isentos de uma lógica de desregulação (quando não mesmo de desregulamentação) que criava diferentes centros para uma gestão mais cuidada da coisa pública, são desses tempos os fenómenos de autonomia e territorialização das políticas públicas, a sectorialização da acção pública, quer na educação, quer na segurança social, mas também na economia e em outras áreas;
o triunfo das "esquerdas liberais" (Blair na Inglaterra, Shroder na Alemanha, Guterres e Sócrates em Portugal, Zapatero em Espanha) criaram a ilusão que se governa à esquerda com lógicas de direita, nomeadamente criou-se um discurso entre os defensores de um conservadorismo Estaticista que dá a ilusão que não há diferenças entre a esquerda e a direita, entre um governo de direita e um governo de esquerda; criou-se a ilusão que os governos socialistas implementam as medidas que governos liberais não conseguiram ou que tiveram vergonha (ou falta de meios/recursos);
a afirmação dos fenómenos associados à globalização dos mercados e da cultura, pode dar a ideia que tendemos para uma homogeneização de ideias e ideologias, que a acção política se fica pela gestão mais (ou menos) adequada de um conjunto de certos interesses;
finalmente e em face deste avanço podemos pensar que a competitividade económica e que se estende à sociedade acentuou (para uns justificou) o reforço do darwinismo social, isto é, fazer valer a lei do mais forte, do mais capaz, a selecção "natural" da acção social, quer por intermédio da avaliação da acção pública, quer pela publicitação de resultados, quer pela criação de fenómenos (naturais ou artificiais) de concorrência inter-sectorial;
o princípio deste século foi marcado por uma aparente horizontalização organizacional (como contraponto à verticalização napoleónica), uma maior flexibilidade (em contrapartida à rigidez funcional), uma maior operabilidade (em resposta à uniformização) todo um conjunto de ideias que ditaram o aparecimento de lógicas (e que alguns consideram como práticas) ditas pós-modernas;
é neste confluir de circunstâncias, marcados essencialmente pelo fim das lógicas dialéticas como motor do desenvolvimento social, da diferenciação como fenómenos de igualização, que as lógicas político-artidárias se têm de afirmar;
e neste contexto um factor determinante e ainda não totalmente percepcionado pela lógica organizacional do Estado, a policentração da sua acção pública, a criação de diferentes níveis (que não são os patamares, onde se pressupõe um acima/abaixo do outro) é um dos elementos fundamentais da afirmação das identidades ideológicas; das lógicas e da cultura que sempre marcou (e diferenciou) um olhar à esquerda;

moleskine

comprei um moleskine dos pequenos, para registos mais simples, mais rápidos;
apontamentos para o blogue ou para a tese, registos soltos, notas avulsas;
mantenho o grande (já vou no terceiro do ano), para registos mais extensos, mais diaristas;

do fim

nunca estamos preparados para a única coisa certa e simples da vida, a morte;
quando acontece até parece que ficamos espantados, surpreendidos, como se fosse evitável;
a rua onde cresci e onde brinquei durante quase trinta anos, vai vendo o seu fim; o largo d'Aviz vê aproximar-se o inevitável; à esquerda da minha casa (da de meus pais) já ninguém está, partiram para sítios incertos com destino certo; à direita iniciou-se a desertificação com a morte de mais um vizinho;
é natural, dir-se-á, mas é o fim e estranha-se;

domingo, dezembro 3

do Natal

pronto, entrámos no mês do Natal, naquele que marca o sorriso das crianças, que constrange os pais, que amedronta os avós, que sustém a economia, que povoa ruas antes desertas, que preenche o vazio da escuridão medieval desta cidade;
e, quase de repente, estamos no último mês do ano, de mais um ano que, volto a escrever, se passou que nem um tiro, nem um fósforo, um foguete, um relâmpago, um ai, um piscar de olhos;
e a vida ganha contornos de acelera;
agora, durante grande parte deste mês - pelo menos enquanto houver dinheiro - é ver as massas a preencher as lojas de supermercado, a cirandear de shopping em shopping, a namorar montras, a sentirmo-nos irritados com tanta publicidade ao Natal, com a porra de vida que não nos deixa sonhar;
para o bom e para o mau é mês de Natal;

da companhia

não é hábito ter visitas em casa e menos ainda para se falar de coisas sérias;
na passada 6ª feira tive o privilégio de ter por estas bandas os colegas (e amigos) daquilo que designamos como a escola de Lisboa - na minha lista de correio num lado estão como sofredores e, numa outra, como grupo do desabafo;
tão diferentes que todos nós somos (começando pelas ideias de escola e de educação, políticas e pessoais, partidárias e conceptuais);
tantas semelhanças, tantos pontos em comum que conseguimos referenciar a partir de uma pequena conversa (sobre modos de estar e agir, de pensar a escola e a educação, de ser professor e de ser cidadão, dos encantos e dos desencantos da vida, das experiências e das agruras, dos sorrisos e das cumplicidades);
foi um ponto alto, pelo qual e independentemente de resultados futuros, valeu a pena o trabalho (a trabalheira) e os sofrimentos de um ano pesado em trabalho, exigente em ideias e em escrita, em políticas públicas educativas;
fiquei a querer mais;

quinta-feira, novembro 30

a marcação

pronto, inseri um contador (falta ainda perceber se funcemina);
tenho consciência que mantive (e recuperei uns quantos amigos do temo da escola - já sinto saudades dessa escrita, mais solta, mais despretenciosa, mais apaixonada, mais emotiva, ainda mais de cabeça que esta) e que fiz novos conhecidos e algumas novas amizades, daqueles que tenho noção que têm pachorra para passar por aqui e, mais ainda e com maior impertinência, de ler o que escrevo;
alguns comentam, outros guardam para si os comentários e/ou as observações, outros há que franzem o sobrolho, outros sorriem, outros existirão que ficam indiferentes às cabeçadas que por aqui vou dando, outros, quando se proporciona, dizem-me que passaram por aqui, que aqui poisaram;
é para todos esses e para ter uma noção mínima de quem por aqui passa, que coloco o contador; se me assustar terei duas hipóteses, apagar o dito cujo ou deixar de escrever (tenho dúvidas, pois isto da escrita é viciante);

do dia

está um dia esplendoroso;
o sol raia pelo céu azul, destapando o ar sombrio e cinzento e carrancudo das pessoas;
temos quase tudo para sermos um povo satisfeito com o que nos foi legado, o sol, o clima, o tempo, a paisagem - e o que tudo isto nos pode proporcionar, simpatia, cordialidade, sorrisos;
tudo temos feito para a desbaratar;
hoje gosto de estar neste meu cantinho, olhar pela janela e sentir o ar quente do sol que perpassa pela janela;
um dia belíssimo; oxalá se mantenha;

quarta-feira, novembro 29

da cidade

por razões várias (e bem diferentes) diferentes conversas confluiram hoje sobre a cidade de Évora;
património mundial, cidade de esplendores e amores, é uma cidade diferente que tem marcado a diferença, quer na planície quer no país;
feita mais de fama do que de proveitos, é a minha cidade, da qual nunca sou indiferente, nem inocente quando falo dela;
tem um perfil maravilhoso, uma luz emanescente, tonalidade que escritores idolatraram (Virgílio Ferreira, Florebela, Saramago...), um ambiente próprio de uma qualquer cidade medieva, esquinas de vida, ruas de gentes, calçadas de estórias, cantos de encantos, recantos de amores;
uma cidade diferente, apenas;
mas que tem estado, fruto de múltiplos interesses, circunstâncias e vicissitudes várias, parada;
a própria vida que a encheu e preencheu de futuros, esvaziou-se e hoje mais não faz que defender uma cidade do passado, estática;
ao apreciar, fruto das funções que desempenho, ideias inovadores, apraz-me sentir que há quem defenda ideias sobre a cidade, sobre o património, sobre a vida, sobre as gentes desta minha terra; uma surpresa (ou constatação) que me surpreendeu;

do miudinho

ando nervoso com a minha apresentação/defesa do projecto de investigação;
não me assusta, nem incomoda o futuro, seja ele político ou partidário, funcional ou organizacional; estou descansado na minha santa ignorância;
agora tenho que reconhecer que desde que li o mail da comissão de sábios da minha faculdade, onde se estrutura a apresentação dos projectos, onde é definido o calendário e dadas as orientações subsequentes ao trabalho de redacção que não tenho dormido descansado, que tenho sentido um nervoso miudinho que me incomoda;
este fim-de-semana, felizmente, vai ser de prazenteira festa e convivialidade entre o pessoal que designamos como da escola de lisboa;
amena tertúlia onde, para além do prazer da companhia de uns e de outros, do convívio e da festa, iremos (quase de certeza) dissecar um cadáver que ainda não morreu, autopsiar um morto que ainda não sabe que irá morrer; isto é, a conversa, estou certo, rodará seguramente, em torno das apresentações da semana seguinte;
mas que estou nervoso, lá isso estou;

da formação

digo há já vários anos que Portugal enforma de dois problemas básicos, que mais não são que a reunião de múltiplos e diversificados pequenos problemas, a saber, falta de formação e falta de organização;
o processo iniciado no final do ano passado e que se prolonga por todo este ano da formação de quadros da administração pública (A.P.) sob orientação do Instituto Nacional de Administração, no âmbito de processos de adequação de entre competências e funcões de coordenação é um dos primeiros passos para que as estruturas intermédias da A.P. possam não ser tão incompentes, tão mázinhas o quanto o têm sido nesta democracia (independemente de partidos e de políticas);
em termos de análise SWOT (tão cara nesse processo) é uma oportunidade de trabalho para pensar e reflectir sobre estratégias que não têm existido, sobre objectivos que não são nem conhecidos nem partilhados, sobre práticas e metodologias que muito deixam a desejar;
mas são também um constrangimento, a análise SWOT é funcionalista e racionalista, procura simplificar o complexo, dividir o uno, individualizar o colectivo, hierarquizar as redes, verticalizar o plano em processos, o mais das vezes de âmbito social, onde mexer numa variável implica incidências noutras, onde o somatório das suas partes é muito superior à sua soma aritmética;
mas é um passo essencial para que as estruturas intermédias da A.P. sejam capazes de reflectir e pensar a sua acção, definir as suas estratégias;
agir em vez de reagir;

terça-feira, novembro 28

do emprego

as notícias de hoje dão conta de um novo chavão - buzzword - designada flexigurança; ou seja, criar uma maior flexibilidade ao nível do posto de trabalho, dando como contrapartida uma maior segurança, nomeadamente ao nível monetário (reforço do subsídio de emprego), da formação (ou reconversão profissional) e do acompanhamento de processos e projectos pessoais (definição de soluções por medida);
estou certo que irá ser um dos temas quentes em discussão sempre que o ruído de outros assuntos acalmar; seja por que todos o tememos (flexibilidade em Portugal tem significado arbitrariedade), ou porque o ansiamos (polivalência pode significar precariedade);
ora duas constatações;
por um lado, é assumida a divergência entre emprego e trabalho (há quem dê como exemplo em que até recentemente tinhamos um ministério do emprego e um tribunal do trabalho) e ainda andamos à procura de qual nos interessa, nos convém, nos permite aquilo que gostariamos;
por outro, é evidente que a inflexibilidade do mercado laboral nacional (ultrapasso as questões entre emprego e trabalho) são um dos factos de constrangimento à renovação de quadros, à re-definição de outras soluções profissionais, ao pensar o que é a volatilidade do mercado;
surpreende-me quando vejo jovens a concluir a licenciatura com a expectiva de que alguém lhe arranje um emprego, trabalho; quando oiço as suas palavras convictas de que irão dar o melhor e ficar para sempre naquele emprego;
não existirá ainda consciência que temos de ser nós a procurar e justificar o nosso posto de trabalho? que faltará para termos a noção real e concreta que a formação inicial é apenas um pretexto, um primeiro passo para muitos outros? que podemos ser licenciados em qualquer coisa e estarmos a fazer uma outra, entre o totalmente diferente e o complementarmente diferente;
este é um dos meus desafios como pai, procurar preparar os meus filhos para os desafios dos futuros que existirão, a consciência que devemos fazer a formação de que pretensamente gostamos, mas estarmos preparados para fazer quase tudo, com empenho, com profissionalismo e procurar o gosto e o prazer daquilo que fazemos;
este faz parte daqueles contextos de mudança que ontem falava; desafios não apenas ao emprego e ao trabalhador, também e particularmente ao sindicalismo e aos partidos e, como consequência, à democracia que defendemos;

da impressão

na próxima semana irei defender o meu projecto de investigação;
fruto dos afazeres e do cansaço que tanto o quotidiano como o próprio projecto me causaram, tenho estado distante dele;
permaneço nas leituras, orientadas, no apoio bibliográfico, no pensar o corpo do trabalho, mas algo distante daquela escrita, da redacção das linhas que levaram a um projecto;
ontem voltei a imprimir o projecto e a le-lo;
sempre suspeito na análise que possa fazer, o certo é que gostei do que li, ainda que o considere algo desequilibrado, entre uma componente de enquadramento teórico-conceptual (no contexto das políticas públicas e da acção pública do Estado) e a dimensão prática de investigação (nomeadamente na concepção de uma metodologia de investigação e na definição de um campo de trabalho);
mas considero, há semelhança do período em que o coloquei à consideração da comissão de sábios, um projecto, isto é, algo que é passível de vir a desenvolver, a construir;

da rádiofonia

ontem fui surpreendido por um telefone que despertou em mim lembranças de uma breve passagem pela rádio;
alguém que pretensamente me conhece desafiava-me para um encontro de elementos que estiveram ligados a uma rádio local, nos idos 80;
fiquei entre o surpreendido e o espantado; surpreendido pela evocação, pela pretensão de juntar dezenas, senão mesmo um centena de gente que em tempos animou as ondas hertezianas da cidade e, com ousadia e aventurança, se descobria nas entrevistas, nos discos pedidos, nas conversas com o vizinho, nos encontros furtuitos do som; espantado por alguém se ter lembrado que participei, juntamente com muitos outros, nesses primeiros passos, primeiro numa das rádios, feita a partir de um quarto, depois numa outra já com algumas pretensões radialistas;
desses tempos ficou-me o gosto pela comunicação, o reforço do prazer de uma boa conversa, um conjunto de amizades que nunca mais se desligou, um corpo de cumplicidades que nos conduz a diferentes sítios e por diferentes ambientes;
mas que foi uma surpresa, lá isso foi;

segunda-feira, novembro 27

do cansaço (ou do descanço)

em conversa corrente com um amigo, trocavamos ideias que hoje já não aguentamos metade do que hás uns tempos atrás;
normal, diriamos ambos, a idade já não é a mesma, os afazeres são outros, as solicitações inúmeras e bem diferentes;
mas o ritmo social, os intervalos entre trabalho e descanço permanecem rigorosamente os mesmos;
das duas três, ou somos nós que não nos adaptamos, ou é o ritmo social que está desconfigurado do ritmo laboral, ou, simplesmente, ambas;
tenho vontade de uma pausa pedagógica, de um destemperar de forças e ânimos, de um arrojar pela vida qual dia de cão, entre o deitar aqui e o descansar ali;
na semana que passou reparei que fiz mais de mil e quinhentos quilómetros de carro, que participei em mais de 20 reuniões (algumas marcadamente apenas de corpo presente), não imagino quanto e-mails escrevi, ofícios, relatórios, apontamentos ou, post (estes bem poucos, pois obviamente que alguma coisa fica de lado), na generalidade o dia começa impreterivelmente pelas 8h e pouco, quando deixo os filhotes na escola e, desde meados de Outubro, que não sei quando acaba;
se não aponto as coisas esqueço-me, pura e simplesmente, como me aconteceu na semana passada; se não faço imediatamente o que devo sei que dificilmente me lembrarei de o repetir;
não é da idade; eu sei; é do cansaço e as férias ainda estão muito, muito longe;

das mudanças

os tempos são de mudança, de alteração profunda de lógicas e modos de agir em política;
não é apenas a sociedade que muda, o que me encanta nestes tempos é a cadência política a definir agendas de mudança, instrumentos e acções dessas mudança;
o que nos une nestes tempos é a diversidade de perceber o que muda quando o desejo é o da continuidade, o da estabilidade;
é mais fácil de lidar com o previsível, com o homogéneo, com o regular do que propriamente procurar adaptações à diversidade, à heterogeneidade, às multiculturalidades, à pluralidade;
Há quem disso se aperceba, como há quem procure assobiar para o lado, entre o fingir que nada acontece, como procurar descrever que são fases transitórias, passageiras, ondas que depois de se espraiarem permitirão o regresso ao tradicional, às acalmias mornas e amorfas do quotidiano;
estão tão enganados quanto aqueles que pensam estarmos a descobrir a lua, o sol ou a inventar a roda;
a questão não se coloca nesse ponto, coloca-se apenas e tão somente em percebermos que é a mudança é tão natural quanto o fluir dos tempos e dos dias; apenas acontece, seja na simples vida de um quotidiano, como na escola ou na saúde, na política ou na sociedade; ela acontece, muita das vezes sem qualquer intervenção, seja ela divina ou natural;
estamos nós preparados para ela?

das referências

enquanto docente desde quase sempre que tive duas referências para mim incontornáveis da profissão de professor, Rómulo de Carvalho e Sebastião da Gama;
um e outro pelos escritos, pela memória, pelo legado, pela postura e pela ideia de educação que deixaram nos escritos e na forma de ser;
comprei hoje uma colectânea de textos de Rómulo de Carvalho, organizada por N. Crato e designada "ser professor" (Gradiva, 2006);
duas notas soltas;
por um lado, ao publicar-se o texto referencia-se um aniversário (teria feito 100 anos este mês) e simultaneamente uma ideia de professor;
por outro, será esta ideia que o organizador pretenderá realçar, a de uma dada ideia de professor, uma forma de estar e ser profissional da educação;
a questão que se me coloca é que a memória de Rómulo de Carvalho, de acordo com aqueles que foram seus alunos e como é expressa na nota introdutória, destaca um professor distante, funcional e normativo, cumpridor e exigente do cumprimento, será hoje possível? será hoje viável? será adequada à nossa escola pública? terá lugar na nossa escola?
mantenho-me indefectível nos escritos pedagógicos (e poéticos) de Rómulo de Carvalho, como continuo a procurar aproximar-me do Diário de Sebastião da Gama, mas reconheço as distâncias, os contextos e as conjunturas que nos separam;
recuperar a memória deverá servir, como muitos autores identificaram, para apontar futuros e não para venerar passados;

domingo, novembro 26

da bonança

não senão sem a bela;
depois de um semana bem regada de chuva, regressa o sol, o prazer de descansar sob o sol de princípios de Inverno; nuns tons mornos de prazenteio aconchegante;
acendi a lareira, estendo-me no sofá e descanso a vista num pingue-pongue entre o lume e a paisagem alentejana;

terça-feira, novembro 21

da paróquia

em conversa da treta de quando em vez apercebemo-nos de pequenas mudanças nos registos e nos discursos;
pensando no que dizemos e nas conversas que temos podemos, em determinadas circunstâncias, perceber o sentido que damos à vida e às coisas que a enformam;
é o caso, por exemplo da discussão em torno das questões políticas e partidárias que, de quando em quando e perante determinados argumentos, ganha contornos de fé, de crença;
a partir deste ponto a discussão é perfeitamente retundande, desnecessária, vazia;
a fé não se discute, aceita-se ou não;
as ideologias discutem-se, burilam-se, argumentam-se;
nem de propósito, pela noite encontro camaradas que dizem que andam a tratar de questões da paróquia;
elucidativo;

das etiquetas

esta versão beta do blogger permite, certamente entre muitas outras coisas, etiquetar os posts e criar um arquivo mais organizado, mais sistemático da escrita e dos acontecimentos;
até ao momento já criei 5 tipos de etiqueta e que, sem qualquer graça, coincidem com os meus interesses, a saber, Alentejo/Região, blogosfera, organização, política e pessoal;

dos dias

ele há dias assim;
no passado sábado (é sempre tempo de recordar coisas boas), Miguel Sousa Tavares, no Expresso, tinha um apontamento digno de registo;
uma estória simples, corrida ao redor de um manso dia alentejano;
ele há dias assim, que sentimos o fluir do tempo, o passar dos acontecimentos e as coisas simples ganham destaque de crónica jornalistica;
é pena não haver mais dias assim;

sábado, novembro 18

de diversidade

O Luís Carmelo tem duas iniciativas que considero excelentes para e na compreensão do que é a blogosfera;
começou por um ensaio onde dissertava sobre esta plataforma e, mais recentemente, brinda-nos com um conjunto de entrevista sobre ela;
nestas entrevistas (que cruzam olhares e utilizadores, conhecedores e animadores, académicos e populares, criadores e difamadores) fica patente mais do que é a blogosfera, o que ela não é e o que ela encerra em si e, como tal, passível de ainda se tornar visível, de se abrir;
para os curiosos e para os outros, que me seja permitida esta chamada de atenção;

correcção

a passagem do suporte tradicional do blogger para a sua versão beta provocou algumas alterações na lista de links que, espero, estejam agora corrigidas;

sexta-feira, novembro 17

de conferência

tive oportunidade de ter participado, pelo menos em parte, numa conferência sobre desigualdades, pobreza e solidariedade;
duas notas, ou três;
por um lado, senti que se tivesse um PC e acesso à net teria comentado (blogado) on line;
por outro, foram evidentes um conjunto de comentários claramente condicionados por uma perspectiva (a da esquerda comunista) onde não foram (pelo menos na parte em que assisti) assumidas culpas próprias, apontados erros individuais; a culpa é dos outros, para além dos outros políticos, dos políticos e das políticas que estão afastado deste território; cá estão os santos, lá os pecadores;
por último, alguns dos apontamentos referenciados para contrariar situações, criar alternativas, perspectivam que no seio do PC existem divergências, pontos de vista algo antagónicos, desconcertação de posições;
é salutar, mas não é hábito, estranha-se; eu estranhei;

de consideração

talvez, e mais adequadamente, da desconsideração;
é notório nesta nossa santa terrinha a consideração que temos entre práticos e teóricos (uns não sabem o que fazem, outros não fazem o que sabem), entre quem está na prática, no terreno, no contexto, no ambiente e aqueles que estão em gabinete e que de quando em quando visitam o terreno, contactam com realidades práticas e vivas;
pela experiência que tenho é sempre um jogo de equilíbrios, uma negociação de situação instável, um degladiar de argumentos entre conhecimentos de uns e de outros, entre dinâmicas sentidas e perspectivadas;
isto para destacar a pouca (ou nenhuma) consideração que os organismos centrais nutrem pelas estruturas intermédias deste país;
assumidamente conotados com aparelhos político partidários, muita das vezes mais interessados em dinâmicas próprias e individuais que em serviço público, outras vezes com formações e experiências muito distintas entre quem está em serviços centrais e quem está em serviços regionais, o certo é que existe uma clara desconsideração pelos níveis que (não sendo abaixo) lhe estão/são contiguos;
umas vezes com razão outras sem ela, o certo é que sinto, cada vez mais e cada vez com maior nitidez, a persistência de uma teimosia de ruidosa surdez; isto é, falta um diálogo consertante, faltam instrumentos e mecanismos de avaliação e participação, que permitam a assunção de autonomias, mas também de responsabilidades; não me incomoda a avaliação, a prestação de contas, a clareza de objectivos, a transparência das acções;
incomoda-me a desconsideração que levam a pensar que para além de ser alentejano sou parvo; a primeira sou e dos sete costados, a segunda pensam e teimam em que sou, e eu, pela aleivosia alentejana, persisto e teimo em dizer que não, não sou parvo e tenho opinião;
gostem ou não; considerem ou não;

quinta-feira, novembro 16

leituras

sou obrigado a ler, por deveres de gosto e por imposição de um projecto;
dou comigo a descobrir um outro prazer das leituras;
quando gosto devoro um livro, volto atrás e percorro-o como se fosse a primeira vez;
outros, mais por questões de obrigação, parecem pastilha elástica, moer e remoer como se nunca mais acabassem;
isto a proposósito de ter oferecido à esposa o último livro de Daniel Sampaio, Lavrar o Mar; comecei por o folhear, mais por curiosidade e com algum receio que me pudesse desviar daquelas que são as leituras obrigatórias;
desviou e felizmente, lio de fio a pavio, quase em pestanejar;
vai ao encontro de um d0s meus interesses a construção de um sentido social pessoal por intermédio dos outros e com os outros (no caso a família e a escola);
gostei e, permita-se-me a pretensão, recomendo;

quarta-feira, novembro 15

escrita

não é a primeira vez que coloco a questão, mas, pelos comentários e pelas impressões que troco sobre esta minha escrita e particularmente sobre este meu cantinho, atrevo-me a perguntar se seremos nós e a nossa escrita, ou se seremos a escrita e nós ou, ainda um terceiro elemento, nós a nossa escrita e nós mesmos;
M. Bloch disse há muito tempo atrás que somos nós e as nossas circunstâncias; hoje uma verdade simples;
provavelmente esta geração blogue poderá ser designada como nós e os nossos blogues, pedaços de nós mesmos que com pretensões de intimidade, partilhamos publicamente;
não sei se será um público íntimo, se um íntimo que é público;
mas não consigo abdicar deste meu cantinho, de um pensar alto [a ver se me ouvem], numa persistente teimosia que, como está escrito acima, atirada de cabeça, por tudo e para nada comigo em fundo;

esposa

a esposa faz anos - não será correcto dizer quantos;
parabéns; AMO-TE, hoje, de modo diferente de ontem, da primeira vez que te vi;

terça-feira, novembro 14

frases

naquelas frases que circulem pela rede, com fama de ditos chineses (ou milenares), de tradição ou de emoção encontrei uma que - vá-se lá saber porque - guardei na memória;
uma pessoa esquece o que você disse;
uma pessoa esquece como você é;
uma pessoa não esquece como você a tratou;
tenho de reconhecer que um dos factores pelos quais me ficou na memória decorrer do facto de assentar num dos meus pressupostos, um princípio meu enquanto pessoa (com responsabilidade de chefia, ou não, na escola ou fora dela), a consideração e a valorização que nutro por qualquer pessoa, independemente das circunstâncias, dos contextos, do enquadramento, do que seja;
olho à pessoa, só depois ao resto e isto marca-me profundamente;

cruzamentos

ainda a propósito de invenções, há uma em que teimamos e persistimos em não inventar, o trabalho colectivo, a parceria, a rede, o trabalho transversal, o cruzamento de situações, posições e atitudes, a criação de nós (o colectivo e o de atar), a soma global ser maior que a soma aritmética;
falar isso falamos muito, particularmente desde que a União Europeia nos obriga a tal;
no concreto, desenvolvmentos o nosso trabalho da mesma maneira, sectorial, horizontal, segmentado, individual e individualizado, isolado e recondido;
trabalhamos ou falamos em equipa quando disso ou temos interesse ou nos é imposta a obrigação - pela lei, pelas circunstâncias, pelos objectivos;
trabalhar num sector vertical será das situações mais fáceis;
trabalhar em sectores trasversais (juventude, ambiente, escola, entre outros) coloca problemas para os quais ainda não conseguimos inventar uma solução;
temos manifesta dificuldade nos cruzamentos de ideias e opiniões, do trabalho entre sectores;

invenções

de quando em vez, em face de uma ou outra reunião de obrigação, fico com a ligeira sensação que alguém inventa um problema por um de três motivos, a) para depois apresentar uma solução e pretensamente ficar bem visto como solucionador de problemas [que criou]; b) por incúria, deixar arrastar determinadas situações sabendo que com isso se conduz a um problema [e que exige mais recursos e mais energia na sua resolução] ou c) simplesmente por incompetência;
qualquer um destes motivos é sobejante de horas de conversas, de desperdício de energia, de dispêndio de recursos, de ocupação de pessoas, de gastos do Estado, para, ao fim de todo esse tempo e de todos esses gastos, confirmarmos que afinal a solução até era fácil, que, afinal, não existia um problema, ou que o problema não era assim tão sério;
adoramos invenções;

domingo, novembro 12

do largo

os blogues em Évora alargam-se, quer pela recuperação de nados quase mortos, quer pela persistência de outros;
fui notificado da recuperação das conversas do largo; fica a indicação;
aqui para o lado só quando se souber que o munícipe tem nome;
como é meu hábito, é bem vindo quem vem por bem;

prá frente

depois de um fim-de-semana de congresso socialista, que passou entre o morno e o esquecido nos diferentes canais televisivos [afinal, a máquina publicitária não é assim tão eficaz quanto a pintam], com os comentários pertinentes de Manuel Alegre e Helena Roseta [tal como esperado] a consequência e o resultado é prá frente que há caminho;
gostei de ouvir José Sócrates no discurso de encerramento, na clarificação de ideias e posições (perante o referendo ao aborto), no assumir de decisões (quanto às reformas), no que se relaciona à relação governo/partido (são coisas diferentes, por muito que muitos assim não o entendam);
os próximos dois anos irão ser prá frente, ainda que esta frente seja ampla, larga;
infelizmente não percebi se houve algo ou alguém a pugnar pelo regional, pela assunção de protagonistas intermédios, pelo papel que actores regionais possam/devam assumir quer na governança, quer partidariamente;
fica-se, provavelmente, com o receio de questionar a situação, o que é pena, pois questionar é enfrentar dúvidas, contornar obstáculos, ir em frente;
e é fundamental ir em frente;

memória

sic comédia ou rtp memória, a concorrência complementa-se;
particularmente para aqueles que tiveram oportunidade de usufruir os anos 80 na televisão então pública e única;

sexta-feira, novembro 10

4. guiness

É uma cerveja que, simplesmente, adoro;
não a consigo degostar tal como os irlandeses o fazem, devagar, golo a golo, saboreando cada pedaço que desce pela garganta;
pelas suas características, pelo meu modo de estar, gosto de a por nos lábios e saborear como se fosse única e a primeira vez; de fio, quase de uma só vez;
mas guiness foi também um dos assuntos mais falados no dia de hoje, simplesmente porque o SLB lá entrou como o maior clube do mundo, ou, pelo menos, com mais associados - não interessam se pagam, não interessa se rendem;
este facto conseguiu escurecer uma greve geral, um congresso político-partidário, uma conjuntura internacional e, imagine-se só, as eleições americanas e a remodelação da administração do senhor Bush;
como é possível? perguntarão muitos, porque é o glorioso, e isso chega a muitos; a tantos que já é o maior clube do mundo;

3. velocidades

há dias atrás Pacheco Pereira insurgia-se pelo facto de tanta chuva ser uma seca e, nas próximidades de Lisboa, grande capital do império, se ficar privado de um acesso à net condigno com a dimensão do império, com a vastidão do território;
pois é, eu, pela simplicidade do meu Alentejo, assumo a irritação de andar a velocidades diferentes, consoantes gostos, critérios e disposições nem sei de quem;
irrita-me ter 30 ou 40 mensagens de correio e levar mais de uma hora para as descarregar;
irrita-me estar a consultar páginas da net e a ligação cair constantemente;
aborrece-me ser tratado como tuga de terceira ou quarta categoria simplesmente porque moro numa aldeia a 10 minutos da cidade de Évora, a 90 de Lisboa;
é a confirmação que não há choque tecnológico que resista às múltiplas velocidades deste meu país [ou as reformas ainda são poucas para a afirmação da modernidade tecnológica de Portugal];

2. Congresso

Depois de tanto esforço de participação e debate, face ao congresso do PS, partido no qual me [continuo] a rever, acabei por ser convidado, mas a não poder ir;
expectativas?
de participação, de debate, de crítica surda, de vozes mudas, de cantigas sem músicas;
de apelos ao futuro, com consciências passadas;
de rasgos iluminados em discussões eventualmente cegas;
afinal o que se pode esperar de uma imensa maioria de poder, que, com o chefe, se quer no poder?
reservo alguma expectativa para Manuel Alegre, Helena Roseta e um ou outro que é capaz, por convicção ou simplesmente mania, tocar fora de acorde;

1. Greve

ontem, segundo os sindicatos, a greve da administração pública atingiu os 80%;
certamente que hoje, face a expectativas e optimismos crescentes e afirmativos, terá atingido os 110%;
é dar mais que o litro;
mas pronto, nada a que o português que vê telejornais não esteja - minimamente - habituado;

da semana

esta foi, como muitas outras, uma semana que, entre atribulações e afazeres se passou que nem um fósforo em tempo de Verão, isto é, num rápido;
diferentes notas, soltas, como eu gosto, desligadas como se tudo fosse uno e individual e não se relacionasse com o parceiro;

quarta-feira, novembro 8

ontem no parlamento, a propósito da discussão do orçamento de Estado, foi clara a discussão e a demarcação ideológica entre diferentes pontos de vista, perspectivas e correntes sociais (o que torna deveras complicado a determinação de pontos de pacificação política e social);
hoje por intermédio da Antena 1 no programa antena Aberta, um conjunto de pessoas apelavam, em diferentes sectores profissionais, à exigência, ao rigor, às reformas;
uma ideia, sem pretender qualquer pretensão de síntese, sente-se (sinto) na sociedade portuguesa uma certa turbulência entre o velho e o futuro Portugal (com todas as marcas sociais e políticas, ideológicas e económicas, culturais como comunitárias), algumas divergências entre as retóricas político-partidárias e os discursos sociais, pessoais, individuais; como sinto uma grande diferença (ao nível dos conceitos, dos instrumentos, da acção pública, dos discursos) entre o governo e o parlamento;
uma eventual ideia, que a tendência se irá acentuar, que as diferenças se irão pronunciar cada vez mais;
ganhadores disto? espero que os portugueses;

sol

ao fim de tantos dias com tanta chuva e dias tão cinzentos é bom, é agradável sentir um dia com sol, quente, azul;
ameniza os dias e reconforta-nos;

segunda-feira, novembro 6

disputa

cá em casa as disputas de acesso ao PC e, nomeadamente, à net começam a ser afincadas;
há uns tempos eram esporádicas e assentuavam-se ao fim-de-semana;
ultimamente prolongam-se pelos diferentes dias da semana, ou é para uma consulta rápida, para enviar/receber um e-mail, pesquisar para um trabalho, ou...
há que alargar a oferta ou o acesso passa a estar congestionado;

leitura

uma colega da escola de Lx veio, juntamente com outros colegas, para a blogosfera, por intermédio do sítio em que, afirma ela, ninguém lê;
mas é mentira, pelo menos eu já li;

sábado, novembro 4

representações

o Miguel deixou-me um comentário tão pertinente, quanto acutilante que procura cruzar concepções com lógicas operacionais e políticas - porque decorre de um comentário meu aos conselhos municipais de educação;
há uma colega de um outro Miguel, que tem um livrito denominado "Famílias e Escolaridade - representações parentais da escolaridade, classe social e dinâmica familiar" (Colibri, 1998) que poderá servir para elucidar esta ideia entre o carácter estático e dinâmico de concepções e das suas implicações nas dinâmicas tanto do ponto de vista social como organizacional;
ou seja, as dinâmicas tanto podem ser massa crítica na e para a construção social, como cedimento aglutinador das ideias;
o que queremos que elas sejam depende, em grande medida, da crítica, mas também da posição, das ideias, mas também, dos argumentos, em resumo, do contrariar, mas apontar alternativas;
discordar, criticar, negar, destruir é das coisas mais simples, práticas e demagógicas; apresentar alternativas, construir ao lado ideias paralelas, contrapontos argumentativos ou ideológicos é que não é tarefa fácil nem está reservada a todos;
apenas a quem quer; e não há muitos que queiram;

do anonimato

é uma discussão deveras interessante e que certamente daria pano para mangas, trocarmos ideias e opiniões sobre o que é o anonimato nesta rede, nesta blogosfera, neste espaço;
será suficiente para ultrapassar o anonimato dizer que me chamo manel?
será suficiente para ultrapassar a indiferença e o desconhecido assinar um qualquer comentário como Ana?
a qualquer uma delas penso que a resposta é negativa; faz parte daqueles avisos que dou aos meus filhos, de não considerar por legítimo nem por adequado aquilo que na net se afirma, se diz ou se escreve;
há necessidade de um pensamento crítico, reflexivo, distanciado em face das posições, das afirmações, dos argumentos;
como? apenas por intermédio dos argumentos que cruzam, das ideias que se esgrimem, tentar perceber se vão no sentido de criar uma conversa ou apenas de criar um acontecimento; se pretendem trocar argumentos e opiniões, ou apenas vilipendiar pessoas, se pretendem subir a discussão ou apenas achincalhar situações;
até estou disponível para trocar ideias e argumentos no meio do anonimato, desde que seja, pelo menos para mim, esclarecedor de situações, claro quanto aos argumentos, crítico nas posições, mas se evite o achincalhar, a maldecência, a simplicidade escondida;
o anonimato ou o nominado é aquilo que queremos e que dele fazemos; saibamos discurtir e trocar argumentos; para isso estou cá; para o resto também, mas mais comedidamente;

sexta-feira, novembro 3

comentários

finalmente (para este dia) um comentário aos meus comentários;
este é um espaço de participação, debate, troca e de ideias e de acerto de opiniões;
quando for de argumentos sérios deixarei de escrever e de aceitar comentários;
enquanto for de discussão, de troca de opiniões, os comentários, venham de onde vierem e como vierem, serão (sempre) aceites, integrados e considerados;
não responderei a anónimos, a quem, por uma qualquer razão (boa ou má, certa ou errada, pertinente ou impertinente, adequada ou desadequada) se refugia no anonimato; mas aqui marcarão a sua presença;
aceito estas regras, os critérios da participação, da transparência e do debate - mesmo que não concorde, mesmo que discorde do comentário;

os tempos são de profunda mudança, mesmo para aqueles que dela não se apercebem;
os tempos são de reconfiguração, mesmo para aqueles que persistem em ignorar as dinâmicas;
os tempos são de evolução, mesmo para aqueles que insistem na continuidade;
os tempos são outros, mesmo para aqueles que persistem em repetir mentiras a esperar que se tornem verdades;
os tempos são outros, mesmo para aqueles que olham para o lado a pensar que disfarçam que não se notam;
os tempos são outros, mesmo para aqueles que teimam em viver de recordações;
os tempos são outros, particularmente para aqueles que teimam em viver no passado;

o meu tempo, esse, ainda está para vir - se vier (e disso não estou preocupado);
há tempo, até para isso;

órgãos

os órgãos são o que deles as pessoas fazem;
tenho, por força das circunstâncias, participado em diferentes conselhos municipais de educação;
e há aqueles em que aceitam as orientações gerais e genéricas (e que nada serão), como há aqueles que são de uma uniformidade confrangedora; e os outros, que insistem (felizmente) na criação de lógicas locais, na construção municipal de políticas educativas;
são a minoria, mas serão aqueles que se afirmarão;
disso estou certo;

virose

hoje o meu serviço foi atacado por uma forte virolência;
entre questões pertinentes e acções ingénuas, confirma-se que 90% das questões de segurança assentam nas pessoas, no relacionamento que temos com as máquinas;
estes senhores foram tão simpáticos que até pediram autorização para entrar; e houve quem lha desse;
e eles entraram, pois claro;

título

ando há quase um ano a trabalhar sem um título, coisa que não é meu hábito;
hoje encontrei um - a disciplina escolar e a construção do sentido social;
desconstruindo a ideia, tem um conceito (o de disciplina escolar), uma acção em processo (mediante a ideia de construção) e um sentido ou dimensão (social);

quinta-feira, novembro 2

hábitos

temos o hábito - retórico e discursivo, cognitivo e prático - de reduzir as situações a posição dicotómicas, opostas, entre um sim e um não, entre o preto e o branco, como se não existisse meio termo, zonas de penumbra ou de transição;
temos dificuldades em lidar com estes intermeios, com zonas pouco definidas (por vezes indefinidas);
mas são estas as zonas que mais oportunidades nos oferecem, porque indefinidas podemos acrescentar nelas a nossa mais valia; porque cinzentas, estão receptivas à cromia; porque num limbo poderão, quando pressionadas, cair para o lado que nos convém;
é nestas zonas que não se espera o futuro, constróe-se, antecipa-se;
mas para que isto possa acontecer há duas condições fundamentais, haver pessoas formadas e, por outro lado, organização estratégica;
o meu serviço, o IPJ, está numa destas encruzilhadas, à espera de uma lei orgânica e onde seria desejável aproveitar oportunidades e construir futuros;
existissem aquelas duas condições e o futuro acontecia - não havendo, limitamo-nos a esperar por ele, num limbo expectante e cinzento;

será

será que o engenheiro consegue construir pontes com o glorioso?
pontes que promovam o ataque, mas salvaguardem a defesa;
visem o futuro, respeitando o passado;
se desmarquem ganhando posição;
ontem do mal o menos, os escoceses até ajudaram; mas repararam-se, tal como sábado passado, num ou noutro retoque, numa ou noutra ligação, em determinados momentos de fluidez;
benefício da dúvida - que mais se poderia esperar;

finados

hoje sim é dia de finados;
mas os cemitérios, fruto de hoje ser um dia "normal", já se encontram enfeitados, coloridos, pontilhados de cores, formas, feitios e odores que se misturam;
sempre simpatizei com a morte;
porventura por ter sido criado por velhos e a morte ser uma presença constante;
quando comecei a estudar História percebi que era (é) uma dimensão que nos ajuda a perceber o que somos, a enfrentar receios e fantasmas, a perceber futuros, a interpretar presentes;
a morte, mais que a vida, une as pessoas, junta sentimentos, aconchega espíritos;
nesta altura gosto de percorrer os cemitérios e de perceber como encaramos a vida; como nos encaramos a nós mesmos perante aqueles que apenas nos acompanham em sentimentos;

quarta-feira, novembro 1

curiosidades

as tecnologias são uma maravilha desde que comedidamente;
chego ao meu cantinho, abro o correio electrónico, coisa que não fazia desde o fim-de-semana e dou com, qualquer coisa, como 75 mensagens;
irra;

comentários

como seria de esperar as reacções à saída da casca não se fizeram esperar;
uma mais comedidas que outras, umas mais espontâneas que outras, e outras ainda mais surpreendentes que outras;
afinal, até parece que ganhei estatuto de maioridade; será?

segunda-feira, outubro 30

disciplina

depois de uma semana de pausa, regresso ao meu projecto de investigação, em torno da ideia de disciplina como um dos novos elementos de regulação do sistema educativo;
o livro que antes referenciei ("A escola em Portugal") reforça-me essa ideia (tese) tendo em conta que é a partir da escola (da sua organização, do seu funcionamento, do seu regulamento relacional, das posições relativas e absolutas de cada interveniente) que se produz o cidadão mais participativo ou mais acomodado, mais autónomo ou mais dependente, mais crítico ou reflexivo, mais instrumental ou mais cognitivo;
a escola, com toda a sua naturalização de atitudes e comportamentos, acaba por moldar, por intermédio da disciplina escolar (das regras e da ordem pedagógica) um dado sentido à modernidade de um país que acordou tarde (mas acordou) para a contemporaneidade;

a escola

acabei de ler um pequeno livro designado "A escola em Portugal";
deveras interessante onde, a partir de um olhar sociológico, se perspectiva a construção e o contributo da escola nessa modernidade (que designam por tardia) do Portugal contemporâneo;

ultrapassado

tá ultrapassada a porta fechada do Miguel, com esclarecimentos do próprio;
entre a surpresa e a surpresa, a constatação que ganhou estatuto em tudo idêntico ao Abrupto, atacado que terá sido pelo próprio blogger e vivo para contar;
afinal, não é para qualquer um, morrer e regressar para contar;

domingo, outubro 29

Miguel

Migueeeelllllll; alôôôôôôôôôôôôôôôôôôô;
que raio aconteceu ao teu cantinho?
fiquei surpreendido quando lá chego e dou com a porta fechada;
diz qualquer coisa que já sinto a falta;

da casca

politicamente optei por sair da casca, isto é, demarcar a minha posição, fazer sentir que há outros modos e outras formas de nos afirmarmos na política;
consequências? muitas e diversificadas; a curto prazo algum isolamento, como, provavelmente, algum reconhecimento face à temeridade; a médio prazo, algum ostracismo, alguma indiferença e certamente que uma clara tentativa de fechar portas, estancar oportunidades, condicionar futuros; a longo prazo, a certeza de duas hipóteses, ou me fico pelo condicionamento que me irão tentar calar ou me faço à vida e apresento alternativas;
mas é um sair da casca, deixar as meias tintas de um comentário redondo que rebola sempre para o mesmo lado, o plano está marcadamente inclinado;
como diria a minha mãe, o futuro a Deus pertence, mas é mais meu que dos outros, pois sou mais novo que os outros e desta não escapam;

terça-feira, outubro 24

modas

todos termos consciência das modas por que se passa, mas a última ainda não tem dimensão colectiva;
refere-se à incorporação nos discursos nacionais de diferentes sectores de conceitos oriundos da União Europeia e que, por dá cá aquela palha e por que um sound bite fica sempre bem, vá de se utilizarem;
refiro-me aos conceitos de, nomeadamente, políticas públicas, de governação e de acção pública.
agora até este meu serviço de juventude, se dá ao luxo de definir o que é governação; para além da definição, saberão eles o que é, o que implica, o que traz consigo em termos organizacionais e políticos?
dúvido;

do barulho

O miguel fala em spam político, como há quem queira dissecar política e analitacamente o trabalho ou a manipulação jornalística deste ou de um qualquer governo;
mas há algo que falha nestas análises; elas assentam em redes em que é manifestamente impossível silenciar a crítica e a participação como é esta blogosfera;
em tempos idos aceitava-se que um telejornal manipulasse uma notícia, que uma manchete criasse um caso; isto é, aceitava-se, de bom ou mau tom, que um profissional não era lá muito profissional ao aceitar deixar-se condicionar por isto ou por aquilo, ou que uma linha editorial fosse pacificamente aceite por tudo e por todos; aceitava-se, ao fim e ao cabo, algum déficite de crítica e de participação;
hoje, por muitas televisões que existam, por muitos serviços noticiosos que se promovam, por muitas centrais de informação ou de divulgação que se criem é difícil silenciar o tom crítico e manifestamente de participação social e política que a blogosfera criou, que o mundo partilhado das tecnologias colocou ao nosso alcance;
hoje não nos ficamos por uma qualquer trafolhice manipuladora; hoje um diz preto e há mil a dizerem branco; hoje as coisas vão mais fundo, mais no subliminar da comunicação, na indução de comportamentos ou atitudes;
calar a crítica e a participação é impossível; o desejável é tornar estes meios mais democráticos; e isso fará toda a diferença no julgamento de uma medida de política ou na acção pública de um governo; e não há spam que resista;

das palmas

ontem estive em cerimónia onde, entre diferentes entidades, estava uma representante do Ministério da Educação.
Falaram uns e bateram-se palmas, falaram outros e bateram-se palmas;
falou a senhora que representava o Ministério da Educação e foi algo surreal, uma batida aqui, outra ali, um bater de palmas entre o envergonhado e o contido; entre a representação social e a recriminação política;
reflexos dos tempos que se correm;

sábado, outubro 21

da política

ontem aconteceu reunião magna distrital;
optei por não falar, tendo em conta que a conversa ia adiantada quando pensei em fazê-lo;
mas estou certo que nem todos estamos no mesmo filme, nem todos estamos conscientes dos mesmos cenários;
não tenho dúvidas que reconheço neste PS a capacidade de reformar e mudar Portugal; como lhe reconheço, em face de determinados actores, toques de algum autismo;
estar conivente com o poder e com a governação, como eu estou e assumo, não significa ignorar o que se passa à nossa volta, nem fingir que nada se passa;
a capacidade de incorporar a crítica, de interiorizar os comentários menos bons, de enfrentar os ventos agrestes tem sido, há muito, uma das particularidades do PS; ignorá-las agora, fingir que o descontentamento é particular e sectorial é ignorar a dimensão social de um partido perante o qual me reconheço;
mas partidos e pessoas nem sempre são as mesmas coisas;
2007 irá ser um ano determinante, como o são todos os anos de reviravolta, de alteração conjuntural; como se irá enfrentar o ano? qual a estratégia social de enfrentamento? não basta o voluntarismo, não chegará a militância? há necessidade de mais, de muito mais;

e foi hoje

43 e primaveras, ou outonos, conforme a época e a estação do ano;
sem receio da sua passagem, com gosto pelo passar dos dias e dos tempos, fiz hoje 43 anos;
diferenças? amanhã direi;
a melhor prenda? o blogue do filho;

quinta-feira, outubro 19

o mundo do local

por vezes torna-se engraçado perceber as estratégias que são implementadas em contextos locais, assumidamente atomizados, tendo como objectivo imitar, com laivos de provincianismo serôdio e manifestamente em desuso, os tiques politiqueiros, arrogantes e pedantes de um Terreiro do Paço que, insistentemente procura controlar as hostes da província mas mais não faz que dar ocupação [nem sequer é trabalho] a uns quantos funcionários;
em tempos de reestruturação da administração pública, em períodos de turbulência e perturbação do status, é ve-los cabanindo a caminho de Lisboa a procurar salvaguardar o seu cantinho no espaço da fotografia, a colocarem-se em bicos de pés para que a partir da sua altura possam ser avistados;
se Eça ou Júlio Dinis cá andassem muito teriam para escrever desta pequena burguesia funcional de província que, com a sua falta de formação e os claros usos ultrapassados, se procura afirmar no meio do barulho das luzes;
enfim, o mundo no local,

greve

passados os dois dias de greve, três breves apontamentos;
primeiro para dizer que provavelmente se estivesse na escola também teria feito greve; não concordo com o carácter assumidamente de proletarização da função docente, nem com a vertende de funcionalização que lhe querem imprimir;
segundo, a importância que a escola faz na estrutura das famílias e os consequentes desarranjos que provoca quando ela falta. É uma daquelas coisas que de tão natural que se tornou só sentimos a sua importância e o seu sentido determinante nas nossas vidas quando falta, ou quando já lá não estamos; [em bom português, para seres bom morre ou vai-te];
terceiro e último apontamento, ninguém fica bem visto nesta greve, os professores porque não souberam colocar as suas questões e foram manifestamente instrumentalizados; os sindicados que apenas procuram salvaguardar um lado da questão, obviamente aquele que mais lhes convem; o ministério que persiste e insiste em olhar para o lado e fingir que nada se passa no sistema educativo português; a senhora ministra que persiste e insiste em dizer que quem sabe é ela e mais ninguém e em fazer ouvidos moucos a quem a avisa; o primeiro ministro que de uma assumida posição de discussão, insiste em confiar em quem não tem a confiança do povo;
algo não vai bem na pátria de Camões;

escrita

tenho andado a escrever que não me apetecia escrever coisas em torno de políticas públicas, acção pública, conhocimento e decisão política.
mas já escrevi; 30 páginas cheias de muito lugar comum, alguma ambição e muita vontade de ver crescer um projecto. Assim ele seja coerente, consistente e credível junto de quem de direito.

segunda-feira, outubro 16

hino

tento escrever outras coisas, que não estas;
ligo o rádio na Antena 2 e dou com o hino à alegria, no âmbito dos concertos promenade a partir da Casa da Música, do Porto;
um hino; qualquer coisa de transcendente; um som que me faz sentir ínfimo, ainda por cima quando tenho consciência (nem sei como) que Bethovan estava surdo quando a escreveu e eu, aqui, cego de ver a tentar escrever;

domingo, outubro 15

escrita

vim para o meu cantinho para escrever.
faço quase tudo menos escrever onde devo e sobre o que devo;
vejo as notícias, consulto correio, navego em blogues, escrevo ideias soltas e, coisas sérias, nada;
começo a ter consciência que o incosciente me arrasta para a negação de um projecto, vá-se lá saber o porquê?
sinto que escrevo banalidades, vulgaridades, lugares comuns; ainda que tenha a clara percepção do que quero e como quero, não consigo construir os conceitos, o edifício que poderá suportar a escrita, argumentos e sentidos;

a pairar

surpreendido com o resultado do meu benfica, hoje pairo lá por cima, observo, qual águia real, o universo a partir do infinito.
vamos ver o quanto dura este sol;

sexta-feira, outubro 13

escrita

quero escrever, tenho de escrever coisas sérias, sobre políticas públicas, sobre a acção pública, sobre a escola;
neste cruzamento de ideias, onde se encontram personagens e ideias, sentimentos e estados de espírito, fico com a sensação que me apetece fazer amor, mas que me incomoda o amor que me apetece fazer;

desnecessário

talvez seja [assim o penso] desnecessário chamar a atenção para os dois últimos textos de Pacheco Pereira no seu Abrupto; mas faço-o por os considerar de uma clareza essencial não apenas para percebermos determinadas situações que persistem no Portugal de 2006, como perceber o porquê da sua persistência;
entre uma e outra das razões, ambas são traço essencial no meu ser socialista;

atrás

não sei se os arquivos dos diferentes blogues são consultados e se o são com que regularidade;
pessoalmente gosto de ir lá atrás, num ou noutro blogue, naqueles em que escrevi ou escrevo, e procurar - vá-se lá saber o porquê e o para quê - eventuais comparações com os dias e os meses passados;
como escrevo desde 2003 há registo, quase intectos desde esse ano - e já lá vão três;
no primeiro, crónicas do deserto, Outubro de 2003 foi passado entre as coisas da escola, o contexto profissional de então, comentários à câmara municipal e abordagens políticas gerais;
diferenças com o hoje? o contexto profissional e a referência de ter deixado de escrever tanto sobre a câmara ou sobre a cidade;
e este dia foi uma 2ª feira;
em 2004 foi uma 4ª e as referências predominantes são em torno da saúde da sogra e da governação política de então;
em 2005 não escrevi, fruto de alterações de rumo e da necessidade de readaptação a ritmos novos;
mas o essencial é encontrar duas ou três notas neste voltar atrás; a permanência das preocupações, dos temas centrais da minha [será nossa?] escrita; a corência de referências e a evolução (mais de consolidação) do pensamento e da própria escrita;
não deixa de ser interessante;

quinta-feira, outubro 12

bifana

hoje fui almoçar [é como quem diz, comi duas bifanitas] a um lugar onde nunca tinha estado de dia e há já alguns anos que lá não ia, a estação ferroviária de Évora;
vá-se lá saber porquê a esposa desafiou; desafio aceite lá fomos;
a estação do comboios está no mesmo sítio, mas alvo de tratamentos de beleza significativos - desde os lifting, os botoxes, os puxa dali e esfrega dali - que preveiem a chegada do intercidades - finalmente, no final de 2006, o intercidade vai chegar à cidade [faço votos para que lá estejam a banda, os cortejos, as majouretes e coisas que tal, pois será, sem margem para dúvidas, um dia de festa;
também lá estavam as tabelas de horários, agora com outras cores, mas com os mesmos pormenores de preciocismo recambolesco - uma partida às 16h51, uma chegada às 20h02; nunca percebi este rigor, nunca percebi a coerência de persistir na incoerência entre o dito e o feito;
a bifana, era disso que se falava, com alho em excesso - que ainda agora me moi, mas concorrente aceitável às de Vendas Novas;

quarta-feira, outubro 11

frentes

ontem, como há muito não fazia à noite, pus-me a ver televisão;
entre o zapping daqui e dali optei por estacionar naquele que áquela hora menos me desagrada, a sic notícias;
e, no meio de argumentos, de ideias, de opiniões deparei com um facto óbivo;
este governo criou demasiadas frentes de batalha e de uma só vez; optou pela acção profunda, drástica perante tudo e perante quase todos;
da educação à saúde, da segurança social às finanças, passando pelo ambiente, justiça, etc., etc., é de tudo um pouco;
existirão condições (quer políticas, quer sociais) para enfrentarmos tudo de uma só vez?
como estaremos e como ficaremos quando esta trovoada acalmar (se acalmar, claro)?

terça-feira, outubro 10

das presenças

desde que retirei contadores não faço a menor ideia dos passantes, das presenças que marcam presença neste espaço - estou certo que não chegarei aos calcanhares do abrupto, mas também quero crer que não que passa completamente despercebido;
por falta manifesta dessa preocupação, escrevo sobre tudo e para nada, troco confidências comigo mesmo (diria que com os meus botões, mas ficaria melhor dizer com o teclado que me enfrenta), exponho-me e exponho pensamentos;
no meio de toda esta abertura - expositiva é óbvio - que fica sempre algo obscurecido - ao iluminar-se um objecto criam-se sombras do e no próprio objecto;
mas fico, reconheço e assumo, surpreendido quando dou conta que há amigo(a)s e conhecidos, passantes e curiosos que por aqui se cruzam e deixam a sua marca, fazem as suas referências.
nesta do balanço foi uma delas;
não li um comentário, não é hoje o dia; está próximo, mas falta pouco mais de uma semana para o efeito;
a seu tempo;

de tudo e de nada

o filho deu entrada na blogosfera, para falar de tudo e de nada;
é um diário agora colectivo, partilhado, aberto, público, exposto.
Não tive um diário, mas tive, como tenho ainda hoje, um suporte onde guardo ideias, pensamentos, lembranças, situações, pessoas, emoções...
era pessoal, confidencial, intransmissível.
Agora expõe-se o pensamento e um modo de ser, torna-se público o que é [deveria ser]privado. Somos nós no meio dos outros, com os outros, para os outros;
até que ponto esta perda de introspectividade individual se repercute na dimensão colectiva de nós mesmos?

saudades do futuro

aproxima-se mais um aniversário cá do ge;
inevitavelmente entro em ritmo de balanço, de um deve e de um haver pessoal com a vida e com o quotidiano;
tem sido, por razões variadíssimas, um ano difícil, complicado, rápido (demasiadamente rápido), exigente;
que se reflete num estado de espírito, no questionar capacidades, condições, possiblidades e disponibilidades - para tudo, sobre tudo, desde um projecto de doutoramento que questiono, uma situação de chefia que levanta dúvidas, a um ritmo de vida que interrogo;
afinal e mais não é que saudades do futuro;

domingo, outubro 8

a escolinha

a escolinha era, nas palavras da minha filha, a escola do primeiro ciclo, aquela onde aprendeu, pelo menos de forma consistente, a ler, a escrever e a contar;
a sic passou um apontamento deveras interessante da história e das estórias que rodeiam aquilo que designaram como a primeira escola.
o mundo da monodocência, do ensino individual do professor, as solidões que se enfrentam, os fantasmas que se constroem, as inseguranças que se definem;
e não é apenas no 1º ciclo, sobe por aí cima e atravessa tudo e todos, seja pela formação que nunca se teve, seja pela segurança da rotina, seja pela racionalização dos programas e dos exames, seja pelo que for, o certo é que a profissão de professor é cada vez mais isolada, num mundo que é cada vez mais compartilhável.
não faz sentido persistir e insistir naquilo que alguns designam com as "invariâncias da escola portuguesa", manutenção de métodos e hábitos, persistência de práticas e de organização, desajustamento entre sentido individual e sentidos colectivos.

3ª feira

a passada terça-feira correu entre o mais-ou-menos e o assim-assim.
por um lado, porque me permite aproximar um pouco mais daquilo que pode ser o meu objecto de estudo (e este tem sido manifestamente, um trabalho por aproximações - e recuos);
por outro, porque é um enorme privilégio as companhias e as cumplicidades que se criaram entre aquele grupo, umas mais que outras, outras com maiores níveis de cumplicidade, mas nada que não seja anormal, e perceber o nível de concretização dos diferentes objectos de estudo;
uma conclusão, o caril de gambas do jantar fez-me companhia durante a semana;