terça-feira, novembro 30

recorrente

mais do que comentar esta posta do Miguel, a partir dela permitam-me questionar, desculpem lá, corrijo, pensar alto, se os temas educativos não serão recorrentes, se as preocupações não estarão excessivamente autocentradas, se os problemas não serão de origem umbilical.
A senhora ministra no pouco que disse nada acrescentou à discussão da e sobre a escola pública. Limitou-se a assentuar a necessidade de autonomia (até parece que se quer ver livre das escolas) e a abordar o acesso à carreira docente. Será que há mais temas? será que existem outros problemas?
Nas escolas o trabalho decorre normalmente, a blogosfera reflecte exactamente essa normalidade.
Apesar dos atrasos, dos contratempos, dos percalços o trabalho flui, como fluem as preocupações habituais - o desinteresse dos miudos, a indiferença face ao trabalho escolar, o baixar níveis de exigência de modo a garantir a ausência de perguntas difíceis, o preencher impressos de forma rotineira, qual funcionário de uma qualquer repartição pública, as reuniões debatem o debatido e morre-se na praia em face do cansaço, do esgotamento das ideias e dos temas, fazem-se testes normalizados, para uma avaliação estandarte, para pessoas que são diferentes, definem-se objectivos longe dos interesses e mais longe ainda dos interessados.
Mas de resto tudo normal e este desabafo, tal como o do Miguel, mais não é que fruto de algum cansaço de quase final de período.

nocturno

passou por este espaço, e não só, um apontamento nocturno, pessoal que sabe jogar com a dubiedade do seu nome, novo na noite, e neste espaço.
Foi um espaço por onde passei no ano lectivo anterior, com uma realidade que pude constatar, quer em função das necessidades de uma oferta complementar/alternativa, como das carências (linhas de orientação, apoios, recursos) e de alguma desorganização que marca este ensino muita das vezes esquecido.
Fico a aguardar as ideias, as propostas, o pensar em colectivo a que se propõem

domingo, novembro 28

vale a pena

A partir do abrupto encontra-se um novo espaço industrial, indústrias culturais.
Vale a pena.

companhia

Em face da minha última/anterior posta, vale sempre a pena a companhia e a amizade que por estas bandas se constroi.
Vale a pena.
Por mim cá continuo a dar erros, uns mais graves que outros, mas procuro não dar nas ideias ar e menos ainda cuspir para o ar, é que pode cair em cima do próprio.
Obrigado.

já agora, à colega whiteball, um obrigado reforçado pela insistência. Obrigado.

obrigado.

obrigado.

obrigado.

sexta-feira, novembro 26

de passagem

alguém de passagem por estas paragens me adverte da hilariedade do meu texto, deste espaço. Afirma o carácter hilariante de ser um professor a escrever e simultaneamente triste em virtude dos erros ou da falta de tempo para rever o texto - penso ser indiferente se são erros de origem gramatical ou ortográfica.
Quem, recém chegado a este espaço me adverte, certamente que apenas procura dar o seu contributo para uma discussão sobre a escola e manifestar, dessa forma, a sua opinião às ideias expressas, ao texto descrito, áquilo que procuro transmitir, fazer chegar a colegas e a outros parceiros de viagem - é certo que nem sempre consigo atingir estes objectivos, assumo limitações.
Mas penso desnecessário um certo achincalhar de ideias, um baixar de nível que penso, peço desculpa se erro, não ser a intenção de quem comenta, crítica ou se manifesta em sentido contrário.
Assumo e reconheço muitos dos meus erros, de algum pretensiosismo de escrita, de alguma verborreia de ideias. Que escrevo quase sempre à flor da pele, com emoção, e que, efectivamente, não revejo os meus textos (lá terei de o passar a fazer).
Mas estes espaço é mesmo isso e é mesmo assim. Feito de emoções e paixões, de algumas razões e, sempre que possível, de muita discordância, de direito ao contraditório, de manifestação da pluralidade de opiniões e emoções. Afinal de toda a massa da qual é feita a escola.
Bem vindo, quem vem por bem.

distância

em face de obrigações e complicações fazem-se notar as distâncias daqueles que são para mim imprescindíveis para entender a escola e a educação.
Mesmo eu, peça dispensável neste processo de construção mais pessoal, sinto pouco apetite de por aqui passar, dou por mim quase sem estórias nem argumentos para deixar impressões.
enfim, frutos de uma época.

bloqueio

hoje de manhã, ao deixar a filhota na escola (1º ciclo) fui informado, pela própria coordenadora em pessoa, que a partir da próxima 2ª feira os pais não poderão entrar no recinto escolar. Ter-se-ão que deixar as crianças à porta e elas se encaminharão para as respectivas salas.
Não tenho nada a obstar (?!!?) uma vez que apenas à 6ª deixo a filha junto à porta da sala, nos restantes dias, como tenho que ir deixar o mais velho a outra escola, opto por a deixar um pouco mais longe e ela faz o restante percurso a pé.
Obviamente que a senhora garantiu, naquele pequeno espaço de tempo, conversa e impressões para todo o fim-de-semana.
Ela argumentava com a legislação, com o que está legislado, ela dizia que era para bem dos pais e das crianças, mas nada invalidou que inúmeros pais se insurgissem, reclamassem, contra-argumentassem.
Face a esta situação tenho pena de duas coisas. Por um lado que a escola do 1º ciclo copie os maus exemplos do ciclos seguintes, numa eventual equiparação de reconhecimento escolar e social para mim perfeitamente desnecessário e desadequado.
Segundo, que a escola se feche cada vez mais sobre si mesma, tornando-se opaca e com isso criando e dando azo a todos os comentários, críticas e suspeições.

quarta-feira, novembro 24

confusão

no meio da rua desta cidade cruzei-me com duas colegas do tempo em que passei pela direcção regional. Elas já lá estavam quando por lá passei e por lá continuam assumindo funções técnico-pedagógicas.
Na troca de comentários e no colocar a escrita em dia confirma-se a ideia que esta estrutura político-administrativa é isso mesmo, política e pouco ou nada administrativa.
Segundo rezam as crónicas ninguém se entende. Os que se entendem, sejam do governo anterior ou do actual, foram separados entre andares ou edifícios, para que não haja dúvidas da necessidade de dividir para reinar.
Só falta saber se as senhoras do poder, aquelas que estão no pedestal da direcção, ainda se entendem. Politicamente tenho as mais sérias dúvidas. Como mulheres nem tanto.
A treta é que a caravana passa e o pessoal, nas escolas, nem se apercebe destas guerras, das trafulhices, da política administrativa, do jogo de poderes, da troca de influências. Como nem uns nem outros percebemos que uns e outros andam a fazer.

multidão

hoje foi dia de corta-mato escolar. Dia cheio para muitos.
Escola cheia de gente, arredores cheios de gente. Gente que veio das três escolas existentes, uma secundária, uma EB2/3 e um colégio salesiano com 2º e 3º ciclo.
Um colega de Educação Física com quem habitualmente troco ideias e com quem me entretenho na conversa, mostra-se entusiasmado. A organização está impecável. Ali o prof. pouco tem a fazer, a câmara faz praticamente tudo, o prof enquadra a rapaziada.
Ausência mais notada? alguns profes de educação física que, um, por ser dia livre não esteve para aparecer e, outro, por que é gente a mais. Pronto. Tábem.

aniversário

hoje é dia de anos de uma das pessoas que mais me marcou na vida, enquanto pessoa e enquanto profissional do ensino.
Nunca o conheci, apesar de ouvir as suas palavras, ler os seus pensamentos, conhecer o seu estado de espírito e o seu sentido profissional.
Chama-se Rómulo de Carvalho ou António Gedeão, conforme a ocasião.

presença

a partir deste comentário não resisti e marco a minha presença, numa troca de saudades, peço desculpa do pretensiosismo Ana Carina.
Não estou em casa, junto da lista dos meus endereços, vai daí utilizo este meio para dar conta de peripécias passadas e que elas sirvam, pelo menos, para ajudar a perceber o que é este mundo, o que é a escola, o que é a docência.
A Ana Carina foi uma colega estagiária que se defrontou com um colega director de turma que quase tudo permite e desculpa aos alunos, que vê neles um sentido de se estar na escola e na educação. Obviamente que há pontos divergentes, que apesar de podermos concordar em muitas coisas, há pequenos (ou grandes) pontos que permitem a divergência e com isso o equacionar de alternativas. É ist oque faz a vida.
Que estejas bem e feliz. Mais não será necessário. Digo eu...
é verdade e as caralhotas;)))

terça-feira, novembro 23

trabalheira

uma turma de 8º ano entra devagarinho e às pinguinhas na sala. É um final de tarde de um dia sempre demasiado comprido.
Arrastam cadeiras, batem com mochilas, trocam galhardetes como se o setor ali não estivesse, não existisse.
Deixo-os ir, com o à vontade próprio de quem não lhe apetece ali estar. Contrariar as criancinhas pode descambar em traumas de adolescência indefinida, com possíveis sequelas indiscritíveis e não quero participar nesse ciclo pernicioso.
As vozes aumentam de volume, os comentários jogosos aproveitam a ausência do espanta espíritos para se exercitarem.
Afinal, sem orientação, conseguem sentar-se, ou pelo menos algo que se pareça com isso. ainda que aparentemente sentados as mochilas continuam no chão, fechadas, não vá saltar qualquer coisa de esquisito lá do fundo.
Alguém pergunta pelo setor. Alguém se lembrou que estavam numa sala de aula e que há regras e, em princípio, trabalho.
Pus o meu ar de pastor e perguntei, entre o autoritário e o compenetrado da insignificância do meu papel, mas com aquele ar de quem é sério e procura coisas sérias - afinal, há trabalho?, alguém tem alguma coisa para fazer? ou viemos apenas passear à aula, matar saudades que de certeza não temos do setor de história? uns ficam a olhar, talvez admirados, outros talvez espantados.
No final, ao fim de 90' saí exausto, completamente derriado, estou certo que eles também não. Mas trabalharam que se desenhuram, pesquisaram, elaboraram cartas e gráficos, definiram conceitos, elaboraram relatórios, preencheram fichas, discutiram, argumentaram.
E assim se passou mais uma aula de história. Sem estória. Pelo menos para já.

mais

mais gente. A partir do dot prof - sempre gostei desta ideia, da designação - mais dois colegas que trocam o quotidiano por miúdos e nos brindam com crónicas de um quotidiano que é (in)docente.
Um - professora, possa falar consigo - é um mimo de descrição de cenários bem reais dos arrabaldes lisboetas - pena é a distância à santa terrinha.
O outro - the drilling holes - não lhe fica atrás. Para além das crónicas traz-nos cor, dá-nos mais som.
Mais dois sítios a passar neste quotidiano escolar e educativo. A escola fica cada vez maior, tem mais gente. Ainda bem.

coordenação

ontem tive uma daquela reuniões em final de dia que se prolongou, e bastante, para além do horário normal de trabalho.
O tema era pertinente e algo preocupante para o conselho de turma, a definição de um plano educativo especial de um aluno com deficiência.
Já tinha ocorrido uma primeira tentativa, frustada uma vez que a senhora que coordena os apoios educativos tinha faltado e posteriormente inviabilizou tudo o que tinha sido feito.
Agora a sua presença era fundamental.
Lá estava ela, na sua pose altiva e diferenciadora dos restantes humanos que ali se encontravam. Na sua altivez questionou a directora de turma, felizmente com pelo na dita cuja para responder em tom igual, questionou uns e outros como se todos fossemos ignorantes.
Pedi licença e parti a loiça [coisa que não é propriamente invulgar na minha pessoa].
Clara e objectivamente a senhora não fazia a menor ideia do que se tratava e pensava ser um caso quando era outro, não tinha feito sequer o trabalho de casa (provavelmente terá coincidido com o período de greve aos TPC), arrogante q.b. e o mais grave e que mais me aborreceu, reconheci no seu discurso a cassete da direcção regional, aquela que manda as escolas desenrascarem-se, desenvencilharem-se das coisas que ela não sabe resolver, não pode ou simplesmente não quer.
Não gostei. Uma vez mais a arrogância que de quem tudo julga saber, a necessidade de criação de distância para que se possa ver o poder.
A tia dela.

segunda-feira, novembro 22

pergunta

será que a pergunta elaborada pelos maiores partidos políticos com assento parlamentar, tendo em vista o referendo à constitutição europeia, é reveladora do estado a que a escola chegou? ou será a escola consequência da pergunta elaborada?

coisas simples

coisas simples, tão simples que são normais, de tão normais falta-nos, muita das vezes, lucidez, clarividência para as podermos ver. Este texto chama-no a atenção para as coisas simples que alguém tem por hábito ou teimosia complicar.

sexta-feira, novembro 19

que fazer

reconheço que apesar de ter lançado a ideia, não sei o que fazer com ela. Entre os desafios em forma de incentivo (ou será ao contrário) e a dúvida, que fazer?
é difícil estruturar uma ideia apenas com suporte virtual (reconheço que sinto a falta de uma daquelas reuniões/encontros de preparação onde as ferramentas são o garfo e a faca, seja à frente de umas migas ou de uns rojões, obviamente sempre acompanhados de uma boa pinga - verde ou maduro que tanto me faz).
Como sinto alguma dificuldade em querer fazer mais do mesmo, isto é, há que ir um pouco mais além, ousar e para além de uma eventual cooperativa poder ser um repositório individual (para isso mais vale mantermos aquilo que temos e que individualmente somos) há que acrescentar algo mais, seja em ideia, substância, argumentos ou princípios.
Daí ficar assim algo para o aparvalhado (mais do que me é hábito) de modo a perceber o que é que se há-de fazer, como fazer, com quem, para quê.
Aceitam-se ideias, atirem-se alternativas, uma vez que o encontro físico está ainda distante (estará??).

organização

apesar de não gostar de trabalhar ao fim-de-semana, melhor dito, de me aproximar desta máquina que me condiciona e atropela, hoje aproveitei para organizar ideias e preparar uma pequeniníssima parte do fim-de-semana junto ao computador.
Quero e penso que estes dias são os melhores para organizar uma apresentação sobre o Renascimento e a Reforma, tendo como alvo uma turma de 8º ano, um conjunto de alunos que dariam um óptimo esteriótipo de turma, interessados, empenhados, curiosos, participativos q.b., motivados, elevadas expectativas sociais, enquadramento social equilibrado, argumentativos.
E lá vou eu fazer a vontade.
Não sou adepto e habitualmente não faço aulas expositivas, prefiro a construção do conhecimento, a descoberta das ideias, a organização dos argumentos, a orientação, a pesquisa. Mas eles pediram, com argumentos, justificaram a ideia, propuseram alternativas e definiram a apresentação como um eixo para outras ideias. A ver vamos.

surpresas

Depois de uma troca de ideias com uma colega, a propósito de descobrimos pessoas depois de as termos conhecido, de com elas termos privado e pensarmos que são uma coisa e serem, afinal, outra, senti viontade de partilhar algumas das ideias, de as transcrever para este espaço e partilhá-las com mais gente.
De quando em vez criamos umas quantas barreiras, seja para protecção, defesa, simples egoísmo ou individualismo ou por uma qualquer outra razão, que nos dificultam atingir o outro, ouvir o outro, estar com o outro.
O passar do tempo faz com que, não por desconfiança, assim quero acreditar, mas talvez por uma simples necessidade de não desgastarmos energias, não dispender sentimentos, de não perdemos afectos mais ou menos certos, nos isolemos, não entremos em campos que de antemão sabemos inúteis ou sem retorno. Mas essalimitação condiociona também a descoberta de outras situações, a compreensão de outros olhares, que nos permitem avançare compreender outros olhares que outros lançam sobre a mesma realidade.
o que tem de mau é que perdemos óbvias oportunidades de nos enriquecermos mutuamente. O que pode ter de bom é que nos descobrimos depois, umas vezes tarde de mais, outras talvez nem tanto.
Aproveitemos para conversar com o outro, ouvir o outro. Seremos mais tolerantes. Melhores profissionais. Estou certo.

quinta-feira, novembro 18

resposta (?)

a proposta, a ideia do Miguel é claramente um desafio, uma quase necessidade de arrancar como mais uma das alternativas a outras cooperativas.
Fico na dúvida se se deve arrancar, ou não, arranque sem qualquer conhecimento pessoal ou sequer uma troca de palavras físicas prévias, mas o desafio é aliciante. Será que temos condições, será que temos capacidade de fazer mais e diferente?

propostas

A blogosfera é também um elemento de aproximação, para além de partilha, de troca. Podemos matar saudades, descobrir pessoas que pensávamos de uma maneira e que, afinal, são de outra.
Surpresas agradáveis, estas, com código, unidireccionais. Os restantes que me desculpem, mas é uma auto-imposição.

quarta-feira, novembro 17

actual

está mais difícil, no presente ano lectivo, manter actual e mais regular a presença de alguns blogueiros, das suas ideias, das suas imagens neste espaço que é a blogosfera.
nota-se, sente-se essa dificuldade. Já antes a tinha referenciado, volto a ela pois pressinto que se generaliza. Talvez uma das alternativas seja, possa passar por criar uma cooperativa, qual paixão da educação.

Avaliação

já li e já trabalhei, numa primeira análise, a proposta de despacho normativo referente à avaliação dos alunos do ensino básico.
Duas ideia me saltaram, nesta leitura.
Por um lado que não há, não houve capacidade de inovar, de trazer coisas novas, coisas diferentes, rasgar horizontes, abrir (ou entreabrir) uma janela, um postigo de oportunidades fosse para a escola, seja para a educação, seja para a relação entre uma e outra tendo como elemento condutor precisamente a avaliação.
Dentro deste aspecto é de realçar o discurso, que está de regresso, sobre a qualidade (foi tema dominante e predominante na transição da década de 80 para a de 90, nomeadamente por Carmo Clímaco e o então observatório de qualidade da escola), agora, como antes, intimante ligado à confiança social e ao funcionamento do sistema.
Como segunda ideia, a maior responsabilização (profissional, pessoal e funcional) do docente. A montante todos são chamados a participar, a intervir, elemento politicamente correcto de envolvimento e co-responsabilização na participação. Contudo, no fim a responsabilidade, a palavra última é do docente (estou certo que muitos docentes abanarão a cabeça e perguntarão de quem mais podia ser??).
Estou certo que será um elemento politicamente ineficaz (por certo suscitará pouca polémica e escasso envolvimento), como será profissionalmente inócuo, isto é, poucas serão as implicações no quotidiano das escolas, dos docentes ou dos alunos (talvez apenas mais umas quantas reuniões de preparação e definição de qualquer coisa).
Há muito mais para dizer, para escrever, para contribuir. Penso não ser este o espaço mais adequado, daí ficar-me por aqui.

estórias

há coisas engraçadas. Há pouco, entre um intervalo e uma aula uma colega aproxima-se e diz-me:
- oh manel, ontem ouvia-te e lembrei-me do meu professor de História do 7º e do 8º ano, professor que, na altura, detestei, embirrei com a pessoa e com a disciplina. Só muito depois percebi que me ajudou a compreender as coisas, a interpretar o que temos pela frente.
É um elogio, não é?. Pelo menos assim o senti.

terça-feira, novembro 16

da gestão

na conversa mantida com o meu colega de lides passadas em órgãos de gestão teve a oportunidade de me dizer que se encontrava a fazer a formação do INA, no âmbito da gestão. Pedi-lhe comentários, disse-me que os comentários, todos os comentários, vão no sentido de mostrar aos formadores, poucos são docentes, que a escola não é uma empresa.
A preocupação dos formadores, de todos os que não são docentes, é mostrar que a escola tem de ser gerida como uma empresa.
Perspectiva-se, coisa que não é nova, a empresarialização das escolas. Começara, tudo o indica, na gestão administrativa, estou certo que terminará na nomeação dos directores clínicos, perdão, corrijo, directores pedagógicos.

das coisas

este blogue não é um carpir de mágoas, ainda que seja mais fácil e mais prático falar daquilo que nos mói, daquilo que nos apoquenta a alma e o espírito. Este blogue procura, ainda que menos vezes do que aquelas que seria normal e desejável, dar conta de coisas boas, de algumas alegrias do meu olhar, da escola e da educação.
Hoje dou conta de um certo dinamismo, da participação, do envolvimento que as eleições para uma associação de estudantes, numa escola EB 2/3, tem desencadeado nestes corredores.
É engraçado ver o entusiasmo dos miudos na campanha, na sensibilização, no convencimento, na argumentação da caça do voto. Uma real aprendizagem de democracia, cidadania e participação. De louvar.
Como é engraçado perceber, na campanha que é desenvolvida, qual o olhar e quais as diferenças de olhares entre alunos e professores, entre alunos e funcionários. É engraçado perceber as valorizações, os destaques, as preocupações que existem e que, fruto da campanha, se confrontam e defrontam. De repente alguém percebeu que a escola não está organizada para os alunos. Alguém percebeu que existem interesses divergentes.

encontros

ontem referenciei um mail de uma colega, ao final da tarde, em passeio de compras do nosso dia-a-dia encontrei, à saída de um dos supermercados da cidade, um colega com quem partilhei 4 anos em órgão de gestão de uma escola atrás do sol posto.
Foi um desatar de conversas, um enleio de emoções antigas, um pôr, ainda que ao frio e no desaconchego de quem passa, a conversa em dia, trocar ideias, matar, com tiros simples, as saudades.
Foi uma das pessoas com quem mais aprendi a conhecer os enredos e os enleios com que se tece o quotidiano das escolas, da gestão. Foi uma das pessoas que mais contribuiu para aquilo que hoje ainda penso sobre a gestão da escola.

segunda-feira, novembro 15

saudade

neste fim-de-semana encontrei uma mensagem, na caixa de correio electrónico, de uma colega do ano passado. Gostei.
fez-me sentir saudades daquela escola, de algumas daquelas pessoas, recordar outras escolase outras pessoas. Afinal, apesar de algum mau feitio meu, assumido e reconhecido, sempre há alguém que procura não quebrar ligações.
Outros há, com quem gostaria de ter mantido ligações e atenções, que desapareceram no mar das colocações docentes.

de passagem

A minha visão da escola e da educação está condicionada, entre muitas outras coisas, pelo facto de ter passado quer pelos diferentes patamares do sistema (escola, órgão de gestão, centro de área educativa, direcção regional, ministério) mas também por, de passagem, ter dispendido alguns tempo noutros sectores da administração pública (Ministério do Equipamento e da Ciência) com lógicas e fundamentos algo distindos, diferenciados daqueles que encontramos na escola.
É por estas vivências que hoje pergunto sobre o que andamos nós a fazer de reunião em reunião. É que nelas não encontro sentido nem proveito, como não descortino objectivos nem sentido. Nem de aferição de conceitos, nem de debate de micro-políticas (de turma), nem de harmonização de ideias ou práticas. Discute-se, fala-se, trocam-se ideias mas fico com sérias dúvidas sobre a possibilidade, a eventualidade de termos avançado um passo, um simples passo. Mas há quem fique contente por ter dispendido tempo, ocupado os afazeres dos outros, organizado as actividades dos outros.
enfim...
entre uma e outra ideia um elemento fundamental atravessa a escola portuguesa, nesta sua fase de reconfiguração, eventualmente e em minha opinião, a procura de novos sentidos e de novas formas organizacionais que tragam respostas não apenas sociais (o papel da escola na sociedade, a formação inicial e a continua, a capacidade de construir o conhecimento e interpretar o que nos é dado, a produtividade económica, as literacias, entre outras) como respostas profissionais (qual o papel do professor nestes novos contextos e tempos, o papel das culturas colaborativas, a participação, a intervenção a construção de sentidos profissionais, nomeadamente) mas o desafio preponderante é o da participação política, o da definição de sentidos (des)construtivos do conhecimento e do ser, da identidade e do profissional.
O que gostava realmente de perceber é para onde nos levam estes ventos do tempo. Qual o papel da blogosfera neste reencaminhar de sentidos? qual o papel das culturas colaborativas na redefinição do sentido profissional?, qual a reengenharia organizacional para apoiar e fomentar a participação, a colaboração, a construção de sentidos? qual os sentidos das autonomias locais na definição local de políticas educativas?
Ena tantas ideias, tantas coisas e tão pouco o tempo para as poder apreciar, usufruir.

domingo, novembro 14

banalidades

em final de fim-de-semana, em que me sinto cansado de andar à azeitona [é verdade, a idade deu-me para estas coisas mais campesinas, mais agrícolas], apetece-me falar de banalidades.
que digo então sobre banalidades?

afinal não sou só eu

ufa, ainda bem, estava mesmo a pensar que a sorte tinha sido só minha, única e exclusivamente. fico melho,r já me sinto melhor.

sexta-feira, novembro 12

decrecente

contam-se os tempos, as vontades que ainda nos restam para podermos entrar de fim-de-semana.
está quase. Falta apenas o quase. Depois, bem depois é fim-de-semana.

quinta-feira, novembro 11

desabafos

a Sofia desabafa, partilha com os outros sentimentos de todos, ela própria o reconhece, o ouviu da boca de quem tem escutado muitos e muitos desabafos, de quem conhece o que é isto de ser professor.
Como em qualquer lado, mas desculpem lá, mais nuns lados que noutros, sentimos que há momentos de fraqueza, que quebramos, que julgamos que não vale a pena, que há outras coisas tão ou mais importantes que isto, que a nossa atenção deve ser, tem de ser desviada. Uns acabam por entregar as armas e passam a ser mais uns funcionários, daqueles que mecanicamente acordam e leccionam, como se o aluno, a pessoa que está à sua frente fosse uma peça, uma máquina, um apetrecho. Outros resistem, labutam, estudam, questionam, refilam, discutem, improvisam. Negoceiam com a pessoa que têm pela frente, apelam à sua participação, resistem à obstinação de serem obstinados.
Entre um e outro lado podem estar duas coisas que ajudam a escolher, a optar por um qualquer desses lados. O meu avô diria, na sua simplicidade de alentejano ignorante, que é o brio profissional, o gosto com que se fazem as coisas, o sentimento de se ser reconhecido quer pelos seus pares quer pelos outros. Na minha arrogância de instruído, na petulância de conhecedor digo apenas que é o gosto de se estar nesta vida e nesta profissão.
vai para 17 anos que me chamam nomes, mas não desisto de lutar por uma escola inclusiva, participada, democrática, tolerante, construtora de pessoas e de saberes. A opção é nossa Sofia. Estou certo que há muito que optas-te. E bem.

tudo bem

um remake do meu colega Miguel Pinto, para recordar nem tudo bem nas terras do nunca.
Uma das referência que faço ultimamente com mais alguma insistência é a da memória não ser curta, a de apelar a tudo aquilo por que passamos nos últimos tempos. Só assim terei menos receios de se manter um reviralhismo saudosista, passadista, uniformizador, estandart de procedimentos, atitudes, pensamentos.
Espero que nem tudo vá bem nestas terras do nunca, que possamos sentir que há oportunidade para dizer basta, que nem todos somos iguais, que nem todos fazem o mesmo, que existem diferenças, que se sentem as diferenças de políticas, práticas e opções.
Que há outros mundos para além deste que nos querem impor.
Bela peça esta do Miguel.

s. martinho

... vamos à adega provar o vinho?

quarta-feira, novembro 10

reunite

certamente que não é exclusivo desta escola nem destes meus colegas, mas perpassa por aqui um certo sentimento que designo como de reunite aguda. Uma clara tentativa de ocupar tempo, mostrar afazeres, andar ocupado, falar de tudo e de nada, como se fosse importante manter os professores ocupados, mesmo que o resultado dessa ocupação, dessa reunite aguda, seja nada, zero, nicles batatoites.
Passamos uma tarde inteira de reunião em reunião, o que é que de essencial foi definido?, o que é que de fundamental, de básico, de necessário foi decidido? o que se produziu com essas reuniões, o que é que delas se obteve?
Estou certo que será por incapacidade minha, mas não consigo perceber.
E assim vai este país, assim vai esta escola - e é certo que muitas outras.

bifana

Estou colocado na terra das bifanas - da fama e de algum e bom proveito, não se safam.
Por isso, hoje, entre o final da manhã e as reuniões da tarde, perante o sol que espreita e retempera ânimos, optei por sair deste espaço escolar e encaminhar-me para um dos vários sítios em que predomina a dita cuja bifana no pão.
Optei pelo percurso mais longo, caminhando entre ruas típicas de uma viragem de atitudes e de alteração de tempos e vontades, isto é, de um lado predominam as pequenas courelas, pequenas quintas, algumas pouco maiores que um quintal de bairro, onde se destacam as batatas, as couves, os limoeiros e as laranjeiras, onde tanto existem cães e gatos, como patos e galinhas. Do outro lado, predominam as vivendas típicas de um momento de afirmação política mas essencialmente social, com passeios largos, árvores frondosas e, como um golega diz, com janelas tipo fenêtre.
Chegado ao sítio de destino entretive-me com duas delas, fininhas, entre duas fatias de pão aquecido, com molho que deixa os dedos prontos a serem lambidos, chupados, numa qualquer atitude mais ou menos erótica para quem, de forma despercebida repara nesse acto feito de forma clara e óbvia. Um prazer, um deleite.
uma delícia entre reuniões, que desperta a pouca vontade de ouvir falar das sempre eternas e sempre presentes banalidades educativas.

terça-feira, novembro 9

presença

nota-se que este ano lectivo, na blogosfera, é ligeiramente diferente do anterior. Há menos actualizações, nota-se mais a ausência de uns e de outros do que era hábito, certamente por afazeres, certamente por desvios de possibilidades. Mas não se esqueçam de regressar, de passar por aqui. É fundamental para a sanidade mental de uns quantos, pelo menos falo por mim.

avaliação

nesta minha escola uma colega gostava de desenvolver o seu trabalho de mestrado na área da avaliação. Trocamos ideias, conversamos sobre coisas úteis e fúteis que podem orientar ou enquadrar o seu trabalho. Fica com receio das susceptibilidades, das sensibilidades, de despertar fantasmas.
Pergunto sobre a sua ideia relativamente à possibilidade de construir instrumentos e indicadores para um qualquer projecto (educativo, curricular) para se perceber qual o seu sentido, qual a sua utilidade, qual o nível de coerência entre o dito e defendido e o feito e praticado.
Olha para mim e fica em silêncio. Acabou a conversa. fico sem perceber se a ideia é boa ou se foi [mais ] uma idiotice das minhas.

do parque

A partir desta ideia, permita-se-me a pergunta será a escola que muda a sociedade ou a sociedade que muda a escola? Ou será que mudam ao mesmo tempo? ou será que petrificam ambas?
a metáfora não deixa de ser engraçada, mas não deixa de ser um parque, delimitado (física ou mental ou culturalmente), como não deixa de ter e apresentar características que não se encontram noutro qualquer lado, que são específicas daquele espaço, que não conseguimos transpor dali para outros lados.
Imagino mais a escola como um qualquer bairro de uma qualquer cidade. Com guettos, com diferenciações, com distinções, com particularidades, afinal com identidade, com alma.
Um bairro, um local com ruas que se percorrem na apreciação das suas montras ou das suas figuras, com cruzamentos onde somos obrigados a decidir para onde queremos ir, com suportes e estruturas de apoio ao quotidiano, com obras e intervenção humana na definição da sua caracterização, do seu futuro.

do romântico

Hoje, por essa blogosfera, nota-se o ar romântico que orienta, que condiciona a acção educativa, o enlevo de erotismo que subjaz a uma [qualquer] relação . Não sei se é bom se mau, como também não estou preocupado com esses aspectos de catalogar, agrupar comportamentos e menos ainda sentimentos.
Mas é este sentimento romântico, é este quixotismo que faz com que gostemos do que fazemos. De sermos professores, de encarar o quotidiano como de umna eterna construção de sentidos, de futuros, de pessoas.

domingo, novembro 7

preparativos

antes de ir sofrer um pouco, isto é, de ir ver mais um jogo do glorioso [espero que com melhor desempenho que os últimos dois, vou dedicar-me à preparação da semana.

mais

no início de mais uma semana, permitam-me recordar o combate travado na passada 6ª feira, em que vários elementos levaram a melhor, mas a muito custo, sobre uma soberba perna de veado.
Depois de muitas horas e uitas garfadas, vimos o fundo ao tacho onde marinou a dita cuja. Posso assegurar que estava muito acima das minhas expectativas e que ficou agendado novo combate, lá mais próximo do Natal. A seu tempo darei conta.

autonomia

Por causa desta posta [mas também dos comentários que desencadeou, estou certo que o não eram os mais esperados pelo Miguel] volto a um tema que me prendeu a atenção durante mais de dois anos, a autonomia. Foi a base da minha dissertação de mestrado, foi um enleio por onde andeia a defender ideias, princípios, orientações, foram questões políticas pelas quais me bati em diferentes patamares do sistema onde tive a oportunidade [e o privilégio] de ter andado.
Depois da justificação o enredo, não há uma autonomia profissional como não há uma autonomia pedagógica. J. Barroso defende-o há muito tempo e antes dele L. Lima e antes destes e lá por fora quer C. Cherryholmes ou D. Lortie a autonomia é um atributo da pessoa, pessoal, próprio, individual. Não se atribui nem se delega, existe, exerce-se. É a partir deste ponto que se definem as restantes autonomias, se apoia uma ideia de educação pela e para a autonomia.
A partir deste ponto podemos discutir simbolos, poderes, exercícios, práticas, princípios e atitudes.
O que o Miguel descreve é uma atitude, um princípio de muitos anos de um ensino virado para um micro-cosmos, o da sala de aula, alheado do seu ambiente, um casulo onde o professor se resguarda de ataques, opressões e pressões [discute-se a influência do poder político nos media, discuta-se, de igual modo, a pressão deste mesmo poder perante o desenrolar das actividades pedagógicas, o seu condicionamento na acção e intervenção do docente]. Daí aquele onde a cultura de sala de aula é mais sedimentada [peço desculpa se firo susceptibilidades] ser a do primeiro ciclo, onde o docente age isoladamente, daí a dificuldade de penetração de muitas das modas pedagógicas, daí a defesa quase que intransigente da necessidade de se conhecer a prática, o quotidiano, e se exigirem medidas capazes de ir ao encontro da mil e uma realidades.
O fundamental é discutir, falar-se sobre lógicas de funcionamento, princípios, de modo a sermos capazes de interpretar a nossa profissão, de a reconstruir, de a afirmar. O resto é estarmos a discutir o sexo dos anjos.

sexta-feira, novembro 5

só para chatear

já que há uns quantos a chá e torradas e outros pela hora da morte deixem-se chatear um pouco ou, como se diz por estas minhas bandas, picar os miolos ao pissoal.
hoje, daqui a pouco, vou tirar um petisco de coisas não muito usuais. Época e região de caça vou enfrentar uma perna de veado, eu e mais uns quantos que a dita é grande.
Acrescente-se à dita uns cogumelos salteados e um molho picante para aquecer o interior e temos a festa pronta.
Já agora acrescento (uma vez que também há dias de festa na escola), umas entradas de presunto de barrancos (daquele que não há nos supermercados porque foi proibido pela União europeia) umas chouricitas assadas de Estremoz (a localidade é importante para perceber a sua composição e textura), uma orelha de vinagrete e outras coisas mais, tudo acompanhado com uns tintos diversos mas todos regionais, que aí, peço desculpa, sou regionalista, oriundos de Estrmoz, Pias, Évora e Reguengos (ficam as terras porque são desnecessárias as marcas).
Para finalizar (disseram-me, porque ainda não estava convencido) uns doces conventuais feitos por um compadre que atesta a qualidade e é garantia de coisa boa
Afinal, hoje é prá perdição e para o total protagonismo das calorias (estragar o que ando a poupar, enfim).

ocupação

a taxa de ocupação dos computadores (2) da sala de professores da minha escola está pela hora da morte. Quase que se pode falar em filas intermináveis, correrias loucas para se chegar primeiro, contagem efectiva do tempo de utilização/ocupação, desconsideração pelo outro tal tem sido a solicitação de que têm sido alvo.
Resultado, não escrevo como e quando queria. Escrevo agora, vésperas de fim-de-semana, final de dia de trabalho, enquanto espero o resto da família.
Também por causa disso não se estranhe a minha ainda que pontual mas forçada ausência.

olhares

o meu filho, após uma conversa em que fizémos um ponto de situação à sua mudança (de ciclo de ensino, de estabelecimento, de colegas, de orientações) diz-me que gostava de vir a ser professor mas do 1º ciclo, que estes [entendam-s e os colegas] dão muito trabalho, são muito chatos, fazem muito barulho.
Perceptível para quem teve que enfrentar toda uma situação pouco ou nada simpática e esbarrou com [digo eu] a falta de bom senso da gestão da escola.

quinta-feira, novembro 4

referências

o meu caro amigo Miguel, permite-me encher a boca desta meneira e com estas palavras, faz referência à minha ausência.
De quando em vez acontece, ou por falta de acesso, neste momento não tenho, na escola, acesso à Internet, ou por cansaço, foi uma semana de reuniões intercalares em final de tarde, situação que fez com que chegasse a casa sempre depois das 20h00, e por não querer acentuar neste espaço visões negativas, péssimistas, redutoras do meu olhar a escola.
Mas ainda não desisti desta escrita e deste meu espaço. Tenho assuntos para discorrer, como tenho a clara pretensão de ser um treinador de bancada e deixar aqui o meu olhar sobre esta coisa que adoro, a profissão docente, e o espaço onde ela acontece com maior regularidade, a escola.
obigado pela referência e por me fazeres sentir senão importante, pelo menos útil - obviamente que à dimensão deste meu espaço de participação. Obrigado.

discussão

os alunos do superior reivindicam mais acção social escolar, autonomia e participação na vida académica.
Nós por cá, no básico e secundário, cá vamos de mala às costas, sonhos pela frente e ilusões por todos os lados, a tentar criar sentidos à escola, a procurar incutir responsabilidades e autonomia a pessoas que se forma e se definem.
Para quando a defesa de mais autonomia para a escola básica e secundária? na definição do seu projecto educativo/curricular/escolar? na definição dos seus interesses e do seu modelo de organização? na sua composição e funcionamento?
para quando a revisão da acção social escolar claramente desfazada da realidade, desadequada de contextos, desconforme as necessidades?
para quando a capacidade de a escola definir, com cabeça, tronco e menbros uma oferta adequada às necessidades daqueles que serve, dos seus interesses, dos seus nichos específicos de mercado?
para quando a consciêncialização que falta política à escola pública portuguesa? política de debate, discussão, participação, definição de sentidos e escolhas, política face às opções e aos sentidos profissionais dos docentes, à formação profissional.
para quando o debate sobre o que pretendemos da escola pública portuguesa, o que entendemos sobre o que é a escola pública, para que serve, quem serve, o que serve.

práticas

práticas de voluntarismo, de desenrascanço, de fazer das tripas coração, de dar a volta por cima. Aqui está um exemplo. Bom de se ver, pela luta e pela perseverança, pela sansatez de não se render. Aqui fica também aquilo que o sistema é, uma imensa prática fora de horas, a quase impossibilidade de saber lidar com a diferença, com desafios, com o imprevisto. Felizmente que o sistema são as pessoas e há pessoas que querem fazer mais.
Ainda bem.

desafios

os desafios surgem do lado e dos sítios que mais esperamos, ou talvez não. Mas este é claramente um desafio, de divulgação, de participação, de questionar e de descobrir quais os possíveis caminhos, os incontonáveis futuros.
O sítio onde se expressa esta paixão da educação coloca os desafios em rede, de jornais e de ideias, de instrumentos e de fins. Será engraçado questionar sobre o papel que uns e outros, jornais e blogues, podem ter, devem ter na escola, na educação, na formação, na aprendizagem.
parabéns pela iniciativa e pelos desafios, fica para uma próxima oportunidade o encontro de blogues da/sobre a educação/escola.

metáforas

um conjunto de metáforas que designo, no mínimo, de inteligentes, perspicazes, acutilantes. de leitura pessoal e íntima.
Para quem quer perceber o que quer perceber, da maneira que quer perceber. A palavra como meio e fim, de pensamento e de acção. Um sítio imperdível.

quarta-feira, novembro 3

desaparecimento

nota-se, na minha sala de professores, a ausência de computadores com acesso à Internet. Foi um desaparecimento não consentido nem programado que faz com que as hostes se sintam incomodadas, pois agora não podemos navegar, nem discutir sobre o tempo de utilização dos computadores, nem consultar as últimas novidades no correio electrónico.
é uma tristeza, dizem-nos que é para melhorar, para disponibilizar o famoso acesso em banda larga, que a senhora ministra há tempos não fazia a mínima ideia do que era, quantas escolas envolvia, os custos.
e, entretanto, nós desesperamos.

segunda-feira, novembro 1

leituras

depois de conversas sobre tudo e sobre nada, daquelas que pululam os intervalos e o queimar do tempo [e depois dizemos que não o temos] numa sala de professores, sempre conseguimos encontrar algumas cumplicidades, tecer alguns enleios que se enredam com gostos e atenções comuns.
em conversas com uma colega de Visual deparo-me com o seu gosto por descobrir pequenos grandes segredos da prática de ensinar. Entre leituras e autores pergunto-lhe sobre P. Freire. Ainda não conhece. Excelente oportunidade para um reencontro, o meu com a sua escrita, com as suas ideias e o seu ideário, e uma descoberta, a dela por uma pedagogia que é a da autonomia.

à descoberta

depois de uma semana em que perpassou por aqui o cansaço e algum do desencanto que se abate sobre a minha pessoa nesses períodos, seria indelicado não dar conta de coisas boas e agradáveis, que as há e em razoáveis quantidades, das nossas escolas.
depois de uma semana a discutir tudo como se partíssemos de um eterno princípio [reuniões intercalares de período, realizadas no final do dia] fiquei agradavelmente surpreendido quando encontro uma jovem colega com o trabalho de casa feito.
Recentemente chegada a esta escola, tal como muitos de nós [do conselho de turma em causa] procurou informação sobre a sua direcção de turma, anotou o trabalho antes desenvolvido, apresentou novas propostas, reconfigurou outras tendo por base a continuidade. Ficámos agradavelmente surpreendidos com a natural e normal evidência de que devia ser sempre assim. Ainda bem.

mais

...mais gente é o que se sente por estas paragens, a turma alarga-se, depois há queixas que as turmas são muito grandes. E com razão. Esta turma da blogosfera cresce a olhos e sentimentos vistos.
São traços, riscos e rabiscos, ideias e sentimentos, é gente que faz a História e conta estórias, de gente grande e de gente pequena, por que todos são importantes, todos somos gente.
Cada vez sinto mais o gosto por este espaço de partilha, de troca, de ir e voltar, de estranhar e entranhar num mundo que é o da educação.
Cada vez gosto mais de ser professor. Pena é a política que temos.

após

após a pausa o regresso, o deitar de cabeça (sou eu mesmo) no nosso dia-a-dia, no que de bom e menos bom ele nos reserva.
Novo mês e, por muito incrível que possa parecer a muitos, o penúltimo do ano. Pelo que passei, por aquilo que os meus passaram, antes fosse já amanhã o último dia, mas já só faltam 60 dias. quem diria.