quinta-feira, novembro 2

hábitos

temos o hábito - retórico e discursivo, cognitivo e prático - de reduzir as situações a posição dicotómicas, opostas, entre um sim e um não, entre o preto e o branco, como se não existisse meio termo, zonas de penumbra ou de transição;
temos dificuldades em lidar com estes intermeios, com zonas pouco definidas (por vezes indefinidas);
mas são estas as zonas que mais oportunidades nos oferecem, porque indefinidas podemos acrescentar nelas a nossa mais valia; porque cinzentas, estão receptivas à cromia; porque num limbo poderão, quando pressionadas, cair para o lado que nos convém;
é nestas zonas que não se espera o futuro, constróe-se, antecipa-se;
mas para que isto possa acontecer há duas condições fundamentais, haver pessoas formadas e, por outro lado, organização estratégica;
o meu serviço, o IPJ, está numa destas encruzilhadas, à espera de uma lei orgânica e onde seria desejável aproveitar oportunidades e construir futuros;
existissem aquelas duas condições e o futuro acontecia - não havendo, limitamo-nos a esperar por ele, num limbo expectante e cinzento;

1 comentário:

Anónimo disse...

"aproveitar oportunidades e construir futuros"?
Então mas isso significava dar espaço à tua criatividade e à de outros?
Então e isso não seria perigoso?
Há quem tenha MEDO de quem se mexe!
Há quem tenha MEDO de que se os outros se mexem muito eles caiem das periclitâncias em que sempre viveram!
Há quem saiba que não pode cair de onde está senão chafurdará na muita lama que sempre, e em todo o lado, deixou como rasto.
Não há lei? Mas há quem se faça de lei.
Não te vão deixar fazer nada.
As hipóteses de trabalho até podem estar todas muito bem formuladas, poderás apresentar sempre os melhores modelos de resolução, mas há quem tenha traçado todos os embaraços.
Nem sempre encontrarás a mesma receptividade nas mesmas pessoas e parecer-te-á que piora de umas vezes para as outras.
Vê com quem andam dir-me-ás o que querem.