quarta-feira, abril 30

nomeações


de quando em vez, na blogosfera, surgem indicações, nomeações, referências que são resquícios de ligações afectivas dos inícios deste processo;
uma ou outra vez lá sou referenciado, quase sempre pelo mesmo, pelo amigo Miguel que faz o favor de por aqui passar, de deixar amizades e trazer saudades, animar conversas e agruras (do glorioso e da escola);
foi o que aconteceu uma vez mais; nomeou-me, lá saberá explicar do porquê, e, não fosse eu passar por cima, alertou para a situação, quase que implicando a continuidade desta cadeia de afectos e disposições de escrita;
pois bem, cá ficam as minhas referências, apesar de ordenadas sem uma hierarquia formal ou oficial; são espaços por onde passo quotidianamente para me perceber e para procurar compreender o mundo em que me movimento - são quase todos os que constam do lado, mas para destaque incontornável:

- a Sofia, pois faz os dias assim;
- o Paulo, pois também temos de olhar ao nosso umbigo;
- o Matias Alves, porque navegar pelos mesmos mares é terrear desejos e ambições;
- As senhoras professoras que, com as suas inquietações, despertam curiosidades e revelam o bom senso que conhecimento e experiência permitem;
- o café Portugal cá da terra, porque gosto do convívio e da terra, dos comentários e da discussão;
- o Miguel, porque é, para mim e desde praticamente o princípio, uma referência incontornável do que pode ser um espaço virtual de aprendizagem e partilha;

e pronto venham mais uns quantos...

sábado, abril 26

sobre desenhos


na passada 5ª feira, passou pela minha escola um ilustrador de estórias, contador de desenhos, de nome André Letria;
no contexto de uma semana dedicada aos livros e à leitura, em iniciativa organizada pelos docentes responsáveis pela biblioteca e centro de recursos da escola, foi ver o pessoal a fazer perguntas ao senhor - como é que começou, se ganha muito, que técnicas utiliza, como foi a passagem pela escola, que livros mais gostou de desenhar, entre muitas e muitas outras;
gostei de o conhecer, pela simplicidade que colocava nas respostas, pelo espicaçar da curiosidade dos presentes face aos seus livros, pela disponibilidade que desde que chegou evidenciou para estar próximo dos alunos;
iniciativas que revelam o muito que não é sujeito a avaliação de desempenho;

sobre Abril


Andar a escrever apontamentos diários e deixar passar a comemoração de Abril, como algo de especial e de particular, seria quase como que uma aleivosia.
Mas tenho pensado sobre o que poderia escrever de modo a dizer, ou escrever, algo que passasse a acrescentar alguma coisa a esta efeméride. Aproveitar este virtual seria sempre uma oportunidade para tal situação. Mas não a considero pertinente o suficiente para fazer dela um apontamento particular. Dizer o que é habitual pouco ou nada acrescentaria à comemoração e nada valeria a um espaço que adopta características que há 34 anos atrás apenas podia residir na imaginação, muito avançada, de um qualquer extraterrestre.
Por outro lado, para aqueles que por aqui passam estou certo que será difícil de acrescentar alguma coisa nova, de diferente, de uma qualquer aparente mais valia a mais um aniversário de Abril, da reconquista da democracia, da conquista da liberdade e do pluralismo.
Reconhecidamente tenho andado a pensar no que escrever nesta altura, numa data que para mim o importante é a simples liberdade de escrita e de pensamento, coisa hoje tão simples e banal que não se valoriza como de especial ou particular. E pode não ser assim, assoberbados que estamos por um pensamento único, oriundo do liberalismo económico como do socialismo governativo, que se fundem numa aparente harmonia ideológica de conivências cúmplices.
Fazer ou procurar escrever uma qualquer estória do que para mim é Abril, seria não apenas uma arrogância, muito própria da minha pessoa, como seria, acima de tudo, uma pretensão desmedida de criar um espaço individual num campo que é marcadamente colectivo.
Pois bem, e então que escrever sobre este dia que, para mim e para a minha pessoa, é tão marcante quanto o dia em que nasci, como o dia em que senti os meus filhos respirar o ar que os circunda?
Muito provavelmente direi viva as banalidade, força as trivialidades, reforço das repetições inconfessáveis, pois é em tudo isso que se insinua a democracia e a liberdade, se institui um modo de ser muito típico de Abril. Deste Abril em que apenas houve um, aquele em que alguém resolveu dizer basta, que escreveu com cravos a palavra fim e sorveu, de um trago só, a palavra democracia.
Nem tudo foi, ou é, perfeito. Nem tudo está acabado. Muito falta por porvir, fruto de um sistema que é feito por pessoas, homens e mulheres imperfeitos mas que fazem as perfeições de uma democracia, de um sistema que permite tudo, o seu princípio e o seu fim, o in e o out de nós mesmos.
Hoje e sempre, cumpre-me comemorar Abril como se fosse único. Mas é todos os dias. É sempre que um Homem quiser.

quarta-feira, abril 23

no regime

no regime de autonomia, administração e coisa que tal;
para além dos comentários (alguns oportunos, outros pertinentes) acrescento uma ideia a este novo regime;
requer (ou vai requerer) uma coisa que aparentemente tem estado escondida na escola e que designo como gestão política;
a negociação dos interesses, a gestão das possibilidades vai ser uma das peças predominantes neste novo (?) normativo;
talvez caia a metáfora da escola enquanto democracia (com a sua divisão de poderes, a distribuição de equilíbrios) para se instalar a metáfora da escola enquanto arena política - onde (quase) tudo é negociável, onde os equilíbrios são precários, onde os interesses (e consequentes valores e ideias) se destacam e procuram prevalecer uns contra/sobre os outros;
(ao escrever lembro-me de um livro, de J. A. Costa, Imagens organizacionais da escola, ed. Asa, oportuno para uma leitura deste diploma)

às voltas

sento-me a pensar em trabalhar;
qual quê, não me apetece; não me apetece fazer nada, a não ser ser passar o tempo, ver os dias as desfilar diante dos meus olhos;
há tempo, digo eu; nem sei para quê;
talvez amanhã...

segunda-feira, abril 21

sobre um meteorito

Já alguém escreveu que o actual PPD/PSD é um devorador de líderes. Não sei se será bem assim, mas que me surpreendeu a demissão de Luís Filipe Menezes, tenho de reconhecer que sim.
Não pelas suas posições pouco consensuais ou pouco típicas de um partido da ala liberal. Nem sequer pela sua aparente bicefalia de uma gestão partidária dividida entre o coração na Assembleia da República e a cabeça algures entre o país e o partido. Como também não fiquei surpreendido por se render às críticas, contundentes e directas, de muitos dos seus correlegionários.
A minha surpresa decorreu mais do facto de se render a uma passagem meteórica e efémera pela política nacional de alguém que há muito, possivelmente desde a saída da referência nacional do PSD, se perspectivava e se posicionava para a liderança. Contra tudo e contra todos. Sucumbir às críticas, render-se às sondagens, padecer perante os números é revelador de alguma fragilidade não apenas ideológica mas, acima de tudo, partidária.
E esta situação, por muito incrível que possa parecer, não favorece o PS nem a democracia. Os vazios tendem sempre a ser ocupados. A política social, como a natureza, tem horror ao vazio e ele será rapidamente ocupado. O risco que se corre, quer em termos de governação quer em termos de democracia, será a tendência de se descair para algumas formas de radicalismo. Radicalismo com base nos discursos, de modo a arrumar posições e a esclarecer situações. Radicalismo de propostas, para se perceberem diferenças e oportunidades. E como já aqui escrevi (18 de Abril) o radicalismo não tem saída nem glória.
Mas os tempos prestam-se a isso. Tempos com dois modos. O tempo do PSD, curto na afirmação de novas lideranças, de outros modos de estar e fazer política. Tempos que serão marcados por uma conquista interna (em função das directas), e de convencimento externo (à procura de eleitores, do seu espaço partidário).
Mas também um tempo parlamentar, de modo a não incluir neste apontamento apenas o PS. Também o CDS olhará com atenção o desenrolar dos acontecimentos. Expectantes ante as eventuais propostas, bem como da tentativa de captar o interesse (e o voto) deste eleitorado que corre o risco, em termos de representação parlamentar, de voltar ao tempo do táxi.
Mas há também aqui um tempo governativo, onde seria importante perceber outras propostas, outros modos e não apenas aqueles que são exclusivos do governo e da governação. Sem este contraponto, sem a existência de alternativas visíveis (política e socialmente) o espaço democrático encolhe-se, enruga-se, seca.
Veremos como decorrerão os próximos tempos e quais as alternativas que surgirão e se não será mais do mesmo.

sobre mim mesmo

não me apetece escrever;
estou cansado desta escrita;
reconheço a monotonia de mim mesmo, da escrita que eu produzo;
por isso mesmo, durante alguns apontamentos, replico para este espaço os escritos diários do Notícias Alentejo;
afinal, questões de facilitismo e comodismo, muito típicas de um alentejano como eu;

sexta-feira, abril 18

sobre coisas

engraçadas;
certamente terá sido coincidência, mas Luís Filipe Menezes demitiu-se quando o país estava em alerta laranja;

quinta-feira, abril 17

sobre o presente

será que vale a pena escrever?
será que vale a pena pensar sobre o que se escreve?
ontem (para não esquecer) foi fácil perceber como se pode passar de bestial a besta num ápice, nuns quaisquer 45 minutos de ausência;
hoje, para além dessa ressaca, apercebe-mo-nos que sindicatos e ministério fazem contas de deve e haver para saber quem capitulou ou claudicou perante a moção de consenso;
desconfio que a aritmética dará conta errada, senão no curto prazo pelo menos no médio prazo, onde as situações educativas se agravam e se acentuam distâncias entre quem governa e quem executa;

quarta-feira, abril 16

no sofrimento

este ano é para sofrer;
sofrer em todas as frentes - a pessoal, assente num projecto de investigação em que o fim está ainda muito afastado, na profissional, em que na escola se sente o descontentamento, a fartura, o cansaço de ausências, e na desportiva enquanto benfiquista, em que não vale a pena enumerar o que quer que seja;
o sofrimento de que dou agora conta é para logo mais, para aquele embate em que nem a taça nos aquece (aos benfiquistas), enregelados que estamos com um campeonato tão torto e enfadonho quanto os dias;
resta-me ganhar calo nas mãos, de tanto esfregar, e fazer votos que será para o ano;
será??

terça-feira, abril 15

sobre uma moção

na minha escola a discussão sobre a moção - entre ministério da educação e sindicatos - deu em não;
sem grandes argumentos, nem opiniões claras; não, pronto...
não se percebe que ficamos (professores) mal vistos na fotografia social;
lá fora ninguém compreende lá muito bem o que se passa dentro da escola e o porquê destas posições face à avaliação;
cá dentro ninguém discute alternativas nem outros modos de conduzir a coisa;
quais serão as alternativas? para onde caminharemos? para onde irá a escola pública?

no espanto


a minha cidade tem coisas de espanto que fogem ao olhar mais comum;
é preciso olhar em redor, para cima e para baixo para que se possam apreciar os encantos e os espantos de uma cidade;
a imagem é uma das esquinas da Rua da Misericórdia;

na blogosfera

Há relativamente pouco tempo atrás, falo em tempo Internet, sempre muito fluido, a blogosfera constituía-se como uma repositório de alternativas. Um manancial de pensamento contra-corrente, alternativo, paralelo ao pensamento mais uniforme, mais monocromático da dita comunicação social tradicional.
Poder-se-iam encontrar, nos diferentes sítios existentes, não apenas formas de escrita e de análise bem diferentes daquelas a que estávamos habituados, como quadros de análise que eram óptimos suportes para a desmontagem de discursos, a compreensão dos quotidianos, a análise dos acontecimentos.
A pulverização deste meio, o aparecimento de inúmeros pontos de referência fez o que é habitual aos meios mais massificados, mais corriqueiros, banalizou-se. Hoje ainda é possível encontrar sítios onde o pensamento dominante, o quadro de análise presente não seja uma variação entre o estereótipo e o lugar comum. Mas é bem mais complicado encontrar um sítio destes, necessita-se de uma pesquisa mais fina e de um tempo de busca mais refinado.
A concorrência de um pensamento dominante, que varia entre a análise político-social e a acção governativa, conjugada com uma comunicação social que soube adaptar-se ao desafio concorrencial da blogosfera, determina e impõe as linhas gerais da escrita e da análise das situações. Fez com que os espaços dos blogues perdessem a sua diversidade e se nivelassem por diferenças mínimas na crítica e nos quadros de análise utilizados.
Esta situação conseguiu, inclusivamente, homogeneizar as discussões que, a partir da blogosfera, eram quase que estritamente locais, tinham uma vivência e uma existência justificada pelo local. Foi o aparecimento de blogues sobre os mais diversos sectores locais, desde as maiores cidades aos mais pequenos lugares deste país. Sobre política, sobre cultura, sobre a vida e a dinâmica que estava distante dos jornais nacionais. A blogosfera retirou do anonimato e da indiferença locais e pessoas, ideias e escritas. Mas tem sido também marcada pelo seu próprio sucesso, homogeneizando atitudes, uniformizando escritas, colectivizando ideias, harmonizando interesses.
Permanece actual, presente e pertinente a existência destes sítios. Mais não seja para que se percebam situações ou acontecimentos que fora deste espaço pouca, ou nenhuma, referência têm. Mas carecem também de um renovado espírito crítico, de escritas que não se fiquem pelo lugar comum, pela banalidade dos apontamentos, pela indiferença do anonimato.
A blogosfera foi uma lufada de ar que atravessou a sociedade mediática, mas que necessidade agora de correntes de ar para que se possa renovar. O como e o modo é que é difícil de percepcionar.

quinta-feira, abril 10

sobre as surpresas

tenho de reconhecer que há coisas que, por muito que não pareçam, mudam;
não faço juízos se para melhor se para pior;
o certo é que a posição do PCP, ontem em reunião de câmara sobre a aprovação da novel empresa municipal para a gestão dos espaços culturais e desportivos, foi para mim uma surpresa;
surpresa por aquilo que foi dito e escrito, quer pelos vereadores, quer por distintos responsáveis do PCP local antes da votação sem aparente correspondência na altura da votação;
surpresa pela ginástica de rins, pelo redefinir de posições não habituais e que desaguaram naquela posição - voto favorável à medida a par dos autores da proposta (PS) e do fiel da balança (PSD);
que terá acontecido para este desenlace? que pressuporá ele politicamente?
que outras surpresas nos estarão reservadas?

...

Sol, precisa-se, para alegrar os dias e despertar os espíritos;

quarta-feira, abril 9

do gosto

ontem à noite, entre um zapping televisivo e a vontade de ir para a cama, dei com um programa na RTP1 que designo, no mínimo, como insólito;
uma menina a fazer publicidade às pernas (e que pernas) conversava (desculpem lá qualquer coisinha, dizia asneiras e fazia perguntas de envergonhar qualquer loura) a um outro senhor que aparentemente sabia mais da coisa num dedo que ela nas duas pernas;
serviço público servido em hora tardia? ou simplesmente gostos duvidosos à hora de deitar?
vá-se lá saber do gosto...

da liderança

é nos tempos incertos, causados por mote próprio ou alheio, dispostos ou impostos, que se fazem sentir as lideranças;
é, utilizando a metáfora do mar, no mar revolto que se percebe onde estão os capitães de água doce ou que são pescadores de fim-de-semana dos marinheiros que sabem para onde querem ir, o que têm de fazer, como devem de agir;
as lideranças não se impõem nem precisam de decreto; existem, fruto de circunstâncias várias;
e é neste tempos, em que a escola navega águas turbulentas, onde todos dizem o caminho e não se sabe para onde se vai, que mais se faz sentir a necessidade de uma liderança que, assente nas competências, saiba gerir o bom senso que ainda resta nesta escola e discernir onda acaba a participação e começa a acção;

terça-feira, abril 8

do trabalho

antes, no contexto da minha tese, sentia a necessidade de leituras, de afinar as referências bibliográficas que possam ser suporte a um texto argumentativo, coerente e sustentado;
agora sinto a falta do campo de investigação, de elementos de recolha documental que me permitam ultrapassar as contrariedades que tenho sentido;
tenho dois corpos recolhidos, mas ainda não totalmente estruturados, que preciso de organizar e trabalhar, para ver se me desenvencilho da coisa;
há sempre uma, particularmente assente no meu espírito algo rebuscado de fazer as coisas, de as complicar;
o trabalho simples, directo, objectivo é apanágio de apenas alguns, do qual não sinto fazer parte;

do mercado

apesar das vicissitudes do sistema educativo, das peripécias de uma legislação que poucos entendem e muitos procuram esclarecer, o certo é que ele se vai mexendo;
pelo menos para alguns sectores o sistema educativo continua a ser uma fortíssima fonte de proveitos;
refiro-me ao mercado editorial de livros pedagógicos, vulgo manuais, que cada vez mais apresenta estratégias concorrenciais mais agressivas;
em período de escolha prévia de manuais é vê-los a apresentar as suas obras, os seus trabalhos;
longe ainda da propaganda médica, há que reconhecer a imaginação das estratégias e o refinar dos produtos, cada vez mais pronto-a-usar, nem é preciso levar ao micro-ondas, basta desempacotar;

sábado, abril 5

da política local

A estrutura concelhia de Évora do Partido Socialista foi ontem a votos, com resultados que pouco acrescentam à linha do horizonte partidário;
Algumas notas sobre uma vida interna vista por um elemento (eu mesmo) que não foi convidado para a comissão política concelhia mas que integra a secção de Évora.
O Partido Socialista queira-se ou não, concorde-se ou não, é um partido plural. Plural por integrar diferentes correntes de opinião, diferentes facções, diferentes lógicas de governação e de acção pública. Plural porque os seus próprios estatutos concebem a possibilidade de existirem tendências no seu seio.
Ora esta pluralidade tem servido para quase tudo. Por um lado, para o reconhecimento político, partidário e social que o PS tem assumido no contexto nacional e local.
Mas, por outro lado, e em face de posições diferenciadas tem servido também para o entrincheirar de posições, lógicas e poderes por vezes mais fulanizados do que ideológicos, mais individuais que políticos.
O PS, no concelho e no distrito, tem-se pautado por um paulatino crescimento, como se tem evidenciado nos actos eleitorais, e por uma crescente consolidação da sua massa eleitoral.
contudo, o PS, em militantes, tem crescido muito pouco e muito menos do que intenções ou os votos expressos. Talvez por isso mesmo a sua organização interna é ainda muito marcada por lógicas dos idos anos 70 ou 80 do século passado, onde os debates eram marcadamente ideológicos. Onde os tempos foram muito marcados por lógicas mais partidárias que políticas.
Neste século XXI, o PS em Évora mantém estas mesmas características. Uma excessiva dependência (quando não reverência) pelas figuras nacionais, um apagamento político local (escassez manifesta de debate, de confronto de ideias, de integração das diferenças, de afirmação das tolerâncias), uma permanência de lógicas de acção institucional que facilmente são identificáveis com a História local do partido, alguma dificuldade em apresentar ideias próprias, uma linha de orientação definida, ou mesmo de apresentar uma capacidade de renovação que, apesar de existente, é ainda muito incipiente e dependente das lógicas de fulanização, de camaradagem, de dependências. Isto é, o lifting externo e público que marcou o aparecimento de novos nomeados não teve, ainda, a necessária correspondência interna.
ora os tempos e tudo o que eles trazem, são outros, como as exigências, a abertura, a participação, o debate, o pluralismo e alguma flexibilidade de fronteiras, de modo a integrar outros elementos, novas ideias.
Saibam as novas estruturas criar mecanismos e instrumentos que possam contrariar uns e afirmar outros.

sexta-feira, abril 4

do espanto


e as notícias sobre a escola continuam;
Vem-me à ideia que alguém se atreveu a olhar pelo postigo ou pela nesga da janela e a ver o que acontece ali, naquele espaço algo próximo de nós, afinal todos fomos alvo da acção da escola, afinal temos filhos na escola, afinal as notícias sucedem-se em catadupas, afinal os discursos educativos são uma constante, as solicitações à escola prementes, e simultaneamente tão distante, tão pouco se sabe num espaço de opinião onde todos parecem saber tudo, onde todos parecem ter poções mágicas para a solução dos problemas, onde todos opinam, onde todos se surpreendem com aquilo que observam; se espantam com os factos, se surpreendem com os acontecimentos;
serão os tempos apenas reflexos de uma árvores ou elucidativos da floresta? serão situações pontuais e casuísticas ou serão, em contrapartida, uma ponte de iceberg?
afinal, qual é o espaço actual da escola pública portuguesa?
afinal, como andamos nós a relacionarmo-nos com os nossos filhos, que conversas temos, o que sabemos deles, o que fazemos com eles?

quarta-feira, abril 2

das ideias


passo horas de roda do computador à procura, por vezes, nem sei do quê;
organizo ideias, procuro conceitos, argumentos para justificar uma ou outra afirmação; leio, folheio livros e páginas soltas a ver se consigo escrever uma linha, criar e estruturar uma qualquer ideia;
muita vezes sem consequência, sem qualquer resultado aparentemente vísivel; como estou condicionado, no meio do trabalho académico são horas de me fazer à estrada e ir para a escolinha; faço-me à estrada;
no meio do caminho sinto o aproximar de uma ideia, de um possível excerto para um texto;
páro o carro no primeiro sítio onde posso; saco do bloco de notas e escrevo a ideia,passo para o papel aquilo que comecei a pensar;
sinto que é uma ideia que pode ser para além de útil, estruturante ao trabalho que desenvolvo;
por vezes as ideias não têm momento ou contexto específico para surgir, surgem e tenho que as aproveitar;

da situação

efectivamente apetecia-me parar esta escrita que por aqui produzo e desenvolvo, nem que fosse por uns instantes;
escrevo sobre a escola e dificilmente consigo acrescentar alguma coisa de diferente à enormidade de afirmações, alguns argumentos e muitas opiniões que, por dá cá aquela palha, circulam neste espaço sobre a escola, sobre a educação ou sobre as políticas educativas;
escrevo sobre a minha cidade e sobre a minha região e, nos dias que correm, parece-me que há tão pouco para escrever que os ditos são mais lugares comuns que ideias sobre o nosso papel e o nosso futuro - como alentejanos e como eborenses;
escrevo sobre o que vai comigo e sobre os meus quotidianos e eles são tão banais e vulgares que pouco dirão a quem quer que seja;
depois, um espaço que era fácil de percorrer e identificar tornou-se um labirinto quase que intransponível na divagação que pulula pela net;
pouco me resta nesta conversa; talvez algumas amizades, aqui feitas e sedimentadas (como é exemplo intransponível o Miguel, a Sofia), ou outros que por aqui passam e me lêem, mais para saber como vou ou como estou do que para saber qualquer tipo de novidade;
pronto, vou devagar, devagarinho, para saber quando parar ou como continuar;

terça-feira, abril 1

do dia

vou ficar por aqui, parar;
ou talvez continue;
em dia de mentiras, qual delas será verdade?