sábado, dezembro 27

mudança

há quem já saiba e me acompanhe; há quem eu pretenda que não saiba, mas não deixa de me acompanhar;
contudo e apesar de tudo, em virtude de comentários vários, tenho que fazer a referência que, depois de praticamente 1600 entradas neste sítio, mudei para um outro;

segunda-feira, junho 23

mudanças

por muito incrível que possa parecer a alguns, tudo muda na educação - não apenas os instrumentos da tecnologia (telemóveis, portáteis, quadros interactivos...), mas também os interesses, alguns valores, algumas ideias, públicos, perspectivas sociais e económicas;
contudo, permanece o mesmo modos organizacional de juntar, por níveis (etários, escolares) ou de interesse os grupos e dotar um grupo por um docente, separando processos de produção (no caso, de conhecimento compartimentado) e configurando estratégias para muitos como se de um só se tratasse; além do mais o que interessa para muitos é o conhecimento formal, aquele tipo pronto-a-vestir, já feito e validado e não aquele que o aluno possa trazer, o contexto possa exigir, ou os futuros implicar...
os instrumentos de regulação da acção pedagógica estão desajustados e desenquadrados dos meios, interesses e objectivos ao dispor de alunos e professores, de pais e da comunidade;
felizmente que ninguém nota...

profusão

este ano lectivo ficou marcado (entre muitos episódios) pelo acontecimento da disputa de um telemóvel numa sala de aula numa escola pública;
a crer nas notícias, o próximo ano certamente que virá a ficar marcado pela disputa do portátil, por aquilo que os meninos estão a ver ou a fazer no decurso de uma sala de aula;
qual química ou matemática, qual história qual carapuça, o youtube é que tá a dar, ou um simples bate papo, via msn ou google talk;

das escritas

os blogues da educação, pelo menos alguns, não deixaram escapar a ausência de medidas ou de propostas (ou apenas de ideias) face à escola, à educação ou ao mal estar educativo que durante todo o ano se fez sentir;
será de esperar para ver; mas, pessoalmente, não perspectivo melhorias nem uma alternativa na qual eu possa acreditar;

opções

pode apenas ser impressão minha, mas as opções que Manuela Ferreira Leite destacou no seu discurso de encerramento de entronamento, pouco ou nada se relacionam com aquilo que diz serem as suas preocupações;
a bota parece não bater com a perdigota, revela preocupações sociais e destaca a dimensão fiscal e judicial (sempre presas às obras públicas);
só me faltou ouvir que para Alcochete nem mais um cêntimo;

quarta-feira, junho 18

caminhos

um projecto de investigação, na área do doutoramento, é um percursos solitário, individual;
torna-se essencial, de quando em vez, perceber onde estamos, por onde vamos, se estamos próximos do princípio ou do fim, em nenhures ou algures;
estou neste processo; a orientação orienta-me, mas não diz se estou perto ou distante - isso é da minha responsabilidade;
as conversas, com colegas em idêntica situação, servem para aferir de mais dúvidas e de outras questões;
há que descobrir onde estou e como estou;
são caminhos a descobrir...

avaliações

foram hoje publicadas as avaliações das provas de aferição de 4º e 6º ano;
de acordo com os dados houve uma clara melhoria; ainda não fiz o tratamento da minha escola, mas, de acordo com comentários, também aqui se fizeram sentir melhores resultados;
pergunto, foi por melhoria na relação pedagógica ou por abaixamento dos níveis de exigência?
no Reino Unido, no princípio deste século, muito se discutiu sobre esta variável; por cá, não tenho dúvidas que os argumentos e as opiniões serão trocadas entre uma e outra das considerações;
será importante que, a nível de cada escola, se consiga perceber e analisar o que se passou - de bom e de menos bom;

local

oiço o presidente da minha câmara (José Ernesto) numa das rádios locais;
sempre gostei de o ouvir, particularmente de conversar com ele; é um excelente conversador, um compadre tipicamente alentejano, com estórias para quase tudo, com uma experiência de vida riquíssima; com argumentos e com uma ideia de cidade;
tens os seus quês, como qualquer um;
ao ouvi-lo tenho pena que vá atrás das perguntas e acabe por ter um discurso mais justificativo do que argumentativo; digo justificativo porque procura legitimar opções, argumentativo se estivesse mais voltado para o futuro;

terça-feira, junho 17

dúvidas

desculpem lá qualquer coisinha, mas a encenação tecnológica da André de Gouveia, não terá sido apenas uma afirmação dos amigos e das amizades, das relações e dos conhecimentos? Uma afirmação de poderes, proximidades e protagonismos mais locais/regionais do que propriamente existirem interesses na área da educação?
Dúvidas, apenas…

Não

a Irlanda disse não ao tratado de Lisboa;
uma das propostas para ultrapassar a situação é repetir o referendo;
nem mais, pode ser que pela exaustão sejam vencidos e digam que sim;

quinta-feira, junho 12

acreditar

não queremos acreditar;
porque nos falta formação, porque não temos organização;
mas a reportagem de ontem, sobre a mudança de comportamentos, atitudes, organização e relação numa escola problemática mostra que é possível;
e é possível;

final


afinal não sou só eu que me apresto para o final;
Luís Borges dizia que tudo o que era biológico tinha um princípio, meio e um fim; durasse uma hora, um dia, um mês, um ano ou uma vida;
chega ao fim o período Scolari, onde se provou (como nos anos 60 do século passado) que santos da casa não fazem milagres - foi Scolari no futebol, foi Melnychuk no basquete, entre outros);
e não é apenas no desporto que assim é - ou gostamos que seja;

sobre esteriótipos

gostamos de encaixotar ideias, pensamentos, pessoas, situações;
torna-se-nos mais fácil criar compartimentos onde arrumamos as coisas;
se é deste partido é assim; se é deste clube será assim; se tem esta profissão será cozido; se tem este aspecto será isto ou aquilo;
o engraçado é que cada vez mais nos surpreendemos com aquilo que engavetamos num dado compartimento e não encaixa, não cabe ou simplesmente nos surpreende;
isto a propósito de uma coisa tão simples quanto os casamentos de Stº. António; ele quase rasta, ela negra; aparentemente e como se diz por estes meus lados, "ajuntavam-se", mas não, vão casar e pela igreja;

quarta-feira, junho 11

identidade

na visão desta semana um surpreendente ensaio do Prof. José Gil sobre a identidade;
explicaria muita coisa;
mas, atrevo-me, o essencial da crise identitária reside na Europa, por um lado, e na reconfiguração do papel do Estado, por outro, considerando que não foi acautelado na sua missão de criação de uma identidade colectiva;

ausência

pela primeira vez desde que faço a estrada nacional 4/Europa 90 (Lisboa-Elvas) não encontrei um único (repito, um único) camião;
é obra...

entretanto


e entretanto, no meio de crises e constrangimentos, de agruras e dificuldades, distraímo-nos com o Europeu, com a bola;
a contestação será inversamente proporcional aos resultados, quanto melhor o desempenho da selecção, mais fraca será a contestação; andaremos ocupados nos festejos;
e não é apenas por cá...

nas teias


a crise dos combustíveis destaca não apenas a ausência de um Estado europeu, como revela a ineficácia de políticas transnacionais;
se, quando tudo corre bem, ninguém sente a falta de uma União Europeia, quando os tempos de crise apertam nota-se que não existe um Estado, mas interessados, não existe União mas revolta;
e para o ano há eleições europeias... como se reflectirá a coisa...

terça-feira, junho 10

xadrez

a política faz-se e desenvolve-se como um jogo de xadrez; pensa-se antecipadamente na futura jogada, nas oportunidades do adversário, nas possibilidades a criar;
existirem surpresas porque as campanhas já começaram é pensar que as coisas acontecem porque sim ou porque sopas;
nada disso; há muito que nas águas profundas se fazem sentir as movimentações daqueles que têm interesses a preservar;
por estas e por outras preparo-me para sair de cena; saia de cena quem não é da cena...

livros


inevitavelmente sempre que faço uma busca um pouco mais refinada, um pouco mais fina, encontro coisas que me interessam, das quais gosto e de que preciso para a minha escrita;
encontrar um livro já deste ano de N. Rose é uma oportunidade há qual não resisti;

sábado, junho 7

escrita

escrever apontamentos, mesmo que do nada, diariamente é obra;
de quando em vez procuro e não encontro um tema sobre o qual me apeteça escrever;
espero, sentado, a ver se aparece alguma coisa;

finalmente

enfim o Sol e o primeiro dia de jogos;
prevê-se casa cheia e, pelo menos de princípio, sorrisos rasgados, ânimo e vontade para o banho turco;
no final logo se verá se as expectativas são fundadas ou se, pelo contrário, puxamos da calculadora e começamos a fazer contas...

visitas

quase no fim, descubro novas visitas, passantes que partilham gostos e preocupações;

quinta-feira, junho 5

auto-avaliação

a Inspecção Geral de Educação comunicou às escolas que, a bem ou mal, irá efectuar avaliações;
a bem é por auto-proposta das escolas, a mal é se não se auto-propuserem ou não forem em número pretendido;
pronto, a minha disponibilizou-se a bem, para a avaliação;
o engraçado é que a IGE lhe chama auto-avaliação;

apesar

apesar das moções de censura ainda me atrevo a perguntar: e quais as alternativas?
à direita imagino que o código do trabalho fosse (ainda) mais liberal e facilitador da mobilidade; à esquerda imagino que o papel do Estado cresceria como alternativa ao neoliberalismo;
o meio termo, este meio termo, pode não significar bom senso, mas significa isso mesmo, meio termo; o problema é que os actores políticos estão ou cansados ou são escassos para poderem fazer política;
significa apenas que a excessiva concentração de poderes e funcionalidades na pessoa de José Sócrates e em Lisboa não resulta e não temos (alternativas de) banco para poderem compensar a unipessoalidade do nosso primeiro;

posição

moção de censura comum e conjunta, no Parlamento e nas ruas de Lisboa;
não acredito e não quero acreditar que os dirigentes do PS continuem a olhar para o lado como se nada fosse e nada se estivesse a passar;

rendição

rendo-me ao mundo do (ou da) google e tenho quase tudo no Igoogle;
interessante para perceber que cada vez mais este é um mundo ligado e de ligações, um mundo on-line;
e ainda me impressiona perceber que há colegas que estão afastados (não sei se é feliz ou se infelizmente);

quarta-feira, junho 4

listas

apesar de algumas orientações no sentido de não existirem listas para o conselho geral transitório, na minha escola acertam-se ideias, limam-se arestas e muito provavelmente será uma excepção;
muito provavelmente até eu integrarei uma lista;
para onde vamos, como vamos e de que modo iremos são questões pertinentes na véspera de um novo ano lectivo que se avizinha complicado e complexo;

dúvidas

porque é que o Alentejo não tem director regional no desporto há praticamente um ano?
não há elementos? não se arranja um perfil? não se entendem? não há necessidade? não é necessário?

terça-feira, junho 3

contrastes

infelizmente não é apenas por cá que se cavam fossos e acentuam distâncias entre ricos e pobres;
o mundo, fruto de muitas coisas, é cada vez mais um lugar de contrastes, de famintos e obesos, de pobres e ricos, dos que quase tudo têm e daqueles que quase nada têm;

perto


perto do final de mais um ano lectivo, há quase sempre balanços para fazer;
regressado que estive, apercebo-me do caos, próprio e alheio do sistema, sinto o descontentamento de não sabermos por onde andamos, para onde vamos, os sorrisos tristes de estarmos sozinhos numa sala de aula, de nos debatermos contra as incapacidades, nossas e dos outros; a agrura de começar sempre como se nada tivesse existido...

do tgv

parece que por estas bandas ninguém se importa de ficar a pouco mais de meia hora de Lisboa;
o comboio rápido não irá ser a salvação do interior, mas pode ser um prejuízo para o litoral;
por mim, já começo a sentir arrepios de me sentir tão próximo de Lisboa;

segunda-feira, junho 2

recta

muito provavelmente entro em recta final de escrita;
a escrita, esta escrita, já se prolonga há tempo demais;
há que chegar ao fim; há que saber construir o fim;

agudo

apesar do aparente silêncio sobre a avaliação de desempenho, tive hoje conhecimento sobre as fichas (grelhas e instrumentos) de avaliação do trabalho de uma biblioteca escolar;
é obra a sua dimensão; para além das implicações que pressupõe, quer sobre o ponto de vista organizacional quer das relações que sustenta;

sexta-feira, maio 30

respostas

como andas tu?
como os outros todos, diferente dos outros outros;

domingo, maio 25

avanços

e recuos...
é assim que é feito o meu trabalho de investigação;
praticamente ao fim de três anos de trabalho, de leituras e de alguma escrita, consigo criar um texto com "pernas para andar";
a porra é que me altera o campo de estudo e agora me sinto (novamente) não será emperrado, mas enleado;
falta de conversa com o orientador e falta de trabalho na área documental;

do tempo

o tempo está razoável para a horta; razoável porque me poupa trabalho, mas também porque não deixa os frutos (tomates, pimentão, melão, melancia, pepino) rebentar, tão encarquilhados que se sentem pela falta de calor;
em contrapartida, as árvores de fruto estão cheias, carregadinhas...
o tempo não agrada a todos, nem em todo o lado;
se fosse só o tempo...

das dúvidas


ouvir a discussão entre candidatos no PPD/PSD faz crer que a luta é feita ao centro esquerda;
será que os candidatos a líder do maior partido da oposição, apesar da sua posição (neo)liberal são defensores do Estado? descobriam agora, depois de terem passado pelo governo da nação, as preocupações sociais? as alternativas de política são feitas à esquerda?
há aqui qualquer coisa que não consigo perceber... ou talvez não...

sexta-feira, maio 23

escrita


em altura em que cada vez mais me apetece escrever cada vez menos, dou por uma promoção no campeonato da escrita;
passei - corrijo, passaram-me - para um jornal a sério, com cheiro a tinta e tudo, que se pode manusear, amachucar ou guardar;
para mais informações clicar e ler a edição impressa;

da distância

para quem observa a acção à distância, qual treinador de bancada que aprecia o espectáculo no conforto do sofá, fico com a sensação que alguém joga com jogadores a menos...
ou é pela dinâmica e empenho da equipa adversária ou simplesmente pela defesa do resultado - o que é sempre preocupante, senão mesmo desconcertante ...
custa-me perceber qual a opção da minha equipa, qual o papel dos jogadores que defendo em campo; ou simplesmente se existe treinador para comandar as hostes...
caramba nem as cheerleaders me conformam ou sequer entusiasmam ...

do pedido

peço um bocadinho de sol, uma nesga de calor e não é que aparece chuva e mais chuva...
a horta dá-me descanso, mas os produtos ressentem-se do frio, da ausência de calor...
em contrapartida as árvores de fruto estão carregadinhas...

quinta-feira, maio 22

preto e branco

cada vez mais, nos diferentes sítios e sectores da sociedade, as discussões são a preto e branco; ou sim ou sopas;
não há meio termos, não se sente bom senso;
as acusações são mutuas, repetitivas, monótonas e monocórdicas;
e o cidadão a vê-los;
será que não se apercebem da figura...

dos tempos

é engraçado ver que aqueles que antes faziam reuniões à porta fechada, decidiam longe dos interesses comuns hoje criticam as reuniões de tupperware;
pelo menos são abertas, públicas...

quarta-feira, maio 21

surpresa

pela primeira vez abri o correio e nem um spam;
surpresa, estupefacção, incrédulo;
até fui confirmar se era verdade, e era mesmo, não tinha spam;
aleluia...

no parado

pouco (ou nada) tenho feito sobre o meu projecto de trabalho;
entre desculpas e justificações possíveis (cansaço, impaciência, disponibilidade...) tudo serve para que me falte aquilo que deve, a cabeça para mergulhar nas ideias...

transitório

na minha escola foi aprovado um projecto educativo que irá ser transitório;
no meio das diferenças (algumas profundas) no modo de entender a escola e a relação pedagógica, apraz-me perceber que há caminhos que não são becos, mesmo que sejam transitórios...

do sol

neste mês de Maio, não ficaria mal uma pinguinha de sol;
tenho saudades do sol, do calor, da luz...
estou certo que os dias ficariam melhores e passariam mais serenamente...

segunda-feira, maio 19

página


finalmente...
já não era sem tempo...
até que enfim...
que dirão agora...
de que se lembrarão agora...
mas a página virtual da terra que me viu nascer (Évora, para os que não sabem) mudou;
já não é aquele lençol desdobrado e infindável onde tudo estava e nada se encontrava;
a ver vamos das funcionalidades e da navegabilidade;

das coisas

isto de passear de blogue em blogue será curiosidade? interesse? ou simples voyerismo virtual?

da escrita

cada vez mais me apetece escrever cada vez menos...

terça-feira, maio 13

californication

não consigo ver isto sem me lembrar do detective Mulder, de extraterrestres e afins;
ou de me lembrar dos poetas malditos dos anos 30 e 40 do século passado;
não deixa de ser uma revisitação que varia entre o erótico e o subliminar;
(interessante o de ontem, na referência aos novos suportes de escrita, blogues incluídos);

registo

apareceu um novo Registo nas bancas regionais;
um jornal semanal que dá conta do que por cá se passa;
terá pernas para andar? ou ficar-se-á pelo Registo...

trabalho autónomo

isto de realizar um projecto de investigação a residir na província e ter um orientador na capital do império (e viajado) não é fácil;
acentua o trabalho autónomo, é certo, mas é leeeennnnnttttooooo...

segunda-feira, maio 12

sobre o fim

terminou o campeonato da amargura (dos benfiquistas, pois claro);
um quarto lugar sem apelo nem agravo, fruto da qualidade e da desorientação;
resta-nos agora esperar pelos nervos do europeu para podermos gritar e sofrer;
e entretanto tudo o mais segue, serenamente, o seu caminho;
circula pela Net, à semelhança de outros exemplos tão ou mais caricatos do que este, um apontamento reflexo de tantas coisas do que não se passa na escola:

A obra dramática de Gil Vicente, vista por um a aluno do ensino secundário

«Eu não tenho dúvidas que o Gil Vicente é muito importante, apesar de nunca ter ganhado o campionato de futebol. É importante porque ás vezes ganha ao Benfica, otras ao Sporting e otras ao Porto, tirando a eles o primeiro logar. E também por isto é que a sua obra é dramática porque é um drama para os benfiquistas, os sportinguistas e os portistas quando ganha.»

Esta foi a a resposta de um aluno do secundário a uma pergunta sobre a obra dramática de Gil Vicente.

quinta-feira, maio 8

início do fim

o que me custa na escola é o princípio do fim ser o início de quase tudo;
as ditas cujas actividades de enriquecimento curricular (AEC), na minha escola, decorrem, consideração minha e pessoal, de modo impecável e pertinente; seja pela oferta que, por acasos, foi criada, pela cooperação e articulação que tem existido entre os responsáveis das AEC's, pelas lógicas que lhe estão instituídas de assegurar ligações futuras;
há coisas menos boas e algumas mesmos más, obviamente, mas globalmente considero positiva a experiência;
sem avaliação nem ponderação já se pensa alterar o figurino e mudar as ofertas; contingências, dizem, limitações, afirmam;
o certo é que o início do próximo ano lectivo será, uma vez mais, o princípio de tudo, como se não existisse história na escola, como se o feito fosse arrumado em arquivo morto; como se as situações fossem descartáveis;
é pena...

divisões

na parte final de um ano lectivo que foi declaradamente conturbado, o bom senso custa a prevalecer em algumas escolas;
na minha, de roda de um projecto educativo transitório, o conselho pedagógico divide-se a meio, aparentemente sem possibilidades de desempate;
as discussões tornam-se redondas e as saídas inoportunas;
convenço-me das dimensões que o director pode vir a assumir, definindo objectivos, indicando coordenadores, assumindo controlo, centralizando unipessoalmente a decisão;
não sei como irá ser na generalidade, mas na minha escola vai ser giro, áh vai, vai;

quarta-feira, maio 7

sobre chumbos

Quem lê estas linhas saberá, quase de certeza, o que é um chumbo. Se não chumbou terá alguém, nas suas relações de amizade escolar, que tenha passado pela situação.
Chumbo, retenção, raposa, reprovação são conceitos diferentes que procuram explicar uma mesma coisa, a não transição de ano de um aluno. Os conceitos, como é facilmente perceptível, modificaram-se com os tempos, respondendo a modas pedagógico-educativas ou a simples opções de política educativa ou tão só aos modos de olhar a situação de retenção, reprovação, chumbo ou que se diga a seu respeito.
Há quem defenda a retenção (reprovação) de um aluno em face de critérios de rigor, exigência e excelência académica. Como há quem defenda que chumbar (reprovar) um aluno é elucidativo das situações de facilitismo, de remeter para uma única responsabilização (do aluno) algo que é partilhável pela própria lógica de um processo educativo que é relacional (professor-aluno-família). Foi o caso de uma entrevista (análise) na passada semana feita pela própria ministra da educação.
Não há muito tempo atrás, penso que em 1998, caiu o Carmo e Trindade educativos quando se decidiu que nenhum aluno ficaria retido na transição do 1º para o 2º ano (da primeira para a segunda classe, a persistência desta terminologia é também ela elucidativa do modus de ver a escola). Hoje é dado adquirido, pacífico mas trabalhoso para quem enfrenta a situação e a considera até normal.
Entre defensores da retenção, mais assumidos e públicos, e os defensores da não retenção do aluno, mais resguardados e insinuantes que os primeiros, há todo um conjunto de elementos que se cruzam, seja por intermédio da análise educativa e pedagógica, seja na esfera política e partidária ou simplesmente na consideração social desta opção.
Para que não restem dúvidas quanto à minha posição, digo desde já que não sou apologista da retenção, chumbo, reprovação do aluno. Não é por ficar retido num mesmo ano, que o aluno melhora os seus níveis de desempenho escolar, aprofunda os seus interesses ou melhora o seu comportamento. A escola está cheia de provas disso mesmo, de elementos que retidos assentuam o seu desinteresse, desligam de todo o processo escolar, acentuam o seu absentismo quando não caiem em situações de abandono. Para já não falar nos reflexos familiares, nas diferentes considerações que são tecidas aos pais pela comunidade, seja por palavras, seja por olhares.
Sou assumido defensor que o aluno, mesmo não adquirindo os conhecimentos inerentes a um ano de escolaridade, os poderá obter posteriormente e, ainda que de modo desfasado, possa cumprir, como os outros, os objectivos de ciclo.
Agora justificar uma opção em face de critérios eminentemente financeiros, decorrente do custo de um aluno, é perverter não apenas uma discussão que deve ser pedagógica e de política educativa, como é questionar o próprio papel da escola pública. E esta situação é abrir frentes de batalha na qual ninguém, nem ministério, nem professores ou alunos ou comunidade, podem sair ganhadores.

terça-feira, maio 6

sobre as cartas na mesa (III)

para concluir a partida de cartas, apenas uma referência mais;
se o discurso (redondinho e politicamente correcto) da senhora ministra vai no sentido de se encontrarem e implementarem diferentes respostas e propostas de trabalho (de sucesso do aluno, de trabalho do professor, de organização da escola, de opção educativa) então porque é que toda a regulamentação vai no sentido de cingir o trabalho do professor à sala de aula?
quem assegura a organização de outros modos diferenciados do trabalho? quem é responsável pela organização dos trabalhos na escola? quem assume outras respostas educativas que não as tradicionais?
com muita pena minha (enquanto socialista) noto alguma incoerência entre uma retórica discursiva para eleitor ouvir e uma prática legislativa cerceadora das autonomias profissionais;
mas poderá ser problema meu;

sobre as cartas na mesa (II)

dos naipes que a senhora ministra mandou para a mesa, nada de novo no horizonte;
não sei se é trunfo, mas fico com espírito santo de orelha com os exames de 9º ano, uma vez que, como dito, se realizam em quase todos os países da Europa;
como insinuado pela parceira da bisca, afinal os exames não deixam de ser instrumentos de avaliação dos professores - opto pelo conceito de instrumentos de regulação, uma vez que permitem aferir não apenas das qualidades do processo de ensino-aprendizagem, como destacam as particularidades que lhe são inerentes (contextos sociais e familiares, organização educativa, entre outros);

sobre as cartas na mesa

na falta de um programa de entrevista directa a TVI pôs as cartas na mesa e vá de começar pelo lado mais óbvio das audiências, a educação;
como cartas na mesa que são, fizeram-me lembrar as partidas da bisca ali na taberna do lado, onde uns gritam com outros, onde se trocam comentários e piropos e onde há mais fumo que fogo;
os tablóides, sejam eles em papel ou em vídeo, mandam nos esquemas e impõem regras de funcionamento;
querer discutir os problemas da educação, com cartas na mesa, em pouco mais de 30' é querer meter o Rossio na Betesga;
fico com a sensação que faltaram os trunfos, de um e de outro lado;

segunda-feira, maio 5

sobre textos

na distância deste espaço consegui organizar e produzir um esboço de texto sobre aquilo que ando a fazer, em redor de comportamentos, da regulação social da escola ou dos instrumentos disciplinares;
a resposta do orientador, sempre pertinente e oportuna, vai no sentido que "uma tese ganha-se com contenção teórica e metodológica";
isto porque persisto em misturar conceitos, uns oriundos das políticas públicas (onde me devo centrar), outros oriundos da análise organizacional;
contenção, precisa-se; como preciso de organização do meu espaço mental para que possa ter contenção metodológica;
e já lá vão quase três anos de trabalho; sinceramente, sinceramente, apenas um ano e qualquer coisa...
é que há males que vêm por bem...

sobre os dias

o fim-de-semana foi passado entre o dia das mães e os anos do sogro;
entre uns e outros deu-me para afiar facas, de modo a que pudessem escorregar melhor pelos cortes finos dos pratos e tachos que se preparavam;
foram bem afiadas, o jeitinho deu-me para cortar a mão e um dedo;
felizmente sem consequências no assado;

no silêncio

apetece-me criar distâncias;
distância deste espaço onde careço de ideias e de uma vontade de escrita;
distância do borbulhar quotidiano, dos afazeres de todos os dias;
distância do mediatismo que me empurra para cenas diárias de troca de conversa e de opiniões;
apenas se impõe o silêncio;

quarta-feira, abril 30

nomeações


de quando em vez, na blogosfera, surgem indicações, nomeações, referências que são resquícios de ligações afectivas dos inícios deste processo;
uma ou outra vez lá sou referenciado, quase sempre pelo mesmo, pelo amigo Miguel que faz o favor de por aqui passar, de deixar amizades e trazer saudades, animar conversas e agruras (do glorioso e da escola);
foi o que aconteceu uma vez mais; nomeou-me, lá saberá explicar do porquê, e, não fosse eu passar por cima, alertou para a situação, quase que implicando a continuidade desta cadeia de afectos e disposições de escrita;
pois bem, cá ficam as minhas referências, apesar de ordenadas sem uma hierarquia formal ou oficial; são espaços por onde passo quotidianamente para me perceber e para procurar compreender o mundo em que me movimento - são quase todos os que constam do lado, mas para destaque incontornável:

- a Sofia, pois faz os dias assim;
- o Paulo, pois também temos de olhar ao nosso umbigo;
- o Matias Alves, porque navegar pelos mesmos mares é terrear desejos e ambições;
- As senhoras professoras que, com as suas inquietações, despertam curiosidades e revelam o bom senso que conhecimento e experiência permitem;
- o café Portugal cá da terra, porque gosto do convívio e da terra, dos comentários e da discussão;
- o Miguel, porque é, para mim e desde praticamente o princípio, uma referência incontornável do que pode ser um espaço virtual de aprendizagem e partilha;

e pronto venham mais uns quantos...

sábado, abril 26

sobre desenhos


na passada 5ª feira, passou pela minha escola um ilustrador de estórias, contador de desenhos, de nome André Letria;
no contexto de uma semana dedicada aos livros e à leitura, em iniciativa organizada pelos docentes responsáveis pela biblioteca e centro de recursos da escola, foi ver o pessoal a fazer perguntas ao senhor - como é que começou, se ganha muito, que técnicas utiliza, como foi a passagem pela escola, que livros mais gostou de desenhar, entre muitas e muitas outras;
gostei de o conhecer, pela simplicidade que colocava nas respostas, pelo espicaçar da curiosidade dos presentes face aos seus livros, pela disponibilidade que desde que chegou evidenciou para estar próximo dos alunos;
iniciativas que revelam o muito que não é sujeito a avaliação de desempenho;

sobre Abril


Andar a escrever apontamentos diários e deixar passar a comemoração de Abril, como algo de especial e de particular, seria quase como que uma aleivosia.
Mas tenho pensado sobre o que poderia escrever de modo a dizer, ou escrever, algo que passasse a acrescentar alguma coisa a esta efeméride. Aproveitar este virtual seria sempre uma oportunidade para tal situação. Mas não a considero pertinente o suficiente para fazer dela um apontamento particular. Dizer o que é habitual pouco ou nada acrescentaria à comemoração e nada valeria a um espaço que adopta características que há 34 anos atrás apenas podia residir na imaginação, muito avançada, de um qualquer extraterrestre.
Por outro lado, para aqueles que por aqui passam estou certo que será difícil de acrescentar alguma coisa nova, de diferente, de uma qualquer aparente mais valia a mais um aniversário de Abril, da reconquista da democracia, da conquista da liberdade e do pluralismo.
Reconhecidamente tenho andado a pensar no que escrever nesta altura, numa data que para mim o importante é a simples liberdade de escrita e de pensamento, coisa hoje tão simples e banal que não se valoriza como de especial ou particular. E pode não ser assim, assoberbados que estamos por um pensamento único, oriundo do liberalismo económico como do socialismo governativo, que se fundem numa aparente harmonia ideológica de conivências cúmplices.
Fazer ou procurar escrever uma qualquer estória do que para mim é Abril, seria não apenas uma arrogância, muito própria da minha pessoa, como seria, acima de tudo, uma pretensão desmedida de criar um espaço individual num campo que é marcadamente colectivo.
Pois bem, e então que escrever sobre este dia que, para mim e para a minha pessoa, é tão marcante quanto o dia em que nasci, como o dia em que senti os meus filhos respirar o ar que os circunda?
Muito provavelmente direi viva as banalidade, força as trivialidades, reforço das repetições inconfessáveis, pois é em tudo isso que se insinua a democracia e a liberdade, se institui um modo de ser muito típico de Abril. Deste Abril em que apenas houve um, aquele em que alguém resolveu dizer basta, que escreveu com cravos a palavra fim e sorveu, de um trago só, a palavra democracia.
Nem tudo foi, ou é, perfeito. Nem tudo está acabado. Muito falta por porvir, fruto de um sistema que é feito por pessoas, homens e mulheres imperfeitos mas que fazem as perfeições de uma democracia, de um sistema que permite tudo, o seu princípio e o seu fim, o in e o out de nós mesmos.
Hoje e sempre, cumpre-me comemorar Abril como se fosse único. Mas é todos os dias. É sempre que um Homem quiser.

quarta-feira, abril 23

no regime

no regime de autonomia, administração e coisa que tal;
para além dos comentários (alguns oportunos, outros pertinentes) acrescento uma ideia a este novo regime;
requer (ou vai requerer) uma coisa que aparentemente tem estado escondida na escola e que designo como gestão política;
a negociação dos interesses, a gestão das possibilidades vai ser uma das peças predominantes neste novo (?) normativo;
talvez caia a metáfora da escola enquanto democracia (com a sua divisão de poderes, a distribuição de equilíbrios) para se instalar a metáfora da escola enquanto arena política - onde (quase) tudo é negociável, onde os equilíbrios são precários, onde os interesses (e consequentes valores e ideias) se destacam e procuram prevalecer uns contra/sobre os outros;
(ao escrever lembro-me de um livro, de J. A. Costa, Imagens organizacionais da escola, ed. Asa, oportuno para uma leitura deste diploma)

às voltas

sento-me a pensar em trabalhar;
qual quê, não me apetece; não me apetece fazer nada, a não ser ser passar o tempo, ver os dias as desfilar diante dos meus olhos;
há tempo, digo eu; nem sei para quê;
talvez amanhã...

segunda-feira, abril 21

sobre um meteorito

Já alguém escreveu que o actual PPD/PSD é um devorador de líderes. Não sei se será bem assim, mas que me surpreendeu a demissão de Luís Filipe Menezes, tenho de reconhecer que sim.
Não pelas suas posições pouco consensuais ou pouco típicas de um partido da ala liberal. Nem sequer pela sua aparente bicefalia de uma gestão partidária dividida entre o coração na Assembleia da República e a cabeça algures entre o país e o partido. Como também não fiquei surpreendido por se render às críticas, contundentes e directas, de muitos dos seus correlegionários.
A minha surpresa decorreu mais do facto de se render a uma passagem meteórica e efémera pela política nacional de alguém que há muito, possivelmente desde a saída da referência nacional do PSD, se perspectivava e se posicionava para a liderança. Contra tudo e contra todos. Sucumbir às críticas, render-se às sondagens, padecer perante os números é revelador de alguma fragilidade não apenas ideológica mas, acima de tudo, partidária.
E esta situação, por muito incrível que possa parecer, não favorece o PS nem a democracia. Os vazios tendem sempre a ser ocupados. A política social, como a natureza, tem horror ao vazio e ele será rapidamente ocupado. O risco que se corre, quer em termos de governação quer em termos de democracia, será a tendência de se descair para algumas formas de radicalismo. Radicalismo com base nos discursos, de modo a arrumar posições e a esclarecer situações. Radicalismo de propostas, para se perceberem diferenças e oportunidades. E como já aqui escrevi (18 de Abril) o radicalismo não tem saída nem glória.
Mas os tempos prestam-se a isso. Tempos com dois modos. O tempo do PSD, curto na afirmação de novas lideranças, de outros modos de estar e fazer política. Tempos que serão marcados por uma conquista interna (em função das directas), e de convencimento externo (à procura de eleitores, do seu espaço partidário).
Mas também um tempo parlamentar, de modo a não incluir neste apontamento apenas o PS. Também o CDS olhará com atenção o desenrolar dos acontecimentos. Expectantes ante as eventuais propostas, bem como da tentativa de captar o interesse (e o voto) deste eleitorado que corre o risco, em termos de representação parlamentar, de voltar ao tempo do táxi.
Mas há também aqui um tempo governativo, onde seria importante perceber outras propostas, outros modos e não apenas aqueles que são exclusivos do governo e da governação. Sem este contraponto, sem a existência de alternativas visíveis (política e socialmente) o espaço democrático encolhe-se, enruga-se, seca.
Veremos como decorrerão os próximos tempos e quais as alternativas que surgirão e se não será mais do mesmo.

sobre mim mesmo

não me apetece escrever;
estou cansado desta escrita;
reconheço a monotonia de mim mesmo, da escrita que eu produzo;
por isso mesmo, durante alguns apontamentos, replico para este espaço os escritos diários do Notícias Alentejo;
afinal, questões de facilitismo e comodismo, muito típicas de um alentejano como eu;

sexta-feira, abril 18

sobre coisas

engraçadas;
certamente terá sido coincidência, mas Luís Filipe Menezes demitiu-se quando o país estava em alerta laranja;

quinta-feira, abril 17

sobre o presente

será que vale a pena escrever?
será que vale a pena pensar sobre o que se escreve?
ontem (para não esquecer) foi fácil perceber como se pode passar de bestial a besta num ápice, nuns quaisquer 45 minutos de ausência;
hoje, para além dessa ressaca, apercebe-mo-nos que sindicatos e ministério fazem contas de deve e haver para saber quem capitulou ou claudicou perante a moção de consenso;
desconfio que a aritmética dará conta errada, senão no curto prazo pelo menos no médio prazo, onde as situações educativas se agravam e se acentuam distâncias entre quem governa e quem executa;

quarta-feira, abril 16

no sofrimento

este ano é para sofrer;
sofrer em todas as frentes - a pessoal, assente num projecto de investigação em que o fim está ainda muito afastado, na profissional, em que na escola se sente o descontentamento, a fartura, o cansaço de ausências, e na desportiva enquanto benfiquista, em que não vale a pena enumerar o que quer que seja;
o sofrimento de que dou agora conta é para logo mais, para aquele embate em que nem a taça nos aquece (aos benfiquistas), enregelados que estamos com um campeonato tão torto e enfadonho quanto os dias;
resta-me ganhar calo nas mãos, de tanto esfregar, e fazer votos que será para o ano;
será??

terça-feira, abril 15

sobre uma moção

na minha escola a discussão sobre a moção - entre ministério da educação e sindicatos - deu em não;
sem grandes argumentos, nem opiniões claras; não, pronto...
não se percebe que ficamos (professores) mal vistos na fotografia social;
lá fora ninguém compreende lá muito bem o que se passa dentro da escola e o porquê destas posições face à avaliação;
cá dentro ninguém discute alternativas nem outros modos de conduzir a coisa;
quais serão as alternativas? para onde caminharemos? para onde irá a escola pública?

no espanto


a minha cidade tem coisas de espanto que fogem ao olhar mais comum;
é preciso olhar em redor, para cima e para baixo para que se possam apreciar os encantos e os espantos de uma cidade;
a imagem é uma das esquinas da Rua da Misericórdia;

na blogosfera

Há relativamente pouco tempo atrás, falo em tempo Internet, sempre muito fluido, a blogosfera constituía-se como uma repositório de alternativas. Um manancial de pensamento contra-corrente, alternativo, paralelo ao pensamento mais uniforme, mais monocromático da dita comunicação social tradicional.
Poder-se-iam encontrar, nos diferentes sítios existentes, não apenas formas de escrita e de análise bem diferentes daquelas a que estávamos habituados, como quadros de análise que eram óptimos suportes para a desmontagem de discursos, a compreensão dos quotidianos, a análise dos acontecimentos.
A pulverização deste meio, o aparecimento de inúmeros pontos de referência fez o que é habitual aos meios mais massificados, mais corriqueiros, banalizou-se. Hoje ainda é possível encontrar sítios onde o pensamento dominante, o quadro de análise presente não seja uma variação entre o estereótipo e o lugar comum. Mas é bem mais complicado encontrar um sítio destes, necessita-se de uma pesquisa mais fina e de um tempo de busca mais refinado.
A concorrência de um pensamento dominante, que varia entre a análise político-social e a acção governativa, conjugada com uma comunicação social que soube adaptar-se ao desafio concorrencial da blogosfera, determina e impõe as linhas gerais da escrita e da análise das situações. Fez com que os espaços dos blogues perdessem a sua diversidade e se nivelassem por diferenças mínimas na crítica e nos quadros de análise utilizados.
Esta situação conseguiu, inclusivamente, homogeneizar as discussões que, a partir da blogosfera, eram quase que estritamente locais, tinham uma vivência e uma existência justificada pelo local. Foi o aparecimento de blogues sobre os mais diversos sectores locais, desde as maiores cidades aos mais pequenos lugares deste país. Sobre política, sobre cultura, sobre a vida e a dinâmica que estava distante dos jornais nacionais. A blogosfera retirou do anonimato e da indiferença locais e pessoas, ideias e escritas. Mas tem sido também marcada pelo seu próprio sucesso, homogeneizando atitudes, uniformizando escritas, colectivizando ideias, harmonizando interesses.
Permanece actual, presente e pertinente a existência destes sítios. Mais não seja para que se percebam situações ou acontecimentos que fora deste espaço pouca, ou nenhuma, referência têm. Mas carecem também de um renovado espírito crítico, de escritas que não se fiquem pelo lugar comum, pela banalidade dos apontamentos, pela indiferença do anonimato.
A blogosfera foi uma lufada de ar que atravessou a sociedade mediática, mas que necessidade agora de correntes de ar para que se possa renovar. O como e o modo é que é difícil de percepcionar.

quinta-feira, abril 10

sobre as surpresas

tenho de reconhecer que há coisas que, por muito que não pareçam, mudam;
não faço juízos se para melhor se para pior;
o certo é que a posição do PCP, ontem em reunião de câmara sobre a aprovação da novel empresa municipal para a gestão dos espaços culturais e desportivos, foi para mim uma surpresa;
surpresa por aquilo que foi dito e escrito, quer pelos vereadores, quer por distintos responsáveis do PCP local antes da votação sem aparente correspondência na altura da votação;
surpresa pela ginástica de rins, pelo redefinir de posições não habituais e que desaguaram naquela posição - voto favorável à medida a par dos autores da proposta (PS) e do fiel da balança (PSD);
que terá acontecido para este desenlace? que pressuporá ele politicamente?
que outras surpresas nos estarão reservadas?

...

Sol, precisa-se, para alegrar os dias e despertar os espíritos;

quarta-feira, abril 9

do gosto

ontem à noite, entre um zapping televisivo e a vontade de ir para a cama, dei com um programa na RTP1 que designo, no mínimo, como insólito;
uma menina a fazer publicidade às pernas (e que pernas) conversava (desculpem lá qualquer coisinha, dizia asneiras e fazia perguntas de envergonhar qualquer loura) a um outro senhor que aparentemente sabia mais da coisa num dedo que ela nas duas pernas;
serviço público servido em hora tardia? ou simplesmente gostos duvidosos à hora de deitar?
vá-se lá saber do gosto...

da liderança

é nos tempos incertos, causados por mote próprio ou alheio, dispostos ou impostos, que se fazem sentir as lideranças;
é, utilizando a metáfora do mar, no mar revolto que se percebe onde estão os capitães de água doce ou que são pescadores de fim-de-semana dos marinheiros que sabem para onde querem ir, o que têm de fazer, como devem de agir;
as lideranças não se impõem nem precisam de decreto; existem, fruto de circunstâncias várias;
e é neste tempos, em que a escola navega águas turbulentas, onde todos dizem o caminho e não se sabe para onde se vai, que mais se faz sentir a necessidade de uma liderança que, assente nas competências, saiba gerir o bom senso que ainda resta nesta escola e discernir onda acaba a participação e começa a acção;

terça-feira, abril 8

do trabalho

antes, no contexto da minha tese, sentia a necessidade de leituras, de afinar as referências bibliográficas que possam ser suporte a um texto argumentativo, coerente e sustentado;
agora sinto a falta do campo de investigação, de elementos de recolha documental que me permitam ultrapassar as contrariedades que tenho sentido;
tenho dois corpos recolhidos, mas ainda não totalmente estruturados, que preciso de organizar e trabalhar, para ver se me desenvencilho da coisa;
há sempre uma, particularmente assente no meu espírito algo rebuscado de fazer as coisas, de as complicar;
o trabalho simples, directo, objectivo é apanágio de apenas alguns, do qual não sinto fazer parte;

do mercado

apesar das vicissitudes do sistema educativo, das peripécias de uma legislação que poucos entendem e muitos procuram esclarecer, o certo é que ele se vai mexendo;
pelo menos para alguns sectores o sistema educativo continua a ser uma fortíssima fonte de proveitos;
refiro-me ao mercado editorial de livros pedagógicos, vulgo manuais, que cada vez mais apresenta estratégias concorrenciais mais agressivas;
em período de escolha prévia de manuais é vê-los a apresentar as suas obras, os seus trabalhos;
longe ainda da propaganda médica, há que reconhecer a imaginação das estratégias e o refinar dos produtos, cada vez mais pronto-a-usar, nem é preciso levar ao micro-ondas, basta desempacotar;

sábado, abril 5

da política local

A estrutura concelhia de Évora do Partido Socialista foi ontem a votos, com resultados que pouco acrescentam à linha do horizonte partidário;
Algumas notas sobre uma vida interna vista por um elemento (eu mesmo) que não foi convidado para a comissão política concelhia mas que integra a secção de Évora.
O Partido Socialista queira-se ou não, concorde-se ou não, é um partido plural. Plural por integrar diferentes correntes de opinião, diferentes facções, diferentes lógicas de governação e de acção pública. Plural porque os seus próprios estatutos concebem a possibilidade de existirem tendências no seu seio.
Ora esta pluralidade tem servido para quase tudo. Por um lado, para o reconhecimento político, partidário e social que o PS tem assumido no contexto nacional e local.
Mas, por outro lado, e em face de posições diferenciadas tem servido também para o entrincheirar de posições, lógicas e poderes por vezes mais fulanizados do que ideológicos, mais individuais que políticos.
O PS, no concelho e no distrito, tem-se pautado por um paulatino crescimento, como se tem evidenciado nos actos eleitorais, e por uma crescente consolidação da sua massa eleitoral.
contudo, o PS, em militantes, tem crescido muito pouco e muito menos do que intenções ou os votos expressos. Talvez por isso mesmo a sua organização interna é ainda muito marcada por lógicas dos idos anos 70 ou 80 do século passado, onde os debates eram marcadamente ideológicos. Onde os tempos foram muito marcados por lógicas mais partidárias que políticas.
Neste século XXI, o PS em Évora mantém estas mesmas características. Uma excessiva dependência (quando não reverência) pelas figuras nacionais, um apagamento político local (escassez manifesta de debate, de confronto de ideias, de integração das diferenças, de afirmação das tolerâncias), uma permanência de lógicas de acção institucional que facilmente são identificáveis com a História local do partido, alguma dificuldade em apresentar ideias próprias, uma linha de orientação definida, ou mesmo de apresentar uma capacidade de renovação que, apesar de existente, é ainda muito incipiente e dependente das lógicas de fulanização, de camaradagem, de dependências. Isto é, o lifting externo e público que marcou o aparecimento de novos nomeados não teve, ainda, a necessária correspondência interna.
ora os tempos e tudo o que eles trazem, são outros, como as exigências, a abertura, a participação, o debate, o pluralismo e alguma flexibilidade de fronteiras, de modo a integrar outros elementos, novas ideias.
Saibam as novas estruturas criar mecanismos e instrumentos que possam contrariar uns e afirmar outros.

sexta-feira, abril 4

do espanto


e as notícias sobre a escola continuam;
Vem-me à ideia que alguém se atreveu a olhar pelo postigo ou pela nesga da janela e a ver o que acontece ali, naquele espaço algo próximo de nós, afinal todos fomos alvo da acção da escola, afinal temos filhos na escola, afinal as notícias sucedem-se em catadupas, afinal os discursos educativos são uma constante, as solicitações à escola prementes, e simultaneamente tão distante, tão pouco se sabe num espaço de opinião onde todos parecem saber tudo, onde todos parecem ter poções mágicas para a solução dos problemas, onde todos opinam, onde todos se surpreendem com aquilo que observam; se espantam com os factos, se surpreendem com os acontecimentos;
serão os tempos apenas reflexos de uma árvores ou elucidativos da floresta? serão situações pontuais e casuísticas ou serão, em contrapartida, uma ponte de iceberg?
afinal, qual é o espaço actual da escola pública portuguesa?
afinal, como andamos nós a relacionarmo-nos com os nossos filhos, que conversas temos, o que sabemos deles, o que fazemos com eles?

quarta-feira, abril 2

das ideias


passo horas de roda do computador à procura, por vezes, nem sei do quê;
organizo ideias, procuro conceitos, argumentos para justificar uma ou outra afirmação; leio, folheio livros e páginas soltas a ver se consigo escrever uma linha, criar e estruturar uma qualquer ideia;
muita vezes sem consequência, sem qualquer resultado aparentemente vísivel; como estou condicionado, no meio do trabalho académico são horas de me fazer à estrada e ir para a escolinha; faço-me à estrada;
no meio do caminho sinto o aproximar de uma ideia, de um possível excerto para um texto;
páro o carro no primeiro sítio onde posso; saco do bloco de notas e escrevo a ideia,passo para o papel aquilo que comecei a pensar;
sinto que é uma ideia que pode ser para além de útil, estruturante ao trabalho que desenvolvo;
por vezes as ideias não têm momento ou contexto específico para surgir, surgem e tenho que as aproveitar;

da situação

efectivamente apetecia-me parar esta escrita que por aqui produzo e desenvolvo, nem que fosse por uns instantes;
escrevo sobre a escola e dificilmente consigo acrescentar alguma coisa de diferente à enormidade de afirmações, alguns argumentos e muitas opiniões que, por dá cá aquela palha, circulam neste espaço sobre a escola, sobre a educação ou sobre as políticas educativas;
escrevo sobre a minha cidade e sobre a minha região e, nos dias que correm, parece-me que há tão pouco para escrever que os ditos são mais lugares comuns que ideias sobre o nosso papel e o nosso futuro - como alentejanos e como eborenses;
escrevo sobre o que vai comigo e sobre os meus quotidianos e eles são tão banais e vulgares que pouco dirão a quem quer que seja;
depois, um espaço que era fácil de percorrer e identificar tornou-se um labirinto quase que intransponível na divagação que pulula pela net;
pouco me resta nesta conversa; talvez algumas amizades, aqui feitas e sedimentadas (como é exemplo intransponível o Miguel, a Sofia), ou outros que por aqui passam e me lêem, mais para saber como vou ou como estou do que para saber qualquer tipo de novidade;
pronto, vou devagar, devagarinho, para saber quando parar ou como continuar;

terça-feira, abril 1

do dia

vou ficar por aqui, parar;
ou talvez continue;
em dia de mentiras, qual delas será verdade?

terça-feira, março 25

dos acontecimentos

desde há uns tempos a esta parte, em que a escola - e as suas diferentes situações - se destacaram na comunicação social (avaliação de desempenho, disputa de telemóvel), que não há cão nem gato, digo fazedor de opinião, articulista ou simples cronista, que não tenha uma ideia sobre a escola, sobre a educação, sobre as políticas educativas, sobre a coisa escolar;
mais parecem os treinadores de bancada que, perante qualquer lance e em qualquer situação, têm sempre pronta a análise de como devia ter sido, como deve ser ou como se devia proceder;
estas situações dão azo a uma troca, não de argumentos, mas de opiniões que valem o que valem se é que valem alguma coisa;
será que a escola virou espectáculo?

do indivíduo

No meio das leituras (obrigatórias) com que me entretenho, na generalidade dos casos uma variação entre a sociologia política e a sociologia dos comportamentos sociais, dou com algumas ideias que, não sendo novas (algumas datam de meados da década de 90 do século passado) têm hoje mais pertinência e são mais evidentes que antes.
Uma das ideias é a passagem de um indivíduo social para um indivíduo individual, passagem perante a qual a escola – e a escola pública – não apenas colaborou como incentivou.
O indivíduo social é fruto de um tempo marcado pela industrialização, pelo desenvolvimento e consolidação de um Estado Providência. Neste período, perante o qual é impossível estabelecer uma linha divisória, o indivíduo era preparado, educado para se integrar num contexto compartimentado de situações. Preparado e educado para integrar grupos e contextos sociais colectivos. Ele era preparado para uma profissão, para integrar um grupo ou classe social, para pertencer a uma cidade ou nação, ter uma língua e uma cultura, conhecer as fronteiras (naturais ou políticas) de um território.
Nesta medida, toda a estruturação educacional orientava o indivíduo para a sua integração social e colectiva, sendo possível delimitar e identificar semelhanças e diferenças, próximos e distantes, amigos e inimigos.
Mais recentemente, fruto de diferentes e variadas circunstâncias, começa-se a sentir a passagem deste indivíduo social e colectivo para um indivíduo individual. Nesta fase, muito marcada pelo acentuar da globalização, das migrações, das redes e do virtual, o individuo é educado para ser flexível, tolerante, para desenvolver as suas competências individuais (sejam sociais ou profissionais), para se integrar no contexto das diferenças (de língua, de cultura, de modos de ser e estar, de crenças e religiões).
Na nossa sociedade, convivem (ou sempre conviveram) estas duas dimensões do indivíduo. Convivência que provoca fricções, alguma tensão e alguma dificuldade de se catalogar o amigo do inimigo, identificar o próximo do distante, a fronteira fluída entre espaços e gentes.
Como se harmonizarão estes indivíduos, que olham o mundo de modo tão diferente? Como se conjugarão eles na construção dos futuros, é o desafio de perceber.

sexta-feira, março 21

da calma

calma e pacatamente vejo os dias desfilarem diante de mim;
sossegadamente dou por mim como espectador atento ao desenrolar dos pequenos acontecimentos, das coisas de nada;
serenamente aprecio os dias que passam, um de cada vez, sendo certo e sabido que um segue atrás do outro na imparável estória dos quotidianos;

domingo, março 16

de cá

do lado de cá, da cidade, desta minha cidade, deste lado dos meus sentimentos;
notam-se duas perspectivas que se cruzam, habitualmente em nenhures, num qualquer infinito que não conduz a lado nenhum;
uma assente apenas em mais do mesmo, na crítica, muita das vezes anónima, num brinca ao toque e foge, típico de quem tem apenas o bota-abaixo para usar e carece de argumentos, de elementos factuais que permitam ir além de uma opinião individual e que por aí se fica;
uma outra, mais fundamentada, mais estruturada e que procura alguma consistência, coerência e capacidade de alcance do munícipe;
entre uma e outra é possível perceber que os que já apresentaram inimizades estão agora em paz; algumas das dúvidas antes apresentadas são agora certezas dogmáticas; algumas das insinuações que antes foram feitas pelos próprios são agora meros boatos, quezílias passadas e ultrapassadas;
afinal, as amizades sempre se constroem nos interesses do voto, na posição assumida;
é um construir da barricada, pois a estória individual manda mais que a História municipal e não se conseguem superar fantasmas;

das estórias

é em contraposição às grandes questões de política que cada vez mais o meu quotidiano é construído e definido;
pelos pequenos nada do meu quotidiano, pelas pequenas e insignificantes estórias de todos os dias, pelos sorrisos e pelas agruras de cada pessoa com que cruzo, seja ela um professor, um funcionário ou um aluno;
são estas pequenas estórias, os pequenos nada de todo o dia que nos alegram e motivam, nos estimulam e espicaçam que nos atiram para a frente e me ajudam a perceber que as grandes questões de política até nos passam ao lado;
no meio de tudo isto, quase que apetece perguntar, afinal, onde ficam os afectos, as relações emotivas, os sentimentos que nos ajudam a perceber cada dia como diferente do outro;

dos dias

no meio da confusão que está instalada (e que não perspectivo um fim) abdico de escrever sobre os dias, os quotidianos que acabam por preencher as pequenas (e as grandes) minudecências;
os meus quotidianos educativos, repletos de pequenos nadas construídos entre as conversas de colegas e acontecimentos de alunos, ficam preteridos, não pela sua pouca significância, mas mais pelo meu alarme das coisas políticas;

sexta-feira, março 14

do convívio

sempre conviveram no sistema educativo (e muito provavelmente continuarão a conviver) diferentes realidades docentes (restrinjo-me a esta dimensão);
pela formação adquirida, pelo vínculo obtido, pela posição detida, pelos cargos exercídos, pela idade,pelo grupo disciplinar, pelo ciclo de ensino leccionado, eram tudo elementos que diferencia(va)m os docentes;
circunstância que se agrava pela crescente procura de formação pós-graduada que permite perceber que a escola pouco ou nada tem de "natural", que as diferenças entre teóricos e práticos é mais ficcionada que justificada e que entre a sala de aula e a organização dos meios são mais as ligações que os desvios;
alguma da turbulência do sistema assenta (também) nesta diferente visão de si mesmo e, se antes existiam formas de harmonização, hoje acentuam-se os modos de divisão deste convívio;
o que não augura nada de bom...

quinta-feira, março 13

do período

este final de período mais parece um período misto entre menstrual e intelectual, podendo dar qualquer coisa como mentual;
não existe pois não?, nem é preciso; sentem-se os incómodos de um, as perturbações de outro, as apreensões de um, os constrangimentos de outro, o cansaço de um e as indisponibilidades de outro;
decisivamente, os tempos não são de construção, são de espera, de purga, de não sei o quê que levará a não sei onde;
alguém saberá? alguém perspectivará onde podemos sair? o que encontraremos neste final?
os sindicatos, mesmos esses, sempre tão organizadinhos na sua estrutura celular, estão sem argumentos que permitam avivar os ânimos e arregimentar os outros? ou alguém pensa fazer mais do mesmo sem o apoio dos outros?
que outros? esses mesmos, não os da opinião publicada (deixai-os falar, bradar) mas da restante população que ainda não percebe para onde vai (ou por onde anda) a escola pública;
afinal é o fim do período...

das dúvidas

nos tempos que correm, dos acontecimentos que decorrem, das circunstâncias que passam, fico na dúvida se não escrevo por causa do cansaço se apenas por fuga à banalidade do lugar comum, à vulgaridade das ideias feitas, se simplesmente para não dizer/escrever asneira;
os tempos que correm, na área da educação mas não só, prestam-se a tudo e a nada, o que torna difícil escrever fora de paixões e emoções;
os tempos que correm vivem mais das emoções (não sei se serão paixões) do que de uma qualquer racionalidade (com ou sem lógica);

terça-feira, março 11

da política

A política educativa tem assentado numa lógica de gestão pelo lado do conhecimento, da racionalidade, da técnica. Exemplos disso são as inúmeras estatísticas apresentadas, os números que se evidenciam, os gráficos que se desenham.
Mas os números são o que são e valem o que valem, e subvalorizar ou minimizar a dimensão social da escola e da educação é tão ou mais grave que sobrevalorizar a sua dimensão técnica ou tecnocrática. Por isto os sindicatos não tiveram forma de contestar a escola a tempo inteiro - era a dimensão social que se jogava, no interesse das famílias. Por isto os sindicatos puderam criticar a avaliação de desempenho e levar atrás os professores – assente que está em lógicas tecnocráticas e de mercearia.
Como serão os próximos tempos?

da perspectiva

esta semana, ou o que falta dela, perspectiva-se o destacar do beco onde a escola caiu;
o braço de força está instalado e as alternativas quase que inexistentes, ou estaremos certos que adiar mais não será que lançar para o futuro o resultados deste braço de força, protelar uma situação que, aparentemente, será incontornável;

da imaginação

no meio da discussão entre a crítica às políticas educativas e o levantamento contra a avaliação de desempenho, dou por mim a pensar, decorrente da leitura de vários blogues e de alguns dos seus comentários, que um dos receios dos professores é retirarem-nos uma dose de utopia, de imaginação que ainda se partilha relativamente à educação, ao papel da escola;
é uma dimensão incontornável esta de se imaginar a escola e a educação como um espaço de sonho, onde podemos aprender uns com os outros, partilhar experiências e fazer avançar o mundo;
eventualmente um dos elementos perniciosos da avaliação de desempenho residirá exactamente neste aspecto, a de se sair do sonho e cairmos no mundo tecnocrático dos resultados, confrontados que fomos com os números crus, secos, frios;
como poderemos compensar esta dimensão, como conjugar a crueza dos resultados com os afectos de uma sala de aula?

sábado, março 8

...

e agora?
ou vai ou racha?

sexta-feira, março 7

da imitação

no período de almoço, pela biblioteca da escola, os mais novos entretêm-se a imitar os adultos, entre atitudes e profissões;
a mais imitada é a de professor;
mal sabem eles como isto anda...

quinta-feira, março 6

da novidade

cá por casa há novidades;
não se resistiu à tentação de um latir peludo, irrequieto e fofo;
a surpresa foi deste "caracól" (a denominação do novo cão) quando confrontado com o facto de ter de partilhar o seu espaço com o gato;
vai ser giro...

do caminho

a política, nesta minha cidade e região, segue o seu percurso;
entre as certezas do incerto, alinham-se opiniões, contam-se espingardas e perspectivam-se cenários;
os convites para esta ou aquela estrutura partidária já se iniciaram, num quem primeiro chega, primeiro se avia;
é a manutenção pelo interesse ou pelo projecto?
é a pesca à linha ou de acordo com um ideário?
seja o que for, não conto para nada, nem como tiro e menos ainda como espingarda;
há tempo...

do eu

na escola, a utilização do computador, dá para perceber alguns dos modos e das formas de relacionamento entre os jovens - apenas um postigo por onde se intromete uma nesga de luz;
o hi5 adquire uma dimensão que vai para além do simples eu, se reveste do outro e cria imagens pessoais que são descobertas e redescobertas nos modos de sermos;
as fotografia que cada jovem coloca, cria uma imagem de si mesmo; imagem que é, primeiramente, para si mesmo, mas também para o outro; imagem que é um modo de se ver e um modo como gostaria que os outros o vissem;

terça-feira, março 4

do restrito

querer restringir a contestação educativa a uma contestação profissional (mesmo que de base sindical) é querer restringir o campo da política educativa ao seu mais limitado campo de acção, a escola - e vai muito para além dela;
querer circunscrever as manifestações de professores a um mal estar profissional é não perceber que, para além da acção profissional, há concepções e lógicas sociais que se sobrepõem, medidas de política que extravasam a escola;
permanecer presos a esta ou aquela medida de política é cercear o debate e condicionar a discussão;
o descontentamento de professores é um descontentamento da escola (no contexto institucional e organizacional), dos pais/encarregados de educação (ainda que, em algumas estruturas, haja conivências com o processo), das autarquias (que não sabem como agir e onde se posicionar), da própria comunidade/sociedade (que olha atónita para o que se passa);
restringir o descontentamento a apenas a uma acção sindical (por muito persuasiva que seja) é querer tapar o sol com a peneira;

da vontade

ando cansado, sem vontade de escrever e receoso do que possa escrever;
os tempos são de radicalismo, de descontentamento, de flagelo;
ele há coisas que não me passariam pela cabeça acontecer nestes tempos, menos ainda, reconheço e assumo, assentes em governação socialista;
por onde caminharemos, para onde iremos, onde iremos desaguar nestes tempos?

sexta-feira, fevereiro 29

da correcção

afinal encontrei e corrijo a minha entrada anterior;
afinal já aconteceu em Beja e em Portalegre;
falta apenas Évora;
será normal?

do Alentejo

e como está este meu Alentejo;
calmo, sereno na sua pacatez, impávido e...
o que pressuporá esta acalmia?
concordância e serenidade?
panela de pressão em aquecimento?
controlo de riscos?
Porto foi o que foi, Coimbra, Aveiro, Braga, Castelo Branco;
será que estou a falhar no acompanhamento da coisa? o que tenho perdido para não me aperceber de nada nem de coisa nenhuma?
que serenidade é esta?

da regulação

No meio da confusão instalada um aspecto que me parece essencial no estado da educação,.
A escola tem assumido, directa ou indirectamente, de forma clara ou subliminar, um estatuto essencial no contexto da regulação social.
Por intermédio da escola procurou-se a uniformização social (uma sociedade igualitária), a integração pessoal (de acordo com uma dada conformidade institucional), a homogeneização cultural (em face da língua e dos modos de estar social), como uma certa harmonização política (em face de um dado modelo de sociedade). Também por intermédio da escola se construíram e perspectivaram estatutos e papéis sociais, de mobilidade ou de empregabilidade, de ressarcimento económico.
Neste contexto, a acção social da escola sempre se pautou por alguma selectividade social, quando não mesmo darwinismo social (a defesa do mérito, do esforço, do reconhecimento que nem todos podem ou têm competência para ser isto ou aquilo – ideia que quase se naturalizou no nosso imaginário social). Fruto desta visão, as taxas de insucesso, abandono ou absentismo eram consideradas quase que “naturais”. Era “natural” um aluno com dificuldades de aprendizagem (não interessa a causa ou o seu enquadramento) ficar para trás ou mesmo deixar a escola.
Fruto desta visão, ainda muito arreigada a lógicas oriundas do Estado Novo e consolidadas com a democracia de Abril, o trabalho ali desenvolvido era, por assim dizer, natural. Uns ensinavam e quem queria – por interesse, motivação, contexto social, económico e familiar – aprendia e, senão aprendia, a responsabilidade era do aluno, uma vez que o ensino era igual para todos.
Ora é este mecanismo de regulação social que agora sente a passagem de uma escola analógica para uma escola digital que se manifesta como raiz primeira do mau estar educativo nacional, na contestação à política educativa.
Não discuto as medidas de política (algumas, desculpem-me lá qualquer coisinha, perfeitamente compreensíveis no confrontar do modelo de escola que descrevi sumariamente). Discuto o facto de não se ter acautelado a criação de pontes entre a escola analógica e a escola digital, entre a consideração da escola enquanto elemento fundamental de regulação social e a gestão educativa por objectivos. O que contesto é a passagem curta, grossa e algo despropositada de uma escola das competências pessoais e profissionais para a escola neoliberal dos objectivos, dos resultados, dos produtos sem se terem criados mecanismos de transição – formação, tempo, por exemplo.
A substituição de lógicas de regulação tem e deve ser acautelada. E não foi. Nem na 5º de Outubro, em Lisboa, nem na Rua Ferragial do Poço Novo, em Évora, com as consequências por demais conhecidas. E é pena.

terça-feira, fevereiro 26

do claro

o sítio da DGRHE é elucidativo da confusão e das dúvidas que se colocam, mesmo aos produtores, da legislação que por aí paira, plana, vigora...
para aqueles que viveram o início da política educativa dos anos 90, pelo menos pelas bandas deste Alentejo, faz-me lembrar os tempos em que uma circular de esclarecimento valia mais e tinha mais peso que uma qualquer lei - para já não falar em decretos, portarias ou o que fosse;
os tempos não se repetem, mas que se mimetizam...

da alternativa

no meio da confusão que está instalada na escola e à sua volta, ainda não consegui descortinar alternativas - à avaliação de desempenho, ao regime de autonomia, ao estatuto do aluno, à educação especial;
para além dos modos como que está a ser feito e implementadas as medidas de política (com os quais discordo inteiramente) gostava de perceber quais as alternativas colocadas pelos partidos da oposição, alguns que já passaram pela 5 de Outubro;
como é que o PSD e o seu nóvel líder (ou mesmo o seu líder parlamentar) se posicionam, o que contrapõem - ou será que, à semelhança do descontentamento da administração pública vão também atrás constituindo-se como uma corrente sindical e não político-partidária?;
e depois das comemorações e discursos educativos do 5 de Outubro, o senhor presidente ficou sem opiniões e outras retóricas?

do comentário

o que mais apreciei nos comentários aos contras da entrevista foi o seu carácter on-line, imediato;
não há tempo para deglutir a mensagem, para assentar o pó;
é imediato, rápido, instantâneo; de quem escreve é assim, de quem lê também será?;
descaímos para o imediatismo virtual, para o comentário do comentador, para a análise ao lance;
a realidade confunde-se com um apontamento desportivo, daqueles que, depois de vermos o lance, se tecem comentários, se analisam posturas e intervenientes;
hoje, depois de algum pó assentar, voltamos ao mesmo;
dividimo-nos como se do clube se tratasse, são mais as paixões que a razoabilidade das perspectivas;

do mesmo

ontem foi mais do mesmo;
nada de novo se perspectiva no horizonte;
lugares comuns, banalidades e coisas que tais;
uma perfeita divisão de águas políticas e partidárias; uma ausência de ideia de escola e de qual o seu papel na sociedade portuguesa;

segunda-feira, fevereiro 25

da saída

pelas atitudes tomadas, pelas posições assumidas, pelo desenrolar dos acontecimentos e apesar das tentativas de contrariar os discursos, penso que pouco resta à equipa da educação;
já o escrevi, algumas medidas até podiam fazer sentido; os sentidos até podiam ser pertinentes e adequados;
os modos adoptados, a postura colocada no discurso conduziu, em meu entender, a um beco, à ausência de saída do burcado em que os próprios se colocaram;
resta a teimosia (persistência? perseverança?) do lider da equipa;
até quando??

dos jornais

as coisas que se aprendem pelos jornais;
cá pela terra, na passada semana (4ª feira, 20), o jornal da terra trazia uma referência elucidativa dos interesses e seus cruzamentos, dos papéis que se assumem, das atitudes que se tomam;
uma imagem vale mais que mil palavras, não é o que dizem??

quinta-feira, fevereiro 21

da dúvida

entre uma e outra das considerações, entre as margens da lei, fico com a sensação que algumas escolas (espero que não todas, nem a maioria) tenham caído na lógica do desenrasca, do reforço da ilhota, da criação de refúgios e abrigos, do auto-isolamento, do acentuar da distanciação à realidade;
começa a ser o desenrasca a imperar;

da lei

há medidas de política educativa que até podiam fazer sentido e ter alguma pertinência - se fossem pensadas e faseadas, discutidas e informadas;
adoptando uma postura de colocar a carroça à frente dos bois e ver para onde vai, cai-se em lógicas de darwinismo social, onde sobreviverão apenas uns quantos, os que se adaptarem;
é o maior risco que reconheço a esta política educativa, a de colocarem a escola à frente dos leões a ver se se safa (ainda por cima de mãos a abanar);

das margens

a política sempre esteve presente nos corredores e nas salas de uma qualquer escola; ainda que implicitamente, ainda que à boca pequenina, ainda que sub-repticiamente, ainda que circunscrita a alguns defensores assumidos de ideias, atitudes, valores; mas a política sempre marcou presença, pelos modos e lógicas de organização, pela cultura que veicula, pela distribuição de recursos, pelas hierarquias pressupostas;
agora, se há coisas que o legislador conseguiu, foi trazer a política educativa e escolar para a boca de cena;
a política, o conjunto de opções, as ideias e os valores que estão presentes no discurso dos docentes, deixou de estar circunscrito ao rio, galgou as suas margens e visibilizam-se todo um conjunto de fragilidades (conceptuais, valorativas, profissionais) tal qual a natureza das coisas;

quarta-feira, fevereiro 20

da retórica

a partir desta referência, um apontamento que vai atrás dele;
queremos medidas e legislação; processos normativos que permitam enquadrar o que se faz, justicar as intenções e ir ao encontro de gregos e troianos, dos altos e dos baixos, do interior e do litoral, da cidade cosmopolita ao pequeno burgo;
depois, quando temos todas essas coisas, dizemos mal, criticamos, discutimos, justificamos que não é compatível, execuível, operacionável;
e pedimos outras medidas, outra legislação, outras políticas, outro governo, para voltar tudo ao princípio, como se não tivemos passado, não tivessemos deixado rasto do que fizemos ou do que fazemos;
vivemos entre a retórica legitimativa e a justificativa, mas o predicado é mais compensatório do que qualquer outra coisa;

dos saberes

em tempos de discussão de ideias e valores, um apontamento bem interessante que desliza entre os saberes e as competências profissionais;
talvez ajude a pensar sobre que profissional procuramos ser e construir;

do local

tenho dúvidas sobre o que se seguirá na política local;
as arrumações estão aparentemente definidas e as autorizações dadas;
as expectativas são escassas, tal é o panorama mais ou menos definido;
os pormenores poderão fazer alguma diferença, mesmo percentual em dia de voto, mas não conto com elas;

das soluções

para quem não sabe até as soluções são problema;
para quem não quer, remoer soluções pode ser um problema;
ele há coisas que é difícil identificar e mais difícil de perceber - pelo menos para a minha pessoa;

segunda-feira, fevereiro 18

do movimento

ele já era sabido (e conhecido de uns quantos) que as tecnologias tanto servem um como o outro lado, uns como outros interesses, tanto servem para isto como para aquilo;
ora aqui está o movimento de professores (e do que mais?) a arregimentar interesses, a colectivizar situações, a mobilizar opiniões, a organizar acções;
isto está giro, tá...

da chuva

em dias de chuva aumenta a circulação do pessoal, os atritos e sempre alguma confusão pelo amalgamar das gentes;
nada que não se resolva, mas o sol faz bem melhor que a chuva à escola - e não só;

do tempo

ele disse que há 11 anos era o lider e que se dispõe a continuar;
ou faltam as alternativas, ou são mortas antes de nascer ou simplesmente ...
pronto, ficamos assim...

das dificuldades

ele há coisas em que os factos são incontornáveis;
a qualidade de vida alentejana não é compaginável com trovoadas;
sempre que há trovoada lá se vai a luz, as oscilações são constantes e os riscos dos equipamentos se danificarem enormes;
é a qualidade destas bandas

domingo, fevereiro 17

das medidas

na discussão que perpassa pela net, nomeadamente na área da educação, entre o acalorado das opiniões e o fervilhar de alguns argumentos, há duas ideias que não descortino, quase de certeza por inépcia da minha parte;
1, quais as alternativas propostas ao presente modelo de políticas educativas;
2, qual o papel concebido para a escola e para os professores no contexto dos desafios sociais de princípio de século;
posso criticar a avaliação ou a gestão, discutir o estatuto do aluno ou a acção social escolar; mas tudo isto se insere num dado modelo de políticas educativas que ora considera e valoriza a escola pública ora a procura privatizar (cada qual com as suas nuances);
entre as políticas e a discussão, o que não perspectivo, na generalidade dos comentários, é o papel da escola - assegurar que seja o mesmo de sempre (ensinar a ler, escrever e contar), garantir a escolarização de problemas sociais (alcoolismo, drogas, sexualidades, comportamentos), incentivar a autonomia ou promover a fábrica, integrar no espaço europeu ou valorizar o orgulhosamente sós, valorizar as hierarquias ou as redes;

da manutenção

esta indicação, mais parece uma referência do presidente do clube da bola a garantir que o treinador é para manter;
tudo bem, ainda que se possam questionar resultados, exibições, tácticas e opções;
mas, pelo menos, que se reveja o tacto com que as coisas são feitas e tratadas, o tino com que se apresentam medidas, o discurso da justificação das coisas e, já agora, a articulação entre a equipa técnica, treinador principal e adjuntos, é que parece não se entenderem;

do contexto

repito e volto a repetir, somos nós e o nosso contexto, um dos elementos essenciais para a estruturação de um qualquer conhecimento;
há outras relações a considerar (com o conhecimento existente, com o outro, linguagem, poder, entre outros);
mas o contexto, marcado por um espaço e um tempo, determina, em muito, o que se conhece, como se conhece para que se conhece; em mim determina também o que escrevo e como escrevo;
a alteração do contexto caracteriza a minha escrita, permite identificar pontos de alteração;
ainda bem, sinto-me gente;

sexta-feira, fevereiro 15

zangado, azedo, farto

há quem diga que ando zangado, que esteja azedo ou simplesmente farto;
direi que estou tudo isso e nada disso;
estou zangado com os deuses que me fazem andar por estes mares sempre navegados;
azedo com os ares e farto das incompetências...

do namoro

uma colega, directora de turma, anda seriamente preocupada com um casal da sua turma de 9º ano;
ouvia tecer os seus comentários, apresentar uma ou outra situação, dar conta da interferência nos resultados escolares;
passado pouco tempo tive oportunidade de presenciar um momento desse namoro;
não sou propriamente susceptível, mas fiquei impressionado;

falta de escrita

entretido com outras escritas, passo por aqui para admirar a paisagem, descansar o olhar e o espírito, procurar outras ideias, ver como param as modas;
isto, em particular a área da educação, anda mesmo confuso, por vezes mesmo incoerente quando não inconsequente; seja nas ideias políticas (que não se percebem muito bem como se articulam), seja nas justificações apresentadas (mais parecem chorrilhos legitimativos), seja nos blogues onde, entre ideias e concepções de escola se chocalham princípios e valores, sentidos e opções; para depois tudo ser ao contrário;
será fruto dos tempos ou apenas dos interesses?

segunda-feira, fevereiro 11

da confusão

mas a conversa do senhor secretário de estado e a múltiplas interpretações passíveis de existência própria, são também evidência da manifesta confusão em que graça o Ministério da Educação;
não foi alvo de remodelação por razões de todos desconhecidas, mas que há confusão, desculpem lá qualquer coisinha, mas há mesmo;

da conversa

desculpem lá qualquer coisinha, mas a propósito do que o senhor secretário de estado teve oportunidade de dizer e reafirmado no sítio do polvo, referente à avaliação de desempenho, tenho a dizer:
houve um que falou e houve mais de 100 mil interpretações e entendimentos;
ao qual se pode chegar à brilhante conclusão que cada qual ouve o que quer e como quer;

sábado, fevereiro 9

da lógica

era bom que, de quando em vez, a lógica nacional tivesse lógica e a sequência de pensar, conhecer, formar, implementar e avaliar funcionasse;
pessoalmente não conheço nenhum projecto que, seguida a sequência, tivesse chegado ao fim;
esta lógica nacional, de fazer as coisas certinhas e de acordo com lógicas e racionalidades técnicas é a melhor desculpa para não se fazer nada, estar quieto, adiar, deixar andar;

sexta-feira, fevereiro 8

dos arquipélagos

existirão muitas coisas más na legislação da avaliação do desempenho docente (algumas largamente identificadas na blogosfera educativa);
mas também há algumas boas - porventura inesperadas;
aqui por estas bandas (Alentejo Central) algumas das escolas (conselhos executivos, entenda-se) reuniram-se informal e oficiosamente para perceberem como cada uma está a reagir ao processo, como se organizou, o que está a fazer, quais as reacções;
não tem sido este o hábito; geral e genericamente cada qual reage como pode, sabe, quer ou lhe é permitido, constituindo-se este sistema educativo como um conjunto imenso de ilhas e ilhotas;
talvez com este problema se tenha encontrado uma oportunidade das ilhas passarem a arquipélagos; será?

do tempo

está um tempo, por estes lados, maravilhoso;
induz a escrever coisas bonitas, redondinhas, coloridas, soubesse eu escrever tudo isso;
as árvores do carnaval (não sei qual o seu nome) emprestam um colorido forte às bermas das estradas, parece que o Sol se baixou para apreciar o momento e deixou por aqui alguma da sua luz;

ver e rever

diz Manuel Alegre que não se revê neste PS;
mas dá indicações de pormenores onde se revê;
pergunto ao senhor, se me é permitido, onde é que não se revê? na prática política, no ideário socialista, na lógica ideológica, na acção pública da governação; nos princípios e valores sustentados?
em que se revê o senhor? em que partido(s)? noutro espaços, imaginados ou redescobertos?
penso que talvez haja alguma confusão (propositada? deliberada? negocial?) entre uma acção de governação (assumidamente social democrata pelo lado da prática governativa) e um ideário (ideologia) em que a primeira se devia enquadrar;
mas, estou certo, que saberá destrinçar espaços de acção e esferas de intervenção;

quinta-feira, fevereiro 7

da oficina

não tive problemas, nem com o carro, nem comigo, mas, por entre amigos e curiosidades, alarguei o meu espaço de leitura e passei por esta oficina.
gostei, vale a pena;

do eu

para não me perder, para não dizer que me falta o tempo (é meu hábito dizer que só não tenho tempo para aquilo que não me interessa) tive de organizar uma folha de trabalho;
varia entre uma lista de verificação e uma lista de objectivos;
mas vou pela organização, pela seriação de prioridades, pela obtenção de resultados em face do que tenho para fazer uma vez que as solicitações apertam, diversificam-se e as horas permanecem iguais;

do espírito

para o que se diz, para o que se escreve, para o que se insinua sobre a universidade de Évora, aquela que é do Espírito Santo, atente-se nas palavras de quem está por dentro;

dos objectivos

entre a diversidade de critérios, situações, conhecimento, compreensão tenho de reconhecer a minha surpresa pela diversidade do que se encontra e, muito particularmente, do que se houve;
a avaliação de desempenho mais não é e mais não faz do que destacar as diversidades, heterogeneidades, multiplicidades de pessoas, interesses, situações e opções que existem no sistema educativo;
é bom, é sim senhor; mas é revelador da manifesta impossibilidade de uniformizar tudo e de meter todos dentro do mesmo saco;
consequência, divide-se para reinar;

do espaço

casa cheia;
aproximam-se avaliações e o espaço enche de diversidades de interesses, curiosisdades, necessidades e objectivos;
o pessoal flutua, varia de acordo com a época do ano; como variam os interesses e os objectivos que colocam na utilização do espaço;
é engraçado ver a flutuação deste espaço;

quarta-feira, fevereiro 6

do umbigo

efectivamente ando distraído, mas não serei só eu - valha-me isso;
é que não tinha reparado nesta entrada da Prof. Ana Maria e não reparei em comentários ou considerações sobre ela em nenhum dos blogues que frequento;
certamente erro meu; mas fico com a sensação que andamos muito preocupados com o nosso (?) umbigo e andamos a esquecer pequenos pormenores, coisas de nada, mas que fazem toda a diferença, esta da escola não ser democrática é uma delas, p. e.

segunda-feira, fevereiro 4

da acumulação

há quem se preocupe com a acumulação de cargos, em particular entre deputado e advogado;
mas não há preocupações quando os deputados são docentes universitários? ou assessores?
das duas três; ou vai pagar o justo pelo pecador, ou se extremam posições caindo-se no radicalizar de situações que nada rectificam ou, finalmente, depois de grandes mexidas, ficará tudo na mesma;

da selecção

estarei, quase de certeza, senão errado pelo menos equivocado, ao afirmar que não é apenas a escola que, de acordo com notícias passadas, é selectiva;
muito provavelmente a blogosfera (educativa, entenda-se) andaria mais preocupada com a avaliação de desempenho, a definição de objectivos do que propriamente com a selecção de alunos e deixou, sem querer, passar esta notícia;

domingo, fevereiro 3

das coisas

ele há coisas que apenas com alguma distância nos conseguimos perceber e rir;
geralmente os miúdos deliciam-se com carros, motas, sexo e coisa e tal;
contudo, tenho um aluno em que os seus olhinhos brilham, o rosto se ilumina, o sorriso se rasga sempre que começa a falar de... tractores, isso mesmo, tractores;

da dúvida

na passada 6ª feira fui à cidade ouvir conversas que se cruzam com os meus interesses de momento;
para além de perceber que o mundo continua a rodar, serena e pacatamente, também tive oportunidade de rever amigos e amizades e ouvir daquelas coisas que de tão óbvias são difíceis de encarar;
disse T. Popkewitz que o futuro se constrói entre medos e esperanças - esperanças nas tecnologias, num Homem novo, em novas oportunidades, em desafios novos, em curas, e nos medos de crises económicas, de alterações ambientais, de impactos demográficos, de pandemias, etc;
entre dúvidas e angústias não temos outro remédio senão o de ir em frente - com aquilo que conseguimos reunir do nosso passado e que hoje, neste presente, utilizamos - bem ou mal isso já é outra conversa;

sábado, fevereiro 2

do alvo

há falta de melhor atira-se ao boneco;
já que as políticas estão gelatinosas, fugidias, então que o alvo seja outro, mais quieto, mais vulnerável;
será que se inicia por estes lados e deste modo, uma americanização da política nacional?
será que uma parte de gastos são destinados à pessoa do adversário?
haverá quem diga que é normal, correcto e adequado;
eu não...

do melhor

nada melhor para descansar a cabecinha do que cansar o corpo;
andei todo o dia de roda da horta; não percebo nada da coisa, mas cavei, sachei, cultivei e arrumei o que pude e como pude;
se dá alguma coisa? já deu, descanso da cabecita;

sexta-feira, fevereiro 1

dos apontamentos

Há dias tive oportunidade de encontrar um artigo onde se dava conta que a biblioteca britânica tinha encomendado um estudo sobre os cientistas do futuro, os futuros utilizadores dos seus recursos e que designou como geração google.
O estudo visa a adaptação dos meios, recursos e condições da biblioteca àquelas que serão as solicitações, necessidades e interesses de uma geração que nasceu depois de 1995.
Geração esta que cresceu a pensar que a Internet sempre existiu, que a velocidade das ligações só pode é crescer, que o clique num qualquer botão ou link deve ter uma resposta instantânea, que esperar é uma maçada, que as pedras da calçada deveriam ter botões de configuração entre muitas outras coisas. É uma geração que não sentiu a passagem do hipertexto para o youtube e menos se apercebeu da passagem do simples e prolixo html para o dinâmico xtml, dando oportunidade a que blogues, primeiro passivos depois dinâmicos ou os hi5 se afirmassem e se desenvolvessem. Afinal, afirmam, assim é que as coisas deveriam ter sido sempre.
Quem tem filhos dentro desta faixa etária, quem frequenta os locais desta geração, sejam as escolas ou os espaços Internet, tem facilidade de perceber a diferença de modos, os tiques típicos, a linguagem comum, os trejeitos específicos e todo um conjunto de sinais que identificam de modo muito claro esta geração.
Diferentes situações se colocam, quando pensamos e nos confrontamos com esta geração.
Primeiro e de modo mais fácil e directo, a questão em redor do valores, das atitudes e dos comportamentos que caracteriza esta geração, sempre preocupados que estamos com a conformidade social.
Como será licito perguntarmo-nos, à semelhança da biblioteca, se nos estamos a preparar para dar respostas a esta geração. Respostas que decorrerão de outras perguntas, de perguntas que muito provavelmente nós ainda não colocámos ou se o fizemos foram feitas de acordo com outras lógicas e uma outra perspectiva. Se os instrumentos que hoje utilizamos para definir algumas das conformidades necessárias à vivência social, serão efectivamente adequadas a esta geração, se irão ao encontro dos seus interesses e das suas motivações ou se, pelo contrário, estaremos a desperdiçar tempo e energias e a formar longe dos objectivos pretendidos.
Factor determinante e que não nos pode sossegar, é que esta geração depende da escola, mas apenas numa específica e curta porção do seu tempo. Ao contrário do meu tempo, em que a escola me consumia praticamente todo o tempo de aprendizagem e do conhecimento, hoje é apenas uma mera fatia desse tempo. A escola é importante, é sim senhor, como é importante o papel e a acção do professor. Mas não é nem única e muito menos exclusiva.