quarta-feira, junho 22

coisa torta

Uma colega comentou, off-line, a minha posta sobre as últimas e disse-me:
Óh, manel, querias que uma coisa que nasceu tão torta [a recordar o início deste ano lectivo] terminasse direita?!
Seria pedir demais?

conversas do quotidiano

Dois professores, de uma escola da zona sul, estavam à conversa. Conversa sobre isto e sobre aquilo, sobre tudo e sobre nada. Às tantas um lembrou-se e perguntou quase que de repente:
- olha lá, amanhã fazes greve?
- Não. E tu?
- Eu faço.
Um e outro esgrimiram argumentos, um a favor outro contra a greve, um destancando a necessidade de rigor e de sacrifício de todos para um futuro melhor. Outro dizendo que são sempre os mesmos os sacrificados.
Era uma conversa sem fim à vista, até que aquele que faz greve rematou em cheio:
- olha faço greve porque não gosto destes gajos do governo, destes socialistas de merda.
E acabou, por ali a consersa.

terça-feira, junho 21

as últimas

A esta última semana para além da sua habitual anormalidade, isto é, ser um período em que se descarregam sentimentos e emoções, que existe o início do desapego às aulas, que acontece o relaxar do trabalho, que se reforça pela preparação das avaliações, é marcada pela instabilidade de haver ou não haver actividades lectivas, greve, reuniões, coisas dessas.
Mas será que não há quem tenha o bom senso de procurar, apenas e simplesmente, a estabilidade deste sistema? Este devia ser um dos principais objectivos políticos (abarcando, dentro do mesmo saco, ministros e sindicatos, profissionais e interesses).
Este final de ano, as últimas deste ano lectivo, estão assumidamente incaracterísticas.

mais do mesmo

Parece que o aperto ainda não é suficiente.
Para além disso, será a prova provada que um qualquer governo nacional pouco manda e pouco voto tem nesta matéria.
O que nos resta depois de nada (ou pouco mais que nada) termos?

segunda-feira, junho 20

exames

estive em serviço de exames durante a manhã, a acompanhar a realização da prova de Língua Portuguesa.
Conheço pouco e mal o currículo e o programa da disciplina mas, pelo que pude ver e apreciar da prova, gostei. Isto é, vai um bom bocado para além da disciplina e procura avaliar (?) situações (serão competências?) transversais a um domínio que se poderá designar de ciências sociais e humanas. Procura, é a minha leitura, desenvolver uma análise ao nível da interpretação, compreensão e relacionamento de ideias.
Posso estar enganado - se assim for peço antecipadamente desculpa - mas este exame vai muito para além de um teste de escola.
Fico na expectativa relativamente ao exame de Matemática. Será que os princípios serão os mesmos, será que a preocupação será a mesma?

de regresso

O Gustavo está de regresso, só hoje me apercebi, peço desculpa mas decorre de uma mudança de casa que me impede de estar mais próximo de quem gosto.
Bom regresso. Espero que por muito tempo.

erros

tenho a clara consciência que um professor, independentemente do nível de ensino que leccione, não pode/deve errar. Qualquer erro é apontado e referenciado como um dado, um elemento em que também somos humanos, também erramos.
Eu erro, por vezes excessivamente para o que é meu gosto e deveria ser sentido, mas erro, é verdade.
Erro por várias razões, isto é, tenho alguma consciência do meu erro. Por cansaço, por dislexia, por rapidez de teclado, por desatenção, por não verificação do texto, por incompetência e azelhice (procuro evitar a burrice, uma vez que sou defefensor que não há burros).
Pelo facto me penitencio, uma vez mais, publicamente, uma vez que há quem esteja atento à minha escrita - e aos meus erros.
Prometo tentar evitá-los, torná-los inexistentes isso já é mais difícil.

sexta-feira, junho 17

três ideias

felizmente não tenho tido possibilidades (tempo e acesso) à escrita neste espaço. Circunstância que me permite acalmar emoções e racionalizar situações.
Neste contexto três ideias;
1 - está instalada uma confusão que apenas favorece a demagogia fácil, o populismo serôdio e passadista a crítica fácil e pouco fundamentada; confusão que decorre de alguma falta de bom senso, de ideias feitas e atitudes fáceis que não favorecem nem políticos nem professores;
2 - todos, todos mesmo, temos críticas e comentários a fazer ao sistema, tenho sérias dúvidas que não haja uma área, um sector onde não possamos apontar o dedo, argumentar, opinar, mostrar que pode ser feito de maneira diferente; Se assim é, porque exigimos a indiferença, a permanência, para não lhe chamar imobilismo, estagnação;
3 - aprenda-se com os factos, com a história, com as situações e saibamos resistir à gelatina ideológica, ao olhar umbilical, à autocentração profissional ou sectorial; saibamos descortinar futuros, exigir situações efectivas e reais;
O resto são estórias, tão perenes quanto o tempo.

terça-feira, junho 14

e...

A partir desta ideia do Miguel (retirás-te os comentários?) uma questão se levanta (ou vários, dependendo dos olhares como ele próprio diria);
será que a escola acompanha este processo?
será que a nossa escola pública e situada consegue ser um ponto de encontro destas realidades e situações?
qual o ritmo de mudança da nossa escola?
Afinal, o que mudou na nossa escola?

conversas

Esta semana tenho gostado particularmente de algumas conversas onde tenho participado, que tenho mantido com colegas da minha escola.
Ontem o almoço prolongou-se e houve possibilidades, entre uma dentada aqui e ali (nada de exageros) e um café longo, de trocar ideias sobre como estamos, onde estamos e porque estamos no estado em que estamos - de desinteresse, de acomodação, de indiferença, de frustração, de esgotamento.
Hoje, um intervalo que foi muito para além do normal e permitiu trocar ideias, debater opiniões, formar juízos, debater esteriótipos, antever agruras.
A escola seria tão agradável se pudessemos, num qualquer momento, numa qualquer circunstância falar/ouvir o colega.
ficaríamos, provavelmente, a perceber que o mundo é maior do que aquilo que pensamos, que há mais mundos para além da nossa sala de aula, que outros, como nós, com a mesma profissão, se sentem piores que nós ou, no mínimo, como nós.
Que afinal não estamos sózinhos.
A partir de conversas.

coisas simples

Na incapacidade de dizer coisas novas e/ou diferentes, mais uma que retiro de um comentário, de um colega que aprecio:
A obra de Rubem Alves devia ser de leitura obrigatória para todos os professores e professoras. A sua simplicidade desarmante e a capacidade de dizer o óbvio são de uma riqueza impressionante! Como seria melhor a escola se os professores lessem Rubem Alves...
Não posso estar mais de acordo.
Como seria óptimo se os professores antes de complicarem procurassem as coisas simples, ser simples, fazer de modo simples. Complicamos tanto aquilo que deveria ser simples e fácil.

segunda-feira, junho 13

citação

Não resisti em puxar para a frente uma citação que um colega me deixou num comentário a um texto (posta) meu:
Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais...
Ruben alves.

século XX

Faleceram Álvaro Cunhal e Eugénio de Andrade, dois versos de um mesmo poema, Portugal no século XX.
Estamos mais pobres.

sábado, junho 11

coisas do tempo

O Miguel, em função do debate que percorre a administração pública, no corte de regalias ou situações profissionais, no caso o tempo de preparação dos professores, apresenta um texto, que comentei e que puxo e alargo neste meu cantinho.
quem defende, como ele o faz, uma dada imagem profissional, só o faz porque entende a profissão docente de modo crítico e reflexivo.
Crítico no sentido de poder apresentar temas, debates e argumentos que permitam não apenas o crescimento de um profissional, mas, fundamentalmente, a sua afirmação pessoal e social com base na profissionalidade.
Reflexivo, porque se (re)pensa a profissão e os modos de ser professor. Porque se procuram outras formas de se ser professor.
Na minha escola descobrem, progressivamente, que dispendo mais tempo fora da escola do que propriamente na escola. Na preparação das aulas, na definição de estratégias (de apoio, de compensação, de reforço, de avaliação, de colaboração, entre outras).
O grande problema, é que são ainda poucos os que fazem essa utilização e não é menos usual encontrar quem, dentro desse tempo, faça tudo menos algo relativo à sua profissão, ou perfeitamente desligadas da profissão.
A questão que hoje se coloca - e não apenas aos professores - é a capacidade de um dado profissional ser capaz de assumir a regulação da sua profissão (mediante a crítica e a reflexividade profissional) e não, simplesmente, a aceitar a regulamentação das sua acções, das suas funcões ou a definirem-lhe os objectivos exteriormente.
Se essa é a questão, o risco é deixar nas mãos dos outros a possibilidade de ser o que sou.

quarta-feira, junho 8

atraso

No meio das "atarefações" e do stresse que é uma mudança de casa descobri que volto ao passado. Eu explico.
Entre o desligar netcabo e tvcabo descobri que, aparentemente, o único acesso que tenho à net na aldeia para onde vou ter é via "dial up" a 56kbps ou, sendo rdis, a 64 kbps (apesar de estar apenas a 15km de Évora).
Nunca imaginei que, optando por uma dada imagem de qualidade de vida, afinal é uma aldeia com pouco mais de 300 habitantes, no meio do ar puro do campo, faria um vota atrás tecnológico. Já procurei alternativas quer entre concorrentes da PT, quer adsl e nada...
e esta hein...

segunda-feira, junho 6

intermitente

Uma vez que atravesso um processo de mudança de casa, situação que implica no curto prazo o esligar desta minha máquina e o finalizar com a netcabo, a minha presença neste espaço tornar-se-á intermitente, fruto das dificuldades de acesso e das disponibilidades para actualização de ideias e de opiniões.
Não é um ir embora, nem o abandonar este projecto. Apenas uma intermitência claramente dependente de uma máquina disponível para o acesso (e a partir da escola, do meu local de trabalho a qualidade deixa muitíssimo a desejar) e de tempo para esse efeito (há muito para encaixotar, há muito para desarrumar e voltar a arrumar).
Quando me for possível vou dando notícias.

sábado, junho 4

atraso

Ontem atrasei-me, por razões várias. Faltei à turma da manhã, sem aviso prévio. Cheguei à escola apenas a tempo para, em pé e rapidamente, deglutir algo, de modo a ultrapassar o quase jejum em que me encontrava e assim reunir forças para as sessões da tarde.
Enquanto me dirigia para a sala, já depois do último toque, pensei se o pessoal esperaria ou não. Quando lá cheguei uma surpresa, ninguém no corredor. Passado poucos passos uma estupfacção, abro a porta, todos sentados, lugares organizados e tudo a trabalhar.
Gostei. O professor não faz falta para iniciar os trabalhos.
Andava-me a interrogar sobre as conquistas deste ano lectivo, uma vez que em diferentes turmas têm sido levantadas questões que pensava ultrapassadas, tomadas atitudes típicas do início do ano, do primeiro período e que tinham sido, ao longo do segundo período, perfeitamente ultrapassadas.
Ontem, pela atitude de duas turmas constatei que o ano foi ganho, que valeu a pena.
Como vale sempre a pena.

quinta-feira, junho 2

chefe

Parece que, finalmente, há chefe.
Bom trabalho, por que sorte é coisa que... enfim...

da autonomia

Este texto do Miguel suscitou um conjunto de comentários que considero, por um lado, deveras pertinentes, e, por outro, preocupantes.
Pertinentes tendo em conta que partem, quase todos os comentários, da consideração que a autonomia é uma atitude pessoal, intrínseca à pessoa, ao sujeito. É um dos modos de encarar a pessoa enquanto actor de um sistema que ele próprio vai (re)construíndo, (re)definindo quer em função das possibilidades que determina, quer de oportunidades que são, em cada momento, identificáveis.
É este o sentido que encontro na construção da autonomia. Mais que reclamada, muitíssimo mais que outorgada (legislada) ela é, em si, por si e pela pessoa, um processo de conquista, de afirmação, de construção pessoal e política.
As questões referentes às preocupação vão ao encontro de ideias que consideram que a democracia deixa muito a desejar (se assim fosse o outro Miguel, o Sousa, não teria oprtunidade de escrever estas palavras), ou a consideração que a autonomia pode ser uma armadilha, subterfúgios para o apresionar de ideias ou vontades.
Peço desculpa da consideração, mas a autonomia é o que dela fazemos, decorre de um processo de apropriação, de operacionalização dependente, como disse antes, de possibilidades e de oportunidades. O que é de uns pode não de outros e, os momentos são variáveis, variados. Hpje é um contexto, amanhã um outro. Há que saber aproveitar as possibilidades e ler as oportunidades.
Isso é política, isso é a autonomia.

teoria e prática

Como ontem referi terminaram as conversas com história, com uma conversa em torno do que faço em sala de aula, no âmbito do que se poderá designar por pedagogia diferenciada.
Estruturei a conversa em torno de três ideias e um princípio.
as ideias assentam na dinâmica de grupos, na estruturação de uma tarefa e na avaliação como elemento de regulação de um e de outro.
O princípio parte das lógicas interaccionistas que sustentam, organizam e definem uma dinâmica e um suporte à construção social do conhecimento.
Terminei com uma interrogação, se bater à porta de uma sala de aula o que acontece? a resposta foi, perante todos os presentes, unânime, pára tudo. Pois, na minha sala não pára nada. Primeiro porque a porta está sempre aberta, depois por que é difícil perceber onde está o docente, por último por que quem define o ritmo de trabalho é o aluno, o docente apenas esclarece, apoia, orienta.
no final, quem conhece a minha prática afirmou que fiquei um pouco longe do que faço, que não consegui, real e efectivamente, fazer transparecer o que faço. Quem não conhece a minha prática disse que percebeu a ideia e que ficou a pensar nela.
A pensar nela, já foi uma conquista.
Mas confirma-se as diferenças entre uma prática e uma teoria.

quarta-feira, junho 1

dúvidas

o processo de avaliação é um dos sectores quase que intocáveis, quasi sacrossanto território onde o docente exerce o seu poder, define a sua arbitrariedade.
Nada melhor que sermos alvos deste processo, termos gente nele envolvida para percebermos o quanto pode ser arbitrário, descricionário e aleatório mas que muitos consideram intocável.
O meu filho teve uma resposta incompleta numa ficha de avaliação e a professora diz-lhe que é um satisfaz bastante mas baixinho.
Olho para a ficha, questiono as perguntas, interrogo qual o processo de avaliação, o que se pretende avaliar com aquilo, com aquelas questões, como terá a professora organizado e distribuído cotações, em função de quê, esperando o quê?
Fico sem perceber. De certeza que por razões minhas, dificuldades minhas, incapacidades e desconhecimentos meus.
Dúvidas que uma criança também não consegue perceber, nem sequer entender qual o sentido, a utilidade ou a pertinência de um processo de avaliação onde apenas foi objecto e nunca, mas mesmo nunca, sujeito.

da (in)diferença

Termino hoje as Conversas com História, iniciativa organizada pelo departamento a que pertenço em volta do trabalho dos professores.
De um conjunto de três conversas (sobre a construção local da educação e sobre as tecnologias educativas) a de hoje, onde intervenho, é sobre a pedagogia diferenciada (termo que não aprecio, como já tive oportunidade de trocar ideias com o Paulo, onde andará ele?).
Não será de esperar muita gente, mas como houve elementos que me solicitaram esta converda acedi e lá espero terminar com chave de lata mais estas conversas.
Terminar eventualmente como começaram, na serena indiferença da escola.