quarta-feira, maio 31

avaliação

já agora um mix, entre a avaliação dos professores e a avaliação da administração pública, agora à luz das linhas que um tal SIADAP determina;
vai ser engraçado, e nada pacífico estou certo, a determinação de quotas de excelentes e de muito bons; como vai ser giro procurar perceber a definição de objectivos, próprios e alheios no meio de organizações em que não sabem o que andam a fazer;
o sistema integrado de avaliação da administração pública, criado pelo anterior governo e implementado por este, traz consigo um outro nível de responsabilização e dinâmica inerente às chefias; por um lado, na tentativa de ser objectivo, cria factores aleatórios de participação que vão ser difíceis de gerir organizacionalmente; por outro, na tentativa de quantificar e de distinguir objectivo de conteúdo, faz com que exista uma orientação normativa exterior à própria organização;
ou seja, de um controlo remoto burocrático e hierárquico, passa-se para um controlo funcional e de conteúdo; é o primeiro passo para o despedimentos de muitos quadros intermédios de chefias (muitos, ainda que não todos, desqualificamente inqualificáveis), como é um passo certo no combate às autonomias profissionais;
qual a zona mix entre administração pública e escola? fica ao critério de cada um determinar;

como nós

ontem fui apanhado no meio do turbilhão que é ver passar a selecção pelas ruas de Évora;
não resiti e também parei, ali fiquei especado a ver passar os artistas da bola;
no meio daquele desassossego uma velhota, na casa dos seus 60 e tantos, bem tostados pelo sol alentejano solta em tom bem audível: olha, afinal são como nós;
pois são, humanos, reais, tangíveis; na televeisão não parecem tão reais, tal o endeusamento que os rodeia, mas são, afinal, como nós;

coisas e loiças

no âmbito da discussão sobre o novo (?) Estatuto da Carreira Docente, há coisas (algumas bastante interessantes) e há loiças, isto é, divagações em torno de uma qualquer nota de música;
por partes
primeiro - opinião todos temos e deve-la-emos expressar sempre que solicitada e sempre que considerarmos pertinente, adequado, oportuno - é isto que faz com seja um incontinente verbal;
segundo - que as coisas não estão bem, é unanime, que devemos mudar muito, é assumido, que não podemos (nem devemos) continuar como estamos é do senso comum docente; que existe um claro mau estar docente e profissional é generalizado; que temos, enquanto pofissionais da educação, que tomar partido é incontestável;
terceiro - este é um período de discussão, foi apresentada uma proposta, são atiradas ideias, é definida uma linha de orientação; não concordamos, apresentemos argumentos (válidos e pertinentes, adequados e realistas - não se caia no rídiculo), tracemos alternativas (não nos fiquemos pela constatação que é mau sem alternativas, sem apresentar outras propostas, outras ideias), que não nos fiquemos pelo ponto de vista sindical (seja mediático seja profissional, pois esse é também ele um ponto de vista que tem enquistado o funcionamento da coisa); que seja assumido que não há receio nem da avaliação e menos ainda dos pais/encarregados de educação;
quarto - e fico-me por aqui, que saibamos separar argumentos e opiniões entre razão e emoção; são ambos fundamentais ao funcionamento da escola, mas deverão ser separadas e clarificados no contexto de uma discussão que se pretede profissional e plural;
só assim podemos defender uma ideia de professor, uma ideia de escola;
e nesta ideia de escola, peço desculpa da impertinência pessoal, defendo uma escola pública aberta, plural e inclusiva, perante a qual é incontornável, fundamental e insubstituível a participação de pais/encarregados de educação, mas também da autarquia, de associações...
é esta ideia de escola pública que se discute e dentro dela qual o papel de cada actor educativo;

terça-feira, maio 30

do quotidiano

Évora anda nacional, é bandeira nacional por todo o lado, montras engalanadas com as cores nacionais, ele é pinturas sobre a selecção, ele é refências desconcertantes de conversas e apontamentos;
e assim vai o nosso dia;

da violência

irá passar hoje na RTP1, provavelmente ao longo do dia e em destaque em horário nobre, uma reportagem sobre violência escolar, em concreto numa escola "problemática" dos arredores de Lisboa;
primeiro, coloco "problemática" entre aspas tendo em conta que não são referidos os factores que conduzem a essa definição; parte-se da ideia que o telespectador irá perceber os factores, que decorrem da violência;
segundo, apesar de ser crescentemente um problema, pela mediatização das circunstâncias, pela democratização do acesso, pela generalização de comportamentos desviantes, pela configuração de outros quadros de referência, a situação de violência escolar não é uma generalização, nem se pode minimamente dizer que é uma situação comum a muitas escolas;
terceiro, não sou apologista das políticas do eduquês do senhor professor Nuno Crato, mas cai que nem sopa no mel, para que o apelo ao autoritatismo, à preponderância hierárquica, a outras formas de violência, para uns legítima, se afirmar e se defender;
e isto para mim é que é grave quando não mesmo violento;

da avaliação

uma outra medida imaginada pelo Ministério da Educação consiste em que os pais/encarregados de educação participem na avaliação dos professores;
há sindicatos que afirmam que os pais/encarregados de educação não estão habilitatos nem técnica nem cientificamente para o efeito;
pois, quem está? quem estará habilitado para esse efeito?
eu, que sou professor do ensino básico e secundário, e representante dos pais/encarregados de educação da turma do meu filho daria nota negativa à generalidade dos professores daquela turma;
porquê?
pela desanteção, pelo alheamento, pela indiferença, pela pressa, pela desconcideração que têm quer pelos alunos, quer pelos pais;
já agora, só mais um pormenor; falta à tutela dizer que os órgãos de gestão também são responsáveis pela avaliação dos resultados das suas escolas e dos seus profissionais; e estes sim, são um dos principais responsáveis pelo estado das escolas;

da culpa

escrevo há tempo suficiente para estar descansado e não se poder dizer que cheguei agora, por vias socialistas, a esta ideia;
as notícias veiculadas pela comunicação social que afirmam que a senhora ministra da educação acusa os professores pelo insucesso escolar irão, quase decerteza, desencadear fogos e atear ânimos;
mas, regressando à minha escrita, culpados os professores não serão, pelo menos os únicos; mas que, na generalidade dos casos e das situações, os professores não se sentem responsáveis, isso é verdade;
a maior parte das vezes as questões do (in)sucesso são atiradas para fora do professor - ou o aluno não se empenha, ou não se interessa, ou a origem familiar é isto, ou o contexto socioeconómico é aquilo, ou os antecedentes são o outro - o certo é que, repito, na generalidade das situações, o professor não se sente responsável pelo (in)sucesso dos seus alunos, como se fosse entidade ausente/presente;

segunda-feira, maio 29

organização

no meio do combate à desertificação há uma, entre muitas, medidas que nos permitem minimizar circunstâncias;
diz respeito à capacidade de nos organizarmos, de definirmos um modo de actuação que compense a interioridade, que contrarie os resultados, que contorne alguns obstáculos;
não é fingir que somos litoral, estando no interior, que temos engarrafamentos ou horas de ponta em vielas acanhadas ou em caminhos de cabra;
a desorganização do jogo do passado sábado é disso exemplo;
anões em bicos de pés, desorganização a toda a prova, fingimento de quem pensa estar ou ser de Lisboa com a pequenez de um campo da bola que de estádio tem as intenções e de complexo as ambições;
um mau exemplo do que é o sonho de alguns e que foi o pesadelo de muitos;

desertificação

o presidente da República faz uma volta pelo Alentejo mais-ou-menos profundo e valoriza o combate à desertificação humana;
será possível e viável este combate?
que alternativas teremos nós, no interior, perante o combate à desertificação - chamo a atenção para esta questão, que poderá ser colocada de um outro modo, que fazer com o combate à desertificação?
há semanas atrás estive no interior do distrito da Guarda, onde o céu toca o verde das serras; também aí as conversas e os argumentos são de desencanto, de abandono, de frustração perante a incapacidade das gentes, e das políticas, fazerem frente ao êxodo;
se ficarmos o que nos resta?
se formos embora que teremos nós?
ao fim e ao cabo, que país queremos nós?

quinta-feira, maio 25

elogio

ando às voltas com o conceito de (in)disciplina escolar;
procuro, volto a procurar, dou voltas e reviravoltas;
faço leituras e troco opiniões num processo de construção de um objecto de estudo;
no meio de todas estas reviravoltas dou de frente com um título, que não conhecia, de Fernando Pessoa, O Elogio da Indisciplina;

da educação

ainda não tinha tido oportunidade de comentar a separação das águas, como se tal fosse necessário, entre as propostas educativas de PS e PSD, pelo menos no que diz respeito à gestão;
e a partir daqui tudo o resto;
não classifico, não opino, fica apenas à consideração e à divagação de todos quanto àquilo que pretendemos para a escola.

do sucesso

Encontra-se estacionado numa das portas da cidade um enorme camião, cor-de-rosa garrido, cheio de estrelas, que se dá pelo apelativo nome de Sucesso Instântaneo; é o que se pode ler ao longe, quase sem mais;
dá vontade, a inumera gente, de nos aproximarmos e de procurarmos o sucesso instântaneo;
mais perto percebo que é um camião dos jogos, daqueles que suportam a misericórdia e coisas que tais;
mas fica-me a questão, será o sucesso instântaneo?
poderá ser ele servido numa simples raspadinha?
como olhar para o esforço, a exigência, o rigor, o cumprimento, o método e a organização que tanto nos falam quando temos hipótese do sucesso instântaneo?
enfim...

terça-feira, maio 23

o espírito

há cartazes pela cidade que afirmam "évora, espírito de selecção";
não faço ideia do que queiram dizer com essa afirmação; será que évora é só para alguns? será que apenas alguns são seleccionados para a cidade? será que a cidade é luz, fama e confusão mediática?
sei é que o mandato irá terminar que nem ginjinhas ao meu camarada Zé;
tudo, ou quase, se compõe para esse efeito;
ele é pavilhão multiusos, ele é parque desportivo, ele é centros comerciais, ele é emprego, ele é habitação, ele é animação;
no meio de tudo isto, fica uma aparente sensação de dejá vu; ou não;

+ selecção

há bilhetes para os treino a circularem pela cidade a 15€;
há quem se aproveite, há quem faça negócio com o desejo de alguns;
ele há com cada uma;

évora

évora e a selecção nacional de futebol - um delírio, feito confusão e buzinas, bandeiras e olhares lânguidos à procura (à espera) de um autografo que dificilmente aparecerá;
uma confusão a hora do treino;

irritação

ando irritado com as minhas intermitências na blogosfera;
ora paro, ora escrevo, ora hesito, ora penso, ora repenso - caramba estou pior que o outro, não há meio de me decidir;

segunda-feira, maio 15

primeira tentativa

geralmente não faço nada à primeira; ou por defeito ou por feitio o que acontece é que tento uma e outra vez, faço uma primeira tentativa, depois outra;
para que fique registado, esta é a primeira tentativa de índice de uma proposta de investigação:

introdução
a temática - Conhecimento, decisão política e acção pública em educação
a problemática – (in)disciplina, modos de ver e estar na escola, mapeamento bibliográfico e instrumentos de análise – construção de uma problemática;
uma entrada – um novo referencial de aluno na criação de novos modelos de relacionamento entre o Estado e o sujeito;
o multiculturalismo – da unidade à diversidade; do homogéneo ao plural; do uno ao diverso;
dimensões – género, cultura, urbano, rural
,
articulação entre temática e problemática – a (in)disciplina como uma política pública, a relação com o conhecimento e a dimensão da acção pública da (in)disciplina – reconceptualização e reconfiguração de uma problemática à luz da análise cognitiva das políticas públicas;
o Estado – do quadro burocrático à pós-burocracia
o sujeito – a construção social do sujeito;
a relação social Estado-sujeito
a escola como instrumento de acção e de regulação da relação entre Estado e sujeito;
a disciplina como elemento de regulação
as novas reconfigurações políticas e organizacionais
o campo de investigação
os instrumentos e as metodologias de investigação

perspectivo, desde já, inúmeras mudanças, nem que seja para clarificar conceitos, explicitar ideias, delimitar hipóteses - tudo ainda muito ausente deste índice;

cruzamento

está difícil gerir os equilíbrios entre uma escrita eminentemente académica e uma escrita mais de carácter opinativo, como é esta;
há quem me aconselhe a suspender esta escrita;
mas, sempre que penso nisso, fico com saudades de um espaço onde sinto o fluir da escrita e das ideias, onde tenho oportunidade de divagar em torno de opiniões, próprias ou alheias;
com retirei contadores e delimitei o acesso aos comentários, não faço ideia se escrevo para mim ou se escrevo para mais gente;
cá me aguento, num cruzamento delicado de escritas.
a ver o que dá...

quinta-feira, maio 11

confusão

ontem passei a tarde numa aparente confusão; digo aparente por que falo por mim e das minhas ideias;
uma reunião onde se falou de inovação e desenvolvimento com lógicas de tradição e uso; um encontro onde se falou de futuro a pensar e a agir no presente; uma conversa onde as ideias feitas sobre mais do mesmo mas de maneira diferente imperaram;
apesar dos esforços, apesar das solicitações de que temos sido alvo e sujeito, começo-me a convencer que há lógicas que persistem, há racionalidades enquistadas, petrificadas e que apesar dos discursos irem num sentido as práticas teimam em persistir e insistir nas racionalidades tradicionais, nos procedimentos usuais, em manter o que temos;
fico convencido que a estrutura da sociedade portuguesa pouco mudou nos últimos tempos e que não será ainda desta que se procederá a uma alteração de lógicas e racionalidades, funionamentos e processos;
os quadros intermédios não deixam, interessados que estão em defender as suas pequenininhas situações e quintinhas;
assim, dificilmente lá iremos;

Maio

este é um dos meses, senão mesmo o mês mais lindo da planície alentejana; as cores, os cambiantes, as misturas, o ondular das cearas, os pássaros, o sol, o calor, as primeiras noites em que apetece estar de cabeça na lua;
falta-lhe apenas que os polens não fossem tão intensos, que as mudanças de temperatura não fossem tão bruscas, que as amplitudes térmicas fossem menores, que os amigos estivessem mais perto, que as preocupações com as calorias não se acentuassem tanto, pelo menos à volta da cintura, e seria um mundo perfeito;
assim, entre um e outro parágrafo, é apenas o que temos; e eu gosto, lá isso gosto;

quarta-feira, maio 10

nem de propósito

na sequência das ideias anteriores, nem de propósito fico a perceber qual o papel que a escola do meu filho considera aos encarregados de educação;
fui agora mesmo contactado e informado que se realizará uma reunião de Conselho de Turma às 14h30 e que, lamentavelmente, não me tinham informado por que, consideravam, não seria necessário;
assim se vê a posição que é atribuída aos pais/encarregados de educação - afinal só incomodam, só servem para chatear;

política

reforço a ideia anterior do eduquês e que há muito defendo, neste e noutros espaços;
tem faltado política e politização aos profissionais da escola e da educação;
temo-nos enredado em argumentos que variam entre o técnico-profissional (defesa da classe, enquistamento profissional, distanciação quando não mesmos snobismo, arrogância) e o pedagógico (valorização do aluno, dos contextos e dos ambientes educativos) e esquecido que enquanto nos distraímos com conversas acessórias, outros aproveitam o político para trocar as voltas, as ideias e as acções aos profissionais;
falta, tem faltado nas nossas escolas, formação e organização; formação pessoal, académicas, pedagógica, política aos professores; organização às escolas, para que se possam determinar outras respostas a problemas novos, aos mesmos problemas mas que revestem dimensões e carecteríticas diferentes de outrora;
a junção e articulação de um (formação) e de outro (organização) faz com que tenhamos andado muito pouco; se juntarmos a isto o facto de santos da casa nunca fazerem milagres e de muitos professores não serem capazes de apresentar uma ideia de escola ou de educação (para que serve, qual o objectivo, qual a organização, qual o sentido da escola, quais as dimensões valorizadas, o que se pretende daquele aluno, o papel da escola e do aluno naquela comunidade), se assumirmos que todos temos um pouco o espírito de treinador de bancada então estão criadas as condições para que o pó seja muito, a discussão sempre acalorada mas o aproveitamento, o rendimento que daí se retira muito, muito incipiente;

eduquês

a escola anda, mais do que antes, com outro tipo de conversas e de argumentos, com incidiosas opiniões, no alvo das atenções, num centro mediático que não tem nem centro nem periferia, antes de cruza entre opiniões e ideologias;
reconheço que resisti a comprar o Eduquês; primeiro por que não me revejo nos argumentos utilizados, segundo por que sou assumidamente defensor das teorias construtivistas e do papel da pedagogia (da paideia) na escola e na educação, por último e não menos importante, por que a crítica ao eduquês utiliza nem mais nem menos que o próprio eduquês, agora floreado em conversas de rigor e exigência, qualidade e certificação, exigência e liberismo educativo;
uns ou outros argumentos faceis na entrada social, na crítica aos professores, no apontar o dedo à escola e aos profissionais da educação, no achincalhar das políticas educativas, no vilependiar do que também de bom há e se faz nas escolas;
meter tudo no mesmo saco é má fé, para além de evidenciar uma profunda ignorância ao que é a educação.
de acordo com notícias da antena 1, este senhor e outros estiveram reunidos em tertúlia onde certamente a escola e os seus profissionais terão sido o alvo fácil da brincadeira, o centro daquilo que eles próprios promovem em termos de desconsideração e de facilitismo discursivo.
e tudo isto conduz ao quê?
qual o sentido final dos argumentos?
o que se pretende nesta troca de ideias e de crítica às teorias pedagógicas?

segunda-feira, maio 8

hipocrisia

ainda no contexto da análise das organizações, nomeadamente as educativas, permitam-me chamar a atenção para um título antigo (a primeira edição é de 1986) mas recente no mercado português (2006) assente numa versão inglesa de 2002;
A organização da hipocrisia - os grupos em acção: dialogar, decidir e agir assenta nos pressupostos que se tornaram dominantes, passados alguns anos, em contexto educativo e designados por garbage can ou anarquias organizadas ou as teorias da ambiguidade organizacional.
mas o título é válido, em meu entender, por outras duas razões;
primeiro porque permite destacar a antiguidade de algumas modas, afinal o mundo não nasceu hoje (nem ontem) e há temas que já têm barbas, os nossos intelectuais, os fazedores de opinião da nossa praça é que andam (ou andavam) entretidos com outros assuntos;
segundo o prefácio do prof. L. C. Lima é deveras interessante para quem quer perceber os caminhos e os sentidos da reconfiguração das políticas públicas, nomeadamente na sua vertente mais neo-institucionalista;

disciplina

na passada 6ª feira apresentei um ante-projecto de investigação (na área da política educativa) assente numa ideia - a disciplina em tensão dialéctica entre o sossego para uma relação de ensino-aprendizagem de sucesso e o desassossego necessário para a auto-aprendizagem - e em dois pressupostos; por um lado que as questões da disciplina assentam em lógicas que se podem designar por uma "microfísica do poder" (Foucault) de carácter relacional e socio-profissional, por outro, que decorre da própria reconfiguração do papel e dos objectivos que suportam a relação entre o Estado (a escola) e o cidadão (aluno, professor, pais/encarregados de educação) nesta lenta mas segura transposição do campo da burocracia (caracterizado pelas linhas hierárquicas, sentido unívoco do poder, papeis claros e diferenciados, posições definidas, formalização institucional, rigor e autoridade, predomínio da tecno-esrutura) para o que alguns autores designam como pós-burocracia (assente em sistema matriciais, diluição da relações formais e autoritárias, predomínio dos fluxos, valorização dos aspectos afectivo e orgânico);
fico na expectativa para perceber se é ou não aceite; na próxima 6ª feira será a audição e a troca de ideias com quem manda nestas coisas;

quarta-feira, maio 3

discursos

no decorrer do passado fim-de-semana foi-me possível ouvir um conjunto de discurso que ficam marcados por algum carácter gelatinoso, entre o movediço e o estaladiço;
ideia sobre políticas que procuram afirmar novos discursos, novas retóricas, uma outra narrativa política mas que esbarra na pouca consistência dos argumentos, em alguma incoerência ideológica;
típico, digo eu, de uma pretensa nova modernidade - ou de novos ricos(?);

do tempo

quando pouco há para dizer falamos do tempo;
hoje, por estas bandas da cidade de Évora, está como eu, parvo e pronto final.

voltas e baldrocas

ando às voltas com uma ideia, com um trabalho, com um projecto para o qual questiono as minhas capacidades e, muito particularmente, as minhas disponibilidades.
criar uma ideia de tese não está fácil.
já falhei dois textos, dois momentos cruciais.
na próxima 6ª feira é o 3º momento, e não há mais.
já andei às voltas com o plano tecnológico, com a educação para além da escola (claramente o mais interessante), neste momento troco ideias entre a disciplina e os sentidos do trabalho escolar numa relação entre autoridade do professor e reconfiguração das relações sociais entre Estado e cidadão;
durante a semana tenho estado ausente por quase que completamente absorvido na recuperação de leituras, de algum do tempo, de algum do trabalho desenvolvido.
amanhã é inteiramente dedicado à escrita
assim saia alguma coisa.