sábado, junho 30

desvios

depois de uma semana vivida entre o atribulado e o atarefado, regresso ao meu cantinho, aos escritos que me permitem pensar e sentir;
são desvios momentâneos, mais por imposições alheias do que de vontades próprias;
mas ultrapassado o desvio, o regresso;

sábado, junho 23

começou


e lá começou a Feira de s. João e S. Pedro;
duas notas depois da primeira visita, ontem à noite;
fiquei surpreendido pela quantidade de gente para a primeira noite, não é hábito, mas a feliz coincidência de terem junto as circunstâncias de ser final do mês para muitos dos funcionários da Administração Pública (dinheiro fresco), com o facto de ser a primeira noite, de há muito, apetecível para passear e o desejo de descarregar mágoas fez com que ontem a feira estivesse deveras concorrida;
segunda nota, a clara divergência entre aqueles que assumidamente são os profetas da desgraça e o público; é notório o distanciamento entre a análise daqueles que tudo definham, tudo deploram, tudo criticam para com a população que os contraria mediante a prática de fruirem aquilo que para os primeiros é deplorável;
ainda bem;

sexta-feira, junho 22

a governação


o Miguel, invariavelmente, coloca um comentário em tom de questão, de todo em todo pertinente, o que é a boa governação;
o tema já decorre de uma sua entrada, onde analisa o conceito em função do relatório da saúde;
obviamente que não lhe vou responder, não sou capaz, não tenho competências para o efeito; mas troco ideias, particularmente em torno daquilo que me mobiliza mais, o meu projecto de investigação, na área educativa, e onde o conceito é chamado de forma assídua;
o conceito de governação surge, na recente literaruta organizacional sob diferentes formas e aspectos, por vezes indescriminadamente, entre governação e/ou governança;
para além do que se entende por um ou por outro, na generalidade querem retratar uma de duas coisas; a alteração nos modos, processos e instrumentos da acção governativa, que passaram das hierarquias às redes, da imposição à negociação, do indívidual ao colectivo, do regulamentar à regulação; neste contexto o conceito surge muitas vezes associado a outros, como participação, comunicação, fluxos, flexibilidade, regulação, entre outros;
por outro lado, o conceito quer-se referir a uma outra postura da acção pública, encarada agora sobre o lado dos valores e das ideias, dos comportamentos e dos modelos de acção, mais do que arreigados a esteriótipos de intervenção, contrários à homogeneização;´
um e outro relacionam-se estreitamente com aquele outro conceito ultimamente utilizado por pessoas de bem, o de políticas públicas;
como os conceitos aparecem mais nas áreas eminentemente de cariz económico do que na área social; como há quem puxe a economia para o social (nada a que não estejamos habituados);
agora duas ideias;
por um lado a governança poderá significar o conjunto de regras, processos e comportamentos segundo os quais são articulados os interesses, geridos os recursos e exercido o poder na sociedade;
ou, numa íntima relação com a acção pública "um espaço sociopolítico construído por técnicas, instrumentos e finalidades dos diferentes actores" (Lascoumes, 2004);
B. S. Santos tem um conjunto de textos interessantes onde destaca que, apesar destes conceitos remeterem para a participação colectiva e para uma análise não funcionalista, esta utilização é, muita das vezes, pretexto para ocultar situações de distanciamento à participação colectiva e de reforço do sentido funcionalista da acção política;
mas, afinal, o que é uma boa governação; não sei...

(já agora, como pensas transferir o relatório da qual dás conta para a área educativa?)

quinta-feira, junho 21

gestão da informação


é melhor pensar noutras coisas, mais úteis e pertinentes, de modo a desacansar o espírito e a arrumar ideias;
no âmbito do meu projecto de investigação ando com uma dificuldade, a da gestão da informação; definir processos e modelos de recolha, organização e gestão da informação;
já experimentei assinalar os livros com cores diferentes de acordo com os conceitos que trato, já criei uma base de dados para registo de conceitos, já fiz uma tabela de autores e características dos conceitos, mas persisto na sensação de desorganização, no carácter aleatório e disperso da informação;
está determinado um outro factor crítico deste projecto, a gestão da informação;

desalinhado


estou que na posso;
leva-me a pensar alto e a escrever para me conseguir pensar e situar;
sou um desalinhado manifesto; não gosto de carneirismos, não gosto de lambe botas nem lambe cus;
não me acusem, como é hábito, de pôr em causa o socialismo - na gaveta já está há muito (talvez bem), a social democracia (da qual sou acérrimo defensor) parece cair em desuso;
restam-nos uns quantos amorfismos que trocam salamaleques como se de gente importante se tratasse;
não gosto da rotina, nem da previsibilidade; sou emotivo, gosto das gentes e das conversas; confude-me a ignorância e a arrogância, como fico descabreado com a incompetência e o deixa andar;
nos tempos que correm, fruto de tudo e de mais alguma coisa, ando desapontado e desiludido, faz-se sentir, ainda mais, o meu carácter de desalinhado;
dizem-me que não mudo o mundo, nem é minha intenção tal, mas procuro mudar o cantinho em que me encontro, sinto é as dificuldades de David frente a Golias, da formiga perante o elefante;
dizem, provavelmente com razão, qual a minha arrogância de querer mudar o que para muitos está bem;
sempre que estou assim, lembro-me do filme "Expresso da Meia-Noite" em que preso e condicionado, teimava em andar em sentido contrário, era, dizia, a única forma de se sentir ainda gente no meio daqueles que não eram nada nem ninguém;
talvez uma das razões de ser desalinhado;

desabafo público


há tempos atrás, no tempo de governação do PSD, dizia que era necessário algum estofo para se estar como responsável na administração pública;
passadas as eleições que determinaram a alteração governamental, calhou-me a fava de assumir (ir)responsabilidades na AP e, ainda por cima, numa área descredibilizada e desconsiderada;
com o progressivo conhecimento adquirido realça-se que a vontade de muitos, a competência de alguns e o profisionalismo de outros não é suficiente para conduzir o barco por entre ventos e marés, umas de origem metereológica, outras de índole mais pessoal;
a não consideração dos actores locais/regionais faz com que as chefias desconcentradas mais não sejam que correias de retransmissão de vontades alheias, qual operário acéfalo e inconsequente das suas atitudes;
aliado ao cansaço surge, facilmente, a impaciência e o desânimo, na assumida concepção que estamos frente à baliza e falhamos o golo, o objectivo último que nos move a nós e a muitos outros;
não ponho em causa valores e ideias, ideais ou modelos da acção socialista, mas tenho de me interrogar sobre as metodologias e as estratégias de acção que deixam muito a desejar, que valorizam aspectos de acordo com alguns interesses e interessados, deixando pouco (ou nenhm) espaço de manobra para quem, no frente-a-frente do quotidiano, dá o corpo ao manifesto;
é pena...

quarta-feira, junho 20

feira




os trabalhos da feira iniciaram-se à séria de modo a que, na próxima sexta-feira, possamos estreiar a feira cá da terra;
não é a maior, nem a melhor, mas é a Feira de S. João e S. Pedro, com tradições, usos e costumes que vão fundo na história e na cultura da região;
este ano com uma cereja de prenda, a inauguração do novo espaço multiusos denominado Arena d'Évora;

eleições


as eleições para a junta de freguesia de Vendas Novas, realizadas no passado Domingo, só foram surpresa para os mais desatentos ou para aqueles que continuam a acreditar em milagres;
não foram, certamente surpresa, para putativos profetas da desgraça, nem para aqueles que ali vivem e actuam;
como socialista reconheço a derrota como reconheço a falta de hábito do confronto com estes resultados;
mas, mais do que os resultados expressos, será interessante perceber os silêncios, as omissões, as ausências, isto é, perceber por onde andam, e como andam, aqueles que optaram por não votar, aqueles que votaram em branco e aqueles que anularam o seu voto;
se levarmos isto em consideração será que se poderá pensar ou perspectivar que se o trabalho político em torno das questões da saúde local tivesse sido realizado de modo diferente os resultados não teriam sido outros?
será que há legitimidade para se pensar que estes resultados serão transferíveis para outros actos eleitorais?
será que há razões, como tem feito o PCP, para embadeirar em arco com os resultados conseguidos mais por falta de mérito dos outros do que por resultados e acções próprias?
não sei se o PS dorme ou se apenas descansa, mas há trabalho, muito trabalho político por fazer e há quem se distraia com questões acessórias;

sítios de descanso


um local habitual de poiso, quer para nativos quer para transeuntes;
um sítio de descanso entre o fresco da fonte cardinalícia e as vistas que se perspectivam a partir daquele centro;

segunda-feira, junho 18

sítios de descanso


sítios de descanso são aqueles em que poisamos para descansar; qualquer lugar pode, assim, ser um sítio de descanso;
imagem captada à instantes na praça central cá da terra;

doces encantos


esta cidade (e esta região) tem muitos e diversificados encantos;
um são os doces, as queijadas de Évora, as barrigas de freira, os queijinhos do céu, a encharcada, o pão de rala, entre tantos e tantos outros;
esta montra é uma das poucas que na cidade lhes dá destaque e visibilidade;
é uma doce tentação;

sítios de descanso


temas não faltam (eleições em França e em Vendas Novas, Ota, Évora e o PDM, final do ano lectivo, exames, etc) falta-me é vontade de sobre eles discernir o que quer que seja;
opto pelos lugares vagos, sítios de descanso debaixo de um céu que teima em permanecer em tons de cinzento;

sábado, junho 16

nublado


o céu neste dia de meados de Junho;
pode não parecer mas estamos a menos de uma semana do Verão e o céu mais parece de Outono;
o céu por estas bandas há minutos atrás;

são rosas


depois de muito trabalho, de alguma perseverança e teimosia à mistura, veêm-se os resultados de um trabalho de jardinagem;
esta imagem é o nosso primeiro botão de rosa a desabrochar depois de muitas tentativas e alguns erros;
vermelha e a pender para a esquerda;

quinta-feira, junho 14

tristeza






imagens de uma cidade cinzenta, nublada, húmida e em suspense por melhores dias;
uma cidade que se esconde atrás do sol e teima em se descobrir;

saudades


cá para mim, este senhor é um saudosista dos velhos tempos;
daqueles tempos em que os portugueses apreciadores da bola, eram craques da matemática, da combinação aleatória de resultados para saber a percentagem das hipóteses de nos safarmos quando, os craques, mais não fizeram que se passear por um qualquer relvado;
é o regresso à contabilidade matreira que faz com que esta geração precise de um outro treinador, melhor em matemática, melhor na táctica da organização do jogo;
são os velhos tempos que, de quando em vez, nos trazem à realidade nacional;

debaixo de chuva


Évora, Rua da República, pelas 08H30 de hoje;
em rua habitualmente concorrida, nota-se a ausência de gentes (será efeito do deserto?) e a presença da chuva miudinha (contraria o deserto);
dia pouco habitual para o mês de Junho; para além da chuva que marca o dia nesta cidade, o frio que faz lembrar outras estações;

quarta-feira, junho 13

da janela


um poeta português dizia qualquer coisa como (cito de cabeça) a minha praça é o mundo, o mundo é a minha praça;
o Abrupto, um espaço com o qual simpatizo, apesar das divergências, oferece-nos uma outra perspectiva, a de olharmos o mundo a partir da janela que é a blogosfera;
já a imagem que desde sempre ilustra o referido blogue, nos remete para essa ideia, a de espreitar pela janela, vendo quem está ou o que está do outro lado;
a nossa praça alarga-se, estende-se ao mundo;
será que, com esta dimensão macro não se perderá o sentido da proximidade? ou se ganha em proximidade aquilo que se perde em pormenor?

cansaço


apercebo-me, pelas conversas, pelas atitudes, pelos comportamentos, pela paciência, que andamos mais cansado que o habitual;
por razões várias e em diferentes sectores ou áreas sociais, sinto o pessoal cansado, com a paciência a atingir límites do tolerável;
vá-se-lá saber do porque;

portal

um portal à antiga, seja ela portuguesa ou estrangeira, com a particularidade de nos arrumar as coisas de modo racional, prático e pertinente;
acresce a pertinência de ser desenhado por conterrâneos;

terça-feira, junho 12

como as coisas boas podem pesar

não estou habituado a que me aconteçam coisas boas, e menos ainda quase que de surpresa; como não estou habituado a que elas me pesem e me despertem a consciência;
concorri e ganhei uma bolsa para apoio ao meu projecto de investigação;
fiquei contente, nunca tinha ganho nada;
fiquei preocupado, agora, mais que nunca, tenho de levar a nau a bom porto, tenho de cumprir o objectivo, alcançar um fim;
uma coisa boa que pesa em mim;

normal


regressei (circunstancialmente) à escola, de modo a conferir os procedimentos que me permitiriam a candidatura a "profesor" titular;
no meio do regresso sempre os sorrisos, as novidads, o por a escrita em dia, o quebrar a separação;
nesta atitude a assunção que se gere o normal, o quotidiano, os casos que aparecem;
no meio das conversas, veio-me à ideia um comentário ouvido tempos atrás, que é difícil gerir a gestão; e está cada vez mais difícil;

quotidianos


mais pelo contrabalançar das minhas rotinas e do meu quotidiano, estive ausente de um espaço que gosto, este mesmo, onde escrevo e me prescrevo, onde me escuto e prescruto;
depois da pausa, o regresso aos quotidianos;

terça-feira, junho 5

"profesor"


não me procuro desculpabilizar com os outros, mas esta gaffe (a de "profesor titular") encontrada no sítio do concurso não deixa de ser engraçada e me deixar a pensar ou que as coisas foram feitas à pressa ou que foram feitas sem que ninguém lhes passasse as vistas por cima;
enfim, sou "profesor";

segunda-feira, junho 4

outros tempos


estou farto (é como quem diz) de escrever que os tempos são outros;
da hierarquia às redes, da imposição à negociação, da disposição ao conflito, dos objectos aos sujeitos;
mais não fosse, seria suficiente a indicação de a esposa comunicar que ia beber umas cervejas e comer uns caracóis; eu fico a tomar conta do pessoal, isto é, dos filhos, faz-se o jantar, arruma-se a cozinha, orienta-se o estudo dos filhos e prepara-se o dormir;
e ainda dizem que os tempos não são outros?

domingo, junho 3

à lupa


tenho de reconhecer que, não apenas com a idade, mas também com ela, já tenho alguma experiência (não muita, é certo) e gosto de observar o que me rodeia, de procurar perceber (compreender e analisar) o decurso das coisas;
a propósito de questões de trabalho ocorridas no final da semana, foi interessante perceber alguns coisas em torno do mando, não é apenas o poder, é a capacidade de decidir, para além do poder (que se detém fruto dos cargos) e da autoridade (aquele pretenso exercício de influência que se permite a quem detém poder);
aqui o mando é a capacidade de decidir, de optar, de definir escolhas e sentidos de orientação, no caso profissionais e políticas, num pleno exercício do poder e da autoridade que está conferida a um dado actor;
e é interessante perceber que o mando é quase sempre exercído de forma restrita, sai com sérias dificuldades do seu pequeno espaço de acção e de intervenção; exerce-se perante o conhecido e dificilmente se consegue ir além desse espaço, seja de acção, seja de conhecimento;
será esta capacidade, de ir além das suas próprias limitações, que faz a diferença entre aqueles que terão uma linha na página da História, e os outros aos quais serão dedicados capítulos?
será esta capacidade de (como disse na altura) fazer fora do penico que definirá aqueles que têm sentido estratégico e prescrutam o futuro e os outros?
será esta capacidade que determinará aqueles de que nos lembraremos sempre dos outros que se esvanecerão?