sexta-feira, dezembro 29

pró ano

atão até pró ano;
este, por estas bandas, terminou, chegou ao fim, foi-se, esvaiu-se, pronto, ponto final;
volto a escrever neste canto só pró ano;
até lá e façam-me o favor de ter um valente 2007 que bem merecemos;
BOM ANO;

quarta-feira, dezembro 27

espantos e coisas que tais

do espanto
perante esta notícia (os portugueses gastam quase mil euros por segundo) fico estarrecido - conseguimos ser mais rápidos que Hobikwelo;

e como é possível prometer coisas destas - GNR promte ser inflexível perante consumo de álcool - mas é e?le tempo de prometer coisas destas;

das coisas que tais
são conhecidas as opções políticas e partidárias de Vasco Graça Moura; agora perante o melhor de 2006 optar quase que exclusivamente pela prata partidária é obra e revela algum descaramento;

um breve zapping sobre as capas dos jornais do dia deixam-me em estado que tal;
não regresso lá tão cedo;

inacabado

tenho em cima desta minha mesa de trabalho uns quantos livros, outras tantas colectâneas de cópias de textos diversos;
todas começadas a ler e a trabalhar, todas inacabadas, incompletas no seu percurso de entendimento e percepção;
este terá de ser um dos objectivos do novo ano, terminar aquilo que começo, pelo menos ao nível das leituras;

despropósito

pelo contador que coloquei no início do mês, é perceptível o entendimento que não escrevo apenas para mim ou para a família; outros há que por aqui passam e que têm a pachorra de me ler;
alguns desses transeuntes chamam-me a atenção para o facto de algumas entradas, algumas postas, serem demasiadamente imperceptíveis para o colectivo, para o geral do passante, para aquele que não lida ou não conhece mais de perto a realidade com que lido habitualmente;
duas notas nesse sentido;
escrevo tendo em conta que enquanto escrevo penso alto e acaba por ser um momento, ainda que breve, de reflexão mardamente pessoal;
depois cada um lê o que quer e, muito particularmente, interpreta como pode, sabe ou quer - e tem sido bastante agradável quanto interessante, perceber essas diferentes dimensões de interpretação do que escrevo, do que se escreve;
depois se uma posta aparente ser um despropósito de sentido, não deixa de ter o seu próprio sentido, ou da falta dele;

do grupo

sou filho único, como costumo dizer um bom filho único, isto é, repleto de quase todos aqueles esteriótipos que caracterizam e demarcam um qualquer filho único;
contudo, pela idade, pelas experiências vividas, já costumo colocar em primeiro lugar a razão (o que designo de razão) em detrimento da emoção, das vontades, dos impulsos;
mas aprendi a trabalhar em equipa, a colaborar com o grupo, a saber que a força do colectivo reside na fraqueza do seu elo mais fraco; aprendi, primeiro no desporto depois na tropa (é verdade), o sentimento de equipa, de pertença, de grupo; depois, na universidade, fruto mais de amizades do que de vontades, acentuou-se essa dimensão; profissionalmente tenho tido o privilégio de trabalhar com pessoas que me ensinam mais do que eu consigo fazer aos outros e a implementar uma dimensão colaborativa que me orientou para práticas mais colectivas e de grupo do que a dimensão individual e solitária que a profissão docente deixa transparecer;
hoje, sempre que sinto a manifestação de interesses individuais em face da acção do grupo fico piurço, bruto, danado; sou capaz de perder pretensas amizades, apenas porque me apercebi que o interesse colectivo foi manietado, manipulado em face de interesses e posições meramente individuais;
mais me chateio quando me apercebo que há quem, por interesses meramente pessoais, se deixam manipular e manietar;
a história não conta para esses, nem esses contam para a história;
preservo-me de perseguir na senda daquilo que considero ser um valor fundamental, (mas não intransigivel) o interesse do colectivo em detrimento de interesses particulares;

fundo

quando comecei a escrever neste canto o meu principal objectivo era perceber se conseguia escrever quotidiana e regularmente sobre temas que gravitam em meu redor - Alentejo, Évora, Educação e outros que aparecessem;
não tive, não tenho e considero que não é o sítio mais adequado para artigos de fundo, para experimentar o ensaismo em torno de uma ideia, de um conceito ou do que for;
mantenho-me, hoje como no início, fiel ao princípio de escrever pelo prazer da escrita, de trocar ideias, de procurar polemizar o que parece natural, dado, mas que mais não é que uma qualquer construção social ou retórica;
mas apareceu-me um outro, o de procurar perceber e racionalizar o meu mundo, os meus momentos, o meu tempo;
de quando em vez oiço reparos que extravassam manifestamente estes objectivos e me procuram situar onde não quero; tenho consciência que sou eu e o que de mim fazem; mas não me façam de parvo; isso já sou;

terça-feira, dezembro 26

referência

finalmente hoje referenciei, nos links de cabeça aqui ao lado, um colega que pela designação e pelo modo como assume a designação, muito poderá contribuir para a Educação Crítica, não apenas apontando erros e/ou omissões, não apenas isolando comentários, como se fosse possível a crítica asséptica ideológica que, estou certo, não pretenderá, mas reforçando o pendor da Educação Crítica, da reflexão, do pensar a educação para além da simples crítica ou mesmo da educação, integrando no devir social e económico, encarando a sua dimensão cultural;
é com prazer que o faço; é com orgulho que o referencio;

o próximo

o próximo ano não irá ser fácil, estou certo disso e consciente das muitas circunstâncias que o irão preencher e deixar muito pouco espaço e oportunidade a uma intervenção pessoal, ao lívre arbítrio;
a reorganização da administração pública irá fazer com que as mexidas se façam sentir mais abaixo na escala organizacional; as lutas e as mexidas irão ser interessantes de ver, perceber e sentir, particularmente a nível regional - e estou certo que irei ser um dos seus alvos, não sei para que lado;
o trabalho académico irá entrar numa fase determinante, mediante a criação de um campo de investigação, na definição de alguns pormenores que farão (ou poderão fazer) toda a diferença;
a minha organização pessoal, entalado entre deveres profissionais (sejam eles na administração pública ou na escola) e obrigações académicas irão definir muito do ritmo cá de casa;
também na família se irão sentir diferenças; a filha mudará de escola, de ciclo e de ritmo; o filho entrará definitivamente na adolescência, a esposa num novo ciclo profissional; no resto, isto é, nos avós, apenas se procura saúde, já escassa, para se atravessar o ano e sentirmos o prazer de chegar ao fim - a ver vamos;
em tudo o resto apenas faço votos para que os amigos me acompanhem e tenham saúde;
o resto ... se verá;

a próxima

passada um fim-de-semana preparamo-nos para o próximo;
como costumo dizer em conversas de amigos, é o fim do princípio;
balanços, perspectivas, anseios, ansiedades, contas de deve e haver de tudo um pouco se pretende fazer nesta semana;
o melhor e o pior, o feito e o por fazer, as contas são de resultado diverso, diferente de acordo com pontos de vista, valorizações e opções;
tenho pensado em trazer para este cantinho um pouco desse balanço;
fico-me pelo impressionante ritmo deste meu ano; ainda há dias fazia votos de bom ano e já estamos no fim; este é para mim, o grande balanço do ano, a velocidade estonteante, a rapidez com que as coisas acontecem, a voracidade do instante, o flash do que acontece, quase sem tempo para medir o tempo;
escrevo por isso, é uma das poucas formas que tenho de dar conta do quotidiano, de pensar os acontecimentos do dia a dia, de sentir o fluir do tempo, de sentir os dias a passarem por mim;
por isso escrevo em diferentes suportes, com diferentes propósitos e objectivos; por isso criei, no início do ano, um fotoblogue (não publicado), onde capto instantes, pormenores do que sou e do que gosto;

segunda-feira, dezembro 25

desparecimento

e, quase que de repente, aparentemente, todo aquele amontoado de embrulhos, revestidos de papel colorido, enlaçados ou entrelaçados em fitas garridas, desparececeu debaixo da árvore de Natal;
o espaço ficou mais livre, o canto mais aberto e as expectativas foram o que foram;
resta-nos esperar por outras oportunidades, outros momentos, outras alegrias ou, simplesmente, outros Natais;
mas e afinal, o Natal é sempre que uma pessoa quiser; ou não?

alterações

fruto de alguma disponibilidade e de algum entretem nesta quadra, procedi a mais algumas alterações do layout desta coisa;
estou seriamente desconfiado que não há gente entre a minha pessoa e o Miguel, que tenham mudado tanto e tanta vez de layout - inconformismo, vontade de mudança, contra a rotina, seja que razão for há sempre alguma que conduz à mudança;
espero que esteja melhor, que corresponda mais adequadamente a quem me visita, que vá ao encontro dos objectivos e das expectativas;
para já e pessoalmente gostei;

sábado, dezembro 23

FELIZ NATAL

feliz Natal a todo(a)s que por aqui passam e têm a pachorra de me ler;
saúde, paciência, bom senso, alguma temperança e sentido crítico, os votos para esta quadra;
atenção ao colesterol, às gorduras polinsaturadas, aos fritos...
pronto, Feliz Natal :))

da diversidade

de quando em em quando circulam na net, via correio, um conjunto de postais que se designam como Portugal no seu melhor;
para quem ainda não tenha tido a oportunidade de os ver, mais não são que um conjunto de apanhados sobre caricaturas algo portuguesas - anúncios mal escritos, ementas que não lembram ao diabo, indicações viárias contraditórias, motorizadas com tudo e mais alguma coisa, mulheres de barba farta, etc;
o que retractam, essencialmente, são, por um lado, a profunda evolução sentida e manifestada um pouco por todo o lado neste nosso país, com impactos fortes na maneira de ser e de nos entendermos e, por outro, o assombrar de curiosidade entre o que somos e o que pensamos ser;
por vezes fazem-me lembrar aquele condutor que nos buzina recriminado-nos por algo e que, logo de seguida, faz pior do que aquilo para a qual nos chamava a atenção;
portuguesices

das consequências

o fim-de-semana passado estava quase como este; um dia cheio de sol, apetitoso, convidadativo ao passeio;
como não gosto de passear em vésperas de Natal, andei de motoenchada de um lado para o outro;
a brilhante consequência é que fiquei fragilizado, quase convidativo e disponível para a fruta da época, as gripes;
na terça, um pouco mais de frio e fiquei com a voz assim, imperceptível, inaudível; o que não deixou de ter as suas agradáveis consequências, na reunião de 4ª de manhã todos diziam que ia ser rápida, pois eu não falava, a conversa radiofónica de certo que correu sem grandes atribulações, pois não marquei presença;
enfim, uma semana quase de molho, para retemperar de um fim-de-semana agradável e solarengo;

sábado, dezembro 16

solarengo

o dia estava apetitoso, convidativo ao passeio;
solarengo como estava era inevitável o convite ao passeio, cá em casa sentiu-se o desafio; não se resistiu e foram passear;
porque tenho consciência que invariavelmente se acaba num qualquer centro comercial, apinhado de glutões natalícios, optei por ficar;
mas o dia estava efectivamente convidativo, excessivamente desafiante para que se fique em casa; quase que obrigava a sair e disfrutar dos raios de sol;
pronto, fui lavrar um bocado de terra, até que o sol se escondeu e me obrigou a recolher;
fiquei por aqui para ler, descansar e pensar no meu trabalho;
face ao dia estou cansado mas descansado; sabe bem;

caminho

ontem tive oportunidade de ouvir Correia de Campos, ministro da Saúde;
em amena cavaqueira, tive oportunidade de constatar três distintas, mas complementares situações;
por um lado, a certeza de um caminho a trilhar, é evidente no seu discurso que sabe para onde quer ir e como; a simplicidade dos objectivos apresentados (relativamente aos cuidados de saúde primários, aos cuidados paliativos e ao orçamento do ministério) fazem parecer que as coisas são simples num ministério manifestamente complicado;
por outro lado, a consciência da situação, dos problemas, dos constrangimentos e a ousadia de os enfrentar, sabendo que há interesses, que há vícios, que há virtudes, que há necessidades, que há que ir ao encontro de muitos contrapondo o interesse de poucos;
finalmente, a manifesta ideia que não está em causa o serviço nacional de saúde, mas antes a forma de o gerir; percebendo que os tempos são diferentes daqueles em que foi criado e daqueles em que vingou; tendo ideia dos desafios e das necessidades;
é tão diferente ouvir em primeira mão, directamente da fonte, as ideias e os argumentos, que ficamos conscientes do camimho

sexta-feira, dezembro 15

do centro

há autores (Luhman, p.e) que defendem uma sociedade sem centro;
em conversa com uma colega, damos conta que, nós por cá, estamos cada vez mais afastados do centro;
um outro problema se nos coloca;
é que antigamente o centro era Lisboa (pretensamente) e hoje não sabemos onde fica;
apenas temos noção (breve, difusa) que não estamos no centro, que nos afastamos do centro;

da crise

a crise manifesta-se das formas mais inesperadas;
há dias, ao comprar castanhas, a senhora perguntava-se se queria 8 por 1€ ou uma dúzia por 1,5€;
há crise, é verdade, mas também há imaginação para lhe dar a volta - ou, pelo menos, procurar dar-lhe a volta;

quinta-feira, dezembro 14

da modernidade

há dias um colega, na mailing list da escola, perguntava:
qual o papel da escola na pós-modernidade?
que papel?
que escola?
que conceitos?
pergunta interessante que, remetendo para a retórica, não deixa de ser elucidativa de um questionar e reflectir sobre a escola que temos e para o que queremos;

das elites

há dias abordava a questão das elites regionais;
nem de propósito foi tema de conversa com um camarada do PC (desculpa lá a intimidade);
e neste campo, apesar das divergências, comungamos da mesma ideia, não temos elites no Alentejo; isto é, elementos que sejam referenciados à região, independentemente dos partidos ou das posições ideológicas, não temos uma figura que, quer na região quer fora dela seja identificada com o Alentejo;
nos anos 90 tivemos vários que, sempre que apareciam na TV, eram referenciados em face de uma região, de um contexto regional, casos de Carlos Zorrinho e Capoulas Santos, na área do PS, Abílio Fernandes, Joaquim Miranda ou Lino de Carvalho no PC, Luís Capoulas ou Maria do Céu Ramos, no PSD e mesmo, na área do CDS, Rosado da Fonseca ou Mariana Cascais;
quem, hoje, conseguimos identificar, referenciar enquanto elementos alentejanos? que não estejam presos a uma localidade, mas à região?
que elites temos nós? que protagonistas regionais? que actores políticos, sociais, económicos conseguimos identificar?

da agenda

antigamente, e não é há muito tempo, quando aparecia um senhor ministro na província não havia nem cão nem gato que não fosse atrás;
ele era a televisão, ele eram as rádios, ele eram os jornais;
com o progressivo aparecimento das rádios locais, a quantidade de gente de microfone em riste, até valorizava, por si só, o evento;
hoje estive numa cerimónia onde marcou presença um ministro; presentes apenas os locais;
nem uma rádio, nem sequer local, nem um jornal, nem sequer local - obviamente que nem sequer refiro as televisões;
pergunto-me, face a estas evidências e que não foram as únicas nem as primeiras, quem marcará a agenda da agenda mediática?
quem ditará o que é e o que não é importante?
que circunstâncias, contextos ou conjunturas, determinarão a presença da comunicação social?
que acontecimentos ou eventos, acções ou iniciativas serão merecedoras de divulgação pela comunicação social?
e este é apenas um, de entre muitos exemplos, que marcam esta região;
elucidativo porque se trata da presença de uma figura de estado, imaginemos então a desvalorização que nós mesmos fazemos (porque quero acreditar que existe uma comunicação social que é local, que é regional);
ou não?

terça-feira, dezembro 12

do tamanho

as postas crescem, não apenas aqui por este meu cantinho, mas um pouco por todo o lado desta blogosfera;
mais parece que se entrou de mansinho num espaço, qual aparente ganho de confiança, se ganhou à-vontade, e nos estendemos na escrita, alargando ideias e pensamentos, escritas e argumentos;
é bom sentir este alargamento;
mas será que a blogosfera se compadece com este estender de argumentos?

da tradição

tradicionalmente a política tem sido gerida e organizada em função de dois grandes referenciais, o poder, por um lado, os interesses particulares, por outro;
uma das razões pelas quais se manifestam as críticas à acção político-governativa consistem na afirmação do primeiro em detrimento do segundo - ou seja, um conjunto de interesses que, pontual e circunstancialmente, se sobrepoem a outros interesses e afirmam o que consideram ser o seu espaço de poder;
contudo, subsistem pequenos interesses, ilhas de afirmação individual ou sectorial (custa-me referenciar como corporativos ou pseudo aristocráticos ainda que assim pareçam) que, a seu modo e com características particulares, se degladiam nos corredores do poder recôndido e subliminar da acção política;
isto porque cada vez mais considero que não existem, pelo menos ao nível regional a que me situo, elites políticas capazes de afirmarem sentidos e opções; elites na sua acepção mais tradicional, naquilo que uns quantos pensam e defendem como interesse colectivo;
o que perspectivo nesta região Alentejo, mais não é que um pequeno conjunto de interesses e de interessados que persistem em construir a acção política em redor de pequenos interesses individuais ou meramente sectoriais (sejam corporativos ou partidários) em detrimento de uma acção colectiva de âmbito público;
o que sinto é que os próximos anos irão doer ao nível dos quadros regionais, que não sabem, não podem ou simplesmente revelam as suas incompetências, na afirmação das elites regionais; preferem seguir arcos de pretenso poder, em detrimento de construirem o seu próprio caminho, afirmarem as suas opções, definirem o seu sentido;
quando assim acontece, poucos ganhos existem, porque se perpectuam modus de fazer política, de fazer política como, considero eu, não se devia fazer;

da gestão

gerir o que quer que seja deverá levar em consideração, entre muitas outras situações, duas coisas algo distintas;
por um lado, os interesses de quem gere, podem ser particulares ou colectivos, pensados ou dados;
por outro, pensar nos interesses e objectivos de quem é gerido, e aí há uma multiplicidade de pequenos (e grandes) interesses que muita das vezes não são nem convergentes, nem comuns ao comum da organização e, menos ainda, ao primeiro conjunto de interesses;
conciliar uns e outros não é fácil; exige algum conhecimento, alguma experiência, muito bom senso e alguma competência ao nível da gestão de conflitos;
criar um ponto de equilíbrio não é nem fácil nem permanente; aceitar todo este conjunto de circunstâncias é ainda mais delicado, porque implica cedências, partilhas, compromissos;
tudo isto porque hoje troquei ideias com um dos sectores da casa e onde se procuraram ideias, modos e formas de ultrapassar o inultrapassável, a falta de elementos; isto para que um sector não pense que serve outro ou que um outro é superior a outro, ou que outro se sobrepõe a outro;
criar equipas é demasiamente delicado, para que se possa dizer que é complicado; mas começo a sentir que se ultrapassam sectores ou interesses sectoriais e, aqui e ali, pressente-se uma equipa;

segunda-feira, dezembro 11

da educação

finalmente, para encerrar o dia de hoje, tive oportunidade de assistir ao lançamento das actas do 3º encontro de um seminário que tem por designação Aprender no Alentejo;
aparentemente pode parecer algo despiciente uma designação como esta, e perguntar-se que diferenças existirão face a aprender no Algarve, aprender em Trás-o-Montes, por exemplo;
direi, para os menos atentos, que toda a diferença;
não por ser o Alentejo, apenas por ser diferente a forma, o modo, a disposição e o habitus com que se aprende em cada uma das nossas diferentes regiões, das nossas terras;
aprender no Alentejo é, seguramente, diferente do que aprender no Minho, porque a história social e económica é diferente, porque os contextos moldaram interesses diferentes;
que há traços comuns? disso não terei grandes reclamações; mas que é diferente é;
e destaco um dos traços comuns neste aprender regional;
a claríssima promiscuidade saudável entre a educação formal, isto é, a escola, e a educação não formal ou informal, por exemplo nos contextos comunitários, no associativismo, no convívio intergeracional, tudo elementos que progressivamente são atirados para as franjas de uma ruralidade em acentuado desaparecimento mas fundamentais para a criação de laços que tecem um manta de aprendizagens e competências de que carecemos no interior;

do vista

tive hoje a oportunidade de assistir ao lançamento nacional da nova versão do windows e dos seus derivados, respectivamente o windows vista e o mos - microsoft office system;
duas notas dispares;
mais agradável à vista e, aparentemente, mais user frendly; - há que perceber se será mesmo frendly e para que tipo de user - com a microsoft nunca se sabe;
segunda nota, a confirmação que a microsoft já não marca o ritmo, já não puxa a carroça, antes pelo contrário, vai atrás de outros protagonistas, de outras lideranças com funcionalidades recolhidas daqui e dali, nomeadamente do google ,do A9 ou do Mac, ficando, pelo menos para mim e em face de uma apresentação, algo aquém das expectativas;
se a isto se juntar que foi das apresentações mais chôchas a que assisti da Microsoft, fica resumido que precisa de um refresh, de um upload de criatividade e, muito particularmente, de energia;
caso contrário, arrisco a dizer, não chegará ao final da década com o protagonismo com que a iniciou;

da batalha

a batalha naval de ontem :( acertou em cheio num dos navios da frota;
as consequências e a importância deste tiro só lá mais prá frente se irá perceber;
para já, a confirmação que nem em engenharia naval nos safamos;

sábado, dezembro 9

da abertura

o meu amigo Miguel criou uma oportunidade de troca de ideias e de discussão de que há muito sentia saudades;
foi por intermédio de divergência de opiniões e por convergência de vontades que tive oportunidade de conhecer o Miguel e criar aquilo que (permita-se-me o pretensiosismo) designo por amizade (ou, pelo menos, cumplicidade pedagógica);
neste sentido, propos o Miguel a instauração de um dia em que a escola abriria as suas portas e receberia os pais;
provavelmente algo situado entre o "parents day" americano (geralmente coincidente com o final do semestre/período em que as turmas se mostram aos pais, se evidencia o trabalho desenvolvido e se permite um intercâmbio de conhecimentos entre a escola e os pais; algo como uma prestação de contas) e o modelo mais francófono da "aula aberta" (em que os pais e a comunidade é chamada a intervir e a participar num dia "normal" de aulas e se podem perspectivar as inter-relações educativas, perceber o trabalho desenvolvido e entender o ponto de situação de cada um);
tive oportunidade de deixar um comentário que dizia mais ou menos isto:
"já houve circunstâncias em que, fruto de ideias e projectos (pontuais ou mais consistentes) abri a porta não apenas aos pais/encarregados de educação como também à comunidade - ele foram fóruns de estudantes, ele foram conversas de/com história, ele foram dinâmicas parentais em conversas curriculares, ele foram sensibilizações (muito antes das formações cívicas); o que está em causa pode ser, por um lado, a transparência do que se faz na escola, do trabalho do professor, da acção e das inter-relações estabelecidas na e por causa da escola, como pode estar em causa um controlo exterior, a criação de mecanismos de monitorização e de desresponsabilização educativa, como de minimização ou vitimização do professor ou da escola; sei que não será esta última o objectivo, mas reforço o que disse, deve ser, tem de ser competência da escola abrir as portas, franquear oportunidades, tornar claro o que se passa nessa "caixa negra" que tanto serve para denegrir uma profissão como para desculpabilizar famílias ou sociedades, políticas ou comunidades; a escola que defendes, de forte pendor cultural, tem de integrar e não excluir, mostrar e não ocultar, participar e não denunciar, solucionar e não problematizar, reflectir e não denegrir";
ora o que está aqui em causa não é nem a proposta, nem a sua lógica, o que destaco é a capacidade de localmente nos fazermos valer na definição do que deve ser; é por nos escusarmos a isto que surgem ministro(a)s e políticas que acabam por, à revelia dos interesses particulares, definir o que cada um deve fazer;

do pito

estou seriamente desconfiado que este livro designado de "eu, Carolina" irá provocar mais estragos e maior mossa que vários apitos dourados juntos e em simultâneo;
não é uma questão de apito, será, mais adequadamente e bem à moda do Porto, uma questão de pito;

da razão

aprovado que está o projecto, reconheço a mudança para um estado de espírito que se situará entre a angústia e a expectativa;
um balancear entre a emoção (de o projecto estar aprovado e ultrapassada esta fase) e a razão (decorrente dos receios que se levantam para a fase subsequente);
há que pensar que, na generalidade dos casos, um doutoramento não está pensado para quem trabalha fora da academia e tem de gerir múltiplas situações num escasso e apertado espaço de tempo;
terei eu capacidades de gerir estas múltiplas solicitações? terei eu capacidade, espaço e tempo para gerir leituras, produzir apontamentos, criar argumentos e reflectir um amadurecimento necessário a uma prova deste tipo?
serei eu capaz de me organizar para gerir cansaços, fadigas, desapontamentos, obrigações, deveres e devoções?
podemos pensar que sim, quero pensar que sim; mas não posso esquecer que tenho de recuperar um atraso feito de divagações e precalços que me iam colocando em causa a aprovação e que esta só foi conseguida essencialmente com base na teimosia, do que propriamente em argumentos académicos ou qualidades científicas;

quinta-feira, dezembro 7

tá quase

tamos quase no fim-de-semana, ainda por cima coooommmmprriiiiiiiidddooooooo;
vai saber mesmo bem, descansar, não fazer nada (ou quase nada, pois estou certo que aparecerá sempre alguma coisita para fazer);
um dolce fare niente;

quase

escrevi há dias que somos messianicos, que a realidade não nos chega, que temos de contar sempre com o se... ou o mas...
ontem, perante o glorioso,ouvi uma outra, a do quase, estivemos quase, foi quase, faltou o quase;
faltou de tal modo que não tivemos nem arte nem engenheiro para as evidências dos senhores;

aprovado

passou a tempestade;
a seguir a esta virá mais tempestade, mas esta está ultrapassada e já dormi com mais tranquilidade;
não estava preocupado com notas, estava preocupado com a aprovação/aceitação (ou não) do meu projecto de investigação;
está aprovado/aceite;
há agora mais trabalho pela frente, duro, de rédea curta para não me dispersar, há que rectificar alguns aspectos, clarificar alguns conceitos, simplificar aquilo que muita das vezes complico;
mas está aprovado;

terça-feira, dezembro 5

da representação

é engraçado perceber quem, por intermédio da falta de representação e por querer minimizar outros, se desvaloriza a si mesmo e a instituição que representa;
tenho consciência que tenho um modo diferente (não é nem melhor nem pior, apenas diferente) de encarar a coisa pública, nomeadamente as políticas públicas e a acção política de muitos quantos estamos em cargos de nomeação;
agora o que gosto de perceber são os pequenos nadas, silêncios subtis, as indisfarçadas ausências, as singulares contrariedades de quem, ou por que não cresceu ou porque cresceu mal, gosta de vincar posições pessoais utilizando cargos públicos;
não é perceptível? talvez a apenas alguns, de certeza que aos menos entendidos;
e estamos tão cheios desta coisa;

sumaríssimo

ontem estive numa reunião de pais/encarregados de educação do filho;
a agenda, desconhecida de quem se apresentava, tratava de duas matérias caras à escola e aos professores, disciplina (melhor dito, indisciplina) e aproveitamento;
dito pelo Director de Turma (DT) que surgia na sequência das reuniões intercalares, definidas e organizadas pelo conselho executivo, excluindo-se do seu processo, como que demarcando-se dos seus objectivos e das suas intenções;
para além de pai optei, por conveniência académica, por procurar posicionar-me como observador crítico, criando algo como um primeiro teste de observação ao trabalho que pretendo desenvolver;
o que retiro não é nem novo nem exclusivo, seja daquele grupo, seja daquela escola, mas a generalização também pode ser abusiva;
algumas ideias (que considero interessantes sob o ponto de vista da construção de um objecto de investigação):
a. a celeridade processual, decorrente quer da Lei 30/2003, quer de alguma regulamentação avulsa posterior, criou processos que podem ser designados de sumaríssimos, onde, sem se ouvir o conselho de turma, nem o representante dos pais ou dos alunos, se instaura um processo, se define e aplica a pena, num processo que procura encurtar o prazo entre a prevaricação e a pena (qual nalgada pedagógica); mas é um processo que corre o sério risco de criar algumas arbitrariedades;
b. apesar de se sentir no discurso do professor alguma partilha de responsabilidades, particularmente face ao aproveitamento, por intermédio da indicação do esforço e do empenho dos professores e no pedido de trabalho e entrega pelos alunos, é ainda evidente o clarissimo peso da responsabilidade que cabe ao aluno, que se desinteressa, desmotiva, desliga; o professor mantém a sua trajectória, independentemente dos resultados, o aluno é que deverá acentuar a sua dedicação, o seu trabalho;
c. a surpresa dos pais/encarregados de educação pelo comportamento e pelo aproveitamento dos seus filhos/educandos; fica-se com a ideia que existem registos diferentes, pontos de observação que se não são divergentes não serão, garantidamente, convergentes quanto ao trabalho que pais e professores (não) reconhecem aos seus filhos/alunos;
d. como é evidente que, por razões variadíssimas (mas interessantes de perceber) as funções de responsabilização perante o estudo são deixadas ao livre arbítrio do filho, como que forçando a sua autonomia, delegando responsabilidades que, muita das vezes, os próprios adultos não assumem nas suas funções profissionais;
há trabalhos suficientes na compreensão e análise dos níveis de escolaridade dos pais e dos filhos, na criação de laços de perpectuação e continuidade face à escola e à escolarização;
em contrapartida seria interessante perceber a relação que os pais de alunos referenciados como indisciplinados (e aqui essencialmente são referenciados o desinteresse, a desmotivação, a falta de empenho, a distracção fácil, a desatenção, o interromper a aula) tiveram com a escola, com os colegas de escola, com os professores, que têm no seu local de trabalho, a relação de autoridade com os filhos e parceiros e procurar perceber até que ponto existem coortes ou continuidades, permanências ou alternâncias;
tenho trabalho; haja fumo branco amanhã;

da orientação

como professor gosto de trabalhar na área das pedagogias diferenciadas; de organizar o trabalho em face da pluralidade e heterogeneidade de pessoas com que me relaciono;
como pai procuro acentuar e acompanhar a construção das autonomias dos filhos, ajudando e colaborando na formulação da dúvida, no pensar o quotidiano, no reflectir as consequências;
como (ir)responsável público gosto de valorizar as pessoas, de pensar que somos maiores e vacinados, racionais na resolução dos problemas que se nos colocam;
por vezes surpreendo-me com os resultados (bons e/ou maus);
contudo, estamos muito dependentes do outro, da orientação, da sugestão, de um acompanhamento; são anos de cristalização de ideias e de práticas, o pai/mãe que diz o que é permitido, o professor que não permite o erro, o chefe sempre inteligente e conhecedor de tudo, sapiente na sua omnipresença;
resta pouco, muito pouco, para que as autonomias pessoais e profissionais se afirmem;
isto porque considerei deveras interessante ouvir, há dias, uma responsável pela educação dinamarquesa afirmar (na sic notícias) que sentem a necessidade de reduzir as competências ao nível da autonomia e acentuar o nível dos conhecimentos;
constrastes de uma orientação;
ficamos sempre à espera da orientação; a treta é que muita das vezes desorienta;

do messianismo

a monarquia criou o mito por intermédio do desaparecimento de D. Sebastião, Alcácer-Quibir calhou que nem ginjas à pátria portuguesa;
a República alimentou-o quer com o culto romântico do antigamente, o esplendor áureo do ouro dos outros, quer com a esperança adiada de Humberto Delgado;
a democracia, numa espécie de repetição em espiral, não lhes ficou atrás e criou a ideia que com Sá Carneiro tudo teria sido diferente;
as comemorações e os comentários ontem ocorridos assim o perspectivam;
não vivemos sem cultos, não sabemos agir sem pensar como seria se...
a realidade não nos chega;

segunda-feira, dezembro 4

estou que na posso

a tentar preparar uma apresentação de um projecto de investigação, fico sem saber por que ponta lhe hei-de pegar, se lhe dou por cima se por baixo, se da esquerda ou se da direita;
estou que na posso, tenho consciência, entre a dúvida e a ansiedade, a agrura e a vontade de parecer bem na fotografia;
pego em frases, nas principais ideias, e descubro pequenas pontas por onde a comissão de sábios me pode (e deverá) desancar;
agora pouco posso fazer a não ser justificar o que fiz, quais as competências adquiridas, qual a estrutura pensada para os próximos episódios;
e pronto;

da esquerda

sem pretensões académicas, mas ensaisticas (isto é soltas e argumentativas), traço a minha ideia sobre a esquerda no que designo ensaios sobre uma província de esquerda;
ensaio porque pessoal; de província por que parto deste ponto de vista, desta perspectiva (o Miguel diria deste olhar); de esquerda porque insisto e persisto num referencial que situa à esquerda (nas visões tradicionais da vida partidária) a acção do Estado;
não é despropositado, no fim-de-semana vários foram os artigos a opinar sobre o fim da esquerda; hoje, no Público, Eduardo Prado Coelho traça outros argumentos;
acrescento os meus, a partir deste nível de província;
dados:
a queda do Muro de Berlim e a crescente influência dos sistemas de informação naquilo que é conhecido como globalização, deram a impressão do fim das ideologias, em face da criação de um caudilho que não poucas vezes mistura economia com cultura, política com organização, administração com história, mediatização com comercialização;
a tal ponto que autores (Fukoyama, 1992) afirmavam o Fim da História, isto é, de uma dialética progressista e conflituosa que determinava uma relação quase directa entre causa e efeito e que tinha marcado todo o período que vai do primeiro quartel do século XIX até ao final da segunda guerra;
a gestão das organizações e do Estado, a partir dos anos 60 mas com incidência particular no decorrer dos anos 80, deram a ideia e criaram a ilusão da desregulação do Estado, a ponto de políticos ainda no activo afirmaram a necessidade de menos Estado para melhor Estado; era preciso achatar as organizações, prescindir de determinados serviços, considerados supérfluos ou que outros (os privados) poderiam fazer melhor (e mais barado) que o serviço público;
os anos 90 não ficaram isentos de uma lógica de desregulação (quando não mesmo de desregulamentação) que criava diferentes centros para uma gestão mais cuidada da coisa pública, são desses tempos os fenómenos de autonomia e territorialização das políticas públicas, a sectorialização da acção pública, quer na educação, quer na segurança social, mas também na economia e em outras áreas;
o triunfo das "esquerdas liberais" (Blair na Inglaterra, Shroder na Alemanha, Guterres e Sócrates em Portugal, Zapatero em Espanha) criaram a ilusão que se governa à esquerda com lógicas de direita, nomeadamente criou-se um discurso entre os defensores de um conservadorismo Estaticista que dá a ilusão que não há diferenças entre a esquerda e a direita, entre um governo de direita e um governo de esquerda; criou-se a ilusão que os governos socialistas implementam as medidas que governos liberais não conseguiram ou que tiveram vergonha (ou falta de meios/recursos);
a afirmação dos fenómenos associados à globalização dos mercados e da cultura, pode dar a ideia que tendemos para uma homogeneização de ideias e ideologias, que a acção política se fica pela gestão mais (ou menos) adequada de um conjunto de certos interesses;
finalmente e em face deste avanço podemos pensar que a competitividade económica e que se estende à sociedade acentuou (para uns justificou) o reforço do darwinismo social, isto é, fazer valer a lei do mais forte, do mais capaz, a selecção "natural" da acção social, quer por intermédio da avaliação da acção pública, quer pela publicitação de resultados, quer pela criação de fenómenos (naturais ou artificiais) de concorrência inter-sectorial;
o princípio deste século foi marcado por uma aparente horizontalização organizacional (como contraponto à verticalização napoleónica), uma maior flexibilidade (em contrapartida à rigidez funcional), uma maior operabilidade (em resposta à uniformização) todo um conjunto de ideias que ditaram o aparecimento de lógicas (e que alguns consideram como práticas) ditas pós-modernas;
é neste confluir de circunstâncias, marcados essencialmente pelo fim das lógicas dialéticas como motor do desenvolvimento social, da diferenciação como fenómenos de igualização, que as lógicas político-artidárias se têm de afirmar;
e neste contexto um factor determinante e ainda não totalmente percepcionado pela lógica organizacional do Estado, a policentração da sua acção pública, a criação de diferentes níveis (que não são os patamares, onde se pressupõe um acima/abaixo do outro) é um dos elementos fundamentais da afirmação das identidades ideológicas; das lógicas e da cultura que sempre marcou (e diferenciou) um olhar à esquerda;

moleskine

comprei um moleskine dos pequenos, para registos mais simples, mais rápidos;
apontamentos para o blogue ou para a tese, registos soltos, notas avulsas;
mantenho o grande (já vou no terceiro do ano), para registos mais extensos, mais diaristas;

do fim

nunca estamos preparados para a única coisa certa e simples da vida, a morte;
quando acontece até parece que ficamos espantados, surpreendidos, como se fosse evitável;
a rua onde cresci e onde brinquei durante quase trinta anos, vai vendo o seu fim; o largo d'Aviz vê aproximar-se o inevitável; à esquerda da minha casa (da de meus pais) já ninguém está, partiram para sítios incertos com destino certo; à direita iniciou-se a desertificação com a morte de mais um vizinho;
é natural, dir-se-á, mas é o fim e estranha-se;

domingo, dezembro 3

do Natal

pronto, entrámos no mês do Natal, naquele que marca o sorriso das crianças, que constrange os pais, que amedronta os avós, que sustém a economia, que povoa ruas antes desertas, que preenche o vazio da escuridão medieval desta cidade;
e, quase de repente, estamos no último mês do ano, de mais um ano que, volto a escrever, se passou que nem um tiro, nem um fósforo, um foguete, um relâmpago, um ai, um piscar de olhos;
e a vida ganha contornos de acelera;
agora, durante grande parte deste mês - pelo menos enquanto houver dinheiro - é ver as massas a preencher as lojas de supermercado, a cirandear de shopping em shopping, a namorar montras, a sentirmo-nos irritados com tanta publicidade ao Natal, com a porra de vida que não nos deixa sonhar;
para o bom e para o mau é mês de Natal;

da companhia

não é hábito ter visitas em casa e menos ainda para se falar de coisas sérias;
na passada 6ª feira tive o privilégio de ter por estas bandas os colegas (e amigos) daquilo que designamos como a escola de Lisboa - na minha lista de correio num lado estão como sofredores e, numa outra, como grupo do desabafo;
tão diferentes que todos nós somos (começando pelas ideias de escola e de educação, políticas e pessoais, partidárias e conceptuais);
tantas semelhanças, tantos pontos em comum que conseguimos referenciar a partir de uma pequena conversa (sobre modos de estar e agir, de pensar a escola e a educação, de ser professor e de ser cidadão, dos encantos e dos desencantos da vida, das experiências e das agruras, dos sorrisos e das cumplicidades);
foi um ponto alto, pelo qual e independentemente de resultados futuros, valeu a pena o trabalho (a trabalheira) e os sofrimentos de um ano pesado em trabalho, exigente em ideias e em escrita, em políticas públicas educativas;
fiquei a querer mais;