terça-feira, dezembro 28

não esquecer

uma vez que a minha presença por esta lado está algo intermitente, por razões já referidas, lanço publicamente um post it de não esquecer.
O Miguel (agora com novo look, numa procura quase incessante de alternativas, de ideias) fará um ano por estas paragens, a escrever sobre com um olhar dirigido à escola.
Obrigado pela companhia, obrigado pela amizade, obrigado pelo olhar que me ajudas a ter.
Venha mais um, pelo menos.

as últimas

é a última semana do ano, tempo, para muitos, de balanço, de diferenças entre o deve e o haver.
Não me levem a mal, mas abstenho-me dessa contabilidade. E faço-o por duas razões, ambas pessoais.
A primeira é que os balanços são sempre, ou devem ser, pessoais, entre aquilo que foi definido como ponto de partida e o que é desejável como ponto de chegada. Daí ser abusivo da minha parte querer analisar aquilo que não sei de onde partiu nem onde quer chegar.
Segundo, efectivamente o ano que se apresta para terminar não foi bom cá para casa. A saúde e a idade começam a determinar a cor dos dias, o contar do tempo. O melhor balanço a este nível decorreu de uma frase do meu pai que quando ouviu alguém dizer que foi mais um Natal ele corrigiu e disse, foi menos um.

quinta-feira, dezembro 23

críticas

na sequência da ideia anterior, uma outra que ouvi há dias e que me ficou a morder as célulazitas cinzentas, as poucas que tenho.
Disseram que há quem crítique por tudo e por nada, aponte os defeitos, trace o pior dos cenários, o maior das cataclismos mas instado a mudar debate-se na e pela preservação do satus quo, da sua tradição de crítica, na obstinência de que tudo o que possa mudar é ou poderá ser para pior e que mais vale estar como está, pelo menos já se sabe com o que se conta, em detrimento de apostar no arrojo da mudança.
Esta é uma das características do nosso país, da nossa cultura.

fatalismo

tenho que agradecer os comentários colocados na minha posta anterior.
Considero eu, de acordo com a minha interpretação, que não são nem contraditórios, nem opostos.
Não me considero um fatalista, um caso acabado de impossibilidade de actuar, de agir, de contrariar situações. Mas reconheço que a minha visão do mundo, este meu olhar, é por muitos designado de pessimista - eu prefiro realista.
Não deixa de ser engraçado que o Paulo destaca da minha escrita o fatalismo mas também a condição de o ultrapassar, a esperança de lutar contra os "fatalismo".
Esta é uma ideia que há muito defendo, a solução, as hipóteses de futuro estão em nós e não existem exteriormente ao contexto do problema. É exactamente nesta referência que considero (e prezo) a cumplicidade criada com o Miguel.

quarta-feira, dezembro 22

alternativas

em face de um eventual balanço das reuniões de avaliação uma ideia marcou presença constante na minha cabecinha.
O que pode e deve fazer a escola, entendam-se docentes, elementos da gestão, pais/encarregados de educação eventualmente autarquia, para além, obviamente das estruturas do ME, para ultrapassar o desinteresse dos alunos, o seu manifesto alheamento em face de realidades tão divergentes quanto dispares, a ausência de objectivos que passem pela escola?
Isto porque e em resultado das reuniões de 1º período, decorrido pouco mais de dois meses de aulas (em virtude do caricato que foi o arranque deste ano lectivo) um aluno excluído por faltas (fora da escolaridade obrigatória), 4 ou 5 com excesso de faltas à generalidade das disciplinas (mas dentro da escolaridade) e 5 ou 6 alunos com mais de 8 níveis inferiores a três, tudo isto num universo pessoal de pouco mais de 170 alunos. Talvez números irrisórios, percentagens desprezáveis, apenas danos colaterais. Não o considero assim. E por não o considerar permitam-me perguntar que andamos nós a fazer por estas paragens, que circunstâncias definimos nós para não vermos que é um futuro que se hipoteca, quem somos nós para fingir que está tudo bem, que o problema não é nosso?
Que não temos as melhores condições? é verdade. Que estamos saturados? mais ainda. Que o modelo organizacional de escola está desajustado? concordo. Que não podemos fazer mais? não concordo. Há espaço, oportunidade, condição e legitimidade para lutarmos por um outro sucesso. Temos de criar alternativas e deve ser a escola a criar essas alternativas.

domingo, dezembro 19

intermitente

em virtude da época, dos preparativos da festa e, essencialmente, decorrente da pausa pedagógica este espaço será actualizado com alguma intermitência, tal qual as luzes da minha árvore de Natal, entre o apagado e o acesso, a mudança das cores, o brilho das luzes.
Já agora aproveito para desejar a todos aqueles que por aqui passam e que resistem obstinadamente a lerem-me um FELIZ NATAL e uma pausa reconfortante. Portem-se bem... se puderem.

reforço

entre o faz-de-conta que, estou certo, muitos se recusarão a acreditar e menos ainda a assumir, há constatações em que alguém me pergunta no meio de uma das reuniões de avaliação, entre o surpreso e o incrédulo, se ainda acredito no Pai Natal.
Acredito, quero continuar a acreditar e trabalho para que acreditemos. Vale a pena acreditar. Quando não acreditar mudo de profissão.

reunião de pais

apesar de estarmos em época de avaliações, balanços e coisas que tais, hoje, a partir da paixão, dei com o blogue reunião de pais, de uma colega que, deste modo, abriu um espaço que considero determinante para a escola, para a sua afirmação e para a criação das necessárias pontes entre pais e professores, afinal estamos interessdos no mesmo, no sucesso e no futuro sejam filhos ou alunos.
As temáticas são deveras interessantes e o olhar permite encarar o processo sob múltiplos aspectos, alguns que por vezes passam despercebidos.

sexta-feira, dezembro 17

informação

fui hoje informado do resultado do concurso para directores de serviço da DREAlentejo, ao qual fui oponente.
Obviamente excluído.
que a nomeação é política até aceito e concordo, não esperava é que fossem tão evidentes, tão descarados na argumentação da nomeação dos seus orange boys.
o futuro governo irá trabalhar com estes senhores, não tem outro remédio, e estou certo que os agora nomeados terão o descaramento de ali permanecer, obviamente que por razões técnicas, dirão eles como autojustificação.
tá bem tá.

reuniões

começo hoje as reuniões de avaliação.
a preocupação dos meus colegas é que falemos pouco, não é por uma questão de errar pouco, é para que nos despachemos depressa.

quarta-feira, dezembro 15

ensinar e aprender

há dias cruzei-me, na minha escola, com um colega de lides passadas. Entre a admiração do encontro ali e naquele momento e o matar a curiosidade de alguns porquês, tão rápido quanto um intervalo permite, fiquei a saber que está na Inspecção, isto é, é inspector.
De figura constrangedora a imagem repressiva (dadas as suas origens e os seus objectivos) nada condiz com a ideia da inspecção que, por força de uma relação passada, construi sobre a inspecção e o inspector (pode ser que esteja, como em muitas outras coisas) enganado ou errado.
Eu digo do porquê.
Estava eu há pouco tempo num órgão de gestão e com pouco mais de uma mão cheia de anos de serviço, quando tenho o privilégio de conhecer a acção da inspecção e o trabalho de um inspector em concreto.
Entre as conversas oficiais e uma relação oficiosa (a intervenção durou pouco mais de uma semana) que a partir dali se estabeleceu, muito eu aprendi com aquele senhor de quem guardo, ainda hoje e sempre que tenho o prazer de o encontrar, uma saudade e um reconhecimento quase que de aluno dedicado.
Muito do que sei sobre a gestão a ele o devo, muito do que aprendi sobre a lógica de funcionamento da administração pública foi com ele, muitos dos modos de entender e tratar com a máquina burocrática da educação a ele o devo.
Pela necessidade e pela curiosidade que em mim despertou passados poucos anos e ainda em exercício de funções senti necessidade de aprender um pouco mais e iniciei um percuro (de formação e aprendizagem) que ainda hoje não abandonei, o de conhecer e compreender as lógicas de interacção da escola.
Obrigado, inspector.

terça-feira, dezembro 14

argumentos

puxo para este meu espaço um conjunto de ideias (mais um) onde se procuram afirmar pontos de vista.
Uma das coisas que gosto no Carlos é a sua afirmação, sem intransigências (pelo menos até ao momento) do seu olhar mais à direita ou talvez ele prefira sem sítio próprio de se estar, apenas na defesa de um outro olhar da escola.
Apresenta argumentos onde procura contrariar o meu olhar da escola. Deixo o meu comentário com o pedido de leitura às ideias expressas pelo Carlos:

... na generalidade e em face das afirmações, de alguns dos argumentos utilizados, até quase que concordo. Contudo tenho de acrescentar o que o Carlos há muito sabe, é que para além da história, das línguas, das ciências e de todas as outras disciplinas também se ensinam relações, modos de ver e interpretar o mundo, de construir o conhecimento e de nos construirmos como pessoas, como diz e bem o Miguel. A treta é que querer fazer isso sem considerar que a escola é "um palco de poder" (como afirmas e bem) é querer ignorar que ali se expressam relações de poder, de afectos, de amizades, de conhecimentos, onde uns e outros procuram o seu lugar e o seu espaço de afirmação. Querer que isto se fique pela amizade é simplesmente exigir a preponderância, a supremacia de uns perante outros, é assumir que uns são melhores que os outros. É querer fazer o que a direita há muito pugna em Portugal, que há um modo correcto, adequado de fazer as coisas. Ora eu considero que há muitos, alguns até divergentes, por vezes contraditórios, mas tão correctos quanto a honestidade e a simplicidade de quem quer fazer.

E que a troca de ideias continue, a escola agradece. E eu também.

avaliação

é um papel complexo, complicado e delicado este de avaliar.
A tradição portuguesa faz com que a avaliação seja olhada como um mau presságio, uma ave de mau agoiro, algo acessório e muito, muito pessoal.
Não tenho este entendimento da avaliação, nem, em particular, do processo que a ela conduz.
É um momento crucial no equacionar do nosso trabalho, do meu trabalho, do seu impacto e dos níveis de aceitação.
Tenho consciência que não chego a todos, que não agrado a todos, que sou imperfeito e incorrecto, mas não quero nem posso ser injusto, o que seria um dos meus pecados mortais.
Ao contrário do hábito não me fecho na minha redoma inacessível de avaliador inquestionável. Discuto, debato, troco ideias com os alunos, hesito, avanço e recuo de acordo com os argumentos, com a sua validade e pertinência, levo em conta aqueles que são o alvo e o centro de todas as atenções.
Apesar de procurar evitar arbitrariedades, ultrapassar algum do carácter discricionário e aleatório do processo de avaliação, no final fico sempre com a certeza que podia (e devia) ter feito mais e muito melhor.
Há que preparar o próximo período e rectificar o que correu menos bem, procurar chegar a quem não cheguei e alcançar onde agora não consegui.

de lembrar

para que a memória não seja curta, a partir de um ou de outro olhar é importante recordar o que foi feito, qual o papel definido e pensado quer para as escolas, quer para o professor que uma coligação tentou vender ao país (desde a gestão profissional, aos currículos, à avaliação, ao estatuto do professor e do aluno...) e de quais as propostas que podem aparecer e aquelas que, com sentido e pertinência, podem ser úteis à construção de uma ideia de escola pública portuguesa.
No meu entendimento será esta a principal questão de um debate - a ideia de escola pública - a partir da qual podemos e devemos discutir papeis, funções e atribuições, organização e complementaridades, princípios e objectivos.
Tudo o mais é, em meu entender, acessório.

segunda-feira, dezembro 13

depois de um nome já ventilado para possível ministro (no caso das finanças, que tenho sérias dúvidas que possa vir a ser) uma pergunta que sei de antemão impertinente, e para ministro da educação, quem se disponibilizará?, quem poderá ser? aceitam-se ideias/apostas.

avaliação

comecei a trocar ideias com os alunos sobre a avaliação, deles e minha, o que correu bem, menos bem e mal.
Depois de estranharem um método em que o professor não dá aula, mas apoia a construção do conhecimento, há a ideia que se devem corrigir alguns aspectos e colmatar a carência que sentem das aulas expositivas, isto é o stor dar algumas aulas.

domingo, dezembro 12

constatações

para além de chamar a atenção para os comentários referenciados na posta anterior, apresento também alguns pontos que podem ser passíveis de discussão, esta mesma ideia que aqui me traz e pela qual há muito me bato.
Antes de mais dois princípios fundamentais no meu modo de entender a escola:
- a escola e a educação são assuntos demasiadamente importantes para serem deixados ao uso (e algumas vezes abuso) exclusivo dos professores;
- o entendimento de uma correlação positiva de quanto maior a transparência e a visibilidade do que se passa na escola, ou noutro local qualquer, maior a legitimidade na afirmação do que são as qualidades de um trabalho educativo, das exigências e rigor do trabalho docente.
Após estes princípios reiterar duas concordâncias com o José.
Primeiro, reforçar a ideia de que efectivamente e infelizmente a escola está exageradamente fechada sobre si mesma (não é a primeira vez que escrevo sobre isso) circunstância que condiciona muito o trabalho que se desenvolve e tem sérias implicações no reconhecimento (seja do mérito seja do demérito) do que ali se faz. Daí concordar com críticas que já me fizeram sobre o eduquês, não na maneira como me as fizeram.
Segundo, que falta uma ideia de escola em muitas das nossas escolas que favoreça o debate e a troca de ideias, a construção de opiniões sobre o que é a escola o que é que pretendemos dela, qual o seu papel num dado contexto específico. Esta ausência de uma ideia de escola faz ou contribui para que toda a discussão existente seja marcada ou pela fulanização ou por meros ataques individuais, geralmente com afirmações de puro sarcasmo ou ironias deslocadas. Ora se falta uma ideia de escola não pode existir, de forma plena, um sentido de democracia e de participação - muitas vezes a participação é vista como obstáculo, impedimento ou impecilho ao que alguém pretende impor como vontade unilateral.
Agora, duas ideias que não indo contrariar o que o José escreveu, procuram espaços de afirmação.
O problema é que na generalidade dos casos as pessoas que se relacionam com a escola (pais/encarregados de educação, autarcas e demais políticos, entre outros) apenas se interessam por aquilo que se ali passa em momentos e/ou situações específicas - conflitos, divergência de interesses, eleições, etc., circunstância que também não favorece uma troca razoável e estável de informação, de comunicação entre as partes.
Neste sentido, que mecanismo podem ser desenhados para que a informação circule necessariamente por onde existe interesse e interessados? que informação veicular numa perspectiva de estabelecer graus e níveis de comunicação entre as partes de um todo?
Finalmente - este deve ser uma das minhas postas mais longas - há muito que me bato por uma arquitectura diferente, por uma outra utilização do espaço, por uma outra distribuição dos tempos que permita ou pelo menos facilite a comunicação entre elementos, a estruturação colectiva (conjunta, em equipa) do trabalho docente, a estruturação de projectos, o próprio trabalho de projecto, como é possível definir outros níveis de utilização dos espaços, que medidas definir para apoiar a diferenciação?
Tenho, ao que apresento e ao que pergunto, duas ideias que carecem ainda de muito aprofundamento e alguma fundamentação, por um lado a territorialização educativa (o Miguel chama-lhe escola cultural) outra a formação em contexto.

mais do mesmo

não é o blogue com este nome, não senhor, são mais um conjunto de comentários, quer um, quer particularmente este outro, que estou certo dariam pano para mangas, quer na apresentação de outras ideias, no rebate destas, na sua concordância ou simplesmente e como refere o Gustavo, no seu contraditório. Para já é de ler e discutir se assim entender ou for esse o caso.

sábado, dezembro 11

nomeações

a Direcção Regional de Educação do Alentejo, à revelia do mais simples e banal princípio de direito democrático, apresta-se para lançar as nomeações dos directores de serviço.
Isto após um concurso onde a descricionaridade e a arbitrariedade foram notas dominantes, onde poucos, muito poucos conheceram ou tiveram conhecimento de quais as regras de avaliação das propostas, os critérios de seriação ou de selecção.
E depois os senhores dizem que ocupam lugares técnicos ou técnico-pedagógicos. Pois, tá bem tá.

comentários

já por mais de uma vez eu e outros referimos a importância e a pertinência de alguns comentários, alguns dos quais dariam origem a outras ideias, a outras escritas.
Porque considero deveras pertinente a referência e já que faço chamadas para quem me zurze, é também de toda a justiça, digo eu, chamar a atenção de quem por aqui para passa para este comentário do José Teixeira.
Acreditem, vale bem a pena, percebermos que existem outras ideias e outras práticas, que não somos todos iguais, que as diferenças são fundamentais, como fundamental é conhecer esta pluralidade de ideias e práticas que a todos enriquece, ou devia enriquecer.
Obrigado ao José.

sexta-feira, dezembro 10

desconhecimento

as situações antes descritas (na posta mais abaixo) ficam ainda circunscritas e delimitadas pelos muros da escola e pelo conhecimento restrito de quem domina a linguagem (o tal eduquês); provavelmente será isso mesmo que deve de acontecer, provavelmente aquilo que em algumas situações ou casos pode ser designado de confusão, conflito ou desentendimentos deverá ficar por aí mesmo, por esse local onde acontecem, delimitados pelos interessados e visados no caso.
Mas desculpem-me lá perguntar:
será que a (co)relação de forças seria diferente se os pais soubessem e
opinassem em face dos desentendimentos entre um órgão de gestão e uma direcção
regional?
será que a comunidade que é servida pela escola não será merecedora de
perceber e conhecer os problemas e as situações com que uma escola e em concreto
um órgão de gestão se depara na gestão da escola?
será que a escola não deve participar, prestar contas à comunidade que
serve, aos pais e alunos que atende, em face do seu modo de funcionamento, à
articulação de sectores, aos projectos existentes ou extintos?
provavelmente sou eu que estou desfocado neste meu olhar.

barafunda

numa pequena conversa de rua, entre um e outro colega que encontro a ver montras, tomo conhecimento (ou consciência) de como vai a nossa escola.
Numa, os órgãos da escola (conselho executivo, conselho pedagógico e assembleia de escola) apresentaram a sua demissão, colocaram os lugares à disposição da direcção regional em face das realções que não se conseguem estabelecer, das desconfianças, das várias tricas e intrigas que se desenvolveram nos últimos tempos e que agora fizeram transbordar o copo [segundo ouvi dizer não é a única a nível nacional, ainda que seja a única na zona a tomar esta atitude].
Noutra, é o responsável dos serviços de administração escolar que se desvincula das suas competências, invocando desentendimentos e atritos com o órgão de gestão.
Numa outra ainda são-me revelados pormenores da prepotência e da arrogância de elementos de um órgão de gestão, que constrange ideias, oprime projectos, condiciona o trabalho docente.
Pessoalmente quero acreditar que são apenas pontos neblosos de uma constelação mais vasta e ampla e que não posso, e não devo, tomar o todo por este pequeno apontamento de algumas das suas partes;
Mas que será algo elucidativo de como está a educação, isso também é.

satisfaz

o filho teve um satisfaz em ciências. Segundo a professora um satisfaz alto, quase, quase satisfaz bastante.
Então não é que foi o bom e o bonito cá em casa.
Foi o primeiro satisfaz do rapaz, mas o suficiente para ele ficar como nunca o tinha visto antes, chateado até à medula, e quase, quase dar o fanico à mãe.
Por vezes, por muito que não o queira, por muito que o evitemos e possa dizer o contrário, fico surpreendido com o resultado da educação, com as personalidades que se criam, com as motivações que se incentivam.
Tudo por que não gostou de mudar de turma - de ser mudado de turma - e quer mostrar que se enganaram.

tempo

... é coisa que tenho por hábito não dizer que me falta. Muito pelo contrário, o meu hábito é afirmar a quem diz que tem falta de tempo que o tempo é o que dele fazemos.
Mas entre a preparação das avaliações, as atarefações de Natal - prendas, almoços ou jantares - sobra-me pouco tempo para vir a este espaço trocar ideias, deixar opiniões, alimentar um vício.

terça-feira, dezembro 7

objectivos

volto à liça, a dar o corpo ao manifesto e a apresentar o flanco à discussão de ideias sobre a escola.
Isto a propósito de ideias para uma campanha eleitoral que procurem ir para além do eduquês e que são estimuladas por outros olhares.
Para além da opinião, um ou outro objectivo, no sentido de enquadrar ideias e criar um sentido à escola (ao trabalho que nela se desenvolve e que não é apenas docente).
três objectivos, estruturantes a uma política educativa nacional:
criar as condições necessárias e suficientes para que, no espaço de uma legislatura, a escolaridade mínima obrigatória abranja a totalidade da população em idade escolar;
apoiar e reforçar os mecanismos de educação, escolarização e formação para que no espaço de uma legislatura pelo menos 80% da população em idade de escolaridade de nível secundário esteja na escola ou seja abrangida por oferta formativa de natureza qualificante;
É verdade, reconheço e assumo, é eduquês, talvez não no seu melhor, apenas sob um ponto de vista, uma perspectiva, um olhar que é enformado pelo gosto da inclusão, pela diferenciação e discriminação, pelo reforço e privilégio da formação (inicial e contínua) e pelo claro sentimento de necessidade de apoio ao docente, à escola na institucionalização destas ideias. Muitos somos poucos para a escola deste século.

conversas

no final da manhã, num buraco do meu horário, troquei ideias com uma colega sobre culturas e climas de escola, a propósito de um trabalho que desenvolve no seu curso de mestrado.
Pela hora de almoço, entre o despachar ideias e actualizar registos, troquei conversa com uma colega sobre as metodologias e estratégias que adopto (pedagogia diferenciada, ao nível de objectivos e processos).
Entre uma e outra das conversas um elemento comum me suscitou a escrita, me despertou outras ideias, a de que a escola está preparada, na generalidade dos casos, para dar aulas e muito pouco mais. Que os professores sentem necessidade de mudar, de mudar práticas, de equacionar modelos, de pensar estratégias, de redefinir a sua prática lectiva e profissional mas que, volto a sublinhar que na generalidade dos casos, as escolas não estão preparadas para dar este tipo de resposta, ir ao encontro de anseios ou de outras necessidades do professor que possam ir para além do normal dar aulas.
Sei que existem outros (bons) exemplos mas nas escolas por onde tenho andado não há uma sala de trabalho para que os professores possam organizar acções, actividades, preparar aulas, trocar ideias sobre práticas ou experiências, falar fora do rebuliço da sala de professores ou fora de uma ordem de trabalhos de conselho de turma.
Na generalidade dos casos as bibliotecas estão atravancadas de gente, de barulho, de aulas, que os centros de recursos são espaços de aula. E pronto, não há mais, não há alternativas. E estas não têm de ser definidas exteriormente à escola, têm e devem de passar por opções da gestão, exigências dos professores, projectos de necessidades.
Há coisas que seria tão fácil mudar.

segunda-feira, dezembro 6

As preocupações docentes são, na generalidade dos casos, por demais evidentes. Ainda que estejamos preocupados sobre outros assuntos de momento ou eventualmente distraídos com alguns temas de moda, o certo é que o olhar docente recai naqueles que tem habitualmente pela frente e que são a sua única razão de ser, os alunos.
A votação disponibilizada no sítio do Jornal A Página da Educação é disso evidência e destaque. Entre concursos, estatuto, lei de bases ou a formação o destaque tem sido dado ao sucesso do aluno.

domingo, dezembro 5

do eduquês

são riscos que se correm, estes de tomar posição, assumir partidos, apresentar ideias e dar sugestões.
Se são úteis, pertinentes, interessantes, viáveis, necessárias, práticas isso poderá ser outra questão. Contudo, tomar partido, assumir posição, apresentar ideias e debater opiniões isso tem o seu quê de risco, de arriscado.
Assumio há muito, como o assumo agora.
Na posta anterior é deixado o comentário que é o eduquês no seu melhor. Sinto-o como um elogio que provavelmente não pretenderá ser. Elogio uma vez que falo uma linguagem própria da minha profissão - a de professor - e que me é atribuído um destaque que não procuro, a de educador.
Afinal, falo eduquês, mas a mensagem passa exactamente como é pretendido. Só me sinto reconhecido.

ideias

não resisto à tentativa de propor ideias, apresentar sugestões do que pode ser a escola (básica e secundária) em face de um programa eleitoral.
É isso que aqui faço há um ano a esta parte. Crítico, debato, apresento ideias e opiniões. É chegada a altura de também construir, apresentar outras ideias, participar no debate.
Como elemento estruturante não há que esquecer o meu olhar e o meu posicionamento político e pessoal, à esquerda, social, inclusivo, participativo, diferenciador, regulador, discriminador, potenciador, facilitador tudo formas e modos que condicionam este meu olhar a escola, esta minha forma de propor ideias.
Este um primeiro acerto de algumas ideias, mais tarde surgirão outras, outras propostas, ainda sem explicações, ficar-se-ão para mais tarde:

  • territorialização das políticas educativas;
  • reforço, mediante definição e contratualização, das medidas das autonomias das escolas;
  • definição de componente do currículo (em percentagem e modo a definir) pela escola;
  • reforço das componentes municipais de educação (transporte, acção social escolar, actividades e acções complementares, formação, equipamentos e recursos físicos e apoios);
  • revisão do modelo de apoio educativo da acção social escolar;
  • descentralização - para as escolas e para as estruturas desconcentradas do Ministério da educação - de medidas de apoio educativo, definição e implementação de projectos, equipamentos e instalações;
  • reforço das equipas de apoio educativo e ensino especial ao nível concelhio;
  • generalização da banda larga no acesso à Internet na escola;
  • apoio - em sede de IRS - a docentes e famílias no que se refere a gastos com Internet, equipamentos ou recursos tecnológicos;
  • definição, mediante contratualização, de um plafond de recursos humanos a serem utilizados pela escola em face de necessidades específicas ou de projectos de interesse municipal, pedagógico ou de formação;
  • reforço dos poderes da assembleia de escola, para definição de políticas educativas de base local;
Mais tarde aparecerão outras ideias.

sexta-feira, dezembro 3

enfim

chegou mais um fim-de-semana.
Que seja aproveitadinho até ao ossinho.

quinta-feira, dezembro 2

apostas

entro no claro e assumido domínio do especulativo ao propor a aceitação de apostas sobre qual será o papel da escola, da educação e da formação no período de campanha eleitoral que se avizinha.
Qual o destaque a ser dado às figura do professor? quais os objectivos em termos de territorializações educativas, autonomias, entre muitos, muitos outros aspectos possíveis de considerar.
Relembro que irá decorrer de modo coincidente com os concursos docentes, com a publicação de resultados internacionais (OCDE ou União Europeia) sobre o estado da educação.

sem comentários

quem sabe do que escreve dá-se ao luxo de escrever coisas destas:

O problema é que o praticismo domina a generalidade dos
professores, técnicos, burocratas e investigadores. Há uma cultura da prática conceptualmente vazia.

Sem comentários.

Não posso estar mais de acordo com o Miguel. Abundam os pedidos de ajuda práticos, as soluções por medida, o sucesso em 3 lições, quando é impossível
uma coisa dessas acontecer, tal a quantidade de casos, situações e pessoas
que são abrangidas, as leituras e interpretações feitas, os interesses em
jogo, os objectivos definidos, etc., etc.


quarta-feira, dezembro 1

sentido

há uns anos atrás a escola fazia sentido, para quem quer que fosse. Era um espaço destinado a ser e a assegurar, enquanto ritual de passagem, a possibilidade da afirmação social ou de ascensão económica, ou, ainda, de progressão pessoal.
A escola permitia a ascensão social, entrava-se como um zé-ninguém e podia-se sair um senhor doutor ou, no mínimo, com uma profissão. Foi assim que se formaram ordas de gerações que hoje ocupam os lugares intermédios da administração pública ou são os detentores de uma pequena iniciativa privada que arrisca, de electricista, contabilista, etc, etc.
Esta ideia de escola é um sonho perseguido malfadadamente por todos quantos têm sido ministros da educação deste país na democracia de Abril.
Nesta ideia de escola, que enforma também muitos docentes, não há necessidade de motivação. Ela é quase que intrínseca à pessoa, move-se por ela em face de objectivos mais ou menos visíveis, mais ou menos alcançáveis.
Agora os tempos são outros e a grande questão da escola está, talvez, digo eu, no questionar das coisas, num questionar orientado e enquadrado pela escola, na construção de um sentido das coisas, na procura de objectivos, na definição desses objectivos, hoje muitos instáveis, voláteis, imprecisos, inconstantes.
Daí divergir de um colega com o qual tenho partilhado ideias e opiniões, pontos de vista e escrita. Estou certo que esta minha posição não aquece nem arrefece, mas não posso deixar de partilhar desta sua motivação. Ou da procura dela.

terça-feira, novembro 30

recorrente

mais do que comentar esta posta do Miguel, a partir dela permitam-me questionar, desculpem lá, corrijo, pensar alto, se os temas educativos não serão recorrentes, se as preocupações não estarão excessivamente autocentradas, se os problemas não serão de origem umbilical.
A senhora ministra no pouco que disse nada acrescentou à discussão da e sobre a escola pública. Limitou-se a assentuar a necessidade de autonomia (até parece que se quer ver livre das escolas) e a abordar o acesso à carreira docente. Será que há mais temas? será que existem outros problemas?
Nas escolas o trabalho decorre normalmente, a blogosfera reflecte exactamente essa normalidade.
Apesar dos atrasos, dos contratempos, dos percalços o trabalho flui, como fluem as preocupações habituais - o desinteresse dos miudos, a indiferença face ao trabalho escolar, o baixar níveis de exigência de modo a garantir a ausência de perguntas difíceis, o preencher impressos de forma rotineira, qual funcionário de uma qualquer repartição pública, as reuniões debatem o debatido e morre-se na praia em face do cansaço, do esgotamento das ideias e dos temas, fazem-se testes normalizados, para uma avaliação estandarte, para pessoas que são diferentes, definem-se objectivos longe dos interesses e mais longe ainda dos interessados.
Mas de resto tudo normal e este desabafo, tal como o do Miguel, mais não é que fruto de algum cansaço de quase final de período.

nocturno

passou por este espaço, e não só, um apontamento nocturno, pessoal que sabe jogar com a dubiedade do seu nome, novo na noite, e neste espaço.
Foi um espaço por onde passei no ano lectivo anterior, com uma realidade que pude constatar, quer em função das necessidades de uma oferta complementar/alternativa, como das carências (linhas de orientação, apoios, recursos) e de alguma desorganização que marca este ensino muita das vezes esquecido.
Fico a aguardar as ideias, as propostas, o pensar em colectivo a que se propõem

domingo, novembro 28

vale a pena

A partir do abrupto encontra-se um novo espaço industrial, indústrias culturais.
Vale a pena.

companhia

Em face da minha última/anterior posta, vale sempre a pena a companhia e a amizade que por estas bandas se constroi.
Vale a pena.
Por mim cá continuo a dar erros, uns mais graves que outros, mas procuro não dar nas ideias ar e menos ainda cuspir para o ar, é que pode cair em cima do próprio.
Obrigado.

já agora, à colega whiteball, um obrigado reforçado pela insistência. Obrigado.

obrigado.

obrigado.

obrigado.

sexta-feira, novembro 26

de passagem

alguém de passagem por estas paragens me adverte da hilariedade do meu texto, deste espaço. Afirma o carácter hilariante de ser um professor a escrever e simultaneamente triste em virtude dos erros ou da falta de tempo para rever o texto - penso ser indiferente se são erros de origem gramatical ou ortográfica.
Quem, recém chegado a este espaço me adverte, certamente que apenas procura dar o seu contributo para uma discussão sobre a escola e manifestar, dessa forma, a sua opinião às ideias expressas, ao texto descrito, áquilo que procuro transmitir, fazer chegar a colegas e a outros parceiros de viagem - é certo que nem sempre consigo atingir estes objectivos, assumo limitações.
Mas penso desnecessário um certo achincalhar de ideias, um baixar de nível que penso, peço desculpa se erro, não ser a intenção de quem comenta, crítica ou se manifesta em sentido contrário.
Assumo e reconheço muitos dos meus erros, de algum pretensiosismo de escrita, de alguma verborreia de ideias. Que escrevo quase sempre à flor da pele, com emoção, e que, efectivamente, não revejo os meus textos (lá terei de o passar a fazer).
Mas estes espaço é mesmo isso e é mesmo assim. Feito de emoções e paixões, de algumas razões e, sempre que possível, de muita discordância, de direito ao contraditório, de manifestação da pluralidade de opiniões e emoções. Afinal de toda a massa da qual é feita a escola.
Bem vindo, quem vem por bem.

distância

em face de obrigações e complicações fazem-se notar as distâncias daqueles que são para mim imprescindíveis para entender a escola e a educação.
Mesmo eu, peça dispensável neste processo de construção mais pessoal, sinto pouco apetite de por aqui passar, dou por mim quase sem estórias nem argumentos para deixar impressões.
enfim, frutos de uma época.

bloqueio

hoje de manhã, ao deixar a filhota na escola (1º ciclo) fui informado, pela própria coordenadora em pessoa, que a partir da próxima 2ª feira os pais não poderão entrar no recinto escolar. Ter-se-ão que deixar as crianças à porta e elas se encaminharão para as respectivas salas.
Não tenho nada a obstar (?!!?) uma vez que apenas à 6ª deixo a filha junto à porta da sala, nos restantes dias, como tenho que ir deixar o mais velho a outra escola, opto por a deixar um pouco mais longe e ela faz o restante percurso a pé.
Obviamente que a senhora garantiu, naquele pequeno espaço de tempo, conversa e impressões para todo o fim-de-semana.
Ela argumentava com a legislação, com o que está legislado, ela dizia que era para bem dos pais e das crianças, mas nada invalidou que inúmeros pais se insurgissem, reclamassem, contra-argumentassem.
Face a esta situação tenho pena de duas coisas. Por um lado que a escola do 1º ciclo copie os maus exemplos do ciclos seguintes, numa eventual equiparação de reconhecimento escolar e social para mim perfeitamente desnecessário e desadequado.
Segundo, que a escola se feche cada vez mais sobre si mesma, tornando-se opaca e com isso criando e dando azo a todos os comentários, críticas e suspeições.

quarta-feira, novembro 24

confusão

no meio da rua desta cidade cruzei-me com duas colegas do tempo em que passei pela direcção regional. Elas já lá estavam quando por lá passei e por lá continuam assumindo funções técnico-pedagógicas.
Na troca de comentários e no colocar a escrita em dia confirma-se a ideia que esta estrutura político-administrativa é isso mesmo, política e pouco ou nada administrativa.
Segundo rezam as crónicas ninguém se entende. Os que se entendem, sejam do governo anterior ou do actual, foram separados entre andares ou edifícios, para que não haja dúvidas da necessidade de dividir para reinar.
Só falta saber se as senhoras do poder, aquelas que estão no pedestal da direcção, ainda se entendem. Politicamente tenho as mais sérias dúvidas. Como mulheres nem tanto.
A treta é que a caravana passa e o pessoal, nas escolas, nem se apercebe destas guerras, das trafulhices, da política administrativa, do jogo de poderes, da troca de influências. Como nem uns nem outros percebemos que uns e outros andam a fazer.

multidão

hoje foi dia de corta-mato escolar. Dia cheio para muitos.
Escola cheia de gente, arredores cheios de gente. Gente que veio das três escolas existentes, uma secundária, uma EB2/3 e um colégio salesiano com 2º e 3º ciclo.
Um colega de Educação Física com quem habitualmente troco ideias e com quem me entretenho na conversa, mostra-se entusiasmado. A organização está impecável. Ali o prof. pouco tem a fazer, a câmara faz praticamente tudo, o prof enquadra a rapaziada.
Ausência mais notada? alguns profes de educação física que, um, por ser dia livre não esteve para aparecer e, outro, por que é gente a mais. Pronto. Tábem.

aniversário

hoje é dia de anos de uma das pessoas que mais me marcou na vida, enquanto pessoa e enquanto profissional do ensino.
Nunca o conheci, apesar de ouvir as suas palavras, ler os seus pensamentos, conhecer o seu estado de espírito e o seu sentido profissional.
Chama-se Rómulo de Carvalho ou António Gedeão, conforme a ocasião.

presença

a partir deste comentário não resisti e marco a minha presença, numa troca de saudades, peço desculpa do pretensiosismo Ana Carina.
Não estou em casa, junto da lista dos meus endereços, vai daí utilizo este meio para dar conta de peripécias passadas e que elas sirvam, pelo menos, para ajudar a perceber o que é este mundo, o que é a escola, o que é a docência.
A Ana Carina foi uma colega estagiária que se defrontou com um colega director de turma que quase tudo permite e desculpa aos alunos, que vê neles um sentido de se estar na escola e na educação. Obviamente que há pontos divergentes, que apesar de podermos concordar em muitas coisas, há pequenos (ou grandes) pontos que permitem a divergência e com isso o equacionar de alternativas. É ist oque faz a vida.
Que estejas bem e feliz. Mais não será necessário. Digo eu...
é verdade e as caralhotas;)))

terça-feira, novembro 23

trabalheira

uma turma de 8º ano entra devagarinho e às pinguinhas na sala. É um final de tarde de um dia sempre demasiado comprido.
Arrastam cadeiras, batem com mochilas, trocam galhardetes como se o setor ali não estivesse, não existisse.
Deixo-os ir, com o à vontade próprio de quem não lhe apetece ali estar. Contrariar as criancinhas pode descambar em traumas de adolescência indefinida, com possíveis sequelas indiscritíveis e não quero participar nesse ciclo pernicioso.
As vozes aumentam de volume, os comentários jogosos aproveitam a ausência do espanta espíritos para se exercitarem.
Afinal, sem orientação, conseguem sentar-se, ou pelo menos algo que se pareça com isso. ainda que aparentemente sentados as mochilas continuam no chão, fechadas, não vá saltar qualquer coisa de esquisito lá do fundo.
Alguém pergunta pelo setor. Alguém se lembrou que estavam numa sala de aula e que há regras e, em princípio, trabalho.
Pus o meu ar de pastor e perguntei, entre o autoritário e o compenetrado da insignificância do meu papel, mas com aquele ar de quem é sério e procura coisas sérias - afinal, há trabalho?, alguém tem alguma coisa para fazer? ou viemos apenas passear à aula, matar saudades que de certeza não temos do setor de história? uns ficam a olhar, talvez admirados, outros talvez espantados.
No final, ao fim de 90' saí exausto, completamente derriado, estou certo que eles também não. Mas trabalharam que se desenhuram, pesquisaram, elaboraram cartas e gráficos, definiram conceitos, elaboraram relatórios, preencheram fichas, discutiram, argumentaram.
E assim se passou mais uma aula de história. Sem estória. Pelo menos para já.

mais

mais gente. A partir do dot prof - sempre gostei desta ideia, da designação - mais dois colegas que trocam o quotidiano por miúdos e nos brindam com crónicas de um quotidiano que é (in)docente.
Um - professora, possa falar consigo - é um mimo de descrição de cenários bem reais dos arrabaldes lisboetas - pena é a distância à santa terrinha.
O outro - the drilling holes - não lhe fica atrás. Para além das crónicas traz-nos cor, dá-nos mais som.
Mais dois sítios a passar neste quotidiano escolar e educativo. A escola fica cada vez maior, tem mais gente. Ainda bem.

coordenação

ontem tive uma daquela reuniões em final de dia que se prolongou, e bastante, para além do horário normal de trabalho.
O tema era pertinente e algo preocupante para o conselho de turma, a definição de um plano educativo especial de um aluno com deficiência.
Já tinha ocorrido uma primeira tentativa, frustada uma vez que a senhora que coordena os apoios educativos tinha faltado e posteriormente inviabilizou tudo o que tinha sido feito.
Agora a sua presença era fundamental.
Lá estava ela, na sua pose altiva e diferenciadora dos restantes humanos que ali se encontravam. Na sua altivez questionou a directora de turma, felizmente com pelo na dita cuja para responder em tom igual, questionou uns e outros como se todos fossemos ignorantes.
Pedi licença e parti a loiça [coisa que não é propriamente invulgar na minha pessoa].
Clara e objectivamente a senhora não fazia a menor ideia do que se tratava e pensava ser um caso quando era outro, não tinha feito sequer o trabalho de casa (provavelmente terá coincidido com o período de greve aos TPC), arrogante q.b. e o mais grave e que mais me aborreceu, reconheci no seu discurso a cassete da direcção regional, aquela que manda as escolas desenrascarem-se, desenvencilharem-se das coisas que ela não sabe resolver, não pode ou simplesmente não quer.
Não gostei. Uma vez mais a arrogância que de quem tudo julga saber, a necessidade de criação de distância para que se possa ver o poder.
A tia dela.

segunda-feira, novembro 22

pergunta

será que a pergunta elaborada pelos maiores partidos políticos com assento parlamentar, tendo em vista o referendo à constitutição europeia, é reveladora do estado a que a escola chegou? ou será a escola consequência da pergunta elaborada?

coisas simples

coisas simples, tão simples que são normais, de tão normais falta-nos, muita das vezes, lucidez, clarividência para as podermos ver. Este texto chama-no a atenção para as coisas simples que alguém tem por hábito ou teimosia complicar.

sexta-feira, novembro 19

que fazer

reconheço que apesar de ter lançado a ideia, não sei o que fazer com ela. Entre os desafios em forma de incentivo (ou será ao contrário) e a dúvida, que fazer?
é difícil estruturar uma ideia apenas com suporte virtual (reconheço que sinto a falta de uma daquelas reuniões/encontros de preparação onde as ferramentas são o garfo e a faca, seja à frente de umas migas ou de uns rojões, obviamente sempre acompanhados de uma boa pinga - verde ou maduro que tanto me faz).
Como sinto alguma dificuldade em querer fazer mais do mesmo, isto é, há que ir um pouco mais além, ousar e para além de uma eventual cooperativa poder ser um repositório individual (para isso mais vale mantermos aquilo que temos e que individualmente somos) há que acrescentar algo mais, seja em ideia, substância, argumentos ou princípios.
Daí ficar assim algo para o aparvalhado (mais do que me é hábito) de modo a perceber o que é que se há-de fazer, como fazer, com quem, para quê.
Aceitam-se ideias, atirem-se alternativas, uma vez que o encontro físico está ainda distante (estará??).

organização

apesar de não gostar de trabalhar ao fim-de-semana, melhor dito, de me aproximar desta máquina que me condiciona e atropela, hoje aproveitei para organizar ideias e preparar uma pequeniníssima parte do fim-de-semana junto ao computador.
Quero e penso que estes dias são os melhores para organizar uma apresentação sobre o Renascimento e a Reforma, tendo como alvo uma turma de 8º ano, um conjunto de alunos que dariam um óptimo esteriótipo de turma, interessados, empenhados, curiosos, participativos q.b., motivados, elevadas expectativas sociais, enquadramento social equilibrado, argumentativos.
E lá vou eu fazer a vontade.
Não sou adepto e habitualmente não faço aulas expositivas, prefiro a construção do conhecimento, a descoberta das ideias, a organização dos argumentos, a orientação, a pesquisa. Mas eles pediram, com argumentos, justificaram a ideia, propuseram alternativas e definiram a apresentação como um eixo para outras ideias. A ver vamos.

surpresas

Depois de uma troca de ideias com uma colega, a propósito de descobrimos pessoas depois de as termos conhecido, de com elas termos privado e pensarmos que são uma coisa e serem, afinal, outra, senti viontade de partilhar algumas das ideias, de as transcrever para este espaço e partilhá-las com mais gente.
De quando em vez criamos umas quantas barreiras, seja para protecção, defesa, simples egoísmo ou individualismo ou por uma qualquer outra razão, que nos dificultam atingir o outro, ouvir o outro, estar com o outro.
O passar do tempo faz com que, não por desconfiança, assim quero acreditar, mas talvez por uma simples necessidade de não desgastarmos energias, não dispender sentimentos, de não perdemos afectos mais ou menos certos, nos isolemos, não entremos em campos que de antemão sabemos inúteis ou sem retorno. Mas essalimitação condiociona também a descoberta de outras situações, a compreensão de outros olhares, que nos permitem avançare compreender outros olhares que outros lançam sobre a mesma realidade.
o que tem de mau é que perdemos óbvias oportunidades de nos enriquecermos mutuamente. O que pode ter de bom é que nos descobrimos depois, umas vezes tarde de mais, outras talvez nem tanto.
Aproveitemos para conversar com o outro, ouvir o outro. Seremos mais tolerantes. Melhores profissionais. Estou certo.

quinta-feira, novembro 18

resposta (?)

a proposta, a ideia do Miguel é claramente um desafio, uma quase necessidade de arrancar como mais uma das alternativas a outras cooperativas.
Fico na dúvida se se deve arrancar, ou não, arranque sem qualquer conhecimento pessoal ou sequer uma troca de palavras físicas prévias, mas o desafio é aliciante. Será que temos condições, será que temos capacidade de fazer mais e diferente?

propostas

A blogosfera é também um elemento de aproximação, para além de partilha, de troca. Podemos matar saudades, descobrir pessoas que pensávamos de uma maneira e que, afinal, são de outra.
Surpresas agradáveis, estas, com código, unidireccionais. Os restantes que me desculpem, mas é uma auto-imposição.

quarta-feira, novembro 17

actual

está mais difícil, no presente ano lectivo, manter actual e mais regular a presença de alguns blogueiros, das suas ideias, das suas imagens neste espaço que é a blogosfera.
nota-se, sente-se essa dificuldade. Já antes a tinha referenciado, volto a ela pois pressinto que se generaliza. Talvez uma das alternativas seja, possa passar por criar uma cooperativa, qual paixão da educação.

Avaliação

já li e já trabalhei, numa primeira análise, a proposta de despacho normativo referente à avaliação dos alunos do ensino básico.
Duas ideia me saltaram, nesta leitura.
Por um lado que não há, não houve capacidade de inovar, de trazer coisas novas, coisas diferentes, rasgar horizontes, abrir (ou entreabrir) uma janela, um postigo de oportunidades fosse para a escola, seja para a educação, seja para a relação entre uma e outra tendo como elemento condutor precisamente a avaliação.
Dentro deste aspecto é de realçar o discurso, que está de regresso, sobre a qualidade (foi tema dominante e predominante na transição da década de 80 para a de 90, nomeadamente por Carmo Clímaco e o então observatório de qualidade da escola), agora, como antes, intimante ligado à confiança social e ao funcionamento do sistema.
Como segunda ideia, a maior responsabilização (profissional, pessoal e funcional) do docente. A montante todos são chamados a participar, a intervir, elemento politicamente correcto de envolvimento e co-responsabilização na participação. Contudo, no fim a responsabilidade, a palavra última é do docente (estou certo que muitos docentes abanarão a cabeça e perguntarão de quem mais podia ser??).
Estou certo que será um elemento politicamente ineficaz (por certo suscitará pouca polémica e escasso envolvimento), como será profissionalmente inócuo, isto é, poucas serão as implicações no quotidiano das escolas, dos docentes ou dos alunos (talvez apenas mais umas quantas reuniões de preparação e definição de qualquer coisa).
Há muito mais para dizer, para escrever, para contribuir. Penso não ser este o espaço mais adequado, daí ficar-me por aqui.

estórias

há coisas engraçadas. Há pouco, entre um intervalo e uma aula uma colega aproxima-se e diz-me:
- oh manel, ontem ouvia-te e lembrei-me do meu professor de História do 7º e do 8º ano, professor que, na altura, detestei, embirrei com a pessoa e com a disciplina. Só muito depois percebi que me ajudou a compreender as coisas, a interpretar o que temos pela frente.
É um elogio, não é?. Pelo menos assim o senti.

terça-feira, novembro 16

da gestão

na conversa mantida com o meu colega de lides passadas em órgãos de gestão teve a oportunidade de me dizer que se encontrava a fazer a formação do INA, no âmbito da gestão. Pedi-lhe comentários, disse-me que os comentários, todos os comentários, vão no sentido de mostrar aos formadores, poucos são docentes, que a escola não é uma empresa.
A preocupação dos formadores, de todos os que não são docentes, é mostrar que a escola tem de ser gerida como uma empresa.
Perspectiva-se, coisa que não é nova, a empresarialização das escolas. Começara, tudo o indica, na gestão administrativa, estou certo que terminará na nomeação dos directores clínicos, perdão, corrijo, directores pedagógicos.

das coisas

este blogue não é um carpir de mágoas, ainda que seja mais fácil e mais prático falar daquilo que nos mói, daquilo que nos apoquenta a alma e o espírito. Este blogue procura, ainda que menos vezes do que aquelas que seria normal e desejável, dar conta de coisas boas, de algumas alegrias do meu olhar, da escola e da educação.
Hoje dou conta de um certo dinamismo, da participação, do envolvimento que as eleições para uma associação de estudantes, numa escola EB 2/3, tem desencadeado nestes corredores.
É engraçado ver o entusiasmo dos miudos na campanha, na sensibilização, no convencimento, na argumentação da caça do voto. Uma real aprendizagem de democracia, cidadania e participação. De louvar.
Como é engraçado perceber, na campanha que é desenvolvida, qual o olhar e quais as diferenças de olhares entre alunos e professores, entre alunos e funcionários. É engraçado perceber as valorizações, os destaques, as preocupações que existem e que, fruto da campanha, se confrontam e defrontam. De repente alguém percebeu que a escola não está organizada para os alunos. Alguém percebeu que existem interesses divergentes.

encontros

ontem referenciei um mail de uma colega, ao final da tarde, em passeio de compras do nosso dia-a-dia encontrei, à saída de um dos supermercados da cidade, um colega com quem partilhei 4 anos em órgão de gestão de uma escola atrás do sol posto.
Foi um desatar de conversas, um enleio de emoções antigas, um pôr, ainda que ao frio e no desaconchego de quem passa, a conversa em dia, trocar ideias, matar, com tiros simples, as saudades.
Foi uma das pessoas com quem mais aprendi a conhecer os enredos e os enleios com que se tece o quotidiano das escolas, da gestão. Foi uma das pessoas que mais contribuiu para aquilo que hoje ainda penso sobre a gestão da escola.

segunda-feira, novembro 15

saudade

neste fim-de-semana encontrei uma mensagem, na caixa de correio electrónico, de uma colega do ano passado. Gostei.
fez-me sentir saudades daquela escola, de algumas daquelas pessoas, recordar outras escolase outras pessoas. Afinal, apesar de algum mau feitio meu, assumido e reconhecido, sempre há alguém que procura não quebrar ligações.
Outros há, com quem gostaria de ter mantido ligações e atenções, que desapareceram no mar das colocações docentes.

de passagem

A minha visão da escola e da educação está condicionada, entre muitas outras coisas, pelo facto de ter passado quer pelos diferentes patamares do sistema (escola, órgão de gestão, centro de área educativa, direcção regional, ministério) mas também por, de passagem, ter dispendido alguns tempo noutros sectores da administração pública (Ministério do Equipamento e da Ciência) com lógicas e fundamentos algo distindos, diferenciados daqueles que encontramos na escola.
É por estas vivências que hoje pergunto sobre o que andamos nós a fazer de reunião em reunião. É que nelas não encontro sentido nem proveito, como não descortino objectivos nem sentido. Nem de aferição de conceitos, nem de debate de micro-políticas (de turma), nem de harmonização de ideias ou práticas. Discute-se, fala-se, trocam-se ideias mas fico com sérias dúvidas sobre a possibilidade, a eventualidade de termos avançado um passo, um simples passo. Mas há quem fique contente por ter dispendido tempo, ocupado os afazeres dos outros, organizado as actividades dos outros.
enfim...
entre uma e outra ideia um elemento fundamental atravessa a escola portuguesa, nesta sua fase de reconfiguração, eventualmente e em minha opinião, a procura de novos sentidos e de novas formas organizacionais que tragam respostas não apenas sociais (o papel da escola na sociedade, a formação inicial e a continua, a capacidade de construir o conhecimento e interpretar o que nos é dado, a produtividade económica, as literacias, entre outras) como respostas profissionais (qual o papel do professor nestes novos contextos e tempos, o papel das culturas colaborativas, a participação, a intervenção a construção de sentidos profissionais, nomeadamente) mas o desafio preponderante é o da participação política, o da definição de sentidos (des)construtivos do conhecimento e do ser, da identidade e do profissional.
O que gostava realmente de perceber é para onde nos levam estes ventos do tempo. Qual o papel da blogosfera neste reencaminhar de sentidos? qual o papel das culturas colaborativas na redefinição do sentido profissional?, qual a reengenharia organizacional para apoiar e fomentar a participação, a colaboração, a construção de sentidos? qual os sentidos das autonomias locais na definição local de políticas educativas?
Ena tantas ideias, tantas coisas e tão pouco o tempo para as poder apreciar, usufruir.

domingo, novembro 14

banalidades

em final de fim-de-semana, em que me sinto cansado de andar à azeitona [é verdade, a idade deu-me para estas coisas mais campesinas, mais agrícolas], apetece-me falar de banalidades.
que digo então sobre banalidades?

afinal não sou só eu

ufa, ainda bem, estava mesmo a pensar que a sorte tinha sido só minha, única e exclusivamente. fico melho,r já me sinto melhor.

sexta-feira, novembro 12

decrecente

contam-se os tempos, as vontades que ainda nos restam para podermos entrar de fim-de-semana.
está quase. Falta apenas o quase. Depois, bem depois é fim-de-semana.

quinta-feira, novembro 11

desabafos

a Sofia desabafa, partilha com os outros sentimentos de todos, ela própria o reconhece, o ouviu da boca de quem tem escutado muitos e muitos desabafos, de quem conhece o que é isto de ser professor.
Como em qualquer lado, mas desculpem lá, mais nuns lados que noutros, sentimos que há momentos de fraqueza, que quebramos, que julgamos que não vale a pena, que há outras coisas tão ou mais importantes que isto, que a nossa atenção deve ser, tem de ser desviada. Uns acabam por entregar as armas e passam a ser mais uns funcionários, daqueles que mecanicamente acordam e leccionam, como se o aluno, a pessoa que está à sua frente fosse uma peça, uma máquina, um apetrecho. Outros resistem, labutam, estudam, questionam, refilam, discutem, improvisam. Negoceiam com a pessoa que têm pela frente, apelam à sua participação, resistem à obstinação de serem obstinados.
Entre um e outro lado podem estar duas coisas que ajudam a escolher, a optar por um qualquer desses lados. O meu avô diria, na sua simplicidade de alentejano ignorante, que é o brio profissional, o gosto com que se fazem as coisas, o sentimento de se ser reconhecido quer pelos seus pares quer pelos outros. Na minha arrogância de instruído, na petulância de conhecedor digo apenas que é o gosto de se estar nesta vida e nesta profissão.
vai para 17 anos que me chamam nomes, mas não desisto de lutar por uma escola inclusiva, participada, democrática, tolerante, construtora de pessoas e de saberes. A opção é nossa Sofia. Estou certo que há muito que optas-te. E bem.

tudo bem

um remake do meu colega Miguel Pinto, para recordar nem tudo bem nas terras do nunca.
Uma das referência que faço ultimamente com mais alguma insistência é a da memória não ser curta, a de apelar a tudo aquilo por que passamos nos últimos tempos. Só assim terei menos receios de se manter um reviralhismo saudosista, passadista, uniformizador, estandart de procedimentos, atitudes, pensamentos.
Espero que nem tudo vá bem nestas terras do nunca, que possamos sentir que há oportunidade para dizer basta, que nem todos somos iguais, que nem todos fazem o mesmo, que existem diferenças, que se sentem as diferenças de políticas, práticas e opções.
Que há outros mundos para além deste que nos querem impor.
Bela peça esta do Miguel.

s. martinho

... vamos à adega provar o vinho?

quarta-feira, novembro 10

reunite

certamente que não é exclusivo desta escola nem destes meus colegas, mas perpassa por aqui um certo sentimento que designo como de reunite aguda. Uma clara tentativa de ocupar tempo, mostrar afazeres, andar ocupado, falar de tudo e de nada, como se fosse importante manter os professores ocupados, mesmo que o resultado dessa ocupação, dessa reunite aguda, seja nada, zero, nicles batatoites.
Passamos uma tarde inteira de reunião em reunião, o que é que de essencial foi definido?, o que é que de fundamental, de básico, de necessário foi decidido? o que se produziu com essas reuniões, o que é que delas se obteve?
Estou certo que será por incapacidade minha, mas não consigo perceber.
E assim vai este país, assim vai esta escola - e é certo que muitas outras.

bifana

Estou colocado na terra das bifanas - da fama e de algum e bom proveito, não se safam.
Por isso, hoje, entre o final da manhã e as reuniões da tarde, perante o sol que espreita e retempera ânimos, optei por sair deste espaço escolar e encaminhar-me para um dos vários sítios em que predomina a dita cuja bifana no pão.
Optei pelo percurso mais longo, caminhando entre ruas típicas de uma viragem de atitudes e de alteração de tempos e vontades, isto é, de um lado predominam as pequenas courelas, pequenas quintas, algumas pouco maiores que um quintal de bairro, onde se destacam as batatas, as couves, os limoeiros e as laranjeiras, onde tanto existem cães e gatos, como patos e galinhas. Do outro lado, predominam as vivendas típicas de um momento de afirmação política mas essencialmente social, com passeios largos, árvores frondosas e, como um golega diz, com janelas tipo fenêtre.
Chegado ao sítio de destino entretive-me com duas delas, fininhas, entre duas fatias de pão aquecido, com molho que deixa os dedos prontos a serem lambidos, chupados, numa qualquer atitude mais ou menos erótica para quem, de forma despercebida repara nesse acto feito de forma clara e óbvia. Um prazer, um deleite.
uma delícia entre reuniões, que desperta a pouca vontade de ouvir falar das sempre eternas e sempre presentes banalidades educativas.

terça-feira, novembro 9

presença

nota-se que este ano lectivo, na blogosfera, é ligeiramente diferente do anterior. Há menos actualizações, nota-se mais a ausência de uns e de outros do que era hábito, certamente por afazeres, certamente por desvios de possibilidades. Mas não se esqueçam de regressar, de passar por aqui. É fundamental para a sanidade mental de uns quantos, pelo menos falo por mim.

avaliação

nesta minha escola uma colega gostava de desenvolver o seu trabalho de mestrado na área da avaliação. Trocamos ideias, conversamos sobre coisas úteis e fúteis que podem orientar ou enquadrar o seu trabalho. Fica com receio das susceptibilidades, das sensibilidades, de despertar fantasmas.
Pergunto sobre a sua ideia relativamente à possibilidade de construir instrumentos e indicadores para um qualquer projecto (educativo, curricular) para se perceber qual o seu sentido, qual a sua utilidade, qual o nível de coerência entre o dito e defendido e o feito e praticado.
Olha para mim e fica em silêncio. Acabou a conversa. fico sem perceber se a ideia é boa ou se foi [mais ] uma idiotice das minhas.

do parque

A partir desta ideia, permita-se-me a pergunta será a escola que muda a sociedade ou a sociedade que muda a escola? Ou será que mudam ao mesmo tempo? ou será que petrificam ambas?
a metáfora não deixa de ser engraçada, mas não deixa de ser um parque, delimitado (física ou mental ou culturalmente), como não deixa de ter e apresentar características que não se encontram noutro qualquer lado, que são específicas daquele espaço, que não conseguimos transpor dali para outros lados.
Imagino mais a escola como um qualquer bairro de uma qualquer cidade. Com guettos, com diferenciações, com distinções, com particularidades, afinal com identidade, com alma.
Um bairro, um local com ruas que se percorrem na apreciação das suas montras ou das suas figuras, com cruzamentos onde somos obrigados a decidir para onde queremos ir, com suportes e estruturas de apoio ao quotidiano, com obras e intervenção humana na definição da sua caracterização, do seu futuro.

do romântico

Hoje, por essa blogosfera, nota-se o ar romântico que orienta, que condiciona a acção educativa, o enlevo de erotismo que subjaz a uma [qualquer] relação . Não sei se é bom se mau, como também não estou preocupado com esses aspectos de catalogar, agrupar comportamentos e menos ainda sentimentos.
Mas é este sentimento romântico, é este quixotismo que faz com que gostemos do que fazemos. De sermos professores, de encarar o quotidiano como de umna eterna construção de sentidos, de futuros, de pessoas.

domingo, novembro 7

preparativos

antes de ir sofrer um pouco, isto é, de ir ver mais um jogo do glorioso [espero que com melhor desempenho que os últimos dois, vou dedicar-me à preparação da semana.

mais

no início de mais uma semana, permitam-me recordar o combate travado na passada 6ª feira, em que vários elementos levaram a melhor, mas a muito custo, sobre uma soberba perna de veado.
Depois de muitas horas e uitas garfadas, vimos o fundo ao tacho onde marinou a dita cuja. Posso assegurar que estava muito acima das minhas expectativas e que ficou agendado novo combate, lá mais próximo do Natal. A seu tempo darei conta.

autonomia

Por causa desta posta [mas também dos comentários que desencadeou, estou certo que o não eram os mais esperados pelo Miguel] volto a um tema que me prendeu a atenção durante mais de dois anos, a autonomia. Foi a base da minha dissertação de mestrado, foi um enleio por onde andeia a defender ideias, princípios, orientações, foram questões políticas pelas quais me bati em diferentes patamares do sistema onde tive a oportunidade [e o privilégio] de ter andado.
Depois da justificação o enredo, não há uma autonomia profissional como não há uma autonomia pedagógica. J. Barroso defende-o há muito tempo e antes dele L. Lima e antes destes e lá por fora quer C. Cherryholmes ou D. Lortie a autonomia é um atributo da pessoa, pessoal, próprio, individual. Não se atribui nem se delega, existe, exerce-se. É a partir deste ponto que se definem as restantes autonomias, se apoia uma ideia de educação pela e para a autonomia.
A partir deste ponto podemos discutir simbolos, poderes, exercícios, práticas, princípios e atitudes.
O que o Miguel descreve é uma atitude, um princípio de muitos anos de um ensino virado para um micro-cosmos, o da sala de aula, alheado do seu ambiente, um casulo onde o professor se resguarda de ataques, opressões e pressões [discute-se a influência do poder político nos media, discuta-se, de igual modo, a pressão deste mesmo poder perante o desenrolar das actividades pedagógicas, o seu condicionamento na acção e intervenção do docente]. Daí aquele onde a cultura de sala de aula é mais sedimentada [peço desculpa se firo susceptibilidades] ser a do primeiro ciclo, onde o docente age isoladamente, daí a dificuldade de penetração de muitas das modas pedagógicas, daí a defesa quase que intransigente da necessidade de se conhecer a prática, o quotidiano, e se exigirem medidas capazes de ir ao encontro da mil e uma realidades.
O fundamental é discutir, falar-se sobre lógicas de funcionamento, princípios, de modo a sermos capazes de interpretar a nossa profissão, de a reconstruir, de a afirmar. O resto é estarmos a discutir o sexo dos anjos.

sexta-feira, novembro 5

só para chatear

já que há uns quantos a chá e torradas e outros pela hora da morte deixem-se chatear um pouco ou, como se diz por estas minhas bandas, picar os miolos ao pissoal.
hoje, daqui a pouco, vou tirar um petisco de coisas não muito usuais. Época e região de caça vou enfrentar uma perna de veado, eu e mais uns quantos que a dita é grande.
Acrescente-se à dita uns cogumelos salteados e um molho picante para aquecer o interior e temos a festa pronta.
Já agora acrescento (uma vez que também há dias de festa na escola), umas entradas de presunto de barrancos (daquele que não há nos supermercados porque foi proibido pela União europeia) umas chouricitas assadas de Estremoz (a localidade é importante para perceber a sua composição e textura), uma orelha de vinagrete e outras coisas mais, tudo acompanhado com uns tintos diversos mas todos regionais, que aí, peço desculpa, sou regionalista, oriundos de Estrmoz, Pias, Évora e Reguengos (ficam as terras porque são desnecessárias as marcas).
Para finalizar (disseram-me, porque ainda não estava convencido) uns doces conventuais feitos por um compadre que atesta a qualidade e é garantia de coisa boa
Afinal, hoje é prá perdição e para o total protagonismo das calorias (estragar o que ando a poupar, enfim).

ocupação

a taxa de ocupação dos computadores (2) da sala de professores da minha escola está pela hora da morte. Quase que se pode falar em filas intermináveis, correrias loucas para se chegar primeiro, contagem efectiva do tempo de utilização/ocupação, desconsideração pelo outro tal tem sido a solicitação de que têm sido alvo.
Resultado, não escrevo como e quando queria. Escrevo agora, vésperas de fim-de-semana, final de dia de trabalho, enquanto espero o resto da família.
Também por causa disso não se estranhe a minha ainda que pontual mas forçada ausência.

olhares

o meu filho, após uma conversa em que fizémos um ponto de situação à sua mudança (de ciclo de ensino, de estabelecimento, de colegas, de orientações) diz-me que gostava de vir a ser professor mas do 1º ciclo, que estes [entendam-s e os colegas] dão muito trabalho, são muito chatos, fazem muito barulho.
Perceptível para quem teve que enfrentar toda uma situação pouco ou nada simpática e esbarrou com [digo eu] a falta de bom senso da gestão da escola.

quinta-feira, novembro 4

referências

o meu caro amigo Miguel, permite-me encher a boca desta meneira e com estas palavras, faz referência à minha ausência.
De quando em vez acontece, ou por falta de acesso, neste momento não tenho, na escola, acesso à Internet, ou por cansaço, foi uma semana de reuniões intercalares em final de tarde, situação que fez com que chegasse a casa sempre depois das 20h00, e por não querer acentuar neste espaço visões negativas, péssimistas, redutoras do meu olhar a escola.
Mas ainda não desisti desta escrita e deste meu espaço. Tenho assuntos para discorrer, como tenho a clara pretensão de ser um treinador de bancada e deixar aqui o meu olhar sobre esta coisa que adoro, a profissão docente, e o espaço onde ela acontece com maior regularidade, a escola.
obigado pela referência e por me fazeres sentir senão importante, pelo menos útil - obviamente que à dimensão deste meu espaço de participação. Obrigado.

discussão

os alunos do superior reivindicam mais acção social escolar, autonomia e participação na vida académica.
Nós por cá, no básico e secundário, cá vamos de mala às costas, sonhos pela frente e ilusões por todos os lados, a tentar criar sentidos à escola, a procurar incutir responsabilidades e autonomia a pessoas que se forma e se definem.
Para quando a defesa de mais autonomia para a escola básica e secundária? na definição do seu projecto educativo/curricular/escolar? na definição dos seus interesses e do seu modelo de organização? na sua composição e funcionamento?
para quando a revisão da acção social escolar claramente desfazada da realidade, desadequada de contextos, desconforme as necessidades?
para quando a capacidade de a escola definir, com cabeça, tronco e menbros uma oferta adequada às necessidades daqueles que serve, dos seus interesses, dos seus nichos específicos de mercado?
para quando a consciêncialização que falta política à escola pública portuguesa? política de debate, discussão, participação, definição de sentidos e escolhas, política face às opções e aos sentidos profissionais dos docentes, à formação profissional.
para quando o debate sobre o que pretendemos da escola pública portuguesa, o que entendemos sobre o que é a escola pública, para que serve, quem serve, o que serve.

práticas

práticas de voluntarismo, de desenrascanço, de fazer das tripas coração, de dar a volta por cima. Aqui está um exemplo. Bom de se ver, pela luta e pela perseverança, pela sansatez de não se render. Aqui fica também aquilo que o sistema é, uma imensa prática fora de horas, a quase impossibilidade de saber lidar com a diferença, com desafios, com o imprevisto. Felizmente que o sistema são as pessoas e há pessoas que querem fazer mais.
Ainda bem.

desafios

os desafios surgem do lado e dos sítios que mais esperamos, ou talvez não. Mas este é claramente um desafio, de divulgação, de participação, de questionar e de descobrir quais os possíveis caminhos, os incontonáveis futuros.
O sítio onde se expressa esta paixão da educação coloca os desafios em rede, de jornais e de ideias, de instrumentos e de fins. Será engraçado questionar sobre o papel que uns e outros, jornais e blogues, podem ter, devem ter na escola, na educação, na formação, na aprendizagem.
parabéns pela iniciativa e pelos desafios, fica para uma próxima oportunidade o encontro de blogues da/sobre a educação/escola.

metáforas

um conjunto de metáforas que designo, no mínimo, de inteligentes, perspicazes, acutilantes. de leitura pessoal e íntima.
Para quem quer perceber o que quer perceber, da maneira que quer perceber. A palavra como meio e fim, de pensamento e de acção. Um sítio imperdível.

quarta-feira, novembro 3

desaparecimento

nota-se, na minha sala de professores, a ausência de computadores com acesso à Internet. Foi um desaparecimento não consentido nem programado que faz com que as hostes se sintam incomodadas, pois agora não podemos navegar, nem discutir sobre o tempo de utilização dos computadores, nem consultar as últimas novidades no correio electrónico.
é uma tristeza, dizem-nos que é para melhorar, para disponibilizar o famoso acesso em banda larga, que a senhora ministra há tempos não fazia a mínima ideia do que era, quantas escolas envolvia, os custos.
e, entretanto, nós desesperamos.

segunda-feira, novembro 1

leituras

depois de conversas sobre tudo e sobre nada, daquelas que pululam os intervalos e o queimar do tempo [e depois dizemos que não o temos] numa sala de professores, sempre conseguimos encontrar algumas cumplicidades, tecer alguns enleios que se enredam com gostos e atenções comuns.
em conversas com uma colega de Visual deparo-me com o seu gosto por descobrir pequenos grandes segredos da prática de ensinar. Entre leituras e autores pergunto-lhe sobre P. Freire. Ainda não conhece. Excelente oportunidade para um reencontro, o meu com a sua escrita, com as suas ideias e o seu ideário, e uma descoberta, a dela por uma pedagogia que é a da autonomia.

à descoberta

depois de uma semana em que perpassou por aqui o cansaço e algum do desencanto que se abate sobre a minha pessoa nesses períodos, seria indelicado não dar conta de coisas boas e agradáveis, que as há e em razoáveis quantidades, das nossas escolas.
depois de uma semana a discutir tudo como se partíssemos de um eterno princípio [reuniões intercalares de período, realizadas no final do dia] fiquei agradavelmente surpreendido quando encontro uma jovem colega com o trabalho de casa feito.
Recentemente chegada a esta escola, tal como muitos de nós [do conselho de turma em causa] procurou informação sobre a sua direcção de turma, anotou o trabalho antes desenvolvido, apresentou novas propostas, reconfigurou outras tendo por base a continuidade. Ficámos agradavelmente surpreendidos com a natural e normal evidência de que devia ser sempre assim. Ainda bem.

mais

...mais gente é o que se sente por estas paragens, a turma alarga-se, depois há queixas que as turmas são muito grandes. E com razão. Esta turma da blogosfera cresce a olhos e sentimentos vistos.
São traços, riscos e rabiscos, ideias e sentimentos, é gente que faz a História e conta estórias, de gente grande e de gente pequena, por que todos são importantes, todos somos gente.
Cada vez sinto mais o gosto por este espaço de partilha, de troca, de ir e voltar, de estranhar e entranhar num mundo que é o da educação.
Cada vez gosto mais de ser professor. Pena é a política que temos.

após

após a pausa o regresso, o deitar de cabeça (sou eu mesmo) no nosso dia-a-dia, no que de bom e menos bom ele nos reserva.
Novo mês e, por muito incrível que possa parecer a muitos, o penúltimo do ano. Pelo que passei, por aquilo que os meus passaram, antes fosse já amanhã o último dia, mas já só faltam 60 dias. quem diria.

quinta-feira, outubro 28

construção

na construção de um possível sentido da escola, do papel do aluno e do trabalho escolar tenho procurado criar materiais, perceber quais os mecanismos de actuação e de relacionamento professor/aluno/escola. Tenho assumido que é muita gente, uma triangulação difícil de gerir como extremamente volátil, plástica, maleável, dependente de inúmeras situações, co-relacionada com múltiplos factores e elementos, uns exteriores outros interiores quer à escola, quer ao agregado familiar, à pessoa (características, personalidade) do aluno, à forma como este vê (constroi uma ideia e uma imagem sobre o) professor, o seu papel, a sua disposição.
não tenho a mínima veleidade de conseguir algo de concreto, de útil, de prático, de adaptável no decorrer deste ano, apesar de ser este o ano onde reconheço um maior deságuar, uma maior confluência de circunstâncias.
Mas esta minha procura, esta minha pesquisa tem levantado questões não menos fáceis de gerir, tem desvelado, como diria o magnífico reitor da minha terra, situações não menos complexas.
Por exemplo, e talvez porque estou sozinho no processo, a relação que os alunos criam com outras disciplinas, com outros docentes, com outras atitudes - resistência, atrito quando não mesmos conflito, mas essencialmente indiferença.
O questionar de docentes face ao trabalho, às metodologias, às estratégias adoptadas, à livre circulação de alunos pelas escola (apenas e somente entre a sala e a biblioteca ou centro de recursos) no decurso da aula, facto que me tem obrigado a aprofundar a teorização e fundamentação.
Mas vale a pena.

do tom

quando faço uma pausa e tenho oportunidade de ver o que fiz, pensar o que está feito, quais as suas implicações e relações fico, o mais das vezes, surpreendido.
ao olhar para as postas mais recentes noto um tom algo amargurado, um sentimento algo negativo quando, apesar de alguns desses sentimentos passarem por mim, não sentir que seja esse o meu estado de espírito nem que sejam os sentimentos dominantes.
o certo é que marcam a escrita mais recente talvez por duas ou três razões. Um certo cansaço que se reflecte na escrita, um certo sentimento de impotência, alguma frustação por sentir que as coisas estão a mudar (é certo que não apenas na escola, mas esta é um dos palcos predominantes de um espírito de mudança) e nós, professores em particular, não conseguimos (outros simplesmente não querem) assumir essa mudança.
Uma outra razão do tom das minhas postas refere-se, eventualmente, a uma ligeira alteração (não sei se momentânea se mais consistente que isso) de foco de atenção, agora assumidamente nas didácticas e metodologias pedagógicas.
É a tentativa, espero que não desesperada, de procurar colaborar na criação de sentidos da escola, do trabalho escolar, do papel do aluno, na construção da pessoa. E tenho obtido resultados que designo como surpreendentes.

terça-feira, outubro 26

custos

a propósito desta notícia, alguém sabe quanto custa um aluno dos ensinos básico e secundário?
alguém já pensou relacionar custos com proveitos?

em frente marche

No âmbito daquelas discussões que só o são por claro desconhecimento de regras e orientações, vi-me enredado numa troca de palavras que, agora, considero caricato.
Foi-me solicitado, em reunião de conselho de turma, um apontamento sobre dificuldades, competências, valorizações, metodologias e outros que tais face à disciplina que lecciono. Como tinha estruturado um documento sobre a turma e que considerei que respondia às questões levantadas fi-lo chegar à respectiva Directora de Turma.
Resposta, este não serve, tem de ser de acordo com este modelo, e mostrou-me uma folha com espaços próprios e questões específicas.
Ainda procurei argumentar que o meu texto ía ao encontro do solicitado que, apesar de não estar normalizado, por simples desconhecimento da minha parte, tinha todos os conteúdos ali referidos como necessários. Ganhei as mesmas.
Eu sei que estou numa cidade com profunda influência militar, mas querer uniformizar tudo, pintar tudo de verde tropa, alinhar tudo e todos da esquerda para a direita e por alturas é, pelo menos para mim, caricato e idiota.
Mas é o sistema que temos, São as pessoas que temos.

sal e pimenta

efectivamente os viajantes da escola são um pouco como o sal e a pimenta do sistema.
Bem ou mal, melhor ou pior, as coisas estão definidas nas escolas, ainda que em alguns casos não se percebam os seus contornos, aceites pela generalidade dos elementos. Quem discute as regras, quem levanta dúvidas, quem coloca questões são aqueles recém chegados à escola, por destacamento, deslocações ou acaso.
São eles que, de algum modo, apimentam o quotidiano com particular destaque para as reuniões.
Foi isso que senti ontem, numa das minhas reuniões de conselho de turma intercalar.
Procurei estar calado, procurei não me inquietar com algumas dúvidas que o são apenas porque sou novo por aqui, que s coisas estão mais ou menos consensualizadas, mas não resisti quando ouvi que se distribuiam pesos percentuais por instrumentos de avaliação.
Exactamente, os instrumentos de avaliação (fichas, questionários, grelhas de registo, entre outras) também têm peso específico. Eu pensava que o importante eram os critérios e que os instrumentos apenas lhe dariam, ou não, coerência e possibilidade de registo. Fiquei a saber que também têm peso específico.

segunda-feira, outubro 25

escassez

o tempo, esta semana, é mais escasso que nas anteriores. No meio de relatórios, projectos, acções e planificações surgem, em horário pós laboral, as reuniões intercalares.
Quando deviam ser de harmonização, consensualização, definição e conjugação de ideias e propostas de trabalho, surgem num horário por quase todos criticado.
As ideias desvanecem-se na saturação de um dia completo na escola, das 08h30 às 19h e qualquer coisa. Tempo demais para que haja paciência para discutir ideias, consertar opiniões, analisar situações.
O que fica destas reuniões? que consolidação existe? que conhecimentos são partilhados?

domingo, outubro 24

mudança

a partir de um momento em que a partir da minha sala de professores discorri sobre ela, isto é, a sala de professores, abriram-se diversas e diferentes janelas de diálogo que são salutares no pensar a escola.
Nestes diálogos, francos, abertos e com o claro propósito de se construir uma ideia de escola, o Miguel traz à baila um dos temas que, no príncipio do seu blogue (ia dizer da sua escrita) marcaram presença assídua e deveras interessante, a mudança.
Neste sentido, destaca uma ideia que, muita das vezes, é esquecida, minimizada quando não mesmo desprezada, diz ele que a mudança não é, em si, boa ou má. Serão os sentidos e os fins que lhe determinam a essência.
Não podia estar mais de acordo. No entanto, e nestas discussões colectivas e diferidas há sempre um mas, um se, ou algo parecido (e ainda bem), na sequência do seu texto e nos 4 princípios que apresenta falta uma ideia, um ponto que torna a mudança crucial, fundamental e imprescindível, o interesse.
Vale a pena mudar? mudar para quê?, que interesse há em mudar?, mudar o quê? quem muda o quê? e porquê?
Concordo plenamente com o Miguel, coisa que já não é vulgar, quando afirma que é (...) tempo de procurar soluções, de agir. Não é o tempo de carpir as mágoas pelo rumo da educação. Mas nesta procura de sentido há que procurar o porquê, qual o interesse, o motivo, a razão de criar a paz em vez da guerra, de concordar em vez de discordar, em anuir em vez de discutir.
Por isto tudo termino com uma ligeira divergência, as salas de professores não podem nem devem continuar na mesma, com o sério risco de estarmos a hipotecar um futuro.

sábado, outubro 23

gosto

Há sítios nesta blogosfera aos quais me habituei, perante os quais assumo um certo respeito, uma deferência, seja pelas ideias ali expressas, pela sua escrita, pelo sentimento que colocam nas palavras, pelo olhar que nos obriga a trocar, por nos despertar inquietações, por nos segredar vontades, ou seja, por tudo e por nada.
Há sítios que são para mim imperdíveis. Já pensei em criar um conjunto de links, aqui na coluna do lado, que me permitisse um acesso rápido, mais rápido. Por respeito a todos os outros e porque nem sempre os últimos ficam para o fim, não o fiz.
Hoje destaco um que pelas suas particularidades, pela sua escrita e, acima de tudo, pela sua músicalidade me tocam há muito.
O mocho, feito em parceria por um casal, é um ponto de passagem, peço outra vez desculpa, não é de passagem é de assento obrigatório nesta blogosfera.
Gosto mesmo. E então da múscia que agora lá está ainda mais.

gente nova

há mais gente nova a animar as hostes, a contribuir para a discussão, para a troca de ideias, para luz que tão necessária é neste espaço. A turma alarga-se, a escola cresce, estamos em plena expansão demográfica.
Como afirma na apresentação porque até o barulho é uma coisa agradável, quando é feito de boa-fé.
venha ele.

vox populi

o José Teixeira deixou um comentário que daria mano para mangas e permitiria, se este fosse o espaço para o efeito, iniciar um redesenhar não apenas da sala de professores mas da própria escola, das suas funcionalidades, das suas lógicas instituídas e instituintes, da sua organização de espaços, tempos e objectivos e, inevitavelmente, do conjunto de relações que neste espaço se desenham, se entrecruzam, chocam e interpenetram.
Apesar de este ser um tema que claramente me apaixona mas também por considerar escasso este espaço e insuficientes os meus conhecimentos apenas reafirmo uma ideia.
Nas plantas iniciais dos estabelecimentos de ensino de 2º, 3º ciclo ou secundário (P3 ou P5) a sala de professores era junta ou pelo menos nas proximidades do órgão de gestão. Com o tempo, com as vivências, com a habitabilidade e redefinição de espaços e funções foram-se afastando uma da outra.
Concordo com o José quando afirma que a sala de professores acaba por ser um lugar árido e pouco estimulante do ponto de vista intelectual e quase irrelevante do ponto de vista pedagógico.
Estou certo que não decorre apenas da arquitectura mas de quem a vive, tal como refere o Agostinho, outro colega, destacando as diferenças.
Mas aqui surgem os desafios, como tornar a sala de professores um lugar estimulante, quer do ponto de vista político quer sob o ponto de vista pedagógico? como criar espaços de debate, diálogo discussão e participação não apenas na sala de professores mas na escola?
E na eventualidade de uma qualquer resposta certamente que existirá um elemento comum, transversal às possibilidades e às hipóteses consideradas, o professor, a pessoa. Enquanto não ultrapassarmos medos e fantasmas, enquanto não assumirmos uma ideia política de profissão, enquanto não exigirmos a definição do nosso próprio caminho, estou certo que a sala de professores mais não será que um local de passagem, um momento onde se discorre sobre defeitos e piadas de caserna.

sexta-feira, outubro 22

ridículo 2

a partir desta hipótese, levantada após uma noite mal dormida do nosso primeiro-ministro, ocorreu-me reflectir que se os professores passam o seu tempo a efectuar juízos de valor, a avaliar pessoas, situações, a aferir do sentido de uma qualquer regra, de uma qualquer norma, se os professores lidam com mais situações sociais que muitos assistentes sociais, se procuram alternativas, medeiam situações e conflitos, propoem medidas de remediação, compensação, aplicam penas e distibuem benesses, se tudo isto, então desculpem lá, mas, face a esta situação não consideram que seria bastante útil a criação de assessores jurídicos dos professores? e que seria óptimo que os senhores doutores juízes fossem assessores dos professores?

ridículo 1

considero esta ideia, no mínimo, ridícula.
quando nas escolas nos queixamos que há falta de meios, que não temos condições, que precisamos de apoios, que as turmas são exageradamente grandes, que não temos tempo para quase nada, que os projectos são auto-geridos por que não há condições para que os professores se possam empenhar neles, quandos nos queixamos que os computadores estão assim ou assados, que as redes não funcionam e depois, depois disto tudo alguém está preocupado com os professores com horário zero, sem turmas atribuídas?
mas que coerência, mas que projectos, mas que ideias abundam por aí que nos damos ao luxo de deitar fora recursos qualificados, prescindir de pessoas, desbaratar ideias? Será que alguém não se estará a preocupar desnecessariamente com um possível solução, uma oportunidade de trabalho?

consequência

lembram-se de um jogo de crianças designado verdade ou consequência?
então digam-me lá qual a consequência da redução das verbas na área da educação. Um antigo ministro de Cavaco Silva, hoje reformado, coitadinho, diz isto.
Será que sou eu que não consigo perspectivar a aposta educativa em face da redução dos valores de investimento? será que são lógicas marxistas em que um passo atrás pode significar um avanço? ou que é avanço ou recuo consoante o nosso ponto de vista?
qual será a consequência destas políticas, destas apostas, deste governo? que país temos nós hoje, passados mais de 2 anos de governo à direita? temos mais justiça social?, maior equidade fiscal?, maior redistribuição de riqueza?, maior segurança de emprego?, mais confiança no sistema político?, acreditamos mais na escola?
que país temos nós?

geografia

os comentários deixados no silêncio são de tal modo ruidores que permitem construir um outro mapa de interpetação da escola.
As relações políticas, e aqui deixo de lado se elas são micro, meso ou macro, são um dos elementos estruturantes e estruturadores não apenas da sala de professores, mas é um dos locais onde melhor se conseguem perceber as relações e onde melhor se pode ler o mapa geopolítico, mas de todo o espaço escolar.
As conexões políticas, não apenas da escola mas de um qualquer espaço socialmente organizado, definem todo um conjunto de laços, relações, intercâmbios, permutas, poderes e simbolos de autoridade que, cada qual a seu modo, estruturam um mapa de ocupação de espaços, tempos, horários, turmas... e poder.
Acabar com um qualquer espaço de visibilização deste mapeamento político e social implica que ele apenas se deslocalize e, para quem assim o entenda, seja mais complexo o seu controlo. Daí, na generalidade dos casos, a sala de professores esteja muito próxima do órgão de gestão. Daí que, na generalidade dos casos, o órgão de gestão procure acompanhar o pulsar da sala de professores.
O problema, no meu entender, é que os professores se têm desvinculado, o mais das vezes, deste mapa de interesses sociais e políticos e que estruturam um dado sentido organizacional. Até quando é a questão.

quinta-feira, outubro 21

decisão

a senhora ministra até pode não ter qualquer tipo de responsabilidade na colocação de professores mas, desde que chegou, ainda não percebi o que faz, qual a ideia que tem, quais os objectivos [para além dos expressos no programa de governo].
Com esta notícia fico curioso como irá reagir, qual irá ser a sua resposta?

quarta-feira, outubro 20

o silêncio é lixado

colocaram um comentário na minha posta designada de silêncio onde afirmam que a vida de professor é lixada.
a conclusão não é minha e, espero, que não tenha induzido quem quer que seja a essa sugestão, a essa ideia.
Tenho queixas da minha profissão? tenho sim senhor. Que não é o melhor dos mundos? há alguma que o seja?. Mas chorar-me pelos cantos, queixar-me de dores que não sinto, sofrer de maleitas que desconheço isso não faço, não me queixo, não sinto.
se dei a entender, em face de uma posta colocada numa manhã de nevoeiro, essa ideia, peço desculpa, mas não era nem é minha intenção.
são dias, são manhãs. Momentos.

das notícias

durante os noticiários da noite tive oportunidade de perceber que um dos responsáveis pela confusão e outras coisas que tais dos concursos dos professores foram, imagine-se, os professores, isto da boca do então secretário de estado Abílio Morgado ouvido hoje em sede parlamentar.
Assumo, reconheço, não aguento mais estas patacoadas idiotas, estas pérolas de estupidez ambulante, esta gente que se julga gente.

silêncio

a sala de professores desta minha escola, na maior dos dias e dos momentos e independentemente da quantidade de gente que por aqui circula, mais parece uma planície alentejana do que uma sala de convívio.
Predomina o silencio, o sussurrar de palvras, quase que uma brincadeira de esconde-esconde para ver se não me ouvem.
De quando enquando procuro despertar algum ânimo, mas sou olhado como um irriquieto, reguila.

à conversa

No meio das minhas preocupações didáticas e metodológicas no âmbito da minha disciplina deparo-me com um conjunto de dúvidas [algumas mais do foro existencial] que procuro ultrapassar recorrendo a leituras, consultas diversas e várias.
Ontem, num intervalo e numa amena cavaqueira de café, desemburrei mais do que muitas leituras o tinham permitido.
Coisas óbivas e evidentes para o colega com quem trocava conversa mas que para mim, por estarem encima do meu nariz, eram complicadinhas de ver.
Faltam conversas destas aos professores, conversas onde se possam trocar ideias, opiniões sobre práticas, saber o que o outro faz, como faz, quais os resultados, quais os impactos.
Falta, acima de tudo, conversar sobre a nossa profissão, sem medos, nem tabús e menos ainda com pré-conceitos.