quinta-feira, junho 22

discussão

no meio destes sound bytes, em que aparentemente é feita a discusão de ideias em torno da ideia educativa, há duas coisas que coloco como interrogação;
por um lado, fico com a sensação que a senhora ministra defende um projecto pessoal, uma política própria para o campo educativo; porventura terá uma ideia de escola e dos professores que procura implementar; que relação terá com o programa de governo, com as propostas do Partido Socialista?
por outro, poder-se-á ficar com a ideia que se discutem trocados e elementos algo acessórios; em meu entender o fundamental da questão, qual o papel da escola e dos professores no contexto nacional (de desenvolvimento, de formação, de competitividade, de cidadania, de participação...) está a passar ao lado, presos que ficamos a estes sound bytes, aos elementos que a comunicação social considera mais vendável; se formos, posteriormente, a verificar da consolidação das ideias, podemos perceber que há outros interesses, outros elementos que podiamos e deviamos discutir publicamente e que ficam a repousar nas profundezas; será interesse de quem?

selecção

não é a nacional de futebol (essa deixo-a para os entendidos), refere-se à selecção de docentes para escolas em zonas problemáticas;
uma ideia aparentemente interessante, mas que, em face dos sound bytes da comunicação social, se dilui em pequenos pretextos e pequenas e desviantes circunstâncias, se pode perder no ruído;
pode ser uma boa ideia, quer sob o ponto de vista pedagógico quer sob o ponto de vista organizacional;
pode, se for articulada com outras, nomeadamente de âmbito social e comunitário; pode ser uma boa ideia se procurar ultrapassar estigmatismos sociais ou culturais, económicos ou políticos em trabalho de rede e articulado entre parceiros; se conseguir conjugar objectivos, interesses e oportunidades;
não o pode fazer é isoladamente, não se pode pensar que a escola resolverá, por si, os problemas de zonas problemáticas e carenciadas; não se pode é repescar os territórios de intervenção prioritária sem mais; não se pode é acentuar os factores de discriminação com elementos de descriminação;
é um caminho, não é o caminho;

quarta-feira, junho 21

política

e depois temos a política; esta coisa que uns desprezam (ou, pelo menos, desconcideram), outros dizem cobras e lagartos e, outros, até prezam, é o meu caso, como elemento fundamental da vida da democracia e do exercício da cidadania;
uma consideração em torno das lutas políticas e partidárias para a presidência da região de turismo de Évora;
pela primeira vez em muitos anos, duas listas; apoios demarcados entre socialistas e comunistas, numa conjugação de interesses de que divide (não sei em que categorias) PSD e outros que tais e outros ainda que se escondem, por onde podem e os deixam, para não se comprometerem;
circulam ideias e comentários em torno de uma pretensa tecnicidade gestionária (ganda palavrão), que apenas procura encobrir sofismas (ou fantasmas) políticos e partidários, interesses particulares;
como há aqueles que se surpreendem pela disputa do poder, seja na região de turismo, no conselho da região ou noutro qualquer fórum;
se esses pensam que um partido político tem como objectivo a paz e a harmonia entre os povos, dediquem -se a outros afazeres;
um partido político luta pelo poder, pelo acesso e pela conservação do poder; é isso a democracia; quem o procura esconder mais não faz que uma forma de política - e que interessa a alguns;

companhia

e depois há a companhia dos sonhos, ou o seu inverso, isto é, do Mário;
ele é um dos principais, senão mesmo o principal (ir)responsável por eu escrever por estas bandas;
bastas vezes trocámos ideias e comentários, cruzamos opiniões e esta vontade da escrita;
vai na volta e pensamos em escrever em conjunto; acontece que foi em tempo de férias, na lassidão do Verão (que hoje começa), e isso não se proporcionou;
felizmente;
os seus textos, o seu cantinho dá-nos a oportunidade de descansar o pensamento em textos e ideias à volta dos sonhos;

escrita

por vezes penso que este meu canto é desconhecido, que passa despercebido;
procuro nele cruzar ideias sobre projectos pessoais, ideias individuais, sonhos e alguns pesadelos que me acompanham no dia a dia;
mas sempre pensei e considero algum do receio em escrever para além de mim mesmo; o despir palavras e sentimentos é algo que constrange;
considero que a Patrícia tem esta qualidade; a assumida capacidade de se despir de palavras (e, diga-se, de preconceitos) e desvelar sentimentos, aquilo que vai fundo na alma e nos sentimentos;
chamo a atenção dos que por aqui passam para um conjunto de pequenos textos que revelam uma grande pessoa;
textos simples, bonitos e claramente irreverentes.

terça-feira, junho 20

apontamentos

um apontamento solto sobre um projecto;
O desafio de construir a disciplina (ideia e conceito) enquanto narrativa pedagógica, política e educativa, isto é, um construto que para além de social e político é eminentemente contextual e ideológico (reflecte uma dada ideia de escola, uma dada ideia do posicionamento do aluno e do professor, do Estado e da escola), e definido numa triangulação entre o conhecimento das ciências da educação, as orientações da administração educativa (tutela e órgãos executivos) e actores locais na interacção social e pedagógica;
qual o referencial que enquadra a ideia de disciplina? que suportes se podem inventariar? o que fica do que passa (na evolução legislativa, particularmente na democracia)?

exames

começou, ontem, a época de exames;
duas notas;
gostei da observação da JCP, a apelar à avaliação contínua, à participação do aluno na sua avaliação, à consideração de outros momentos e outras circunstâncias que não apenas o exame, redutor de ideias e do trabalho desenvolvido;
gostei da descoberta de alguns jornais diários na afirmação que os alunos de ciências saem claramente beneficiados nos exames, por terem mais dias para o estudo - desde o fim das aulas à realização da prova - em detrimento dos alunos de letras, que terminaram no mesmo dia e que ontem começaram os exames;
entre um e outro dos apontamentos a manifesta sensação que nem os exames cumprem o seu ritual (de certificação exterior) nem que há propostas credíveis alterativas a implementar no contexto pedagógico.
Resumindo, tudo na acalmia dos deuses e em preocupações outras.

quarta-feira, junho 14

tom

há muito que não chamava a atenção para o blog do Luís Carmelo;
faço-o agora, porventura a destempo, considerando a importância e a pertinência do tema que ultimamente pulula no seu canto, numa relação que procura criar um tom entre blogues e escrita;
interessante, deveras interessante e a não perder a leitura, para que possamos perceber outras significações do nós e desta escrita;

objectos

ontem, em conversa com um colega, em âmbito profissional, considerei deveras interessante um tema que se levantou; a construção de objectos singulares para percebermos o seu conceito global; isto é, há necessidade de isolar e criar objectos específicos, seja por uma contrução artística ou conceptual, seja pela delimitação do conceito, para percebermos que não podem viver isoladamente, não são nada sem o seu contexto;
o exemplo partiu da consideração singular, isolada das ideias de paisagem/património/arte;
nenhuma destas ideias pode viver sem a outra; exemplos? a paisagem do douro vinhateiro é candidata a património mundial; a arte é feita sempre e incontornavelmente em função de um dado contexto (que é social, económico, cultural, mas também patrimonial, paisagístico); finalmente, só há património se existir intervenção humana, que altera a paisagem (física ou humana) conferindo-lhe algum sentido (artístico ou funcional);
interessante a conversa;

da demissão

ainda a propóstio de uma entrada neste quadro (a propósito da demissão do órgão de gestão da escola do meu filho), um colega pergunta-me se teriamos de ter dado por alguma coisa, se somos vistos ou achados nesse processo - quando refere o nós, é o nós pais/encarregados de educação;
ora aqui está uma evidência da claríssima falta e oportunidades dos professores;
então se andam por aí a dizer que os pais irão ser chamados a avaliar os professores não seria agora uma óptima oportunidade de comunicar das suas razões aos pais? de chamar para o seu lado, de acordo com razões e argumentos, os pais/encarregados de educação? não seria uma óptima oportunidade de juntar o binómio pais/professores contra o sempre omnipresente Estado omnipotente? não seria uma esplêndida oportunidade de considerar os pais como parceiros em interesses e objectivos que serão certamente pedagógicos e profissionais na defesa dos alunos?
são estas pequenas faltas de sentido que fazem com que a escola (e os professores) fiquem cada vez mais isolados, a bradar contra os céus!!!!

insatisfação

não sei o que fazer, nem como proceder;
a insatisfação generalizada é um hábitus português que apenas procura nos outros, do lado de fora de nós mesmos, pretextos e desculpas para a nossa generalizada desqualificação;
se está calor é porque está calor, se chove é porque chove, se está fresco é porque está fresco; independemente das circunstâncias a culpa, essa, ou é da câmara ou é do governo;
esquecem-se é que existe S. Pedro (?), esquecem-se é do nosso contributo para os efeitos de estufa, para o aquecimento global, para o El Niño, e para tudo o que se encontra associado ao desgaste do nosso ambiente;
de vez enquando sinto esgotar a paciência; não há pachorra;

terça-feira, junho 13

metáfora

peço antecipadamente desculpa, mas não encontro uma metáfora tão adequada ao que ontem senti que não seja traduzida na afirmação que me senti apalpado;
em conversa com um protagonista das cenas político-partidárias da cidade, que não as minhas, abordou-me de tal modo sobre a cidade, que me senti apalpado quando à possibilidade, viabilidade, oportunidade de se criar um movimento cívico alternativo aos partidos políticos para concorrer às próximas eleições autárquicas;
pois!?!?!?!?!?

fechou

no início do mês fechou uma das livrarias da cidade de Évora;
a única aberta ao fim-de-semana;
a única que disponibilizada títulos da Editorial Notícias, a qual era proprietária;
de acordo com comentários dos funcionários (todos despedidos) será a perspectivar a abertura de outros espaços de maiores dimensões;
até lá Évora fica, uma vez mais, parada, suspensa num marasmo que a todos procura entorpecer;
até quando?

segunda-feira, junho 12

da discussão

ainda sobre a discussão em volta da proposta do ECD quem tem ficado deveras mal visto no retrato são os professores, os profissionais da educação;
os argumentos atirados ao ar caiem, na generalidade dos casos e das situações, em cima de quem os atira; são de tal modo constrangedores e confrangedores que apenas envergonham quem pensa e reflecte sobre a sua organização;

curtas III

troquei ideias com um colega sobre a discussão da moda, a proposta do novo estatuto da carreira docente;
apenas dois apontamentos;
afinal o colega concorda com Bolonha e concorda com o sistema de avaliação da administração pública, o tal SIADAP; dois dos elementos exteriores (estranhos?) a uma classe que era especial e que fruto de circunstâncias várias, perdeu esse direito; Bolonha uniformiza a formação inicial, na qual se incluem os mestrados, o SIADAP define o processo de avaliação (metodologias, objectivos, quotas);
quanto a Bolonha não digo nada, por assumir ainda uma parte significativa de ignorância, quanto ao SIADAP não concordo com a metodologia nem com a lógica; considero necessáira a valiação de desempenho, mas não com teores exclusivos de lógicas quantitativas; há outras também viáveis e possíveis e necessárias;

curtas II

o conselho executivo da escola do meu filho mais velho demitiu-se;
segundo rezam as crónicas por desacordos com a direcção regional;
pois, e alguém deu por isso?

curtas I

tenho dois sítios onde escrevo coisas minhas, ideias soltas, apontamentos diversos que designo de curtas;
curtas textuais e curtas fotográficas, são os espaços de divagação e memória que~, por dificuldades de acesso à net, ainda não partilho (resta-me perceber se algum dia partilharei);
são algumas dessas ideias que hoje aqui deixo;

terça-feira, junho 6

da disciplina

trabalho, em termos de projecto de investigação na área da educação, o conceito de disciplina; procuro, a partir deste conceito, construir duas ideias (ainda não sei se serão argumentos, teses ou simples hipóteses de trabalho);
por um lado que o conceito valeu por si, durante a 1ª república como elemento justificador de um novo regime político, depois, durante o Estado Novo, como forma legitimadora de um construído político e ideológico de um cidadão "com tino e compustura";
na democracia, durante a construção do regime democrático (que se efectua no dia-a-dia) o conceito de disciplina sofre uma tensão, sente-se entalado entre, de um lado, a legitimação de um novo regime político e, do outro, a construção da pluralidade do sujeito;
é esta tensão, são estas aparentes contradições que fazem com que o conceito de disciplina (enquanto representação e acção), passe a valer pelo seu contrário, pela sua negação, pelo conceito de indisciplina;
é em face da incapacidade que os actores educativos, numa afirmada circularidade do poder (do topo à base e deste para aquele) têm manifestado de enfrentar estas contradições que fazem com que a temática seja recorrente e quase sempre anexa ao fim da ordem e da moral, ao fim dos valores, à decadência da sociedade, à indiferença de uns (os alunos) e ao aparente alheamento de outros (os professores);
é esta tensão que tem de ser enfrentada e torneada, sem a qual a ideia de indisciplina valerá sempre por si e não pela sua afirmação, enquato disciplina, conjunto de regras e posições fundamentais para que se possa desenvolver o trabalho pedagógico;

filme ao lado

há dias atrás a família foi toda ao cinema;
a mãe optou por entrar mais tarde, enquanto comprava pipocas e conversava com uma colega;
entrou, prescrutou a escuridão do cinema e, ne dificuldade de referenciar os restantes elementos sentou-se;
disse que se sentou equivocada, sentia dúvidas quanto ao filme, não estava a perceber nada, não se conseguia situar; por um lado porque não referenciava os restantes elementos, por outro porque pensava ver um filme e via outro;
esteve nesta hesitação mais de 5 minutos, quando se apercebeu que tinha entrado na sala errada;
levantou-se, saiu, dirigiu-se à sala correcta, procurou a família, sentou-se e riu;
é assim que me sinto em muita das situações políticas com que me confronto nos últimos tempos;
fico com a sensação que estou num filme errado, que entrei na sala ao lado, que o filme para o qual comprei bilhete não é aquele que vejo;
como a esposa, só espero que no final e esclarecido o engano, tenha vontade de rir e me sinta mais descontraído, do tipo, ufa, eu é que estava enganado, eu é que estava no lugar errado;

serviço público

há dias atrás, em conversa de café com um colega com ideias bem diferentes das minhas, apontava uma ideia clara e óbvia; que, nestes tempos, nos dias que correm, há necessidade de uma certa loucura para se assumir uma ideia de serviço público;
e é capaz de ser verdade;
os desafios são enormes, os constrangimentos apertam, alguns deslumbramentos iludem, as conversas ficam-se pelo corriqueiro lugar comum das vulgares abanalidades;
mas é nestes tempos, é em período de constrangimentos, que há que apelas à imaginação e destrinçar o acessório do essencial;
no meio de tanto ruído, de tanta poeira, como fazer esta separação? como identificar, no médio prazo, o que poderá ser útil daquilo que será prescindível?