quinta-feira, março 30

Estado

Serão hoje apresentadas, segundo tudo indica, as linhas de orientação da reforma do Estado, do qual existem inúmeros comentários, algumas vozes, mas muito poucos argumentos.
fala-se da extinção de serviços, da fusão de outros, da reorganização de outros ainda. Da alteração das tutelas, da redefinição de conteúdos, de funções e funcionalidades, de objectivos e de estratégias.
globalmente não haverá nada nem ninguém que não concorde, pelo menos genericamente, com a ideia.
Este Estado que temos e que conhecemos não nasceu assim.
Formou-se ao longo do período da ditadura (centralizador, desconfiante relativamente ao cidadão, hierárquico, constrangedor, homogeneizador), consolidou-se com a democracia (nomeadamente no alargamento da sua influência, na gestão de interesses, na abrangência partidária, no imobilismo técnico, no rigor desqualificante).
Hoje todos percebemos que o Estado não pode nem deve continuar como até aqui. Hoje facilmente temos consciência que tem de mudar.
Mas só pode mudar se duas condições, dois factores determinantes mudarem.
Por um lado, em face de uma assumida confiança nas pessoas. Sem esta confiança, sem este estabelecer de laços e de uma relação consistente não há nada que nos valha. Não estou preocupado com partidos, clubes ou simpatias. Estou apenas a afirmar a confiança pessoal e técnica que não tem existido.
Por outro na assunção das responsabilidades que sustêm as autonomias pessoais. Sem esta assunção, que muita das vezes culpabiliza os outros, o sistema, o governo, os chefes, nada se alterará. E esta assunção passa quase que exclusivamente pela formação. Não basta a formação inicial, há necessidade, é imperioso desenvolver uma consciência reflexiva e avaliativa que permita ultrapassar quezílias fulanizadas e implementar lógicas organizacionais.
Entre a confiança e a responsabilização oscilará muito do nosso futuro, muitas das oportunidades de (re)afirmação do Estado.
E atenção, defendo o papel determinante do Estado, na regulação não apenas económica (provavelmente esfera onde cada vez faz menos sentido), mas enquanto elemento estruturante da regulação social e cultural.
É esperar e ouvir, uma vez que, pela segunda vez, o governo de Sócrates consegue manter no fundo da gaveta as ideias e as principais notícias, circunstância que, estou certo, será alvo fácil de críticas por parte da esquerda pertensamente defensora da participação.

aflito

por razões tecnológicas que qualquer racionalidade lógica desconhece, a minha caixa negra de acesso à tv cabo emperrou.
Diz-me a rapariguinha da loja que é problema de software, bloqueou quando fazia a actualização.
pois e então quando desbloqueia?
ai meu caro senhor, isso não depende nem de mim nem de Deus. é do sistema.
tábem, mas há alguma previsibilidade?
nada. é esperar.

resultado, estou de regresso à idade das trevas, apenas os 4 canais areais, sem internet e sem telefone fixo.
se isto é o choque tecnológico já estou frito.

obrigado

é impressionante como pessoas que nunca se viram conseguem, por intermédio da escrita e das ideias, trocar sentimentos e ficar próximas.
tão próximas que, por vezes, o silêncio é ruidoso e constrange.
vale-nos a vida, quando as coisas não nos correm bem. Valem-nos as amizades.
este post tem nome, chama-se Miguel Pinto e só lhe tenho a agradecer a amizade.
obrigado.

quarta-feira, março 29

topografia

no contexto do trabalho académico que procuro desenvolver, em torno das políticas educativas e da dimensão educativa do movimento associativo juvenil, encontro-me algo enterrado, emperrado.
uma colega, ao procurar descrever um esboço da sua problemática, utilizou a metáfora da topografia.
nem mais.
este percurso é marcado por uma topografia irregular, disforme, nuns momentos em alto, onde consigo pensar e escrever, digerir ideias e leituras, apontar pistas e hipóteses, ver para além do meu próprio horizonte.
Outras claramente em baixo, numa pediplanície onde, aparentemente, não existem constrangimentos mas onde não nos apercebemos do evoluir, do caminhar, do percurso feito a não ser quando paramos e olhamos para trás e temos noção do percorrido.
neste momento estou nesta fase, entre o descendente e a planície. Sinto claras dificuldades de leitura, de escrita. Estou emperrado. Nas últimas duas semanas não escrevi uma linha, situação que é manifestamente grave numa faculdade e com um orientador que procura, incistentemente, conteúdos, redacções, textos.
há que continuar o caminho.

mimetismo

manifestamente em favor da corrente a CGTP convocou uma manifestação de jovens contra a precariedade no trabalho.
será que procura ir a reboque de desinteresses franceses e e trazer para Portugal uma problemática mal colocada?
mal colocada tendo em conta que a juventude portuguesa se depara com inúmeras situações adversas, mas esta manipulação e o claro mimetismo não fica bem a uma intersindical ela própria à procura de novos espaços e de novos protagonistas.

espaço

depois da tomada de posse do novo presidente da República este tem sido notado pela ausência, pelo silêncio.
não creio que seja para durar muito ainda que uma das lógicas que subjaz a Cavaco Silva (será mito?) seja a de alguma distanciação face aos media.
contudo e na sequência do congresso do PSD e do agendamento do PP parece algo claro que a direita procura o seu novo espaço, uma nova forma de afirmação e de demarcação.
pela primeira vez confronta-se com o poder em Belém e, ainda por cima, sendo esse poder um dos seus fantasmas.
há, em face desta nova distribuição, que criar novos espaços, novos protagonismos que, não caíndo no rídiculo e no vazio das propostas e das ideias, seja capaz de criar alternativas políticas.
vamos ver é se acordam a tempo.

Alentejo 2015

Foi ontem apresentado, na CCDR, com alguma pompa mas sem grandes circunstancialismos, as linhas estratégicas do percurso que pretensamente nos conduzirá a 2015.
Na ausência de um ministro claramente fora do tempo e desenquadrado de contextos e de muitas das realidades políticas nacionais, houve espaço para que um dos seus secretários de estado apresentasse as linhas gerais do que será o novo QCA e para que o Prof. Augusto Mateus, há muito estudioso da realidade económica alentejana, sintetizasse os grandes objectivos, as metas em torno das quais terá de existir algum consenso. Um apontamento onde são visíveis alguns dos mitos que rodeiam o Alentejo, afinal não é uma região intensamente desfavorecida (faz a ligação entres o pelotão avançado e a retaguarda – em 7 regiões está num 4 lugar, em termos de competitividade e coesão), tem potencialidades endógenas há muito reconhecidas e algumas já afirmadas, tem ritmos perfeitamente distintos de afirmação, entre o litoral e o Baixo Alentejo, entre as mais valias empresariais e as afirmações industriais, entre outros, num trabalho que aconselho a ver.
Eram visíveis na plateia inúmeros protagonistas locais e regionais, organismos desconcentrados da administração pública, autarcas, quadros técnicos, sindicalistas, empresários, etc.
No computo das afirmações, algumas marcadamente lugares comuns, outras em tentativa de romper com o senso comum, foi também visível, pela ausência, um factor determinante e que neste momento o Alentejo não tem, uma liderança.
Para que o Alentejo se afirme, para que seja possível alcançar o pelotão da frente, por que é possível para além de ser desejável, há que se afirmar uma liderança que afirme a democracia, isto é, respeite as diferenças políticas e partidárias, acentua as pluralidades regionais, dê destaque às particularidades pessoais e visibilidade às especificidades locais mas que, para além de tudo isso, seja capaz de congregar em torno de si uma ideia mobilizadora, uma força impulsionadora, uma liderança que afirme um projecto.
E isso, neste momento, o Alentejo não tem.

terça-feira, março 28

idade

habitualmente não tenho problemas com a idade, com o passar dos tempos e o fluir das Primaveras (quase 43) que já cá cantam.
Um dos velhotes que me ajudou a crescer sempre disse para me sentir bem com a idade, para disfrutar cada ano pois só o temos uma vez, para o disfrutarmos como único sabendo que virão outros.
e, algo pretensiosamente, não tenho sentido muito este peso que me confere a ternura dos 40.
mas este fim-de-semana fui confrontado com as diferenças etárias e com as consequentes diferenças de perspectiva que acarreta essa diferença. De tal modo que um jovem, na casa dos 20 e pouco, me confrontou e disse que pertenço aos velhos, aos outros.
ficou-me atravessado na garganta, qual espinha, ao longo de todo o fim-de-semana. É um facto, é um dado incontornável perceber que, apesar de não sentir as diferenças, elas existem e cada vez mais se acentuam.
Tempos e idade.

expectativa

digo uma vez mais que Koeman não é dos treinadores que desperte em mim grande entusiasmo. Contudo, reconheço-lhe méritos na gestão da equipa, nomeadamente na liga dos campeões onde soube montar estratégias persuasivas e eficazes. Cá por casa tem sido mais difícil de gerir, circunstância que faz com que haja, de forma efectiva, uma equipa de consumo nacional e uma outra para inglês (e espanhois) verem e admirar.
Como será hoje a equipa? a equipa de hoje não é inglesa, não tem um modelo esteriótipado de futebol e os treinadores conhecem-se e prezam a mesma escola. Resultado do confronto? no final do jogo logo lhes direi, mas vou no empate a uma bola.

....

cheguei ao fim do meu moleskine.
durou de meados de Outubro a final de Março.
são apontamentos diversos, ideias soltas, pensamentos dispersos de um itinerário académico, numa tentativa de estudar as políticas educativas para além da escola.
venha outro.

segunda-feira, março 27

sinais

as medidas propostas pelo governo de Sócrates, no contexto da designada reestruturação do Estado, desencadeia um conjunto diverso de sinais.
uns preocupantes, outros reveladores, outros que esclarecem e outros ainda que ocultam.
preocupantes quando são solicitados sacríficios aos portugueses, apesar de existir um amplo consenso, e de repente sentimos que pode haver o refrear de ânimos, o condicionar da acção política, o apelo a que tudo se mude para que tudo fique na mesma. Faço votos e para isso trabalharei para que assim não seja.
reveladores do peso que algumas corporações (desde sindicatos a ordens, desde lbies de interesse a grupos de intervenção) adquiriram e da petrificação social e política que impuseram a determinadas áreas profissionais. Há tempos M. S. Tavares escreveu, e bem, que todos concordamos com as medidas de reestruturação desde que não nos afectem. Percebemos facilmente os comentários daqueles que não são os profissionais abrangidos e as diferenças com aqueles que sentem na pele as mudanças.
esclarecedores de qual o papel que se pretende para o Estado neste início de milénio. Obrigatoriamente diferente daquele que se afirmou no início do século XX e que se consolidou no pós guerra. As situações são outras, os contextos manifestamente diferentes, as exigências muito mais altas, os índices de participação e representatividade claramente outros. Não pode o Estado, seja ao nível da educação, da saúde ou da justiça, permanecer imóvel como se nada se tivesse alterado à sua volta. Haja capacidade, ousadia e temeridade (aquilo que alguns chamam de obstinação) para levar ávante esta reconfiguração.
Agora o que me preocupa é começar a sentir que existem sinais que há interesses que se insurgem. Uns dizem que decorrem do "aparelho" do PS (seja isso o que for), outros dos poderosos grupos de interesse que se movimentam em torno de áreas ou sectores de actividade (assim não têm rosto, são tudo, não sendo nada). Outros apontam as fugas cirurgicas de informação que causam constrangimentos e promovem agitações sem sentido e, particularmente, sem fundamento.
Passado pouco mais de um ano sobre a tomada de posse deste governo socialista há sinais que devemos levar em consideração e saber interpretar. Serão apenas sinais? sinais do quê? sinais para quê?

contradições

Não sei se é uma contradição se apenas um desabafo. Como não sei qual a dimensão da legitimidade e da fundamentação da ideia.
Mas cham de contradição ao facto de num tempo marcado pela aldeia global em que tudo sabemos sobre quase tudo, quase tudo nos passa despercebido.
Ou seja, sinto que cada vez mais há um escasso número de fazedores de opinião, essencial quando não exclusivamente lisboetas, que determinam modas, fazem as ondas, definem o que é in ou o que está out, condicionam gostos e, não menos importante, criam as manchetes editoriais.
Cada vez mais me apercebo que neste Portugal interior, desde a aldeia à cidade, passando pelas inúmeras colectividades, há cada vez mais e cada vez melhores acontecimentos.
Em Beja, durante a semana, começou sábado, marca presença um evento claramente diferente sobre jazz.
Em Portalegre há uma constante dinâmica musical e artística que marca ritmos, dita correntes.
Em Évora é uma miríade de acontecimentos, uns pequenos, outros grandes.
Em Sines é um centro de arte que orgulharia qualquer cidade europeia.
Em Mértola são dinâmica culturais que cruzam mundos e definem olhares.
Em Montemor-o-Novo são cruzares de culturas e de artes.
Em Alcáçovas são dinâmicas juvenis que determinam dinâmicas e ritmos.
Tantas e tantas coisas podiam ser referenciadas, apontadas.
Manifestamente quando olhamos para as diferentes agendas culturais dos municípios alentejanos facilmente nos apercebemos da quantidade de coisas, de dinâmicas, de acções, de projectos, do fervilhar de ideias. Para já não falar daquelas que por razões várias, ficam a marinar em lume brando, à espera de melhores oportunidades, de outras condições.
E nós sabemos sabemos o quê? o que circula como notícia? o que é facto jornalístico? com o que deparamos quando acedemos à televisão?
e não é uma situação excluvia desta região, do Alentejo profundo. É uma consciente contradição que alguns fazedores de opinião teimam em afirmar e que alguns editorialistas em fazer passar.
valem-nos alguns blogues que permitem conhecer outras dinâmicas, permitem cruzar outras perspectivas, e apercebermo-nos de outros prontos de vista.

quinta-feira, março 23

participação

entre amanhã e sábado tenho oportunidade de participar numa iniciativa que permite a discussão sobre a construção de políticas públicas de juventude.
é uma iniciativa que tem como principal imagem de marca procurar juntar todo um conjunto de características que marcam a juventude com a criação de um fórum de debate sobre políticas públicas.
entre a festa e o debate, discutem-se políticas de juventude.

lata

irritam-me as pessoas que pensam que Portugal é só delas.
há pouco, ao circular pelas ruas desta cidade, há uma senhora que resolve parar em plena faixa de rodagem no meio da Praça de Giraldo, descer, ier atrás da viatura, abrir a mala, retirar algo de dentro, ir entregar ali ao lado, voltar a entrar e seguir em frente.
tudo isto enquanto inúmera gente esperava atrás.
uns buzinavam, outros barafustavam, todos sopravam.
mas a senhora calmamente lá cumpriu o seu objectivo e seguiu como se os outros, todos os outros, não tivessem razão para estarem incomodados.
é preciso ter lata.

quarta-feira, março 22

ritual

cumpri o meu ritual anual que irei estranhar nos próximos tempos, ou seja, já enviei a candidatura inteligente (?) ao concurso de professores para o próximo ano.
uma vâ tentativa de me aproximar um pouco mais de casa. Cá fico à espera dos resultados, certo que dificilmente me moverei.

escrita

a minha escrita está diferente, dizem uns. As ideias são agora mais políticas, mais partidárias, dizem outros.
aceito os comentários. Como há quem diga que a minha escrita é militante, participativa e reivindicativa (circunstância que academicamente me constrange e dificulta algum desenvolvimento);
provavelmente será verdade, fruto de contextos, e somos quase sempre nós e o nosso contexto, a minha escrita adquire outras características, outras dimensões, podem não ser melhores, podem não ser maiores, apenas outras, apenas diferentes.
estou fora da escola, apesar de manter uma profunda ligação a essa paixão da qual não abdico, mais exposto, quer política quer institucionalmente, mais envolvido com um trabalho académico de pesquisa e investigação, que me faculta outras lentes (alguém diria um outro olhar).
Fruto de tudo isto o meu olhar à escola e à realidade é diferente.
perdem-se algumas características que permitiram que uns quantos amigos por aqui passassem e perdessem tempo a ler as minhas divagações; ganham-se, conquistam-se outros que descobrem outras formas de ver a discussão que nos cerca.

primavera

como na primavera, a alergia ao trabalho faz-se sentir.
sinto-me cansado, entupido de ideias, constrito de opiniões.
o cansaço, nesta altura do ano, fruto de re-adaptações, de ritmos diferentes e novos, de circunstâncialismo vários, pesa mais, manifesta-se com uma outra intensidade e bloqueia a vontade de pensar.
tenho uma reduzidissima capacidade de concentração, sinto manifestas dificuldades em ler, em articular ideias, em escrever.
como resultado o trabalho, particularmente o académico, não flui e sinto-me entre o assustado e o angustiado.
a escrita ressente-se e há quem me aconselhe a suspender a escrita a concentrar-me apenas em um ou dois focos de atenção.
Mas não consigo. Prefiro a dispersão e esperar a recuperação se ela ainda acontecer a tempo.

quinta-feira, março 16

telefonia

tenho o gosto, o privilégio e o prazer de participar num fórum radiofónico com mais dois colegas simpatizantes e militantes respectivamente do PCP (Diamantino Dias) e do PSD (Florival Pinto). digo prazer por que gosto de falar e de trocar ideias; digo privilégio por que efectivamente é um espaço de debate e um palco de onde é relativamente fácil atingir o boneco;
ontem discutiu-se um tema que poucos gostam e ninguém simpatiza, o encerramento de maternidades na região.
Podemos não concordar, podemos, inclusivamente, discordar.
Mas, pela primeira vez, existe uma articulação entre unidades de saúde (centro de saúde e hospital) e distritos (Beja, Ébora e Portalegre).
Desgraçadamente não temos gente, pessoas e os investimentos na área da saúde são demasiadamente avultados para que o erário público, aquilo que todos pagamos, seja disperso, não rentabilizado.
Há que salvaguardar duas coisas, por um lado a prestação de cuidados de saúde com qualidade, por outro, a necessária articulação entre valências e entre sectores de modo a que não se disperse sem que se assumam responsabilidades.

crise? qual crise?

Não haverá texto sobre a escola e sobre a educação que, mesmo que superficial ou afloradamente, não aborde, defenda ou afirme com firme convicção que a escola, a educação, os valores, os jovens estão em crise.
Se olharmos a floresta até podemos pensar que ela não está como gostariamos. Legitimo, as sem grande sentido.
Ontem tive oportunidade de estar com mais de 10 jovens, oriundos de escolas secundárias, na fase distrital de um jogo promovido pelo IPJ, o Hemiciclo, onde tive oportunidade de ver e sentir um enorme prazer nesta juventude, no modo como afirma a defesa das suas ideias e de pontos de vista, no esgrimir de argumentos, na utilização do contraditório.
Olhando a escola, a educação e a juventude a partir deste ponto, é um foco de atenção como qualquer outro, resta-me perguntar que crise existe? onde é que ela está?

quarta-feira, março 15

irra

pagar 60 cêntimos (120 melreis) por um mau café custa.
foi o que me custou, há pouco, no arcada, um mau café por 120 escudos. irra.

de regresso

o Mário, o Simões, está de regresso. Faço votos para que seja para ficar, por muito e bons tempos, escrita, queria eu dizer.
em www.sonhosecompanhia.blogspot.

eleições

o PS cá da terra, seja de âmbito concelhio ou distrital (federação) irá a votos em breve.
Procura-se, aceita-se uma discussão de projectos e de ideias;
qual o papel dos partidos políticos em contexto local ou regional?
qual a acção política pretendida na consolidação das democracia locais e na sua articulação com democriacias nacionais ou transnacionais?
qual o papel dos actores locais na afirmação de ideias nacionais, como, no inverso, a afirmação de ideias nacionais em contextos locais?
afinal, que pretendemos nós afirmar, uma posição de poder ou uma posição de afirmação de um projecto?
qual o espaço, sempre necessário, à participação independente?
O PS sempre foi rico no debate e na troca de ideias, na pluralidade de pontos de vista e ambições, de afirmações e de estratégias. Dentro dessa pluralidade sempre soube concertar acções, harmonizar objectivos, integrar divergências.
Mas os tempos presentes são de mudança, são, assumidamente, de mutação. Há uns quantos que procuram as continuidades, outros que se escondem nos afazeres para esperar por outros ou por outras oportunidades. Corre-se o sério risco de ficar na mesma e se adiarem circunstâncias de mudança que são inevitáveis, quer na revita~lização da acção política quer na afirmação de ideologias.
e, ao contrário do que se poderia imaginar e do que alguns defendem, não estão gastas, nem são todas iguais.

prime time

há pouco mais de um ano eram os políticos (de um ou de outro lado) que abriam os telejornais, enchiam as manchetes da imprensa escrita.
hoje, de há poucos meses a esta parte, são os grandes grupos económicos que optam por conferências de imprensa à hora dos telejornais;
mudança de antena ou apenas mudança dos tempos?
predomiínio económico ou simplesmente preponderância sectorial?

exame

a propósito das notícias - qual versão a ver o que dá - do ME ir obrigar os candidatos à docência a realizar exame de acesso à carreira, encontrei uma referência nos blogues que percorri (não foi uma procura nem sistemática, nem intensiva, portanto vale o que vale se é que vale alguma coisa).
não é novidade, algumas ordens já o fazem (será uma eventual procura de equiparação a estas realidades mais, digo, ordeiras??);
noutros países é norma desde o final dos anos 80, onde, particularmente, se debateram com idêntico problemas, a de excesso de procura para uma oferta que é cada vez mais escassa;
e cá? qual o teor da discussão? qual o sentido das conversas? qual a pertinência da medida? quais os impactos previsionais?

ausências

a maior parte das vezes digo que não escrevo por que não tenho um acesso à net em casa, circunstância que me constrange na actualização e na edição diária deste espaço.
mas outras é apenas por que procuro não escrever.
Arranjo desculpas para não verter ideias a quente, procurar alguma distância, algum distanciamento a factos ou acontecimentos que me obrigam a pensar aquilo que escrevo.
coisa com a qual, reconheço e assumo, não simpatizo muito.
gosto de escrever de rompante, aos soluços de uma paixão apenas pelo debate, pela troca de ideias.
sentir que me auto-condiciono na escrita é sentir-me coartado.
mas acontece e, afinal, há que pensar aquilo que se escreve pois não sou apenas eu o implicado.

quinta-feira, março 9

geração

Cada vez mais sinto a força dos tempos, a mudança, o que persiste em ficar e aquilo que quer mudar.
Onde nos situamos nós?
Onde nos queremos posicionar?
Será uma coisa de geração?
há dias uma colega docente dizia-me que sente os rapazes diferentes, que seria capaz de apontar diferenças entre aqueles com que trabalhou no final dos anos 90 e aqueles com quem agora trabalha. E, acrescentou, não são apenas os rapazes, são também os pais deles.
O que muda?
o que fica?
o que muda do que fica?
o que fica do que muda?
Como andam estas coisas polí­ticas por estas terras alentejanas?
Sinceramente não percebo, não tenho elementos suficientes que me permitam perceber e compreender o que se passa, isto é, e aparentemente, nada, mas, pelo contrário, uma guerra surda, onde peixes de águas profundas mexem e remexem, e agitam águas, se faz sentir a turbulência da calma aparente; será assim tão aparente?;
Será um contar de espingardas?
será um acerto de equilíbrios?
será um verificar de posições?
o que é?
sinto a força de alçgumas individualidades em projectos que deveriam ser colectivos; sei que me ponho a jeito de levar no lombo, de cascarem em mim, mas que raio é isto que não compreendo;
Aparentemente sou dispensável por que eventualmente indesejável?
Sinto, a partir de diferentes patamares, ventos de outras paragens de outros tempos, um tenta-te que não cais, um enrolar de coisas... que descamba em confusão, em indecisão, em distanciação face às pessoas e às ideias centrais de um projecto.
Não compreendo, provavelmente por falta de lementos e de capacidade. Será?

glorioso

se eu, nos outros momentos, tenho orgulhjo em ser benfiquista, imagem agora, hoje, claramente ressacado de uma vitória que nã oé apenas gloriossa, é histórica.
àh ganda benfica.
Venham os próximos, sejam eles quem forem.

quarta-feira, março 8

escrita

sou de rompantes, marcado por um quase movimento pendular, de um lado e do outro, raramente em equilíbrio dito perfeito.
Ou hei-de escrever de fio a pavio, ora sentir-me estagnado, empancado.
Há dias escrevi cinco folhas de uma só vez, a espaço simples. Foi uma vitória.
Depois de leituras, depois de alguma organização de ideias e de argumentos foi um despachar de palavras.
De repente páro. Não consigo concentrar-me o suficiente para ler com a atenção que necessito. Questiono as minhas possibilidades, interrogo-me sobre a oportunidade da decisão.
Não consigo nem escrever nem ler. Perco tempo.
Não sei se me sinto cansado ou apenas se é apenas a necessidade de clarificar ideias.

mulher

é o dia delas.
é merecido, é de festejar, éde louvar e agradecer
a elas, hoje e sempre, um bom dia.

março

ontem esteve uma noite como desde Outubro não se sentia. Agradável, convidativa. Com um frio agradável de sentir, reconfortante, mas também com um claro sentimento que se aproxima a Primavera.
Gostei. Marca este Março em que desde pequeno me lembro de ouvir dizer
março, marçagão,
manhãs de inverno,
tardes de verão.

miudinho

tou nervoso, tou.
é um nervoso miudinho, pois quero acreditar (será fé?) que empatamos a um, mas tou nervoso, tou.

terça-feira, março 7

simples

sempre gostei das coisas simples, ainda que nada tenha de simples e, muitas das vezes, seja um complicadinho dos diabos - na escrita, nas ideias, na organização, nos afazeres. Mas não invalidade que simpatize e aprecie as coisas simples.
O desenho, o retrato oficial do presidente da República cessante, Jorge Sampaio, da autoria de Paula Rego é isso mesmo. Uma coisa simples. Uma coisa duplamente simples. Um retrato que mostra, destaca, retrata uma pessoa simples de um modo aparentemente simples.
Brilhante.

espanto

espanto-me sempre quando descubro sintonias, cumplicidades nas conversas que tenho com gentes diferentes.
Gosto, realmente, de me re-encontrar nas palavras dos outros, nas ideias diferentes, nas discussões, na troca de opinião.

segunda-feira, março 6

nokia

Em finais dos anos 90 tive oportunidade de participar num encontro realizado na região de Hamm, na Finlândia e de tomar conta da organização e das opções estratégicas daquela região.
Passados estes anos é a vez de o primeiro ministro perceber o que por lá se faz.
Não tenho a mínima das dúvidas que muitas vozes se levantarão na análise daquilo que não temos, das desvantagens incomparativas.
Mas, neste contexto, realço um pormenor de todo em todo determinante na observação que mais me marcou naquele período, a formação dos professores.
Poucos são os professores que se ficam pela formação inicial. E não é por determinação legislativa, é por opção.
Quem fez formação pós graduada percebe que este pequeno pormenor, faz toda a diferença.

final

Jorge Sampaio está de saída, chega ao final do seu segundo mandato.
Assumo que desde os idos 80 que gosto de Sampaio. Foi com ele que me aproximei da militância política e partidária. É uma pessoa com carisma, para ser simples e prático.
Não se lhe arvoravam grandes expectativas aquando da sua tomada de posse. Convenhamos que substituir Mário Soares não era, nem certamente terá sido, tarefa fácil.
Mas soube fazê-lo, com elegância, com distanciamento ao exercício da governação, escolhendo dois ou três temas que atravessaram de forma incontornável o seu período, nomeadamente questões em torno da escola, da educação e da formação, questões da inovação e desenvolvimento organizacional e, por último e o menos conseguido, o da justiça.
A grande questão neste momento é perceber quais as linhas de orientação do novo presidente. Se levarmos em consideração a sua primeira entrevista como presidente é de suspeitar que iremos sentir as diferenças.

quinta-feira, março 2

zapping

percorri, de forma ligeira, uma vasta extensão das ligações mais afectivas daqueles blogues onde gosto de parar, de sentir, de ler, de folhear.
ainda que de forma quase que descomprometida encontro três situações.
Uma permanência pelo prazer da escrita, pela assunção de um espaço de participação, mas também de catarse - social, pessoal, profissional. Um espaço agradável pela diversidade de pontos de vista e de olhares;
um esmorecimento de olhares, algum desencanto, alguma desilusão que perpassa pela escrita. Seja pelos constrangimentos de um tempo presente, seja pela solidão da escrita. Mas é uma escrita cada vez mais virada para os interiores - das pessoas, profissionais, sociais, contextuais.
Por último e não menos importante a permanente profusão de blogues, pela alteridade que muitos denotam, pela assunção da mudança e da evolução.
Uma blogosfera feita de contrastes onde nos é permitido e possibilitado um maior conhecimento, senão do outro, pelo menos de nós por intermédio do outro.

portuguesices

Cheguei quase com uma semana de atraso a um sítio onde não resisti, ainda assim, a comentar.
Não são coisas típicas, específicas, exclusivas dos professores. É um sentimento que atravessa grande parte do português, num queixume que A. Variações tão bem caracterizou, só estou bem onde não estou.
pela lista - e não quero parecer desconcertante dizendo que poderia ser de supermercado - até parece que a origem dos problemas está fora da escola ou de nós (nas famílias, nos políticos, na sociedade, nos outros) e a escola mais não fosse que uma qualquer ilha onde com recursos (humanos, materiais e financeiros), formação, outros alunos, outro meio, uma outra comunidade, outros pais, etc... seria um paraíso.
Felizmente não é, e grande parte dos problemas não estão fora da escola, estão na escola e em muitos dos modos de os professores olharem e pensarem (?) a sua profissão, o seu papel e o papel da escola pública em contextos desafiantes, polifacetados, heterogéneos, diversificados e instáveis.
Mas é uma discussão que dificilmente levará a algum lado. Não por falta de consenços, uma vez que nas críticas estaremos amplamente de acordo, mas nas propostas que eventualmente se coloquem e aí é que se diz mal dos políticos, pois nenhuns interessam, nem os que lá estiveram, nem os que lá estão, nem os que lá venham a estar.
Esta atitude, diria típica de um qualquer profissional português, é uma das principais causas do que se poderá designar como atraso português. Sempre descontente com o que se tem, sempre a querer preservar o que se tem, não se vá mudar para pior. Mas mam já estamos n´so. Afinal, em que ficamos?.

quarta-feira, março 1

troca

Agora com uma idea de trabalho em fundo e na sequência de uma abordagem matinal aos sucessivos temas que se colam à escola - no caso a protecão civil, mas podia ser a revenção rodoviária, o tabagismo, o alcoolismo ou outra.
Os tempos contemporâneo têm produzido uma, direi, excessiva escolarização dos problemas sociais. Isto é, em face da incapacidade de a sociedade, e os seus mecanismos, responderem com eficácia e adequadção a um sem número de solicitações e/ou problemas remetem-nos para a escola, escolarizam-nos, como se esta fosse uma panaceia deresolução de situações e constrangimentos.
Como se sabe não é e tem sido um dos factores que mais tem destacado a ideia de crise da escola ou crise da educação.
Proponho agora o contrário, isto é, que se socializem os problemas educativos. Isto é, que aqueles problemas com os quais a escola tem tido dificuldades em lidar ou gerir, caso da violência ou da delinquência juvenil, das aulas de substituição, do planeamento ou da prevenção (seja da saúde ou de outra ideia), da sensibilização artística ou científica, seja adjudicada a organismos da sociedade, por exemplo, as organizações juvenis.
Marcadas pela adesão voluntária, pelas afectividades e pelas informalidades podem ser espaços onde a escola encontra apoio na resolução de alguns dos seus problemas ou constrangimentos.
É certo que há que definir elementos de ligação e conexão, mecanismos de regulação e articulação, entre outros, mas será um caminho, uma possibilidade.
Poderá ser, e só para picar um amigo, uma efectiva construção da escola situada.

invisível

O mundo é cada vez mais uma aldeia global, marcado, essencialmente, pela comunicação social, pela mediatização pelo conehcimento de massas.
Tudo aquilo que nós não conhecemos não acontece, não existe.
Pode-se contrapor e dizer que foi quase sempre o contrário. Maior o número de acontecimentos do que a nossa possbilidade de os conhecer. Só há relativamente pouco tempo se inverteu esta permissa; Mas não corresponderá à verdade.
Há um sem número de pequenos (e de grandes) acontecimentos que marcam ritmos, definem dinâmicas, respiram energias próprias dos quais não fazemos ieia. Mas existem. Ontem tive disso, uma vez mais, experiência e consciência.
Dois carnavais pequenos (Alcáçovas e Igrejinha), mas enormes para as aldeias onde se realizaram. Totalmente fora dos grandes circuitos, mas com enormes tradições e personalidade marcada.
São fruto de práticas locais ancestrais, que teimam em permanecer vivas fruto de vontades individuais que arregimentam o colectivo, o grupo.
E que dão gosto ver. Pela simplicidade, pela vivência e pela tradição.

interrupções

é sem querer, coisa que eu não gosto, mas de quando em vez fico algum tempo sem marcar presença. Foi uma das razões (sei que há muita gente a apontar-me outras) que levou à interruipção prolongada da escrita.
Mas decorre da minha ainda não ligação à net, circunstância que já me começa a chatear, mas perante a qual pouco posso ainda fazer.
Resta-me apelar à compreensão.