quinta-feira, outubro 28

construção

na construção de um possível sentido da escola, do papel do aluno e do trabalho escolar tenho procurado criar materiais, perceber quais os mecanismos de actuação e de relacionamento professor/aluno/escola. Tenho assumido que é muita gente, uma triangulação difícil de gerir como extremamente volátil, plástica, maleável, dependente de inúmeras situações, co-relacionada com múltiplos factores e elementos, uns exteriores outros interiores quer à escola, quer ao agregado familiar, à pessoa (características, personalidade) do aluno, à forma como este vê (constroi uma ideia e uma imagem sobre o) professor, o seu papel, a sua disposição.
não tenho a mínima veleidade de conseguir algo de concreto, de útil, de prático, de adaptável no decorrer deste ano, apesar de ser este o ano onde reconheço um maior deságuar, uma maior confluência de circunstâncias.
Mas esta minha procura, esta minha pesquisa tem levantado questões não menos fáceis de gerir, tem desvelado, como diria o magnífico reitor da minha terra, situações não menos complexas.
Por exemplo, e talvez porque estou sozinho no processo, a relação que os alunos criam com outras disciplinas, com outros docentes, com outras atitudes - resistência, atrito quando não mesmos conflito, mas essencialmente indiferença.
O questionar de docentes face ao trabalho, às metodologias, às estratégias adoptadas, à livre circulação de alunos pelas escola (apenas e somente entre a sala e a biblioteca ou centro de recursos) no decurso da aula, facto que me tem obrigado a aprofundar a teorização e fundamentação.
Mas vale a pena.

do tom

quando faço uma pausa e tenho oportunidade de ver o que fiz, pensar o que está feito, quais as suas implicações e relações fico, o mais das vezes, surpreendido.
ao olhar para as postas mais recentes noto um tom algo amargurado, um sentimento algo negativo quando, apesar de alguns desses sentimentos passarem por mim, não sentir que seja esse o meu estado de espírito nem que sejam os sentimentos dominantes.
o certo é que marcam a escrita mais recente talvez por duas ou três razões. Um certo cansaço que se reflecte na escrita, um certo sentimento de impotência, alguma frustação por sentir que as coisas estão a mudar (é certo que não apenas na escola, mas esta é um dos palcos predominantes de um espírito de mudança) e nós, professores em particular, não conseguimos (outros simplesmente não querem) assumir essa mudança.
Uma outra razão do tom das minhas postas refere-se, eventualmente, a uma ligeira alteração (não sei se momentânea se mais consistente que isso) de foco de atenção, agora assumidamente nas didácticas e metodologias pedagógicas.
É a tentativa, espero que não desesperada, de procurar colaborar na criação de sentidos da escola, do trabalho escolar, do papel do aluno, na construção da pessoa. E tenho obtido resultados que designo como surpreendentes.

terça-feira, outubro 26

custos

a propósito desta notícia, alguém sabe quanto custa um aluno dos ensinos básico e secundário?
alguém já pensou relacionar custos com proveitos?

em frente marche

No âmbito daquelas discussões que só o são por claro desconhecimento de regras e orientações, vi-me enredado numa troca de palavras que, agora, considero caricato.
Foi-me solicitado, em reunião de conselho de turma, um apontamento sobre dificuldades, competências, valorizações, metodologias e outros que tais face à disciplina que lecciono. Como tinha estruturado um documento sobre a turma e que considerei que respondia às questões levantadas fi-lo chegar à respectiva Directora de Turma.
Resposta, este não serve, tem de ser de acordo com este modelo, e mostrou-me uma folha com espaços próprios e questões específicas.
Ainda procurei argumentar que o meu texto ía ao encontro do solicitado que, apesar de não estar normalizado, por simples desconhecimento da minha parte, tinha todos os conteúdos ali referidos como necessários. Ganhei as mesmas.
Eu sei que estou numa cidade com profunda influência militar, mas querer uniformizar tudo, pintar tudo de verde tropa, alinhar tudo e todos da esquerda para a direita e por alturas é, pelo menos para mim, caricato e idiota.
Mas é o sistema que temos, São as pessoas que temos.

sal e pimenta

efectivamente os viajantes da escola são um pouco como o sal e a pimenta do sistema.
Bem ou mal, melhor ou pior, as coisas estão definidas nas escolas, ainda que em alguns casos não se percebam os seus contornos, aceites pela generalidade dos elementos. Quem discute as regras, quem levanta dúvidas, quem coloca questões são aqueles recém chegados à escola, por destacamento, deslocações ou acaso.
São eles que, de algum modo, apimentam o quotidiano com particular destaque para as reuniões.
Foi isso que senti ontem, numa das minhas reuniões de conselho de turma intercalar.
Procurei estar calado, procurei não me inquietar com algumas dúvidas que o são apenas porque sou novo por aqui, que s coisas estão mais ou menos consensualizadas, mas não resisti quando ouvi que se distribuiam pesos percentuais por instrumentos de avaliação.
Exactamente, os instrumentos de avaliação (fichas, questionários, grelhas de registo, entre outras) também têm peso específico. Eu pensava que o importante eram os critérios e que os instrumentos apenas lhe dariam, ou não, coerência e possibilidade de registo. Fiquei a saber que também têm peso específico.

segunda-feira, outubro 25

escassez

o tempo, esta semana, é mais escasso que nas anteriores. No meio de relatórios, projectos, acções e planificações surgem, em horário pós laboral, as reuniões intercalares.
Quando deviam ser de harmonização, consensualização, definição e conjugação de ideias e propostas de trabalho, surgem num horário por quase todos criticado.
As ideias desvanecem-se na saturação de um dia completo na escola, das 08h30 às 19h e qualquer coisa. Tempo demais para que haja paciência para discutir ideias, consertar opiniões, analisar situações.
O que fica destas reuniões? que consolidação existe? que conhecimentos são partilhados?

domingo, outubro 24

mudança

a partir de um momento em que a partir da minha sala de professores discorri sobre ela, isto é, a sala de professores, abriram-se diversas e diferentes janelas de diálogo que são salutares no pensar a escola.
Nestes diálogos, francos, abertos e com o claro propósito de se construir uma ideia de escola, o Miguel traz à baila um dos temas que, no príncipio do seu blogue (ia dizer da sua escrita) marcaram presença assídua e deveras interessante, a mudança.
Neste sentido, destaca uma ideia que, muita das vezes, é esquecida, minimizada quando não mesmo desprezada, diz ele que a mudança não é, em si, boa ou má. Serão os sentidos e os fins que lhe determinam a essência.
Não podia estar mais de acordo. No entanto, e nestas discussões colectivas e diferidas há sempre um mas, um se, ou algo parecido (e ainda bem), na sequência do seu texto e nos 4 princípios que apresenta falta uma ideia, um ponto que torna a mudança crucial, fundamental e imprescindível, o interesse.
Vale a pena mudar? mudar para quê?, que interesse há em mudar?, mudar o quê? quem muda o quê? e porquê?
Concordo plenamente com o Miguel, coisa que já não é vulgar, quando afirma que é (...) tempo de procurar soluções, de agir. Não é o tempo de carpir as mágoas pelo rumo da educação. Mas nesta procura de sentido há que procurar o porquê, qual o interesse, o motivo, a razão de criar a paz em vez da guerra, de concordar em vez de discordar, em anuir em vez de discutir.
Por isto tudo termino com uma ligeira divergência, as salas de professores não podem nem devem continuar na mesma, com o sério risco de estarmos a hipotecar um futuro.

sábado, outubro 23

gosto

Há sítios nesta blogosfera aos quais me habituei, perante os quais assumo um certo respeito, uma deferência, seja pelas ideias ali expressas, pela sua escrita, pelo sentimento que colocam nas palavras, pelo olhar que nos obriga a trocar, por nos despertar inquietações, por nos segredar vontades, ou seja, por tudo e por nada.
Há sítios que são para mim imperdíveis. Já pensei em criar um conjunto de links, aqui na coluna do lado, que me permitisse um acesso rápido, mais rápido. Por respeito a todos os outros e porque nem sempre os últimos ficam para o fim, não o fiz.
Hoje destaco um que pelas suas particularidades, pela sua escrita e, acima de tudo, pela sua músicalidade me tocam há muito.
O mocho, feito em parceria por um casal, é um ponto de passagem, peço outra vez desculpa, não é de passagem é de assento obrigatório nesta blogosfera.
Gosto mesmo. E então da múscia que agora lá está ainda mais.

gente nova

há mais gente nova a animar as hostes, a contribuir para a discussão, para a troca de ideias, para luz que tão necessária é neste espaço. A turma alarga-se, a escola cresce, estamos em plena expansão demográfica.
Como afirma na apresentação porque até o barulho é uma coisa agradável, quando é feito de boa-fé.
venha ele.

vox populi

o José Teixeira deixou um comentário que daria mano para mangas e permitiria, se este fosse o espaço para o efeito, iniciar um redesenhar não apenas da sala de professores mas da própria escola, das suas funcionalidades, das suas lógicas instituídas e instituintes, da sua organização de espaços, tempos e objectivos e, inevitavelmente, do conjunto de relações que neste espaço se desenham, se entrecruzam, chocam e interpenetram.
Apesar de este ser um tema que claramente me apaixona mas também por considerar escasso este espaço e insuficientes os meus conhecimentos apenas reafirmo uma ideia.
Nas plantas iniciais dos estabelecimentos de ensino de 2º, 3º ciclo ou secundário (P3 ou P5) a sala de professores era junta ou pelo menos nas proximidades do órgão de gestão. Com o tempo, com as vivências, com a habitabilidade e redefinição de espaços e funções foram-se afastando uma da outra.
Concordo com o José quando afirma que a sala de professores acaba por ser um lugar árido e pouco estimulante do ponto de vista intelectual e quase irrelevante do ponto de vista pedagógico.
Estou certo que não decorre apenas da arquitectura mas de quem a vive, tal como refere o Agostinho, outro colega, destacando as diferenças.
Mas aqui surgem os desafios, como tornar a sala de professores um lugar estimulante, quer do ponto de vista político quer sob o ponto de vista pedagógico? como criar espaços de debate, diálogo discussão e participação não apenas na sala de professores mas na escola?
E na eventualidade de uma qualquer resposta certamente que existirá um elemento comum, transversal às possibilidades e às hipóteses consideradas, o professor, a pessoa. Enquanto não ultrapassarmos medos e fantasmas, enquanto não assumirmos uma ideia política de profissão, enquanto não exigirmos a definição do nosso próprio caminho, estou certo que a sala de professores mais não será que um local de passagem, um momento onde se discorre sobre defeitos e piadas de caserna.

sexta-feira, outubro 22

ridículo 2

a partir desta hipótese, levantada após uma noite mal dormida do nosso primeiro-ministro, ocorreu-me reflectir que se os professores passam o seu tempo a efectuar juízos de valor, a avaliar pessoas, situações, a aferir do sentido de uma qualquer regra, de uma qualquer norma, se os professores lidam com mais situações sociais que muitos assistentes sociais, se procuram alternativas, medeiam situações e conflitos, propoem medidas de remediação, compensação, aplicam penas e distibuem benesses, se tudo isto, então desculpem lá, mas, face a esta situação não consideram que seria bastante útil a criação de assessores jurídicos dos professores? e que seria óptimo que os senhores doutores juízes fossem assessores dos professores?

ridículo 1

considero esta ideia, no mínimo, ridícula.
quando nas escolas nos queixamos que há falta de meios, que não temos condições, que precisamos de apoios, que as turmas são exageradamente grandes, que não temos tempo para quase nada, que os projectos são auto-geridos por que não há condições para que os professores se possam empenhar neles, quandos nos queixamos que os computadores estão assim ou assados, que as redes não funcionam e depois, depois disto tudo alguém está preocupado com os professores com horário zero, sem turmas atribuídas?
mas que coerência, mas que projectos, mas que ideias abundam por aí que nos damos ao luxo de deitar fora recursos qualificados, prescindir de pessoas, desbaratar ideias? Será que alguém não se estará a preocupar desnecessariamente com um possível solução, uma oportunidade de trabalho?

consequência

lembram-se de um jogo de crianças designado verdade ou consequência?
então digam-me lá qual a consequência da redução das verbas na área da educação. Um antigo ministro de Cavaco Silva, hoje reformado, coitadinho, diz isto.
Será que sou eu que não consigo perspectivar a aposta educativa em face da redução dos valores de investimento? será que são lógicas marxistas em que um passo atrás pode significar um avanço? ou que é avanço ou recuo consoante o nosso ponto de vista?
qual será a consequência destas políticas, destas apostas, deste governo? que país temos nós hoje, passados mais de 2 anos de governo à direita? temos mais justiça social?, maior equidade fiscal?, maior redistribuição de riqueza?, maior segurança de emprego?, mais confiança no sistema político?, acreditamos mais na escola?
que país temos nós?

geografia

os comentários deixados no silêncio são de tal modo ruidores que permitem construir um outro mapa de interpetação da escola.
As relações políticas, e aqui deixo de lado se elas são micro, meso ou macro, são um dos elementos estruturantes e estruturadores não apenas da sala de professores, mas é um dos locais onde melhor se conseguem perceber as relações e onde melhor se pode ler o mapa geopolítico, mas de todo o espaço escolar.
As conexões políticas, não apenas da escola mas de um qualquer espaço socialmente organizado, definem todo um conjunto de laços, relações, intercâmbios, permutas, poderes e simbolos de autoridade que, cada qual a seu modo, estruturam um mapa de ocupação de espaços, tempos, horários, turmas... e poder.
Acabar com um qualquer espaço de visibilização deste mapeamento político e social implica que ele apenas se deslocalize e, para quem assim o entenda, seja mais complexo o seu controlo. Daí, na generalidade dos casos, a sala de professores esteja muito próxima do órgão de gestão. Daí que, na generalidade dos casos, o órgão de gestão procure acompanhar o pulsar da sala de professores.
O problema, no meu entender, é que os professores se têm desvinculado, o mais das vezes, deste mapa de interesses sociais e políticos e que estruturam um dado sentido organizacional. Até quando é a questão.

quinta-feira, outubro 21

decisão

a senhora ministra até pode não ter qualquer tipo de responsabilidade na colocação de professores mas, desde que chegou, ainda não percebi o que faz, qual a ideia que tem, quais os objectivos [para além dos expressos no programa de governo].
Com esta notícia fico curioso como irá reagir, qual irá ser a sua resposta?

quarta-feira, outubro 20

o silêncio é lixado

colocaram um comentário na minha posta designada de silêncio onde afirmam que a vida de professor é lixada.
a conclusão não é minha e, espero, que não tenha induzido quem quer que seja a essa sugestão, a essa ideia.
Tenho queixas da minha profissão? tenho sim senhor. Que não é o melhor dos mundos? há alguma que o seja?. Mas chorar-me pelos cantos, queixar-me de dores que não sinto, sofrer de maleitas que desconheço isso não faço, não me queixo, não sinto.
se dei a entender, em face de uma posta colocada numa manhã de nevoeiro, essa ideia, peço desculpa, mas não era nem é minha intenção.
são dias, são manhãs. Momentos.

das notícias

durante os noticiários da noite tive oportunidade de perceber que um dos responsáveis pela confusão e outras coisas que tais dos concursos dos professores foram, imagine-se, os professores, isto da boca do então secretário de estado Abílio Morgado ouvido hoje em sede parlamentar.
Assumo, reconheço, não aguento mais estas patacoadas idiotas, estas pérolas de estupidez ambulante, esta gente que se julga gente.

silêncio

a sala de professores desta minha escola, na maior dos dias e dos momentos e independentemente da quantidade de gente que por aqui circula, mais parece uma planície alentejana do que uma sala de convívio.
Predomina o silencio, o sussurrar de palvras, quase que uma brincadeira de esconde-esconde para ver se não me ouvem.
De quando enquando procuro despertar algum ânimo, mas sou olhado como um irriquieto, reguila.

à conversa

No meio das minhas preocupações didáticas e metodológicas no âmbito da minha disciplina deparo-me com um conjunto de dúvidas [algumas mais do foro existencial] que procuro ultrapassar recorrendo a leituras, consultas diversas e várias.
Ontem, num intervalo e numa amena cavaqueira de café, desemburrei mais do que muitas leituras o tinham permitido.
Coisas óbivas e evidentes para o colega com quem trocava conversa mas que para mim, por estarem encima do meu nariz, eram complicadinhas de ver.
Faltam conversas destas aos professores, conversas onde se possam trocar ideias, opiniões sobre práticas, saber o que o outro faz, como faz, quais os resultados, quais os impactos.
Falta, acima de tudo, conversar sobre a nossa profissão, sem medos, nem tabús e menos ainda com pré-conceitos.

terça-feira, outubro 19

aprender

Nas escolas por onde tenho andado, mas não só, tenho recolhido uma impressão, um dado sentimento de estar na profissão. E há um intervalo profissional, que se aproxima também de um intervalo etário, onde nos questionamos sobre as opções, onde levantamos dúvidas sobre o que fazemos, onde, mais sinteticamente, entramos na adolescência profissional e enfrentamos medos e ângustias, sentimos amores e rancores.
Não sabemos se estamos na profissão certa, se estamos a trabalhar bem ou mal, que o sistema é injusto, embrutecido e ilógico, que nos cansamos injustificadamente, que estamos desorientados e que nada existe que sirva de linha de rumo, de estrela caminhante.
É no conforto e no confronto de opiniões e ideias, de pontos de vistas e de histórias, de amizades e cumplicidades, de livros e de leituras, de conversas e de navegações que ultrapassamos tudo isso, que nos fechamos na nossa sala de aula, que nos isolamos do mundo, que nos refugiamos do sistema, que nos protegemos das agressões e incompreensões, que descansamos de nós mesmos e ganhamos ânimos e vontades de mergulhar.
O importante neste balanço é descobrir que o questionar mantém o seu sentido e a sua utilidade desde que para melhoramos uma prática, que as dores de crescimento são boas pois estamos a crescer, que apoiamos quem nos procura, que somos melhores profissionais, que pensamos aquilo que fazemos.
A isto chama-se aprender. Na profissão docente é à nossa custa que se processa (se feliz se infelizmente, isso é outra conversa).

falta

pelas escolas onde tenho vagueado sinto falta de um espaço de trabalho, um local onde possa preparar uma aula, ler um texto, organizar uma actividade.
Certamente já terão reparado que a rescola está organizada como uma linha de montagem onde os professores, a maior parte das vezes, apenas são operários. E ainda por cima o assumem.

segunda-feira, outubro 18

diferenças

Esta posta da Isabel mereceu-me um comentário que trago para este meu cantinho para, uma vez mais, realçar as profundas diferenças de um mesmo país.
Esta discussão mais parece a eterna conversa sobre os números de uma qualquer greve. Completamente diferentes como se estivessemos a falar de um país diferentes, de outras realidades, de situações completamente distintas.
A chatice é que se acentuam as diferenças entre quem sente e quem manda, entre quem todos os dia vai ao supermercado e quem aparece, todo pimpolho, na televisão.
Até parece que uma qualquer diferença entre um e outro valor é de somenos importância, esquecendo-se que a diferença são pessoas, sentimentos, uma profissão, famílias, sonhos e vontades.

non sense

agora sou eu que derivo para o inglês.
Poisou na minha escola uma colega açoreana. No meio das conversas de café e de circunstância senti à-vontade suficiente para perguntar se estava cá por opção ou se não tinha tido colocação nos Açôres, e disse-o com um sorriso de brincadeira.
Atão não é que acertei na muje? não teve mesmo colocação na sua terra, está cá porque cá fez o curso e estagiou e, em virtude de cá ter estagiado, perdeu os privilégio dados aos insulares.
Desculpem lá, mas afinal o pessoal de cá vai para os Açôres à procura de colocação e o pessoal de lá cai aqui de paraquedas?. Eu sei que sou alentejano e algo lento, mas esta sinceramente não percebo, não consigo perceber.
Mais, faz-me lembrar aquelas anedotas, parvas, que se contavam sobre a tropa, então de onde és tu, sou do Porto, então vais para Faro; então e tu, és donde, sou de Faro, então vais pró Porto.
Porra de país este que gosta de complicar o que, aparentemente, seria simples.

bom senso

uma vez mais regresso a este tema que me é caro e grato.
O meu filho não está no 1º ano, mas no 5º, com iniciação em inglês, mas à semelhança de outros recebeu como encargo efectuar um conjunto de trabalhos de casa todos em inglês.
Ingenuamente, porque apenas com duas/três semanas de aulas, perguntei-lhe se não sabia ler aquelas frases, respondeu-me que não.
Mas o trabalho é para o aluno ou para os pais do aluno?, E se os pais não souberem nada de inglês, quem é penalizado?.
Como escreve, e bem, o Ademar não há pachorra para esta gente. Nem pachorra nem bom senso.

sábado, outubro 16

redução

Lá soubemos ontem que o orçamento de Estado para a área da educação é reduzido em pouco mais de 2%. Se a este valor acrescentarmos a inflacção e a redução dos valores de PIDDAC, ao qual, espero eu, acresçam os aumentos de vencimento, devemos andar aí na casa dos 10% de redução efectiva bruta.
Mas não se preocupem, estamos cada vez mais seguros, mais e melhor defendidos, o orçamento da defesa sobre mais de 10%.

poder

as relações de poder são um dos elementos que estruturam as relações humanas e, nestas, o conjunto de relações sociais e profissionais que são reconhecidas por cada elemento.
Hoje, ao entrar no colégio do Espírito Santo, para mais uma sessão da pós graduação que ali lecciono, dirijo-me à recepção de modo a solicitar que a sala fosse aberta.
Com alguma surpresa minha deparo com uma cara conhecida vestido de segurança. Um antigo aluno meu.
Depois de uns quantos cumprimentos da praxe sai-se com esta, quem diria, hen, professor, dantes mandava em mim, agora seu eu que mando, numa clara alusão à farda e às responsabilidades que lhe são acometidas.
Pois é, mas já agora, vai lá abrir a porta.
É pra já professor.
E pronto.

da pena

a partir desta posta pus-me a pensar, é verdade, de quando em vez penso, sobre a quantidade de momentos em que desesperei, em que me irritei com a minha profissão de docente dos ensinos básico e secundário.
Pelas agruras que um indíviduo passa, pela sensação de incompreensão, de incomodidade, de indiferença, de incapacidade de fazer mais, de fazer diferente, de fazer apenas e em muitas das vezes.
Já percorri todo o vasto sistema educativo, desde a escola atrás do sol posto até aos corredores da 5 de Outubro, passando pela direcção regional e pela 24 de Julho. Já participei em milhares de horas de conversa, (de)formação, encontros, debates e tudo o que se possa pensar sobre o sistema, sobre a profissão, sobre a capacidade de fazer mais e melhor, não apenas pelas crianças que temos pela frente, pela oportunidade que todas merecem de saber mais, de conhecer melhor, mas também por esta minha região, por este meu país.
Muitos dias cheguei e dizia que saía do sistema, que mudava de área, de profissão ou do que quer que fosse desde que me atirasse para longe das frases feitas, das vulgaridades e das banalidades que são ditas e feitas sobre e à custa de professores, dos alunos, da escola.
Mas sempre voltei à escola, sem cargos em qualquer encargo que não o meu e sempre me senti apaixonado pelos olhos que brilham de curiosidades, pelo despertar da pergunta, pela capacidade de ir à procura.
Continuo a acreditar que vale a pena e, estou certo, que o Ademar e muitos, muitos outros também. É este o desafio, construir um sentido não apenas de escola, mas de que a escola vale a pena.

sexta-feira, outubro 15

à atenção

estou certo que cumpro aqui um papel desnecessário mas, pelo gosto e prazer que tenho na leitura do senhor, chamo a V/ atenção para uma sintética entrevista do Prof. António Nóvoa na revista Visão desta semana.
Em frases curtas está lá quase tudo o que é necessário fazer, alterar e aprofundar. De resto ficamos à espera que exista um pleno aproveitamento das autonomias e haja, de modo efectivo, o seu conhecimento, o conhecimento das capacidades de cada escola para definirem o que pretendem (se é que pretendem alguma coisa).

apoio

disponibilizo-me para apoiar e colaborar com colegas recem chefgados quer ao espaço quer ao tempo docente.
Há quem necessite de apoio porque há muito não leccionava o ensino unificado e não tem noção das implicações e das lógicas de funcionamento - formação cívica, estudo acompanhado, área de projecto que, na generalidade das escolas, mesmo nesta onde estou, são encaradas como disciplinas, mais umas quantas para além das restantes. Como não têm preparação para novas dinâmicas de aula.
Como há colegas que nunca foram directores de turma, que sentem algum pavor na relação com encarregados de educação. Como há outros que sentem alguma dificuldade em mudar de lógicas de funcionamento e organização, de onde estavam e como funcionava e onde hoje estão e como isto funciona.
Cá procuro apoiar os colegas, fornecendo algumas ideias por mim feitas, passar um pouco da minha experiência.
E o papel da escola?

quinta-feira, outubro 14

uniforme

Cá está aquilo com o qual não concordo nem advogo. A tentativa de, ao procurar criar alternativas, se uniformizar, estandardizar, equiparar. Em vez de criar diferenças e acentuar as distinções entre lógicas, uniformiza-se.
Este artigo tem duas particularidades em minha opinião. Por um lado a de evidenciar os discursos fáceis e por vezes ignorantes que se têm produzido e alimentado da temática e da problemática. Por outro, a de defender que há espaço, condições e necessidade da diferença e de se acentuar essa diferença.
Tal como entre universidades e politécnicos, também as escolas se devem conseguir afirmar por aquilo que as marcas, as caracteriza, as define, as distingue. Coisa, aliás, que qualquer pessoa conhecedora das escolas da sua localidade sabe identificar com relativa facilidade. Menos o ministério, menos as políticas educativas que tem sido seguidas.
É tempo de se fazerem sentir as diferenças, de se sublinhar que as escolas, e os professores, são diferentes.

links

pronto, dei cumprimento ao lembrete de actualizar os links laterais. Assim foi feito, com destaque para a minha turma (isto bem analisado daria pano para mangas), quer na outra turma dos links.
Estou certo que por erro ou omissão terei falhado algum que ali deveria estar. Espero descobrir ou ser avisado do erro ou da omissão.

quarta-feira, outubro 13

obviamente

finalmente.
Ainda no meio de todas as conversas de circunstância a descoberta que uns quantos que trocavam ideias tinham desde o tempo em que nos tinhamos conhecido, desenvolvido percursos formativos diferenciados. Um na área da avaliação das escola, outro na área da supervisão pedagógica e um outro na área das didáticas da sua área disciplinar.
O curioso desta constatação é que, apesar da diversificação dos percursos e dos olhares pelos quais cada um é condicionado, chegámos à óbvia conclusão, falta formação nesta classe.
Com formação, com um conjunto mais ou menos orientado de leituras, uma preocupação enquadrada em temáticas específicas o nosso olhar, a leitura que fazemos da realidade, a forma como a olhamos é obviamente diferente. Se melhor? obviamente, temos outros instrumentos outros recursos que podemos colocar ao serviço de uma profissão.
Mas também fizemos uma outra e infeliz constatação, nenhum dos trabalhos desenvolvidos, nas diferentes áreas, foi apresentado na escola onde cada um estava, nem discutido, nem debatido.

incoerência

No meio dos discursos pude ouvir um conjunto de lugares comuns, das normais banalidades sobre a escola, o papel dos professores e o ensino.
Uma das ideias feitas mais debatidas nas escolas é a de que quem sabe e quem conhece a realidade são os professores que estão no batente, que todos os dias lidam com os alunos, que conhecem o meio, etc, etc. Este argumentário é habitualmente utilizado para justificar que a reformas são feitas à revelia dos professores, que estes não são ouvidos, que quem dá as ordens está no bem bom dos corredores da 5 de Outubro (situação que não deixa em muitas das vezes de ser verdade).
Mas logo de seguida e da mesma boca que ditou todo este argumentário foram vociveradas a falta de orientações claras e rigorosas sobre o que é que os professores têm de fazer, foi dito com a mesma força e convicção que os professores são abandonados à sua sorte sem que existam normas ou processos sobre como fazer.
Pergunto sempre a mim mesmo sobre o nível de coerência deste argumentário. Não deixam de ser resquícios conflituosos entre o hábito de sermos mandados e a procura de uma autonomia profissional que não se decreta nem se delega, apenas se exerce, existe em pessoas autónomas. Ou não.

dúvidas

no meio das conversas sociais e de circunstância descobri uma colega, agora, hoje mesmo colocada na minha escola. Estivemos juntos no ano passado. Entre os comentários, as observações e o tempo a constatação que está preocupada com o facto de ser a primeira vez que vai lidar com aulas de 90'.
Primeira observação, ainda bem que estás preocupada, é o primeiro passo para a procura de estratégias e metodologias que te permitam pensar a aula.
Segunda observação, assim se vê qual o espírito de muitos e muitos colegas que, sem qualquer indicação, sem qualquer tipo de referência ou apoio passaram de um lado ao outro, isto é, de sessões de 50' para blocos de 90' ou de 45'+90'.
Não apenas a dinâmica é diferente, como é substancialmente diferente considerar que podemos preparar uma sessão como se de duas de 50' se tratasse.
Assim se vê a falta de conversa que existe, a inexistência de diálogos, de trocas de opiniões, de uma formação feita pelos próprios docentes no seu local de trabalho.
Assim se vê a ausência de uma ideia de escola, assim se realça o papel de funcionário do professor.

recepção

hoje, lá na terrinha onde estou, foi dia de recepção ao professor.
De um lado uns quantos diziam que é sempre a mesma coisa, outros antecipavam alguns dos discursos, outros comentavam quem faltava.
Na mesa de honra os presidentes, quer da autarquia (apesar dos protestos com uma óbvia orientação política e um conjunto de opções estratégicas na qual as escolas e a educação local têm tido um lugar de destaque) e dos órgãos de gestão.
Então, no meio das conversas, da troca de algumas ideias, das parábolas (uma das escola é um colégio privado) não é que um senhor, presidente deu m órgão de gestão, diz que há coisas muito mais importantes que a educação?
Fosse ele o presidente do órgão onde estou e estou certo que tinha existido discussão da boa.

terça-feira, outubro 12

lembrete

não esquecer de actualizar links da turma, e não só. Começam a existir demasiados links fantasmas nesta minha coluna lateral. Daqui a pouco de tão pesada que está corre o sério risco de lhe acontecer o mesmo que aos outros colegas, cai por aí abaixo e nunca mais a apanho.
Mas registam-se mudanças, de um lado para o outro, entradas e reentradas, como algumas saídas, outras tantas trocas e algumas baldrocas.
Peço desculpa a todos aqueles que se encontram nessa indelicada posição por minha responsabilidade. Fica aqui o meu lembrete para, caso haja uma estabilidade, uma abertura piquinina, proceder às alterações.

perspectivas

Ouvi, durante o dia, que a proposta do PIDDAC para o próximo ano, verbas do estado central para execução desconcentrada, vai apresentar uma redução de 19% na área da educação.
Será mesmo verdade? E a aposta na educação? Não era esta uma área estratégica, de afirmação nacional, para concorrermos com a Irlanda?

segunda-feira, outubro 11

de início

recupero o célebre e falhado slogan de Pessoa. Primeiro estranha-se, depois entranha-se.
Também nesta vida de professor é o que acontece.
De início foi a estranheza, a surpresa, a tomada de consciência de uma situação perfeitamente inesperada para muitos. Passados os primeiros dias, descobrimo-nos, entranhamo-nos neste nosso novo mundo. Trocam-se ideias, fazem-se comparações, descobrem-se sentimentos comuns, partilham-se amizades.
Não há, pelo menos por estas bandas, grande disponibilidade para discutir a escola, o seu papel, os seus objectivos, a acção e a intervenção do professor, o que dele se pretende na relação com os encarregados de educação como se tudo fosse pacífico, tacitamente aceite e acordado.
Aos poucos iremos descobrindo, à boa maneira alentejana, que nem tudo é assim, que há significativas diferenças, algumas clonflituantes, algumas espinhosas de resolver.
Certo que tudo se resolverá espero e observo o acamar das ideias e das pessoas em torno de posições, uma previamente definidas outras que se controem agora. Outras que se descobrem.

+ gente

gente nova na turma. A partir da sua compatriota descobri que há gente nova.
Bem vindo, bons comnetários e muitas, muitas ideias.

expectativa

uma colega, recentemente chegada quer à escola quer à profissão, sente-se hoje mais angustiada que nos outros dias. Perguntei porquê, porque hoje tem reunião com encarregados de educação e é a sua primeira vez.
Como em tudo na vida, há sempre uma primeira vez. Com calma, franqueza, lealdade e consideração pelo ponto de vista e interesse do outro, no caso encarregado de educação, tudo se resolverá.
Mas diz que não consegue ultrapassar o nó que sente ali, naquele mesmo sítio que me descreve colocando a mão fechada e dando voltas.

domingo, outubro 10

óbito

Apenas agora tomei conhecimento que morreu um dos mais marcantes pensadores do século XX, Derrida, responsável por uma corrente do pensamento essencial para a compreensão do nosso tempo e do nosso mundo, de nós mesmos.
Aqui algum do seu pensamento em castelhano.

ressurgiram

Afinal, dizia eu coisas do blogger e das postas desaparecidas quando elas surgem, qual surpresa de fim-de-semana.
Pelo menos nem tudo é mau.

bocas

Ouvi recentemente que uma das apostas de José Socrates, no âmbito das suas novas fronteiras, irá ser a educação, com particular destaque para os processos de redução de insucesso escolar.
Por um lado fico satisfeito de assim ser. O combate ao insucesso e a todos os fenómenos e situações que o rodeiam e envolvem serão, certa e garantidamente, uma mais valia social com impacto mais geral e mais estruturante.
Mas por outro, como professor, fico seriamente preocupado. Desconfio que poderão, à semelhança do que a história nos ensina, surgir destes iluminados ou da discussão que sustenta a ideia, um conjunto de medidas prontas a aplicar, género pilula do conhecimento para os embrutecidos.
Esperar para ver.

dificuldades

descobri que as dificuldades da minha relação com o blogger, assenta, quase que exclusivamente, na escola.
Estas dificuldades fizeram-me perder duas ou três postas, situação que me irrita.
Mas vamos em frente, se possível.

sexta-feira, outubro 8

grandes

não sei porque, talvez pelas características do lay out do blogue, mas ando com textos bem maiores do que era hábito no ano lectivo passado.

contexto

Como (de)formado em História há muito que sei que aquilo que somos é produto de nós mesmos, da nossa experiência, da nossa (de)formação mas também do nosso contexto. As circunstâncias, boas e más, moldam-nos, definem um conjunto de ideias, pensamentos, preocupações, valorizações e outras coisas que tais.
Quer no ano lectivo transacto, que tive um conjunto de turmas particulares, quer este ano, com grupos algo distintos mas enquadrados na mesma faixa etária e num conjunto idêntico de (pré)conceitos face à escola, ao qual acresce uma significativa descrença no mundo e na sociedade, a minha grande preocupação, a minha base de trabalho tende a desviar-se da área da análise organizacional e das políticas educativas, onde gosto de estar, onde gosto de me sentir, onde me sinto menos elefante em loja de porcelanas, para a área das didácticas, das metodologias do ensino, da relação pedagógica.
O grande objectivo, afinal não muito distante das questões da organização e da política educativa, é definido com base na procura ou na construção de um sentido da/para a escola, de qual o papel do processo formal de educação, na aquisição de instrumentos que permitam compreender e interpretar o mundo.
A treta é que muitos estão ali apenas e somente para engolir algumas ideias e vomitar conhecimentos em altura de teste. É para isso que serve a escola. Não concordo, nem quero assim entender o papel da escola. Mas sinto-me isolado. E estar sozinho cansa.

retorno

Uma vez por ano regresso áquilo que a minha filha designa por escola grande, a universidade. Sou responsável por um módulo numa pós-graduação ali praticada.
Como (ir)responsável que gosto de ser preparo as coisas atempadamente, procuro informação mais ou menos actualizada, organizo materiais de apoio (bibliografia, sítios na net, apontamentos, artigos, entre outros), disponibilizo um conjunto de textos de apoio que elaboro, sínteses, etc, como tenho o cuidado de preparar as conversas, que é isso que lhe chamo, com esquemas de apoio à organização mental, frases ou pequenos textos de apoio ou de orientação face às problemáticas, à troca de ideias, ao debate.
No final, que é o caso de agora, sinto-me cansado e sem vontade de ir para aquele ambiente.
No ano transacto, a minha primeira experiência, a minha primeira vez, fui expectante quanto ao que ali podia acontecer, a maturidade da discussão, os interesses em construir uma ideia, curioso quanto aos caminhos das discussões.
Vim algo decepcionado, reconheço. Foi demasiado fácil. As pessoas participaram, colaboraram, discutiram, de uma sessão para outra trouxeram outra informação, experiências. O tempo que tinha pensado para a avaliação acabou pr ser gasto no âmbito de mais conversa e a avaliação propriamente dita teve que decorrer já o módulo terminado.
Não estou habituado a que todos participem, a que todos estejam interessados, a que haja ânimo e envolvimento. Achei fácil demais.
Gosto mais do meu meio, o da escola mais pequena, aquela onde a escola até é porreira, as aulas, essas, é que são geralmente uma seca. Mas é destes desafios que eu mais gosto.
Mas lá vou.

quinta-feira, outubro 7

confiança

Um outro tom, para fugir à monotia.
Diz esta notícia que os estudantes de outros países sentem confiança no seu futuro, ainda que a universidade esteja pouco ligada à vida real.
Nós, por cá, também não.

outros

... e mais do mesmo. O nosso colega do cravo tem também um sítio só seu. Não sabia e descobri o facto apenas agora, peço desculpa da minha ignorância, como fica a rectificação e a promessa de em breve entrar na turma.

meta - ainda os rankings

Em virtude da acção do governo os rankings escolares saem de cena, quase que de fininho, sem alardes.
Mas há ideias que se devem retomar sempre que necessário, nem que seja para compreender o que somos, o que queremos, para onde vamos, com quem vamos.
Destaco uma meta leitura, um ponto de situação, uma síntese das ideias deixadas em diferentes blogues e coligidas por estes colegas.
O facto de estarem agrupados e se permitir uma leitura em diagonal permite evidenciar um olhar comum, um mesmo ponto de vista e uma pergunta, afinal, não há quem defenda os rankings? Os defensores dos rankings estão apenas na comunicação social? Ou será que nos está a escapar algo, uma outra escrita, outros olhares.

manias

... esta é uma mania que os senhores que têm tutelado o polvo persistem em querer assegurar. É como se, no meio do oceano, procurassem uma qualquer tábua de salvação, não interessa o tamanho, como não importa quantos temos de salvar. O importante é agarrarmo-nos a algo para criar uma falsa sensação de segurança.
Não há meio de estes senhores, corrijo, senhora, tomar consciência que as escolas - os seus actores e protagonistas - têm vida própria, são maiores e vacinados e sabem o que querem, como sabem definir o que melhor se adequa à sua população, aos seus interesses e objectivos.
Esta mania de tudo procurar regulamentar, prescrever, orientar, enquadrar, definir é velha, mais velha que a democracia.
A porra toda é que está de volta e com mais veemência que nunca.

início

... depois das coisas normais da manhã - higiéne, distribuição dos filhos, primeiro café - subo ao meu deserto e navego na net.
Há um conjunto de sítios que são, para mim, imperdíveis, incontornáveis sempre que aqui chego. Os jornais nacionais, alguns internacionais, um ou outro sítio das rádios, os blogues indiscutíveis, sobre tudo e sobre nada, das minhas paixões, dos meus sentimentos, naqueles que me reconheço e daqueles que me ensinam, um ou outro apontamento de ideias digitais a circular nesta imensa rede, a consulta do correio, inclusivamente do junk mail - estranho quando nada me entra pela caixa electrónica.
São vícios, hábitos, usos, um costume que se instalou na minha pessoa que quase se tornou uma rotina.
Não consigo iniciar as minhas funções sem ganhar algum do meu tempo neste espaço, neste devaneio.
É assim que leio o mundo, me leio.

quarta-feira, outubro 6

dúvidas

... depois de um conjunto de reuniões de coordenação(?) na qual passei a tarde, fico com a sensação que a escola (talvez apenas aquela onde estou) se encontrar organizada em torno do papel, da normalização, da estandardização, da uniformização.
Há papéis para quase tudo. Há sempre um papel para quantificar algo, para rotular alguma coisa, para tipificar isto ou aquilo. Tudo está mais ou menos normalizado, o mais ou menos permite sempre alguma escapadela, uma outra interpretação.
Mas carecemos de uma ideia de escola.
Estamos ali, os professores, como se de funcionários públicos, de uma qualquer repartição pública, se tratasse.
É para cumprir? é para fazer assim?, então cumpra-se. Então faça-se. Ponto final e acabou a discussão que é uma perda de tempo e eu tenho coisas mais importantes para fazer.
É uma ideia a que muitas vezes chego. Talvez inconsequentemente, não sei. O Miguel chamou-lhes escolas de montra. Eu não as nomeio, mas pergunto se serão todas assim?

saudades

não sei se hei-de sentir saudades do sapo, nem senão, mas que ando com claras dificuldades de acesso ao blogger, lá isso ando.

interessante

Tenho seguido com atenção, pelas características que apresenta, o blogue Paixão da Educação.
Pelo facto de ser escrito por várias mãos, pensado por diferentes cabeças, olhado sob diferentes pontos de vista e sob outras tantas perspectivas, é engraçado perceber até que ponto vai a discussão, o que é comum na sigularidade individual e o que é diferente na percepção do mesmo pensamento.
Uma ideia retenho decorrente dos primeiros contactos, das primeiras leituras, a sensação de agrura face ao sistema educativo é comum.
Como se fosse possível existir escola sem sistema educativo. Ou é?

terça-feira, outubro 5

actualizações

Procedi a um conjunto, ainda escasso, de actualizações dos meus links, agora exclusivamente na área das actividades curriculares.
Para breve, com tempo e alguma paciência, espero actualizar as actividades não curriculares.
É uma forma que encontro de dizer daquilo que gosto, responder a algumas simpatias, ewm particular a referenciar aqueles que já me têm referenciado, e destacar o que de bom existe nesta blogosfera sobre professores e dos professores.

dia do professor

Hoje, para além de se comemorar a implantação da República, é o dia do profesor.
A todos os meus colegas, passantes e amigos, votos e desejos para que a escola, um dia, seja um prazer e não fonte de angustias.

segunda-feira, outubro 4

dificuldades

hoje, apesar de alguns comentários que deixei, tenho estado ausente deste espaço por manifesta dificuldade de aceder ao blogger.
Por vezes o estrangeiro coloca as mesmas dificuldades que parceiros nacionais. Contingências.

conversas

...ora aqui está um tema que pode unir ideias, juntar opiniões, criar um sentido, eventualmente comum, sobre uma ideia feita.
Mas antes permitam-me a colocação de algumas questões que reconheço, logo à partida, pouco pertinentes.
Há a noção - estudos, trabalhos, levantamentos por órgãos de gestão - de quantos dias faltam por ano lectivo os docentes? [é que discutirmos com ideia no ar é pouco credível e sustentável, e, por vezes, temos uma ideia que pode não corresponder de todo em todo à realidade]
há noção se esses dias de falta são superiores, ou inferiores, aos restantes dias de falta da generalidade da administração pública? [não me quero desculpabilizar com os outros, mas a comparação pode ser útil];
A partir destas duas questões a minha opinião, se alguém prescindir dela pode passar à frente que não se perde nada.
Quando integrei um órgão de gestão tive a preocupação de procurar perceber o impacto das faltas de docentes [eram sentidas como uma das dificuldades ao sucesso dos alunos], o número de dias, as consequências. E uma ideia que retive daí, o estudo não é fixo nem absoluto, é que por vezes compensa mais faltar do que gastar o dinheiro nas deslocações. E isso é, no meu entendimento, incontornável em algumas situações, não em todas, obviamente.
Depois, pode parecer incrível, desadequado, inconsequente, mas dar aulas cansa. Cansa e muito. Particularmente se as preparamos, se nos preocupamos com aqueles que temos pela frente, se não queremos criar exclusões, se não queremos diferenciar pela negativa. Puxar por pessoas, organizar ideias, apoiar o trabalho, incentivar ao estudo, compreender dificuldades, perspectivar oportunidades, porra cansa e não é pouco, quando temos pela frente, por dia aproximadamente 100 pessoas, é obra. Por isso e para uma clara sanidade mental, há, de quando em quando, que parar.
Mais ideias para futuras oportunidades.

domingo, outubro 3

currículo

No âmbito desta discussão, onde todos procuram ter um pouco de razão, onde quase todos têm uma opinião aprofundada e fundamentada, pergunto, e o currículo, alguém avalia o currículo? Estamos apenas preocupados com um conjunto, ainda por cima restrito de conhecimentos? Quem se preocupa com as competências, com valores, com atitudes? quem se preocupa com civismo, liberdade, democracia, tolerância, respeito? Quem está minimamente preocupado sobre se estas escolas cuidam de outros valores que não apenas os do mercado, o das notas?
Os velhotes que cuidadaram de mim em pequeno, qual conjunto de avôs, nunca perceberam nem de matemática, nem de química, os poucos conhecimentos que tinham de história foram por eles construídos, mas procuraram sempre incutir em mim, hoje o percebo, respeito pelos outros, pela diferença, de lutar contra a indiferença. A escola não pode, nem deve, fazer tudo, tocar todos os instrumentos, orientar todos os espíritos. Mas deve pugnar por um comportamento que apontamos como fundamental, o da democracia e do respeito.
Para depois não dizermos que apesar das excelentes notas, do inquestionável rendimento escolar, não sabemos preencher um impresso, um formulário normal de uma qualquer repartição da administração pública, nacional ou local.

mais do mesmo

é mais do mesmo, com alguns tiques de inquestionabilidade absoluta, tanta certeza que de certeza é incerto, mas o texto, a prosa, essa, é escorreita, rápida, fluída. Toca pontos essenciais, concordo com quase tudo, até no tom, entre o pedante o convencido.
António Barreto tem a particularidade de escrever bem e num jornal nacional, estudar temas que permitem perceber como estamos aqui, de onde viemos. De já ter vivido o suficiente para perceber que as coisas não são assim tão simples.
É mais do mesmo, com o desplante que pode caracterizar quem fala verdade a sério.

sábado, outubro 2

ranking

há tempos assinalei a surpresa inglesa dos resultados dos exames nacionais. A média tem subido, de forma constante, há mais de 10 anos, circunstância que, dizem os senhores, descredibiliza exames, examinados, sistema e actores educativos.
Por cá, as conversas rodam, de forma insistente e teimosa, numa descriminada comparação entre escolas públicas e privadas, escolas do interior e escolas do litoral, escolas urbanas e escolas sub-urbanas, como se não existissem diferenças entre realidades, como se os recursos não fossem incumensuravelmente diferentes e descriminatórios, como se a estabilidade, segurança e possibilidade de articular um trabalho de longo prazo não fizessem parte de filmes diferentes.
Estou certo que as escolas privadas, e os seus defensores, encontrarão pretextos suficientes para defenderem, com mais veemência e acutilância, a privatização de todo o sistema, talvez os resultados se alterassem, talvez a realidade fosse melhor.
Como estou certo que os elementos das escolas públicas que ficaram na cauda encolhem os ombros perante a sensação de agrura e a incapacidade e impossibilidade de fazer melhor, de fazer diferente. Simplesmente porque não têm um quadro docente estável, depois porque as crianças têm, para além da escola, muitas outras ocupações e afazeres, porque não têm os meios nem os recursos disponíveis que tornam atractivos os espaços e as situações pedagógicas, porque não têm possibilidade de definir qual a formação necessária para quadro de docentes, nem de influenciar modelos de trabalho, nem de repensar o espaço organizacional.
Pequenas/grandes questões que definem um modelo de trabalho e um mercado alvo. Tal como qualquer outro produto que, para além do seu próprio usufruto, permite criar situações e factores quer de descriminação, quer de diferenciação.
Para terminar esclarecer que, genericamente, concordo com a apresentação dos resultados dos exames, com a análise que é efectuada. Considerar a partir dele que existe um ranking de escolas é tapar o sol com a peneira, favorecer o mercado da educação, descriminar o trabalho que de bom também existe no sector público.

erros

... claros e objectivos erros de casting.
Quem ontem teve oportunidade de ouvir as explicações, as respostas da senhora ministra da educação às questões levantadas pelos jornalistas terá, eventualmente, ficado com a mesma sensação que eu, que há inúmeros erros de casting neste governo, e que esta senhora é um dos maiores.
Total e perfeito desconhecimento da realidade, desfazamento face às questões educativas, ausência de uma lógica política de gestão do ministério, incapacidade de coordenar, sem sobranceria, duas respostas.
Não fosse o apoio inestimável do seu colega de governo, Morais Sarmento, aparentemente pau para quase toda a obra política, e ter-se-ia esborrachado ainda mais.
É tempo perdido, são recursos desbaratados, são oportunidades desperdiçadas. Este tempo, infelizmente, é para queimar. E nós que nos aguentemos. Nós professores, pais, alunos, país.

contagem

já não era sem tempo, dirão alguns dos amigos ue por aqui têm passado sem saber se há gente ou não, se os corredores desta escola são percorridos ou não.
Resolvi introduzir um contador, apenas para ter consciência de quem por aqui passa ou de saber se escrevo apenas para os meus botões - falar sozinho já me acontece com alguma frequência, escrever sozinho ainda não tive essa noção, mas nunca é tarde.
Cá ficam os números.

sexta-feira, outubro 1

autonomia

Qualquer docente, qualquer educador, qualquer pai apela à autonomia, queremos que os nosso(a)s aluno(a) sejam autónomos, que exista espírito de iniciativa, capacidade de explorar, de descobrir de manusear a informação, situações ou outros.
Eles mesmos, filhos, alunos, educandos, exigem, reclamam maior autonomia, mais liberdade, mais espaço. Que as aulas não sejam uma seca, eles até gostam da escola, as aulas é que..., enfim, são um seca.
Depois, quando procuramos fazer coisas diferentes, quando procuramos metodologias, estratégias ou práticas diferentes e diferenciadas, que respeitem interesses e motivações, que vão ao encontro de preocupações e expectativas, que incentivem a autonomia pessoal, que estimulem a responsabilidade de fazer por si e para si então aí, é que se apela para se fazer como os outros, como sempre foi feito.
É mais fácil, mais prático e não dá moengas.
É um negócio aquele que se define na vida.

questionar

inevitavelmente quando uma qualquer organização recebe gente nova, para ficar ou simplesmente de passagem, há um levantar de diversas e diferentes questões. Assentam genericamente num olhar rápido, mas diferenciado do usual, em juízos de valor sem conhecimento de um contexto ou das circunstâncias que determinaram uma certa organização, como perspectivam outros modelos, comparações ou interesses.
O que me acontece, no momento que contacto com mais uma escola, é exactamente isto, olhar, de forma diferente e por enquanto distanciada, para as características organizacionais da escola - horários, espaços, tempos, modos, modelos, funções, objectivos, características, meios, recursos - e questionar sobre a sua adequação ao múltiplos, variados e diferenciados interesses, interessados e objectivos que quotidianamente circulam por estes corredores.
O que considero mais engraçado é perceber quais os interesses que prevalecem, quais as motivações que dominam, quais as lógicas relacionais de poder que sustentam um dado equilíbrio organizacional.
Depois, ao se levantarem algumas questões, ao se questionar uma dada lógica de funcionamento, ou seja, ao se perguntar o porquê de isto ser assim, funcionar desta ou daquela maneira, fazemos figura de espertos, cuscas, impertinentes ou outros adjectivos.
É o eterno retorno. Um permanente recomeçar, um permanente questionar. Dúvido que isto me leve a algum lado, mas caminho com o claro gosto da descoberta.