sexta-feira, novembro 17

de consideração

talvez, e mais adequadamente, da desconsideração;
é notório nesta nossa santa terrinha a consideração que temos entre práticos e teóricos (uns não sabem o que fazem, outros não fazem o que sabem), entre quem está na prática, no terreno, no contexto, no ambiente e aqueles que estão em gabinete e que de quando em quando visitam o terreno, contactam com realidades práticas e vivas;
pela experiência que tenho é sempre um jogo de equilíbrios, uma negociação de situação instável, um degladiar de argumentos entre conhecimentos de uns e de outros, entre dinâmicas sentidas e perspectivadas;
isto para destacar a pouca (ou nenhuma) consideração que os organismos centrais nutrem pelas estruturas intermédias deste país;
assumidamente conotados com aparelhos político partidários, muita das vezes mais interessados em dinâmicas próprias e individuais que em serviço público, outras vezes com formações e experiências muito distintas entre quem está em serviços centrais e quem está em serviços regionais, o certo é que existe uma clara desconsideração pelos níveis que (não sendo abaixo) lhe estão/são contiguos;
umas vezes com razão outras sem ela, o certo é que sinto, cada vez mais e cada vez com maior nitidez, a persistência de uma teimosia de ruidosa surdez; isto é, falta um diálogo consertante, faltam instrumentos e mecanismos de avaliação e participação, que permitam a assunção de autonomias, mas também de responsabilidades; não me incomoda a avaliação, a prestação de contas, a clareza de objectivos, a transparência das acções;
incomoda-me a desconsideração que levam a pensar que para além de ser alentejano sou parvo; a primeira sou e dos sete costados, a segunda pensam e teimam em que sou, e eu, pela aleivosia alentejana, persisto e teimo em dizer que não, não sou parvo e tenho opinião;
gostem ou não; considerem ou não;

Sem comentários: