terça-feira, dezembro 28

não esquecer

uma vez que a minha presença por esta lado está algo intermitente, por razões já referidas, lanço publicamente um post it de não esquecer.
O Miguel (agora com novo look, numa procura quase incessante de alternativas, de ideias) fará um ano por estas paragens, a escrever sobre com um olhar dirigido à escola.
Obrigado pela companhia, obrigado pela amizade, obrigado pelo olhar que me ajudas a ter.
Venha mais um, pelo menos.

as últimas

é a última semana do ano, tempo, para muitos, de balanço, de diferenças entre o deve e o haver.
Não me levem a mal, mas abstenho-me dessa contabilidade. E faço-o por duas razões, ambas pessoais.
A primeira é que os balanços são sempre, ou devem ser, pessoais, entre aquilo que foi definido como ponto de partida e o que é desejável como ponto de chegada. Daí ser abusivo da minha parte querer analisar aquilo que não sei de onde partiu nem onde quer chegar.
Segundo, efectivamente o ano que se apresta para terminar não foi bom cá para casa. A saúde e a idade começam a determinar a cor dos dias, o contar do tempo. O melhor balanço a este nível decorreu de uma frase do meu pai que quando ouviu alguém dizer que foi mais um Natal ele corrigiu e disse, foi menos um.

quinta-feira, dezembro 23

críticas

na sequência da ideia anterior, uma outra que ouvi há dias e que me ficou a morder as célulazitas cinzentas, as poucas que tenho.
Disseram que há quem crítique por tudo e por nada, aponte os defeitos, trace o pior dos cenários, o maior das cataclismos mas instado a mudar debate-se na e pela preservação do satus quo, da sua tradição de crítica, na obstinência de que tudo o que possa mudar é ou poderá ser para pior e que mais vale estar como está, pelo menos já se sabe com o que se conta, em detrimento de apostar no arrojo da mudança.
Esta é uma das características do nosso país, da nossa cultura.

fatalismo

tenho que agradecer os comentários colocados na minha posta anterior.
Considero eu, de acordo com a minha interpretação, que não são nem contraditórios, nem opostos.
Não me considero um fatalista, um caso acabado de impossibilidade de actuar, de agir, de contrariar situações. Mas reconheço que a minha visão do mundo, este meu olhar, é por muitos designado de pessimista - eu prefiro realista.
Não deixa de ser engraçado que o Paulo destaca da minha escrita o fatalismo mas também a condição de o ultrapassar, a esperança de lutar contra os "fatalismo".
Esta é uma ideia que há muito defendo, a solução, as hipóteses de futuro estão em nós e não existem exteriormente ao contexto do problema. É exactamente nesta referência que considero (e prezo) a cumplicidade criada com o Miguel.

quarta-feira, dezembro 22

alternativas

em face de um eventual balanço das reuniões de avaliação uma ideia marcou presença constante na minha cabecinha.
O que pode e deve fazer a escola, entendam-se docentes, elementos da gestão, pais/encarregados de educação eventualmente autarquia, para além, obviamente das estruturas do ME, para ultrapassar o desinteresse dos alunos, o seu manifesto alheamento em face de realidades tão divergentes quanto dispares, a ausência de objectivos que passem pela escola?
Isto porque e em resultado das reuniões de 1º período, decorrido pouco mais de dois meses de aulas (em virtude do caricato que foi o arranque deste ano lectivo) um aluno excluído por faltas (fora da escolaridade obrigatória), 4 ou 5 com excesso de faltas à generalidade das disciplinas (mas dentro da escolaridade) e 5 ou 6 alunos com mais de 8 níveis inferiores a três, tudo isto num universo pessoal de pouco mais de 170 alunos. Talvez números irrisórios, percentagens desprezáveis, apenas danos colaterais. Não o considero assim. E por não o considerar permitam-me perguntar que andamos nós a fazer por estas paragens, que circunstâncias definimos nós para não vermos que é um futuro que se hipoteca, quem somos nós para fingir que está tudo bem, que o problema não é nosso?
Que não temos as melhores condições? é verdade. Que estamos saturados? mais ainda. Que o modelo organizacional de escola está desajustado? concordo. Que não podemos fazer mais? não concordo. Há espaço, oportunidade, condição e legitimidade para lutarmos por um outro sucesso. Temos de criar alternativas e deve ser a escola a criar essas alternativas.

domingo, dezembro 19

intermitente

em virtude da época, dos preparativos da festa e, essencialmente, decorrente da pausa pedagógica este espaço será actualizado com alguma intermitência, tal qual as luzes da minha árvore de Natal, entre o apagado e o acesso, a mudança das cores, o brilho das luzes.
Já agora aproveito para desejar a todos aqueles que por aqui passam e que resistem obstinadamente a lerem-me um FELIZ NATAL e uma pausa reconfortante. Portem-se bem... se puderem.

reforço

entre o faz-de-conta que, estou certo, muitos se recusarão a acreditar e menos ainda a assumir, há constatações em que alguém me pergunta no meio de uma das reuniões de avaliação, entre o surpreso e o incrédulo, se ainda acredito no Pai Natal.
Acredito, quero continuar a acreditar e trabalho para que acreditemos. Vale a pena acreditar. Quando não acreditar mudo de profissão.

reunião de pais

apesar de estarmos em época de avaliações, balanços e coisas que tais, hoje, a partir da paixão, dei com o blogue reunião de pais, de uma colega que, deste modo, abriu um espaço que considero determinante para a escola, para a sua afirmação e para a criação das necessárias pontes entre pais e professores, afinal estamos interessdos no mesmo, no sucesso e no futuro sejam filhos ou alunos.
As temáticas são deveras interessantes e o olhar permite encarar o processo sob múltiplos aspectos, alguns que por vezes passam despercebidos.

sexta-feira, dezembro 17

informação

fui hoje informado do resultado do concurso para directores de serviço da DREAlentejo, ao qual fui oponente.
Obviamente excluído.
que a nomeação é política até aceito e concordo, não esperava é que fossem tão evidentes, tão descarados na argumentação da nomeação dos seus orange boys.
o futuro governo irá trabalhar com estes senhores, não tem outro remédio, e estou certo que os agora nomeados terão o descaramento de ali permanecer, obviamente que por razões técnicas, dirão eles como autojustificação.
tá bem tá.

reuniões

começo hoje as reuniões de avaliação.
a preocupação dos meus colegas é que falemos pouco, não é por uma questão de errar pouco, é para que nos despachemos depressa.

quarta-feira, dezembro 15

ensinar e aprender

há dias cruzei-me, na minha escola, com um colega de lides passadas. Entre a admiração do encontro ali e naquele momento e o matar a curiosidade de alguns porquês, tão rápido quanto um intervalo permite, fiquei a saber que está na Inspecção, isto é, é inspector.
De figura constrangedora a imagem repressiva (dadas as suas origens e os seus objectivos) nada condiz com a ideia da inspecção que, por força de uma relação passada, construi sobre a inspecção e o inspector (pode ser que esteja, como em muitas outras coisas) enganado ou errado.
Eu digo do porquê.
Estava eu há pouco tempo num órgão de gestão e com pouco mais de uma mão cheia de anos de serviço, quando tenho o privilégio de conhecer a acção da inspecção e o trabalho de um inspector em concreto.
Entre as conversas oficiais e uma relação oficiosa (a intervenção durou pouco mais de uma semana) que a partir dali se estabeleceu, muito eu aprendi com aquele senhor de quem guardo, ainda hoje e sempre que tenho o prazer de o encontrar, uma saudade e um reconhecimento quase que de aluno dedicado.
Muito do que sei sobre a gestão a ele o devo, muito do que aprendi sobre a lógica de funcionamento da administração pública foi com ele, muitos dos modos de entender e tratar com a máquina burocrática da educação a ele o devo.
Pela necessidade e pela curiosidade que em mim despertou passados poucos anos e ainda em exercício de funções senti necessidade de aprender um pouco mais e iniciei um percuro (de formação e aprendizagem) que ainda hoje não abandonei, o de conhecer e compreender as lógicas de interacção da escola.
Obrigado, inspector.

terça-feira, dezembro 14

argumentos

puxo para este meu espaço um conjunto de ideias (mais um) onde se procuram afirmar pontos de vista.
Uma das coisas que gosto no Carlos é a sua afirmação, sem intransigências (pelo menos até ao momento) do seu olhar mais à direita ou talvez ele prefira sem sítio próprio de se estar, apenas na defesa de um outro olhar da escola.
Apresenta argumentos onde procura contrariar o meu olhar da escola. Deixo o meu comentário com o pedido de leitura às ideias expressas pelo Carlos:

... na generalidade e em face das afirmações, de alguns dos argumentos utilizados, até quase que concordo. Contudo tenho de acrescentar o que o Carlos há muito sabe, é que para além da história, das línguas, das ciências e de todas as outras disciplinas também se ensinam relações, modos de ver e interpretar o mundo, de construir o conhecimento e de nos construirmos como pessoas, como diz e bem o Miguel. A treta é que querer fazer isso sem considerar que a escola é "um palco de poder" (como afirmas e bem) é querer ignorar que ali se expressam relações de poder, de afectos, de amizades, de conhecimentos, onde uns e outros procuram o seu lugar e o seu espaço de afirmação. Querer que isto se fique pela amizade é simplesmente exigir a preponderância, a supremacia de uns perante outros, é assumir que uns são melhores que os outros. É querer fazer o que a direita há muito pugna em Portugal, que há um modo correcto, adequado de fazer as coisas. Ora eu considero que há muitos, alguns até divergentes, por vezes contraditórios, mas tão correctos quanto a honestidade e a simplicidade de quem quer fazer.

E que a troca de ideias continue, a escola agradece. E eu também.

avaliação

é um papel complexo, complicado e delicado este de avaliar.
A tradição portuguesa faz com que a avaliação seja olhada como um mau presságio, uma ave de mau agoiro, algo acessório e muito, muito pessoal.
Não tenho este entendimento da avaliação, nem, em particular, do processo que a ela conduz.
É um momento crucial no equacionar do nosso trabalho, do meu trabalho, do seu impacto e dos níveis de aceitação.
Tenho consciência que não chego a todos, que não agrado a todos, que sou imperfeito e incorrecto, mas não quero nem posso ser injusto, o que seria um dos meus pecados mortais.
Ao contrário do hábito não me fecho na minha redoma inacessível de avaliador inquestionável. Discuto, debato, troco ideias com os alunos, hesito, avanço e recuo de acordo com os argumentos, com a sua validade e pertinência, levo em conta aqueles que são o alvo e o centro de todas as atenções.
Apesar de procurar evitar arbitrariedades, ultrapassar algum do carácter discricionário e aleatório do processo de avaliação, no final fico sempre com a certeza que podia (e devia) ter feito mais e muito melhor.
Há que preparar o próximo período e rectificar o que correu menos bem, procurar chegar a quem não cheguei e alcançar onde agora não consegui.

de lembrar

para que a memória não seja curta, a partir de um ou de outro olhar é importante recordar o que foi feito, qual o papel definido e pensado quer para as escolas, quer para o professor que uma coligação tentou vender ao país (desde a gestão profissional, aos currículos, à avaliação, ao estatuto do professor e do aluno...) e de quais as propostas que podem aparecer e aquelas que, com sentido e pertinência, podem ser úteis à construção de uma ideia de escola pública portuguesa.
No meu entendimento será esta a principal questão de um debate - a ideia de escola pública - a partir da qual podemos e devemos discutir papeis, funções e atribuições, organização e complementaridades, princípios e objectivos.
Tudo o mais é, em meu entender, acessório.

segunda-feira, dezembro 13

depois de um nome já ventilado para possível ministro (no caso das finanças, que tenho sérias dúvidas que possa vir a ser) uma pergunta que sei de antemão impertinente, e para ministro da educação, quem se disponibilizará?, quem poderá ser? aceitam-se ideias/apostas.

avaliação

comecei a trocar ideias com os alunos sobre a avaliação, deles e minha, o que correu bem, menos bem e mal.
Depois de estranharem um método em que o professor não dá aula, mas apoia a construção do conhecimento, há a ideia que se devem corrigir alguns aspectos e colmatar a carência que sentem das aulas expositivas, isto é o stor dar algumas aulas.

domingo, dezembro 12

constatações

para além de chamar a atenção para os comentários referenciados na posta anterior, apresento também alguns pontos que podem ser passíveis de discussão, esta mesma ideia que aqui me traz e pela qual há muito me bato.
Antes de mais dois princípios fundamentais no meu modo de entender a escola:
- a escola e a educação são assuntos demasiadamente importantes para serem deixados ao uso (e algumas vezes abuso) exclusivo dos professores;
- o entendimento de uma correlação positiva de quanto maior a transparência e a visibilidade do que se passa na escola, ou noutro local qualquer, maior a legitimidade na afirmação do que são as qualidades de um trabalho educativo, das exigências e rigor do trabalho docente.
Após estes princípios reiterar duas concordâncias com o José.
Primeiro, reforçar a ideia de que efectivamente e infelizmente a escola está exageradamente fechada sobre si mesma (não é a primeira vez que escrevo sobre isso) circunstância que condiciona muito o trabalho que se desenvolve e tem sérias implicações no reconhecimento (seja do mérito seja do demérito) do que ali se faz. Daí concordar com críticas que já me fizeram sobre o eduquês, não na maneira como me as fizeram.
Segundo, que falta uma ideia de escola em muitas das nossas escolas que favoreça o debate e a troca de ideias, a construção de opiniões sobre o que é a escola o que é que pretendemos dela, qual o seu papel num dado contexto específico. Esta ausência de uma ideia de escola faz ou contribui para que toda a discussão existente seja marcada ou pela fulanização ou por meros ataques individuais, geralmente com afirmações de puro sarcasmo ou ironias deslocadas. Ora se falta uma ideia de escola não pode existir, de forma plena, um sentido de democracia e de participação - muitas vezes a participação é vista como obstáculo, impedimento ou impecilho ao que alguém pretende impor como vontade unilateral.
Agora, duas ideias que não indo contrariar o que o José escreveu, procuram espaços de afirmação.
O problema é que na generalidade dos casos as pessoas que se relacionam com a escola (pais/encarregados de educação, autarcas e demais políticos, entre outros) apenas se interessam por aquilo que se ali passa em momentos e/ou situações específicas - conflitos, divergência de interesses, eleições, etc., circunstância que também não favorece uma troca razoável e estável de informação, de comunicação entre as partes.
Neste sentido, que mecanismo podem ser desenhados para que a informação circule necessariamente por onde existe interesse e interessados? que informação veicular numa perspectiva de estabelecer graus e níveis de comunicação entre as partes de um todo?
Finalmente - este deve ser uma das minhas postas mais longas - há muito que me bato por uma arquitectura diferente, por uma outra utilização do espaço, por uma outra distribuição dos tempos que permita ou pelo menos facilite a comunicação entre elementos, a estruturação colectiva (conjunta, em equipa) do trabalho docente, a estruturação de projectos, o próprio trabalho de projecto, como é possível definir outros níveis de utilização dos espaços, que medidas definir para apoiar a diferenciação?
Tenho, ao que apresento e ao que pergunto, duas ideias que carecem ainda de muito aprofundamento e alguma fundamentação, por um lado a territorialização educativa (o Miguel chama-lhe escola cultural) outra a formação em contexto.

mais do mesmo

não é o blogue com este nome, não senhor, são mais um conjunto de comentários, quer um, quer particularmente este outro, que estou certo dariam pano para mangas, quer na apresentação de outras ideias, no rebate destas, na sua concordância ou simplesmente e como refere o Gustavo, no seu contraditório. Para já é de ler e discutir se assim entender ou for esse o caso.

sábado, dezembro 11

nomeações

a Direcção Regional de Educação do Alentejo, à revelia do mais simples e banal princípio de direito democrático, apresta-se para lançar as nomeações dos directores de serviço.
Isto após um concurso onde a descricionaridade e a arbitrariedade foram notas dominantes, onde poucos, muito poucos conheceram ou tiveram conhecimento de quais as regras de avaliação das propostas, os critérios de seriação ou de selecção.
E depois os senhores dizem que ocupam lugares técnicos ou técnico-pedagógicos. Pois, tá bem tá.

comentários

já por mais de uma vez eu e outros referimos a importância e a pertinência de alguns comentários, alguns dos quais dariam origem a outras ideias, a outras escritas.
Porque considero deveras pertinente a referência e já que faço chamadas para quem me zurze, é também de toda a justiça, digo eu, chamar a atenção de quem por aqui para passa para este comentário do José Teixeira.
Acreditem, vale bem a pena, percebermos que existem outras ideias e outras práticas, que não somos todos iguais, que as diferenças são fundamentais, como fundamental é conhecer esta pluralidade de ideias e práticas que a todos enriquece, ou devia enriquecer.
Obrigado ao José.

sexta-feira, dezembro 10

desconhecimento

as situações antes descritas (na posta mais abaixo) ficam ainda circunscritas e delimitadas pelos muros da escola e pelo conhecimento restrito de quem domina a linguagem (o tal eduquês); provavelmente será isso mesmo que deve de acontecer, provavelmente aquilo que em algumas situações ou casos pode ser designado de confusão, conflito ou desentendimentos deverá ficar por aí mesmo, por esse local onde acontecem, delimitados pelos interessados e visados no caso.
Mas desculpem-me lá perguntar:
será que a (co)relação de forças seria diferente se os pais soubessem e
opinassem em face dos desentendimentos entre um órgão de gestão e uma direcção
regional?
será que a comunidade que é servida pela escola não será merecedora de
perceber e conhecer os problemas e as situações com que uma escola e em concreto
um órgão de gestão se depara na gestão da escola?
será que a escola não deve participar, prestar contas à comunidade que
serve, aos pais e alunos que atende, em face do seu modo de funcionamento, à
articulação de sectores, aos projectos existentes ou extintos?
provavelmente sou eu que estou desfocado neste meu olhar.

barafunda

numa pequena conversa de rua, entre um e outro colega que encontro a ver montras, tomo conhecimento (ou consciência) de como vai a nossa escola.
Numa, os órgãos da escola (conselho executivo, conselho pedagógico e assembleia de escola) apresentaram a sua demissão, colocaram os lugares à disposição da direcção regional em face das realções que não se conseguem estabelecer, das desconfianças, das várias tricas e intrigas que se desenvolveram nos últimos tempos e que agora fizeram transbordar o copo [segundo ouvi dizer não é a única a nível nacional, ainda que seja a única na zona a tomar esta atitude].
Noutra, é o responsável dos serviços de administração escolar que se desvincula das suas competências, invocando desentendimentos e atritos com o órgão de gestão.
Numa outra ainda são-me revelados pormenores da prepotência e da arrogância de elementos de um órgão de gestão, que constrange ideias, oprime projectos, condiciona o trabalho docente.
Pessoalmente quero acreditar que são apenas pontos neblosos de uma constelação mais vasta e ampla e que não posso, e não devo, tomar o todo por este pequeno apontamento de algumas das suas partes;
Mas que será algo elucidativo de como está a educação, isso também é.

satisfaz

o filho teve um satisfaz em ciências. Segundo a professora um satisfaz alto, quase, quase satisfaz bastante.
Então não é que foi o bom e o bonito cá em casa.
Foi o primeiro satisfaz do rapaz, mas o suficiente para ele ficar como nunca o tinha visto antes, chateado até à medula, e quase, quase dar o fanico à mãe.
Por vezes, por muito que não o queira, por muito que o evitemos e possa dizer o contrário, fico surpreendido com o resultado da educação, com as personalidades que se criam, com as motivações que se incentivam.
Tudo por que não gostou de mudar de turma - de ser mudado de turma - e quer mostrar que se enganaram.

tempo

... é coisa que tenho por hábito não dizer que me falta. Muito pelo contrário, o meu hábito é afirmar a quem diz que tem falta de tempo que o tempo é o que dele fazemos.
Mas entre a preparação das avaliações, as atarefações de Natal - prendas, almoços ou jantares - sobra-me pouco tempo para vir a este espaço trocar ideias, deixar opiniões, alimentar um vício.

terça-feira, dezembro 7

objectivos

volto à liça, a dar o corpo ao manifesto e a apresentar o flanco à discussão de ideias sobre a escola.
Isto a propósito de ideias para uma campanha eleitoral que procurem ir para além do eduquês e que são estimuladas por outros olhares.
Para além da opinião, um ou outro objectivo, no sentido de enquadrar ideias e criar um sentido à escola (ao trabalho que nela se desenvolve e que não é apenas docente).
três objectivos, estruturantes a uma política educativa nacional:
criar as condições necessárias e suficientes para que, no espaço de uma legislatura, a escolaridade mínima obrigatória abranja a totalidade da população em idade escolar;
apoiar e reforçar os mecanismos de educação, escolarização e formação para que no espaço de uma legislatura pelo menos 80% da população em idade de escolaridade de nível secundário esteja na escola ou seja abrangida por oferta formativa de natureza qualificante;
É verdade, reconheço e assumo, é eduquês, talvez não no seu melhor, apenas sob um ponto de vista, uma perspectiva, um olhar que é enformado pelo gosto da inclusão, pela diferenciação e discriminação, pelo reforço e privilégio da formação (inicial e contínua) e pelo claro sentimento de necessidade de apoio ao docente, à escola na institucionalização destas ideias. Muitos somos poucos para a escola deste século.

conversas

no final da manhã, num buraco do meu horário, troquei ideias com uma colega sobre culturas e climas de escola, a propósito de um trabalho que desenvolve no seu curso de mestrado.
Pela hora de almoço, entre o despachar ideias e actualizar registos, troquei conversa com uma colega sobre as metodologias e estratégias que adopto (pedagogia diferenciada, ao nível de objectivos e processos).
Entre uma e outra das conversas um elemento comum me suscitou a escrita, me despertou outras ideias, a de que a escola está preparada, na generalidade dos casos, para dar aulas e muito pouco mais. Que os professores sentem necessidade de mudar, de mudar práticas, de equacionar modelos, de pensar estratégias, de redefinir a sua prática lectiva e profissional mas que, volto a sublinhar que na generalidade dos casos, as escolas não estão preparadas para dar este tipo de resposta, ir ao encontro de anseios ou de outras necessidades do professor que possam ir para além do normal dar aulas.
Sei que existem outros (bons) exemplos mas nas escolas por onde tenho andado não há uma sala de trabalho para que os professores possam organizar acções, actividades, preparar aulas, trocar ideias sobre práticas ou experiências, falar fora do rebuliço da sala de professores ou fora de uma ordem de trabalhos de conselho de turma.
Na generalidade dos casos as bibliotecas estão atravancadas de gente, de barulho, de aulas, que os centros de recursos são espaços de aula. E pronto, não há mais, não há alternativas. E estas não têm de ser definidas exteriormente à escola, têm e devem de passar por opções da gestão, exigências dos professores, projectos de necessidades.
Há coisas que seria tão fácil mudar.

segunda-feira, dezembro 6

As preocupações docentes são, na generalidade dos casos, por demais evidentes. Ainda que estejamos preocupados sobre outros assuntos de momento ou eventualmente distraídos com alguns temas de moda, o certo é que o olhar docente recai naqueles que tem habitualmente pela frente e que são a sua única razão de ser, os alunos.
A votação disponibilizada no sítio do Jornal A Página da Educação é disso evidência e destaque. Entre concursos, estatuto, lei de bases ou a formação o destaque tem sido dado ao sucesso do aluno.

domingo, dezembro 5

do eduquês

são riscos que se correm, estes de tomar posição, assumir partidos, apresentar ideias e dar sugestões.
Se são úteis, pertinentes, interessantes, viáveis, necessárias, práticas isso poderá ser outra questão. Contudo, tomar partido, assumir posição, apresentar ideias e debater opiniões isso tem o seu quê de risco, de arriscado.
Assumio há muito, como o assumo agora.
Na posta anterior é deixado o comentário que é o eduquês no seu melhor. Sinto-o como um elogio que provavelmente não pretenderá ser. Elogio uma vez que falo uma linguagem própria da minha profissão - a de professor - e que me é atribuído um destaque que não procuro, a de educador.
Afinal, falo eduquês, mas a mensagem passa exactamente como é pretendido. Só me sinto reconhecido.

ideias

não resisto à tentativa de propor ideias, apresentar sugestões do que pode ser a escola (básica e secundária) em face de um programa eleitoral.
É isso que aqui faço há um ano a esta parte. Crítico, debato, apresento ideias e opiniões. É chegada a altura de também construir, apresentar outras ideias, participar no debate.
Como elemento estruturante não há que esquecer o meu olhar e o meu posicionamento político e pessoal, à esquerda, social, inclusivo, participativo, diferenciador, regulador, discriminador, potenciador, facilitador tudo formas e modos que condicionam este meu olhar a escola, esta minha forma de propor ideias.
Este um primeiro acerto de algumas ideias, mais tarde surgirão outras, outras propostas, ainda sem explicações, ficar-se-ão para mais tarde:

  • territorialização das políticas educativas;
  • reforço, mediante definição e contratualização, das medidas das autonomias das escolas;
  • definição de componente do currículo (em percentagem e modo a definir) pela escola;
  • reforço das componentes municipais de educação (transporte, acção social escolar, actividades e acções complementares, formação, equipamentos e recursos físicos e apoios);
  • revisão do modelo de apoio educativo da acção social escolar;
  • descentralização - para as escolas e para as estruturas desconcentradas do Ministério da educação - de medidas de apoio educativo, definição e implementação de projectos, equipamentos e instalações;
  • reforço das equipas de apoio educativo e ensino especial ao nível concelhio;
  • generalização da banda larga no acesso à Internet na escola;
  • apoio - em sede de IRS - a docentes e famílias no que se refere a gastos com Internet, equipamentos ou recursos tecnológicos;
  • definição, mediante contratualização, de um plafond de recursos humanos a serem utilizados pela escola em face de necessidades específicas ou de projectos de interesse municipal, pedagógico ou de formação;
  • reforço dos poderes da assembleia de escola, para definição de políticas educativas de base local;
Mais tarde aparecerão outras ideias.

sexta-feira, dezembro 3

enfim

chegou mais um fim-de-semana.
Que seja aproveitadinho até ao ossinho.

quinta-feira, dezembro 2

apostas

entro no claro e assumido domínio do especulativo ao propor a aceitação de apostas sobre qual será o papel da escola, da educação e da formação no período de campanha eleitoral que se avizinha.
Qual o destaque a ser dado às figura do professor? quais os objectivos em termos de territorializações educativas, autonomias, entre muitos, muitos outros aspectos possíveis de considerar.
Relembro que irá decorrer de modo coincidente com os concursos docentes, com a publicação de resultados internacionais (OCDE ou União Europeia) sobre o estado da educação.

sem comentários

quem sabe do que escreve dá-se ao luxo de escrever coisas destas:

O problema é que o praticismo domina a generalidade dos
professores, técnicos, burocratas e investigadores. Há uma cultura da prática conceptualmente vazia.

Sem comentários.

Não posso estar mais de acordo com o Miguel. Abundam os pedidos de ajuda práticos, as soluções por medida, o sucesso em 3 lições, quando é impossível
uma coisa dessas acontecer, tal a quantidade de casos, situações e pessoas
que são abrangidas, as leituras e interpretações feitas, os interesses em
jogo, os objectivos definidos, etc., etc.


quarta-feira, dezembro 1

sentido

há uns anos atrás a escola fazia sentido, para quem quer que fosse. Era um espaço destinado a ser e a assegurar, enquanto ritual de passagem, a possibilidade da afirmação social ou de ascensão económica, ou, ainda, de progressão pessoal.
A escola permitia a ascensão social, entrava-se como um zé-ninguém e podia-se sair um senhor doutor ou, no mínimo, com uma profissão. Foi assim que se formaram ordas de gerações que hoje ocupam os lugares intermédios da administração pública ou são os detentores de uma pequena iniciativa privada que arrisca, de electricista, contabilista, etc, etc.
Esta ideia de escola é um sonho perseguido malfadadamente por todos quantos têm sido ministros da educação deste país na democracia de Abril.
Nesta ideia de escola, que enforma também muitos docentes, não há necessidade de motivação. Ela é quase que intrínseca à pessoa, move-se por ela em face de objectivos mais ou menos visíveis, mais ou menos alcançáveis.
Agora os tempos são outros e a grande questão da escola está, talvez, digo eu, no questionar das coisas, num questionar orientado e enquadrado pela escola, na construção de um sentido das coisas, na procura de objectivos, na definição desses objectivos, hoje muitos instáveis, voláteis, imprecisos, inconstantes.
Daí divergir de um colega com o qual tenho partilhado ideias e opiniões, pontos de vista e escrita. Estou certo que esta minha posição não aquece nem arrefece, mas não posso deixar de partilhar desta sua motivação. Ou da procura dela.