quinta-feira, setembro 30

diferenças

uma das coisas que estranhei nesta escola foi o quadro, entre outras que darei conta, à medida que decorrem os dias e surgem os pretextos para escrever sobre isto ou sobre aquilo.
Há muito que não encontro um quadro negro, daquela ardósia onde o giz, quando recente, emitia um ruído capaz de criar pele de galinha em muitas pessoas.
Tal como a Madalena, é um dos elementos que marcam o meu imaginário de aluno e de docente estagiário. Há muito que eles são verdes, uniformes e uniformizados, standarts.
Estes que agora encontro nesta minha escola, são também verdes, mas baços, não consigo perceber se gastos, isto é, se é defeito ou se é mesmo feitio.
O giz não desliza como noutros espaços, deita, aparentemente, mais pó, o que me irrita.
A primeira vez que utilizei os quadros, por ter estranhado, escrevi em diversos sítios o que levou à risota dos miúdos.
Enfim, particularidades.

cruzeiro

passados os primeiros momentos de surpresa, ultrapassada alguma da ângustia que rodeou todo o processo de colocação, confrontados com os olhares da miudagem, a situação tende, com algum custo, reconheço, a entrar em velocidade de cruzeiro.
a blogosfera ressente-se deste início de ano lectivo. Há menos escrita, mais fluída, mais escorreita, mais prática e menos programática.
Um novo ano. Vamos a ele.

quarta-feira, setembro 29

do pensar

é um período para aproveitar e repensar, ou equacionar, práticas lectivas, oportunidades de trabalho. Com pouco mais de duzentos alunos, 20 horas lectivas pouco mais há que pensar e estruturar o que fazer.
Organizar a autonomia do aluno e do professor, procurar desenvolver um trabalho autónomo, sensibilizar para a disciplina são objectivos prioritários neste primeiro período.
São os primeiros passos de um conhecimento que se pretende mais estável e coerente.

resignação

As conversas na sala de professores oscilam entre a resignação e o reconforto. Procuramos ficar certos daquilo que temos.
A única coisa a fazer é procurar desenvolver o trabalho que temos pela frente. Como quase sempre é uma vez mais um reinício, de conhecimentos, de práticas, de metodologias, de pessoas, de sítios e de conversas.
O que tem de mau esta instabilidade pode também ser aproveitado com de bom, uma vez que pouco mais há a fazer.

terça-feira, setembro 28

listas

fico no mesmo sitio, isto é, mais longe decasa, mais perto do coração.
ao contrário do que ambicionei fico naquela que designo como a minha escola.
Resta-me procurar fazer dos contratempos alguma sorte, aretirar daí algum proveito.
Boa sorte a todos aqueles e aquelas que iniciam agora um novo ano.

desculpas

será que com as desculpas do ministro da presidência nos esquecemos que, daqui a pouco (Janeiro?), estaremos novamente em concursos?
quem nos garante que, para o ano, o concurso não será novamente à mão? quem nos assegura que não serão levantadas novas e talvez diferentes arbitrariedades, que não será à descrição?

sossego

perante a comunicação social, perante os media, sossegam os rumores relativos à colocação de professores, apagam-se alguns dos holofotes, qual fim de festa.
nas escolas mantém-se as conversas sobre um futuro, permanece um faz de conta entre apresentações e preparação do ano. Faz de conta que está tudo normal, faz de conta que é assim... se não for logo se verá.
Saí há pouco de uma apresentação, 90 minutos com os alunosa definir regras e princípios, a aferir conceitos e organizar acções. Na despedida o adeus, talvez até de hoje a 8 dias. Ou talvez não. Logo se verá.

segunda-feira, setembro 27

dos projectos

O Miguel deixou um comentário a uma das minhas postas que deu origem a uma entrada dele. Comento essa ideia deixando outro apontamento.
a grande crítica que faço é que nem para isso que escreves (inspecção ou pais) servem os projectos das escolas.
Muitas das vezes, um projecto apenas se procura dar uma resposta administrativa a uma obrigação formal e legal. De um lado são as DRE's a chatear, do outro a inépcia dos órgãos de gestão que julgam necessitar deste instrumento para validar/legitimar o seu trabalho. No final fica apenas o vazio das ideias, a ausência de propostas, a incapacidade de alternativas, a frustração de muito se ter trabalhado para que nada se alterasse. É este o reino que designas e bem, no meu entender, de faz de conta. É este o reino que teimanos em afirmar nas escolas como se tudo estivesse e fosse perfeito. Como de espanto em se querer modificar algo.

de fora

numa escola de mulheres, isto é, onde as mulheres predominam, menino não entra, esta é a minha sina, neste incío de ano lectivo.
Na passada 6ª feira pude perceber que, ao longo de todo o dia, apenas eu e um outro colega durante a manhã - à tarde fui o único da espécie. Hoje pouco mais e pouco melhor, muito obrigado.
Menino fica de fora, pois claro.

as diferenças

entre cada escola há um vasto conjunto de diferenças que decorre do conjunto das pessoas, e das relações que constituem, que definem e marcam a especificidade de cada uma delas.
Por isso não há duas escolas iguais, apesar das semelhanças ao nível da arquitectura, da organização, dos modos e dos ritmos aparentemente semelhantes, quando não mesmo iguais, de cada uma delas.
Mas há marcas, há lógicas que apesar das diferenças das pessoas, dos ritmos e das dinâmicas de cada escola, das características que separam ou aproximam cada uma, imprimem uma impressão quase que digital e que afirmam este sistema educativo.
Aqui, nesta escola, como certamente noutras, preza-se o aluno mas os horários são organizados em função dos professores, valoriza-se a autonomia mas exige-se a uniformização, procuram-se interesses mas os objectivos são comuns, destacam-se as tecnologias mas os recursos são escassos.
Lógicas que teimam em permanecer, uma estabilidade de longa duração.

impreciso

a semana começa com dúvidas, com alguma (muita, apetece-me reforçar) incerteza, muitas imprecisões.
preparo, ou não, o trabalho específico a desenvolver com as turmas, os levantamentos para compreender quem são, os gostos e os interesses, a relação com a disciplina e com a escola.
Estruturo ou não um calendário de actividades que me permita organizar o meu tempo e as minhas actividades em função deste horário, da sua ocupação.
Demasiadas perguntas para que a semana possa ser normal.

sexta-feira, setembro 24

comentário

porque considero fundamentais estes comentários, para a compreensão de um dado estado de sentir e estar, faço a chamada de atenção para o blogue de um murtoseiro, com duas postas que chamam os nomes pela coisa, ou a coisa pelo nomes.
São estes receios, as depedências seculares que Salazar nos legou, que marcam uma dinâmica social e fazem com que, apesar das críticas, da clara constação de incapacidades, queiramos permanecer sob a tutela centralizadora de um polvo que já pouco coordena e menos manda. É perante este legado, que promove o amorfismo, a uniformização, o sentimento acrítico, a submissão e o conformismo, e que marca ainda excessivamente uma dada postura social e cívica da sociedade portuguesa, que teimo em resistir, em combater, em contrariar, em apelar ao envolvimento político, porque cívico, à participação e não apenas à representação, à construção e não apenas à aceitação de um facto ainda que divino.
Postas brilhantes, como clarificadores são os seus comentários.

do contente

o certo é que a generalidade dos professores se contenta com pouco, com pouco fica feliz. Por vezes apenas com um sorriso de um qualquer aluno.
No início da manhã, na sala de professores, as conversas arrastavam-se, marcadas pelo tom sério, eloquentes na crítica, mordazes na sensura, acutilantes na angustia.
No final da manhã já são os sorrisos, entre o nervoso e o inesperado, que marcam o ritmo desta sala de professores, a paródia crítica à situação, o encolher de ombros perante a nossa manifesta incapacidade de fazer mais ou de maneira diferente, o sorrir perante a adversidade.
Depois das primeiras apresentações, dos primeiros momentos passados numa sala de aula, do confronto de múltiplos olhares, estamos prontos para mais e para o nosso melhor.
Como disse, e muito bem, o Miguel, estamos no reino do faz de conta... faz de conta que está tudo bem, faz de conta que nada se passa.

1º dia

... talvez do resto da minha vida.
é o meu primeiro dia naquela que designo como a minha escola, aquela à qual pertenço. Enquanto aguardo pelos destacamentos cumpro funções e serviço neste lugar. Sem saber se aqui fico, o mais provável, se fico com este horário, o mais improvável.
Os comentários rodam em torno do facto de docentes em quadro de zona, com menos tempo de serviço, passar à frente de pessoas com mais do dobro do tempo de serviço. Mais conversa apenas em torno da "vaquinha" de transporte.

quinta-feira, setembro 23

rigor

... e transparência, lembram-se, eram as palavras de ordem do então ministro D. Justino na defesa da revisão do processo de concurso e colocação de professores dos ensinos básico e secundário.
O ano passado foram as colocações dos amigos em sítios que até lhe davam jeito, este ano outros descobriram a mina de ouro.
E promete não ficar por aqui.

técnica

a partir do Retorta encontrei esta discussão, deveras interessante, apesar de algum tecnicismo e de uma linguagem muito informatiquês, mas suficiente para percebermos a desordem em que nos meteram e em que andamos metidos.

macacos

bem que deviam ser burros a olhar para palácio, como se diz nesta minha santa terrinha daqueles que nada percebem e admirados, boquiabertos ficam perante o seu próprio espanto.
A varinha mágica (da saltapocinhas) descobriu uma imagem das gentes do Polvo em pleno ritmo de trabalho, antes de ser decidido que o o dito era feito à mão.
Não comentem, não é necessário.

observações

... ontem, no decorrer dos telejornais, o meu filho (10 anos) fez a sua primeira observação política.
Quando passavam imagens da senhora ministra a dizer de sua justiça pergunta-me: Pai, esta senhora é que é a ministra da educação? Exactamente, filhote.
Não queiram arranjar outra que não é preciso, com esta não vamos a lado nenhum.
e por aqui nos ficamos.

imagem

em face do problema, que não consegui ultrapassar, da ausência da imagem, fica aqui o link onde a depositei, com a esperança que possa ser acessível a todos.

quarta-feira, setembro 22

à mão

... um colega fez-me chegar a imagem e não podia ficar por aqui. A pertinência da web e a rapidez de circulação de ideias, aliadas à grande capacidade crítica que os portugueses sempre revelaram (do anedotário à caricatura) fazem deste meio algo deveras interessante, pertinente e impertinente que todos devem ter em séria consideração.

arquitectura

... no meio da confusão, no meio da barafunda e da necessidade de rever muitos dos aspectos que suportam e organizam o sistema educativo português, há um onde é premente mexer e que apesar de alguns lieftings poucas alterações sofreu desde o final dos anos 80, é ele o edifício legislativo e normativo.
A arquitectura deste edifício está anquilosada, desfazada da realidade, longe das necessidades, distante das preocupações, não responde às solicitações, impõe regras arbitrárias e, em muitos casos e situações, desnecessárias e que bloqueiam o que de bom também existe e funciona.
A arquitectura legislativa do sistema educativo obriga o professor ao desenrascanço, impõe ao aluno uma orientação na qual ele não se revê, define horários e lógicas de funcionamento que não interessam nem ao menino Jesus (isto é, pais/encarregados de educação, autarquias, alunos, professores).
Definida e construída na segunda metade dos ano 80, num período marcado pela consolidação da democracia parlamentar, revista e reforçada ao longo da primeira metade dos anos 90, sofreu as primeiras investidas perante os governos de Guterres. Revistos os currículos, a organização de espaços e tempos, a avaliação, os apoios e complementos educativos, as modalidades complementares de educação, a gestão e as autonomias mas pouco mais se adiantou - ou porque não se soube ou porque não se pôde.
A fúria legislativa que caracterizou o governo de D. Justino colocou em causa alguns princípios conquistados, inclusivamente alguns oriundos dos governos de Cavaco, aparentemente apenas com a vontade de fazer esquecer os governos PS - re-revisões curriculares, estatuto e papel do aluno, papel do professor, avaliação, lei de bases e muitos outros. Mas foram investidas inconsequentes, incoerentes e a carecerem de uma visão estratégica sobre o papel da escola na sociedade, ainda que exista um discurso apelativo, uma retórica política sobre a educação.
É este edifício ou mais adequadamente a arquitectura que o suporta que carece de ser revista e reformulada e, se necessário, mudarmos de edifício e de arquitectura, para além de mudarmos de arquitecto.
Há, essencialmente, que colocar bom senso (que é feito de experiência, realismo, paciência e conhecimento de causa) e deixar fluir o funcionamento das escolas. Apesar das tentativas em sentido contrário, elas funcionam.
Há que flexibilizar, agilizar, tornar a escola coerente com o local, provavelmente caminhar-se para níveis de descentralização (entre estruturas políticas do ministério e autarquias, mas também outros elementos sociais), redefinir competências, reformular a formação contínua, repensar a formação inicial.
Talvez um dia isto seja possível.

distracção

... no meio da confusão que têm sido os concursos de colocação de professores deste ano, talvez passe de fininho e sem qualquer destaque, um rol de situações que, neste concurso e na lógica que o suporta, está incorrecto, é nefasta, causa distorções e implica desorganização no próprio sistema.
Apenas como referência destaco um conjunto de ideias que carecem, há muito, de ser revistas e repensadas:
  • a desorganização da relação entre a formação inicial e os quadros de escola,
  • a desadequação dos grupos de docência, desde o primeiro ciclo ao secundário;
  • a articulação entre ciclos de ensino
  • a estanquicidade entre níveis e ciclos
  • as modalidades complementares de educação
São apenas um pequeno conjunto de muito que há que corrigir e que talvez passe algo despercebido no reiono da confusão dos concursos.

terça-feira, setembro 21

comentários

... ao programa prós e contra da RTP sobre a educação, sobre as colocações:












e tenho dito.

espera

... cá continuo à espera, sentado pois claro, que sou alentejano. Afinal, eu e a minha gente alentejana temos a fama, outros têm por nós o proveito.
tá mal...

sexta-feira, setembro 17

adiado

já se fala, já se comenta que colocações talvez dia 23.
Daqui a pouco desisto do concurso e apresento-me na minha escola. Porra estou farto, cansado de me sentir angustiado, de me consumir sobre onde irei ficar, que horário irei ter, que níveis vou leccionar, que turmas terei, será que terei hipóteses de levar os filhos à escola, quem os irá buscar quando a mãe ficar de serviço, e nos dias de chuva?.
Porra estou farto desta espera. Quem espera desespera.

visita

na sequência da recepção houve uma visita guiada pela escola. Conhecimento de locais habituais do pessoal, cantina, salas específicas, biblioteca, sala de recepção a encarregados de educação.
Na visita, mais do que conhecer os espaços foi, para mim, um revisitar momentos, trazer ao dia hoje recordações e lembranças dos momentos ali passados vai, não se riam nem se espantem, para trinta anos.
Irra como as coisas estão na mesma. A sala de tecnológica, trabalhos manuais, naqueles tempos, a sala de visual, a sala de ciência, olha a sala onde fui, pela primeira vez, convidado a sair. Olha aqui tinha aulas de história com um verdadeiro monstrengo. A sala de professores ainda no mesmo local, com um lefting geral é certo. O bar tem a mesma disposição, as mesmas sobras, será que o mobiliário é ainda o mesmo?.
Foi uma visita às minhas memórias do segundo ciclo. Apenas dois anos naquela escola, a transição para a escola secundária, maior e com mais gente. Daquele tempo há dois momentos mais marcante ou que deixaram em mim uma maior recordação. O primeiro ocorreu em 11 de Março de 1975. A escola fica próxima do então quartel general da região e a meio da minha deslocação para casa. Lembro-me de me sentir apavorado, sem saber como iria para casa e ter de passar pelo largo do QG.
O segundo momento, a descoberta do outro, mais adequadamente da outra. A minha primeira paixão pelo sexo oposto. Por uma rapariga que nunca me ligou, provavelmente nem saberia, nem daria conta da minha existência. Mas eu estava apaixonado.
Uma visita que trouxe à baila outros momentos.

estranheza

Foi hoje a apresentação do filho, 5º ano da escolaridade. Nova escola, novo ciclo de ensino, novos colegas, novos métodos, demasiadas coisas novas para que a noite fosse sossegada.
Mas a principal estranheza foi minha. Entrar numa sala de aula, juntamente com alunos e pais e sentar-me numa carteira de frente para o quadro foi estranho ou, pelo menos diferente.
Ouvir a conversa das professores que, simpática e cordialmente, recebiam e procuravam enquadrar alunos e respectivos pais.
Ouvir as suas palavras foi estranho. Saber do que também está por trás, quais os sentimentos daquela docente que ainda não sabe se ali fica ou se muda, como vai ser a próxima semana.
É este o papel de um professor que é pai, saber, ou procurar saber, estar dos dois lados [apetece-me dizer da barricada, mas sei que não é nem tem nada de militar], saber, ou procurar saber compreender diferentes pontos de vista sem tomar partido que possa colocar em causa princípios ou oportunidades.
A turma? gente simples, gente boa que está ali ainda por acreditar que a escola é um espaço de oportunidades. E ainda é, e terá de assim continuar.

quinta-feira, setembro 16

desculpabilização

e não há que atirar para trás das costas, isto é, para os antecessores, as atitudes e as incompetências que deorganizam o sistema educativo.
Foi o próprio primeiro-ministro, Santana Lopes, que teve oportunidade de referir e salvaguardar as continuidades com o seu antecessor. Foi ele próprio, com o beneplácito do Presidente da República, que referendou o mesmo programa de governo, as mesmas linhas de acção governativa.
D. Justino tem culpas? tem sim senhor, mas Carmo Seabra também. Se não sabia onde se metia teria de ter a umbridade e a honestidade intelectal de o assumir e recusar.
Se ela não é responsável então sou eu.....

procuram-se

... responsáveis pela situação caótica em que se encontra o ministério da educação, pelo descalabro do regresso ao passado na colocação de docentes, pelo descalabro organizacional, pela falta de responsabilidades.
Só neste país, só neste nosso Portugal à beira mar incrustado, é que ninguém assume as suas responsabilidades.
Chega porra!!!!!!
Foi este governo, com D. Justino, que procurou mudar tudo, revirar o sistema do avesso, desde o pré-escolar ao superior, passando pelo sistema de avaliação, objectivos de ciclos, lei de bases, currículos, colocações, educação especial, acção social escolar, desporto escolar, ensino artístico, leis orgânicas do ministério (2 em dois anos), etc.
E não há responsáveis?!?!?!?!

gestores

No fórum da TSF há quem defenda a existência de gestores escolares não como conhecedores de uma dada técnica, a da gestão, mas como domadores de professores incompetentes e ingorantes, nomeadamente daqueles que nada percebem que estão nos conselhos directivos (sic).

fórum

o fórum da TSF é dedicado ao arranque daquilo a que alguns, pretensiosamente, designam de início de ano lectivo.
É mais do mesmo, ladaínhas para que daqui a pouco tudo seja e esteja esquecido.
Será? espero que não, faço votos para que não.

comentários

... os mais ouvidos traziam à memória os tempos em que, como alunos, ficavamos cheios de contente por ainda não ter professor disto ou daquilo, do gozo que era contar os professores, brincar com ou outrocolega porque tinha professor a esta disciplina mas nós não.
Depois, durante um largo período de tempo, isso foi ultrapassado. Os professores apareciam logo nas primeiras aulas.
Voltamos ao antigamente. Nos maus exemplos e nas más práticas.

mais

... gente que se junta em torno desta blogosfera.
A Sofia trouxe uma amiga que promete.
Vamos blogar?

risos

... é de risos. Cheguei à pouco daquilo a que alguém pretende chamar de início de ano lectivo, mas que mais não é que uma autêntica risota, uma gargalhada deslocada no espaço e no tempo.
No caso concreto fui ao início do ano da filha, 2º ano, inúmeros pais e mães, olhos expectantes, risos entrecortados entre o nervoso miudinho e o contentamento dos reencontros. Os saltos e as correrias, a procura daquela amiguinha que ainda não chegou, da(o) professor(a) com quem mais simpatizamos.
às 09h05 estavamos todos na sala de aula na presença de uma docente que sabemos que não será a titular da turma e de um docente do quadro de zona que não sabe ainda onde fica.
Primeiros comentários, primeiras observações dos docentes para dizer o óbvio, que não há condições para o início do ano lectivo. Para além de não haver docentes, apenas 5 num quadro de 12, tendo funcionado no ano lectivo anterior com 16, também não há casas de banho.
E pronto, podemos ir embora, se quiserem trazer os meninos na próxima 2ª feira, tragam, eu estou cá a partir das 08h15 e entretenho-os.
E a escola passou a ser um entretém.
Se isto não é de risos, não sei o que será uma anedota.

quarta-feira, setembro 15

óbvio

... pelo menos para mim, esta conclusão a que chegam os técnicos da OCDE.
Ou, nas plavras do Miguel, a escola situada decide sempre melhor quando decide por si.
Não me interessa aqui entrar em discussões sobre a história e a organização deste sistema educativo, desde os tempos da minha avózinha até aos dias de hoje na tentativa desenfreada de incutir orientações neoliberais com as quais eu não concordo. Há trabalhos suficientes e suficientemente pertinentes para essa compreensão e análise.
Já não é assim sobre as possibilidades de organização local, situada, comunitária, chamem-lhe o que quiserem da escola.
Na generalidade dos casos os professores aceitam as responsabilidades que lhes competem e que são, pública, política, social ou organizacionalmente, atribuídas. Mas quando são levantadas questões, umas impertinentes outras nem tanto, os órgãos de gestão despacham rapidamente para canto, as autarquias olham para o lado, os sectores económicos e sociais fingem que não é com eles e, de repetente, os professores ficam com a batata quente na mão. E não há, neste casos, decisão que resista.
Fomos habituados a trabalhar sozinhos, individualmente. Como fomos habituados a não levantar muitas questões, a não questionar sobre critérios, métodos ou orientações e menos ainda sobre decisões. Se falamos em política iriçam-se os pelos e enche-se a boca que aqui não entra política, apenas (in)competência técnica. Falta-nos formação, até na formação, como nos falta humildade para ouvir o outro e conversar com ele, perceber que juntos podemos fazer mais e muito, muitissimo melhor.

mais do mesmo

... mas em excelente peça esta que nos é oferecida por aquele que, se pudesse, cortava a cabeça ao polvo (pausa para suspirar de pena por não ser eu a cortar-lhe a dita cuja).
Não nos admiremos, portanto, pelos resultados dos estudos da OCDE ou de outros.
Enquando não existir uma linha de orientação, um rumo para este sistema, estaremos sempre, ou quase sempre, a desenrarcar situações, a fazer das tripas coração, a sermos voluntariosos e práticos, empenhados na profissão mas... não saímos do mesmo lugar, muito pó pelo patinar. Arrancar é que não há meio.
Para que esta situação, a constante nos relatórios se modifique, é necessário alterar muita coisa no sistema educativo. E, se me permitem, há que começar por algum lado, por mim comece-se por este governo.

bom senso

... mas há também que ter um pouco de bom senso em todo este sistema, seja educativo ou outro e, considero eu, se me é permitido, bom senso é coisa que por vezes falta.
O meu filho mudou este ano de ciclo de ensino e de escola. Por critérios internos, que não discuto aqui, a turma de origem foi desmontada, desagregada, desmenbrada e ficam apenas dois , três no máximo quatro alunos por turma daquela conjunto que antes eram praticamente 20.
Quando pergunto quais os critérios que presidiram à elaboraçãio/constituição das turmas fico com a clara sensação de me estar a emiscuri em áreas onde não sou chamado, a levantar uma discussão em que os senhores professores não estão habituados a ter nem estão, mais interessante ainda, interessados em iniciar. É problema deles e se procurarem responder a todas as solicitações que os pais/encarregados de educação apresentam então não estabilizam nem as turmas nem os horários. É correcto este ponto de vista. Mas se existem queixas, poucas ou muitas como me fizeram sentir, é apenas sinal de desagrado, descontentamento e, por vezes, de falta de bom senso na constituição das turmas.
Particularmente, e aqui reconheço que me senti, quando percebo e é evidente que se reunem grupos de excelência e outros que logo se verá como são.
A soberba e a arrogância profissional sempre foram coisas que me irritaram solenemente. Quando a encontro na minha profissão fico piurço.

atenção

... há que chamar a atenção para o canal de educação das notícias do Público.
Conjunto deveras pertinente de notícias em dia em que a educação, pelas colocações ou falta delas, pelos estudos da OCDE, pelas taxas de escolarização e pelos conhecimentos dos alunos portugueses, é destaque em praticamente todos os telejornais portugueses.
Pena é que só nos lembremos da escola e da educação em dias destes. Nos outros também há escolas, também há alunos, também há problemas.
E acreditem que não há mais problemas porque muitos dos profissionais da educação conseguem dar muitas voltas e fazer com que isto até funcione.

terça-feira, setembro 14

repensar a escola

... a partir de referências bibliográficas fui dar com o sítio desta revista, repensar a escola - rethinking schools.
.
A merecer a atenção, particularmente para aqueles que trabalham o currículo ou as inter-relações em sala de aula.

autonomia

nunca sabemos quando estamos prontos para o passo, seja do que for.
Hoje o filho, o mais velho, foi pela primeira vez ao cinema sem a companhia de um adulto, apenas companhias menores. Os pais, de um e de outro lado, trocavam olhares, comentários em surdina, numa ânsea de desistência à última da hora. Nada de mais errado. Lá foram, lá compraram os bilhetes e as pipocas e me disseram até logo. Faço figura de homem, pois o pai que é pai só tem de se orgulhar da autonomia dos filhos.
Mas não deixo de pensar que o tempo em que os dentes davam trabalho definitivamente acabaram. Agora, os trabalhos são outros.

salários

acabo de ouvir numa rádio cá da terra, a Rádio Diana, que os professores portugueses são dos mais mal pagos dos países desenvolvidos e que as escolas portuguesas são as que menos docentes têm para os alunos. Não referiu a fonte, mas nesta altura não deixa de ser algo impertinente ouvir-se uma coisa destas. Até parece que estão contra o governo.

dúvida

... será que saberemos das colocações ainda esta semana?

segunda-feira, setembro 13

consulta

queria marcar uma consulta, perguntaram-me o dia e fiquei estarrecido. Desisti, agradeci a simpatia da menina, mas não posso marcar a consulta que necessito. Não sei qual o meu horário, não sei qual a disponibilidade dos dias. Estou condicionado sobre o meu futuro. Mais condicionado.

links

... actualização da zona de actividades curriculares, que decorre da minha tomada de conhecimento das coisas boas que circulam na rede e da particularidade de algumas delas serem constituídas por docentes dos ensinos básico e secundário - caso do bloga me mucho, ainda por cima hoje está com os azeites para os lados de Setúbal, coisa que não é o único, pois não Nelson, afinal, parece que é mais do mesmo este ano, e do chora que logo bebes, para leitura, em jeito de iniciação, chamo a atenção para esta posta que considero elucidativa de um estado de espírito de um grupo profissional, felizmente que são apenas desabafos. Lá, seja na escola ou na sala de aulas, sei que se dá o litro e meio, que se faz das tripas coração, que desenrascamos o que se pode e o que não se pode. Mas que estamos cansados, lá isso estamos.
Opto por não retirar alguns que carecem de actualização há já tempo demais, mas estou na expectativa de iniciado o novo ano, hajam novas actualizações.

violência

... com notícias destas, mais vale o ano não começar.

afinal

... quem espera desespera...

do anedotário

...não fossem estar envolvidas pessoas e estou certo que a situação que caracteriza o arranque deste ano lectivo teria honras de figurar no anedotário nacional em lugar de destaque.
Falei há pouco com o presidente do órgão da minha escola, perguntei sobre o que faço, resposta, nada, pois também eu não posso fazer nada. Voltei a questionar se sabia de algo, se tinha outras informações, nem pensar, tem exactamente a mesma informação que eu, limita-se a procurar na net, nos sites dos diferentes sindicatos, se há novidades e... nada. Não sabe como começar o ano. Há turmas que têm um ou dois docentes. Outras turmas estão completas de docentes que concorreram a destacamentos.
É este o governo que merecemos? é esta a política educativa que merecemos? é este o entendimento de qual o papel do docente no sistema educativo e na construção do a,manhã que queremos?
eu não.

domingo, setembro 12

imaginação

na semana em que se inicia um novo ano lectivo, para a generalidade do pessoal - alunos e professores - repesco uma posta onde apelo à imaginação. Tem pouco menos de um ano, mas subscrevo-a plenamente na defesa das autonomias. Penso que vale a pena.

colocações

... foram tornadas públicas as listas de colocação no ensino superior. As notícias dizem-nos que a esmagadora maioria ficou colocada, é bom, e que na generalidade dos casos ficou no curso que pretendia, que tinha assinalado como primeira opção, melhor ainda.
Inicia-se, para jovens e família, um novo ciclo, de ensino e de vida. Que possa corresponder aos sonhos e aos desejos de cada um. Que Portugal possa beneficiar com mais esta leva de gente superiormente formada.

sexta-feira, setembro 10

mais alertas

Por causa da posta denominada Alertas, iniciou-se uma troca de ideias interessante.
Porque o espaço de comentários pode ser escasso e escondidinho, opto, espero que bem, por chamar a atenção para os comentários que alí se encontram.
Espero também que seja perceptível que é apenas e somente a minha opinião (com base em alguns trabalho, nomeadamente o de J. Barroso e S. Sjorslev, de 1991, Estruturas de administração e avaliação das escolas primárias e secundárias nos 12 estados membros, editado pelo GEP do polvo), certo que não domino a verdade, que tenho imensas dúvidas e me engano muitas vezes. A minha persistência e a minha aparente teimosia em me repetir e em defender este conjunto de ideias, mais não é que o reflexo de um profundo gosto de fazer aquilo que faço e onde o faço.

novidades

... gostava que 2ª feira fosse um dia diferente, soubessemos das colocações e que não teriam existido erros. Pronto, tábem, que não tivessem existido muitos erros.
A ver vamos, como consigo passar o fim-de-semana.

alertas

As crónicas de M. F. Mónica e A. Barreto tiveram o condão de trazer à discussão outros e por vezes diferentes níveis de fundamentação sobre uma conversa que decorria em amena cavaqueira, seja nas reuniões de Conselhos de Turma, na sala de professores, na blogosfera ou noutros palcos mais ou menos educativos.
Como qualquer outro criador de opinião e fazedores de ideias, não outorgo a verdade a nenhum deles. O seu discurso pode, e assim aconteceu felizmente, ser desmontado, analisado, dissecado. É importante que isso aconteça de modo a podermos perceber outros quês e procurar outros porquês.
Mas a discussão que agora circula, nomeadamente sobre o texto de A. Barreto, teve, em minha opinião, a clara oportunidade de, pelo menos enquanto se discute, ultrapassar alguma da hipocrisia, do faz de conta, do assobiar e olhar para o lado em que vive o nosso sistema educativo e de como ele se encontra organizado.
Podemos concluir que a culpa não é do modelo organizacional, uma vez que outros, com base em modelo idêntico, obtém resultados substancialmente diferentes.
É falso, o modelo finlandes é tão parecido ao nosso como eu domino o suomi na perfeição.
Não nos iludamos, não pensemos que há apenas que corrigir uma coisa ou outra para que tudo possa ficar na mesma. É falso.
Temos todos (professores, pais e encarregaods de educação, pensadores educativos e cientistas sociais, forças económicas, sociais, desportivas e recreativas) actores e construtores da vida num dado território de encontrar as soluções que melhor se adequam a cada realidade e a cada contexto.
Se acreditam que o modelo está correcto, se o modelo é o adequado porque funciona na Finlândia mas não em em Portugal, então só posso concluir que são as pessoas que estão a mais. Se assim é, então troquem de pessoas, ou de país e talvez tenhamos melhores resultados.

anedotário

Esta é uma das muitas anedotas que circulam pela net mas das poucas que considero oportunas disponibilizar neste espaço:

Um sujeito vai visitar um amigo deputado e aproveita para lhe pedir um emprego para o filho que tinha acabado de completar o 12º ano.- Eu tenho uma vaga para assessor, só que o salário não é muito bom...- Quanto é, doutor?- Pouco mais de mil contos!- Mil contos? Mas é muito dinheiro para o rapaz! Ele não vai saber o que fazer com esse dinheiro todo, doutor! Não tem uma vagazinha mais modesta?- Só se for para trabalhar na Assembleia. Meio tempo. E eles estão a pagar quinhentos contos!- Ainda é muito, doutor! Isso vai acabar por habituar mal o rapaz!O senhor não tem para aí um emprego que pague aí uns cem ou até cento e vinte contos?- Ter, até tenho. Mas aí é só por concurso e para quem tem um curso superior em Engenharia, Administração, Medicina, Economia,Direito, Contabilidade, etc. E ainda tem que ter bons conhecimentos em Informática, além de ter que falar e escrever Inglês, Francês e Espanhol fluentemente!!!

Comentários???

quinta-feira, setembro 9

Ansidedade

... esta que os pais também sentem em vésperas de um novo ano lectivo.
De manhã, acompanhado do filho e da filha, passei pela escola de um e de outro. Para saber novidades, tomar conhecimento de perspectivas de início, ultrapassar alguns receios, derrubar alguns fantasmas.
Ela, a filha, porque permanece na mesma escola, está pronta e com alguma curiosidade de arrancar. Apesar da mudança de professora, nada fora do normal a inquieta. Apenas o desejo de rever amigas e brincadeiras.
Ele, o filho, mais velho e por mudar de escola e ciclo, algo mais inquieto, mais intraquilo perante os ritos de passagem e de recepção.
À tarde sentámo-nos para recordar matérias, rever contas e palavras. Ás páginas tantas preferi parar, pois não sabia, não conseguia perceber se era minha a angustia e a ansiedade que se sentia, ou apenas reflexos dos filhos ou se, efectivamente, eram estes que se tinham esquecido de tudo o que fzeram e aprenderam no ano lectivo que terminou.

faz de conta

... o que mais me enerva, o que mais me irrita em toda esta situação de início de ano lectivo é a verdade e a clareza das palavras do Miguel.
O que reforça este meu péssimo sentimento de incomodidade é saber que este país de faz de conta não se circunscreve à educação ou à escola, é mais amplo, mais abrangente, mais anedótico do que aquilo que possamos pensar.

irregularidades

... estas notícias apenas mostram o desespero perante um concurso onde as probabilidades de acontecer algo de bom a quem quer que seja eram mínimas, ínfimas, insignificantes e as preocupações familiares cresciam na exacta proporção das angustias.
Não quero desculpabilizar aqueles que cometeram as eventuais irregularidades. Quero chamar a atenção para o desespero de quem optou por ser docente.

quarta-feira, setembro 8

um regresso

...ou talvez não.
Hoje de manhã, reunião geral de professores na minha escola. Ideias gerais, os habituais lugares comuns de um início que não se sabe se é ou não.
Olhares intranquilos, ângustias, algum sentimento de desespero à mistura. Incapacidade porque impossível organizar horários, distribuir tarefas, verificar funções.
Como se mais de metade dos presentes concorreram, por afectações, destacamentos ou preferências.

troca de olhares

...não me interessa se próximos ou distantes.
O Miguel desafia-nos para a discussão, para a troca de ideias, para uma utilização talvez mais construtiva desta blogosfera.
Troco com ele, e com todos aqueles que espicaçam a curiosidade e o sentido de sermos professores, ideias e pontos de vista. Atenção que não procuro dizer que detenho a verdade, longe de mim tal pretensão. Mas sublinho que, de momento, estou convencido das alternativas que defendo.
Relativamente ao posta do Miguel digo que o único voto a que o professor estará, ou deverá estar, sujeito refere-se à sua própria capacidade de entender e definir o mundo que o rodeia. Tal como qualquer outro profissional, em que sector seja, caso não pense aquilo que faz corre o sério risco de ser substituído por quem o faça - brasileiros, ucranianos, espanhóis, ou outros.
Mas considero também que há espaço e oportunidades suficientes na escola para que todos possam e devam ter um espaço que designam de seu. Seja a pensar a sua profissão, seja a serem operários, seja a organizar modos, espaços ou recursos. A necessidade fundamental diz respeito à capacidade dos professores se organizarem para responderem a estas e a outras questões.
Deixar os professores serem apenas e somente professores é desperdiçar oportunidades e muitas capacidades.
Já agora quanto ao facto de não existirem mais participações na blogosfera estou certo que se prenderá com a indefinição e angustias em que muitos colegas estão envolvidos. O tempo o dirá.

terça-feira, setembro 7

actualização

... de links, quer nas actividades curriculares, enriquecida com a in-quietude de mais uma colega que apenas agora, e com muita pena minha, referenciei, e ainda com uma ideia que pode ser extremanente interessante, não tivesse contributos diferenciados e assumi-se a sua paixão da educação (onde é que eu já ouvi isto??).
Actualização tambémnas actividades extracurriculares onde aparecem ene coisas, todas elas atraentes, leves, de consumir, de devorar de um fôfego só.
Não me encontro referenciado em nenhum dos blogues, mas não se trata de reciprocidades. Não solicitei as devidas, e por vezes, necessárias, autorizações para os colocar aqui. Espero que ninguém leve a mal.
Já agora um esclarecimento que penso dever a alguns daqueles que por aqui passam. Nunca procurei referenciar blogues do ensino superior, a não ser que por uma qualquer razão me sinta atraído - pela escrita, pela temática, pela disposição, pelas ideias - situação que acontece com aqueles que se encontram referenciados. Todos os restantes, aos quais solicito as devidas desculpas, deixo para outros contextos, pertinentes também, mas noutros lugares e noutras oportunidades.

segunda-feira, setembro 6

não acredito

... que seja indiferença ou falta de argumentos. Quero apenas acreditar que são outras preocupações, outros afazeres que fazem com que os comentários aos artigos de Anónio Barreto (no Público de ontem e de hoje) se cinjam a exactamente três dos blogues que constam na lista das minhas actividades curriculares.

fábulas

... não é todos os dias que um blogue de uma colega entra no top mais do sapo, apesar de este andar pelas ruas da amargura.
Mas tenho e devo destacar as fábulas (e que, à semelhança de outros, também se mudou para novas paragens) da nossa colega saltapocinhas que tem andado na ponta do rato de muita gente. Ora ainda bem.

o falhanço de um sistema

Desde que escrevo num ou noutro destes espaços, que afirmo que o sistema educativo está falido, que falharam objectivos de democratização do ensino e, em particular, da escola. Que existem franjas (pelo lado inferior, mais visível e presente do insuceso, mas também pelo lado superior, da qualidade e da excelência) que são objectivamente excluídas do sistema, enviadas para as escolas profissionais ou para os centros de formação, uns, ou para o ensino privado ou para sistemas alternativos considerados de elite, outros.
As escolas não estão preparadas para lidar com uma tão grande massa de gente, com interesses tão diferenciados, objectivos por vezes divergentes se não mesmo contraditórios áquele onde se inserem. Como o próprio sistema educativo cai de maduro quando procura uniformizar realidades tão diferentes quanto divergentes, oriundas de um interior pobre, rural e ruralizado, onde predominam valores escolares e educativos ancestrais e os princípios são ainda oriundos do Antigo Regime salazarista, e um litoral desenvolvido, claramente integrado na união europeia, com interesses sociais, culturais e políticos marcados por dinâmicas que vão muito para além do ritmo da escola, onde esta colide com ofertas tão diversificadas quanto o podem ser a televisão, o desporto de alto rendimento, os ginásios ou outras infraestruturas - quando não mesmo outros ambientes mais nocívos.
O modelo organizacional da escola está mais próximo da fábrica do que do escritório numa sociedade há muito terciarizada, tecnologicamente informada e socialmente dotada. A cultura escolar encontra-se a milhas de muitos dos jovens que a frequentam, não por ser excessivamente formal, não por contrariar hábitos ou veicular outros ideais. Simplesmente porque os jovens não se reconhecem naquele meio, nem reconhecem qualquer interesse (social, cultural ou económico) à escola.
Hoje a escola não é um degrau na ascensão social, como facilmente se pode constatar perante o reconhecimento social do jovem licenciado ou nas contrapartidas financeiras de quem inicia uma carreira.
A pertinência dos artigos de António Barreto é de destacar apenas porque sempre chamou os bois pelos nomes, e nada vale a um pequeno sapo, uma qualquer gota de água num imenso charco, dizer que o rei vai nu. Fica-se (e muitas vezes me tem acontecido) mal visto perante colegas, como se é acusado de polítiquices e politiqueiro, ou de traquinices próprias de um esperto.
Como o afirmo há muito, ou somos nós, profissionais da escola, elementos fulcrais neste processo, a definir um novo figurino organizacional (que passa também por questões profissionais e laborais) ou algum político o fará por nós, com custos sociais e profissionais claramente superiores.
A opção é nossa. É esta discussão em estou interessado desde o primeiro momento. É por esta ideia de escola que me bato, em qualquer palco.

da nova escola

A discussão, talvez graças aos artigos de António Barreto, está claramente em aberto e apela-se a outros participantes, a outras iniciativas no sentido de criar uma alternativa.
O Miguel pergunta sobre qual o papel do Ministério da Educação numa escola que pertence à sua comunidade. Respondo que lhe competirá ser o elemento regulador do sistema, esbatendo diferenças, colmando falhas, corrigindo desvios e inoperacionalidades, criar alternativas às entropias do sistema. Ou seja, competir-lhe-á definir quais as grandes linhas de orientação, qual o currículo nacional, quais os objectivos e a missão para o qual o sistema deva caminhar ou apontar baterias. Como deverá ser um elemento facilitador, protocolarizando situações (nomeadamente de apoio social), contratualizando apoios (ensino profissional, alternâncias educativas, currículos especiais) ou criando e apoiando alternativas de equidade social.
Quando ao sector profissional, pedra de toque da profissionalidade docente, não há, em meu entender, necessidade de inventar nada, apenas corrigir algumas das situações existentes quer ao nível das escolas profissionais, quer ao nível dos centros de formação - precariedade de trabalho?, talvez mas certo de um fulgor diferente onde o empenho é feito pela profissionalidade e não pelo amorfismo ou pelo atavismo das ideias.

domingo, setembro 5

uma nova escola

O Miguel deixou um comentário pertinente, um ponto de partida para uma discussão onde seria interessante o maior número de participações e de elementos possíveis. Provavelmente pela mudança de endereço e pelas limitações que o próprio sapo tem colocado neste fim de semana, a discussão ficará algo limitada.
Mas avancemos. A escola ou mais adequadamente o novo figurino organizacional da escola do século XXI deverá respeitar os princípios e valores da escola que conhecemos (democracia, participação, tolerância, respeito, multiculturalidade, relação estreita escola/família, entre outros), como deverá estimular novos objectivos.
Quando refiro que é necessário um novo paradigma organizacional da escola portuguesa penso não apenas no falhanço que é adequação da escola às saídas (profissionais ou escolares), à exclusão e ao não respeito pelas minorias e pela diferença, como também na clara inexistência de uma ligação efectiva entre a escola e o seu meio, entre os actores educativos e os restantes protagonistas locais, na clara e manifesta ausência de factores locais de regulação da escola, como lhe chamaria J. Barroso.
A escola que conhecemos procura homogeneizar, integrar a diferença dentro daquilo que algo ou alguém convencionou designar de norma e de normal. Como a ligação com o local é forma, despida de qualquer laço ou ligação de responsabilidade, como o próprio local não reconhece a escola como sua (a não ser que existam factores exógenos de ameaça - encerramento, junção, deslocalização, entre outros).
Como é patente que quer o modelo político-administrativo centralizado falhou mas que a autonomia, por ausência de um sentido político local, falhou também. Há necessidade de contrabalançar entre um e outro nível, criando factores de participação e responsabilização dos actores locais no devir educativo.
Há, permita-se-me a metáfora, que deitar abaixo os muros e as grades da escola e fazer desta mais um bairro, um entre todos os outros que existem, que se leve para a escola aquilo que interessa à sua comunidade, às suas gentes. Que se seja capaz de integrar uma lógica nacional em interesses que são locais. Que seja capaz de promover o local como um espaço próprio e específico de um contexto nacional, mas que (de)tem problemas e problemáticas que lhe são específicas. É por estas e por outros que se criticam os elementos das direcções regionais ou os demais políticos de desfazamento face ao que se passa nas escolas, no terreno.
Isto só é possíovel desde que o modelo organizacional da escola seja diferente daquele que hpje existe mas também só será possível se os seus principais actores (os professores) assim o interpretarem e desejarem.

da escquerda e da escola

Ao contrário do artigo e da opinião de António Barreto, não considero que a esquerda se tenha enganado. A esquerda teve e terá o seu papel na definição de um modelo de escola e de sociedade.
Se se acusa a esquerda de copiar, mediante as terceiras vias ou outras, o modelo económico liberal, não podemos agora acusar essa mesma esquerda de exportar um modelo de escola para a direita.
A apropriação do(s) discurso(s) educativos quer pela direita quer pelas massas não deve se considerado um engano, antes uma acção determinante no envolvimento e na participação de um devir histórico.
Agora também concordo quando se deduz que o modelo escola, as características organizacionais da escola, nomeadamente da portuguesa, estão desfazadas de um contexto, de um tempo.
Preparada e definida para dar as respostas à massificação e à democratização da escola este modelo deve ser repensado e deve de existir a capacidade suficiente para uma criação, a definição de um modelo de escola para o século XXI.

nova escola

Belissíma peça esta que António Barreto traz à baila.
São outros argumentos, um outro ponto de vista a confirmar que não chega a democratização, a autonomia, a massificação. Que, apesar das suas vantagens óbvias e evidentes, este modelo de escola encontra-se esgotado, ultrapassado.
Que há necessidade de ultrapassar o isolacionismo, o acantonamento, o fechamento, o individualismo em que a escola tem estado inserida, como se a coisa da educação fosse exclusiva da escola e dos professores.
Há que ultrapassar dicotomias, divergências e receios, fantasmas.
A escola, a nova escola, a nova orientação organizacional da escola dever-se-á pautar pela integração, pelo pluralismo e pela tolerância. Como? integrando todos aqueles que num dado contexto se relacionam, directa ou indirectamente com a escola. Chamando à tomada de decisão, mas também de responsabilização, pais encarregados de educação, autarquia, forças económicas e sociais de um concelho de uma região, interesses colectivos e culturais, agentes desportivos e recreativos.
Ela já existe na Assembleia de escola? digam-me uma em que exista debate, definição e orientação política, criação de estratégias e modelos, de uma gestão adequada entre conselho executivo e assembleia de escola.
Não podemos deixar na mão dos professores e da escola a responsabilidade de educar e instruir uma população, de preparar os jovens para o futuro. Todos devem ter a sua responsabilização na definição de modelos, de objectivos, de perspectivas, de oportunidades de futuro.
A escola não pode ficar limitada e condicionada aos modelos de alfabetização de massas ou de instrução de públicos, nem se deve ficar pela formação inicial. A escola deverá ser capaz de envolver públicos, criar novos e diferentes públicos, definir linhas de rumo num concelho e numa região, como deverá ter participação na formação profissional, na formação continua, na reconversão profissional.
A escola terá de ser diferente para respeitar as diferenças, os interesses e objectivos diferenciados de toda uma população. Como deverá ser capaz de criar alternativas ao desemprego de licenciados, criando alternativas à prossecução de estudos, à valorização excessiva do canudo.
A escola terá de se organizar de modo diferente, diferenciado, plural e dinâmico. Deixar as escolas entregues exclusivamente aos professores e ao ministério da educação é limitar, excessivamente, os interesses e as capacidades daqules que são os profissionais da escola.

sexta-feira, setembro 3

abrupto

... JPP, o dono do abrupto, tem andado a publicar crónicas do Padre António Vieira, relativas ao aprender, conhecer, saber e, se se pode criar a ligação, ao ensinar.

Chega-se, ou pode-se chegar a uma conclusão, para ensinar há necessidade de termos fé, muita fé, sermos crentes em Deus e na Sua palavra. Porquê?, Apenas por clara e manifesta necessidade de ultrapassar as vicissitudes de termos de aturar este ministério.

das situações

A Visão desta semana apresenta um apontamento de reportagem sobre a situação mais ou menos indefinidade de milhares de docentes. Aqueles que, independentemente do tempo de serviço mas claramente condicionados pelo curso ou pela idade, andam de lado para lado, à procura de gente, à procura de uma escola onde possam fazer aquilo que sabem e que gostam.
Não comento esta situação, sabemos o que ela é, sabiamos, previamente, com o que contar e quais as regras deste jogo. Como não comento do papel do Estado quanto à sua intermediação na relação entre formação incial e mercado de trabalho.
Não comento nada. Permitam-me, no entanto, perguntar:
  • como se pode, nestas condições e nesta situação pereclitante, pensar a escola?
  • como podem as escolas ser espaços de aprendizagem e troca de conhecimentos mútuos, entre alunos e professores, entre professores e encarregados de educação/comunidade, quando sabemos que temos prazo de validade na relação estabelecida?
  • como se podem definir objectivos de ciclo quando, muitos, nem um ano lectivo chegam a estar na escola?
  • como se pode apelar à qualidade da educação, ao aumento da qualidade das nossas escolas, quando estamos preocupados com os filhos distantes, se dormiram, se comeram, se estão bem?
  • com que legitimidade se exige ao docente o domínio de tecnologias, didácticas, conteúdos, conhecimentos e informações quando anda mal dormido, mal comido e preocupado com aqueles perante os quais tem maiores e mais legítimas obrigações, os filhos?
Continuar a exigir à escola e aos seus profissionais, competências, qualidades, empenhos e dedicação sem nada em troca, é como pedir o céu e a terra em troca de um sorriso. Mas não haja dúvidas que este sistema educativo, tal como está montado e articulado, não merece, em muitos dos casos, os professores que tem. Quer pela dedicação de muitos dos seus profissionais, como pelo distanciamento que muitos também criam, seja por protecção e segurança emociaonal própria, seja porque a mais não se sentem obrigados.

quinta-feira, setembro 2

não fui

mas devia ter sido eu a escrever isto. Bela posta, com tudo lá, saliente a leitura que um secretário de estado tem do seu papel.
Talvez como muitos outros, arrependido de não ter ficado no superior.
Não há mais comentários, nem são precisos.

circulos fechados (remake)

O Miguel, e os comentários que suscitou, trazem à baila um tema pertinente, interessante e deveras acutilante. Quer na forma como foi colocado, quer na forma como é suscitada a conversa.
Fazia falta este espicaçar de ideias, de procurar iniciativas, despertar vontades e acções, muitas vezes escondidas no sossego de uma secretária, atrás de um ecrã, na indiferença do desconhecido.
A blogosfera, depois de trazer um espírito de participação, envolvimento e debate enreda-se nas suas próprias malhas e ficamos carentes do olhar do outro, da sua opinião, do seu comentário. Sempre me surpreendeu como é que há blogues que apresentam dezenas de comentários e outros, como este mesmo, um ou outro, disperso nas postas que coloco, nos temas que abordo. No entanto, tenho consciência que sou lido, que há gente que por aqui passa e comenta, única e simplesmente mediante um encolher de ombros, com um sorriso de cumplicidade ou de complacência, num pensar para si mesmo e, quando possível, no trocar de palavras comigo mesmo, em jeito apresado.
Mas, numa análise superfiacial e rápida pela generalidade dos blogues é possível verificar que se está a escrever para nós mesmos, pescreve-se para o que escreve. Quase que numaforma de auto-deleite, pessoal admiração, reconhecimento próprio e individual. Vão para além do género de diário, de post it, de qualquer razoabilidade e aparentam um deleite próprio escrevendo em circulos fechados.
As ideias enredam-se, esgotam-se, carecem de fundamentos, argumentos, elementos que permitam consolidar ideias e opiniões. A discussão muitas vezes não chega a existir. Ou porque não existiu um tema central ou porque não existe o reconhecimento desse interesse, dessa discussão, desse tema.
Estimula-se a ousadia da escrita, do argumento, mas, não sendo vulgar nem ordinário, raramente é merecedor de réplica, de contra-argumentação. [E isso é visível nos blogues cá da terra apesar do Miguel partir de uma outra perspectiva. ]
E não é necessário analisar blogues específicos, sectoriais ou temáticos. É visível na generalidade dos blogues.
Não existe, em muitos casos, não em todos, felizmente, sequer uma preocupação de desmontagem dos discursos, das ideias, da desocultação de princípios e valores que podem sustentar outros olhares.
Assim sendo, escrevemos para saber que somos capazes de escrever, para se afirmar este reconhecimento. Mas em circulo fechado.
Miguel, está iniciada a conversa??

menti

... tenho que assumir esta minha culpa.Depois de escrever a posta anterior, resolvi mudar a secretária. Conclui que não gostava de escrever na posição em que estava. Fez-se pausa e rectificou-se a siatuação, isto é, a posição.Agora sim, penso que estão reunidaas as condições para o arranque.

e pronto

... apesar de alguma contrariedade, a despeito de alguma angustia que ainda permanece, apesar de um ou outro sentimento de ansiedade estou pronto, assim o sinto, para um novo ano lectivo.
Pelo menos este meu espaço, onde passo o meu tempo, onde navego e escrevo, onde oiço a chuva e sofro dos calores do verão, está pronto, arrumadinho para um novo ano lectivo. Secretária impecável (até quando?), estantes prontas a receber novo material, pastas, fichas e demais material de apoio idem aspas, aspas, pronto a ser preenchido, a perder a sua tonalidade branca a ganhar novos riscos, traços de uma ou outra ideia, descrições de situações, momentos, palavras ouvidas ou pensadas, planos, esboços, esquiços de vontades.
Vamos a isso?.

quarta-feira, setembro 1

saudades do futuro

... passei pela escola onde estive até ontem. Saudades? talvez, das pessoas, de algumas pessoas, de alguns momentos.
Esta vida de professor é um eterno princípio, todos os anos, por esta altura, novas caras, novos nomes, outras gentes, outros modos, novas formas de organização. Começamos como se nada tivesse acontecido antes. Passamos o primeiro período a aferir conceitos, definir linguagens, harmonizar procedimentos, compreender a posição do outro.
E falava o senhor D. Justino em estabilidade do corpor docente. Boa.

e pronto

... cumpri o meu ritual. Apresentei-me na escola da qual sou efectivo.
Alguma surpresa mimha quando deparei com a secretaria cheia de gente que apenas tinha como intenção a apresentação.
Terá sido panorama igual em muitas, demasiadas outras escolas deste país.
Agora é esperar.
Comentava o presidente do conselho executivo, que podemos nós agora fazer, reunir os grupos para preparar o ano e depois se iniciar o trabalho com menos de metade das pessoas que estiveram nas reuniões porque se vão embora?, aguradar até quando esta situação?.
Claramente não é fácil gerir uma escola onde grande parte do docente é instável. Como não é fácil metermos na cabeça que, apesar de iniciado o ano, ainda não sabemos, muitos de nós, o que vamos fazer, onde vamos fazer, com quem.
Malhas que este governo tece e na qual nos enleamos.