segunda-feira, fevereiro 26

confusão


e de repente descubro que a pen onde tenho a tese - textos, apontamentos, bases de dados, tudo - se apresenta como hieroglifos, gatafunhos da qual não se percebe nada e se dá conta que há necessidade de formatar o disco;
é um sentimento de frustração, ainda que tenha as coisas guardadas por diferentes sítios; mas o trabalho de fim-de-semana (ainda bem que foi pouco) foi-se;
contingências tecnológicas :(

participação e política

O meu amigo Miguel, cada vez mais politizado e político (ainda bem, faz falta e permite outro tipo de discussão e outro nível de consideração) associa a participação da blogosfera à participação política e, provavelmente porque não me explicitei com a necessária clarificação, diz que menosprezo o espaço político que é a blogosfera;
certamente fui eu que, na economia das conversas escritas, não me terei explicado;
não menosprezo nem a dimensão política da blogosfera, nem a dimensão de participação que ela complementa e induz;
o que crítico, é o espaço de participação, antes aberto e plural, ser hoje a sequência da opinião publicada de alguns cronistas do reino, sejam eles a favor ou contra o governo, a favor ou contra as políticas, a favor ou contra as correntes;
o que aponto e destaco é que hoje a blogosfera (aquela que percorro) é a assunção de mais do mesmo e não do diferente;
por participação entendo a criação de espaços plurais de opinião e discussão que vão para além daquele espaço limitado e circunscrito que nos fazem crer que é único, mais pela afirmação do pensamento contra-hegemónico (na esteira do defendido por Boaventura de Sousa Santos) do que pela uniformidade e uniformização, pela standardização da grande superfície do pensamento;
o que defendo é que este espaço se deve de alargar a outras correntes de pensanmento e preocupação habitualmente não discutidas nas páginas dos tabloides, remetidos para pé de página ou para simples apontamentos, na melhor das hipóteses;
o que defendo é que este espaço pode e deve ser um espaço de políticas, de participações e não de mais do mesmo, de correntes dos outros que nos impõem modos e modas;
corre-se o risco de se perder o sentido crítico e quando mudarem as políticas e os políticos, pois eles mudarão um dia, nos instituirmos como críticos de quem está, independentemente de quem está e fazermos mais do mesmo;
falo por mim, pela blogosfera que percorro, pela minha escrita; generalizar seria abusivo e, eventualmento, pernicioso;

domingo, fevereiro 25

sequência


uma das razões que me levou (e leva) ao afastamento deste meu cantinho, prende-se com o facto de a blogosfera (pelo menos aquela que percorro) pouco acrescentar às ideias e às opiniões que circulam;
sinto que esta blogosfera (a que percorro) vai atrás da restante mediatização, deixando de criar um espaço próprio, seja ele de opinião, seja ele de posição (face a assuntos ou temas, preocupações ou problemas);
fico com a sensação que a blogosfera se institui como um veículo ou da comunicação social, ou uma extensão de alguns fazedores de opinião;
ou seja, um espaço que era plural e participado, aberto e desbragado, é hoje uma sequência da escrita mediatizada - de um conjunto de interesses e de interessados, de uns quantos que condicionam a opinião nacional publicada, de uns quantos que definem modas e ritmos, tempos e modos;
não quero com isto dizer que antes é que era bom e hoje é isto ou aquilo; quero apenas destacar que perde muito do interesse que antes tinha, provavelmente ganhando outro (que ainda não referenciei individualmente);
mas leva ao meu afastamento, por sentir uma manifesta e clara incapacidade de acrescentar coisas úteis e interessantes ao que é dito por tudo e por todos;

ontem, ao fim de largos fins-de-semana, tive oportunidade de me passear pela cidade;
olhar quem circulava e quem, como eu, passeava distraidamente entre pombos, gentes e fresco de um entardecer de Évora;
a praça de Giraldo estava cheia de gente, entre o ribombar dos sons do Paúl, e os transeuntes de outras bandas, as esplanadas estavam vazias;
fico com a sensação que não se está na cidade, passasse por ela, sem tempo para nos sentarmos a disfrutar de um simples café;

escrita

há demasiado tempo afastado da escrita, quase que me custa voltar;
penso entre o que quero escrever, o que devo, o que posso e como sou lido;
entre o condicionar das ideias - somos sempre condicionados por algo ou por alguém - e a liberdade criativa - porque gosto de escrever o que passa por mim - de quando em vez sinto-me aperriado, apertado;
afinal, sinto a criação de distâncias entre este meu espaço e o que nele escrevo;
de diário e de cabeça, passa por ser um veículo de debate e desabafo; de crescimento e de afirmação;
por vezes não sei se minha se dos outros;

quarta-feira, fevereiro 14


há dias perguntaram-me o endereço electrónico de um colega, lá o disse - fulano.tal@yahoo.com;
depois disseram-me que a mensagem tinha sido devolvida; não podia ser, sabia que o endereço era aquele;
olhei para a máquina e tive oportunidade de ver o que tinha sido escrito - fulano.tal@iau.com;
tá bem;

feitios, tal como os chapéus, há muitos, mas reconheço que me reconheci num texto de Paulo Portas :(
mas é verdade;
sinto, cada vez mais, que consegui recolher contributos de um lado e do outro da parentalidade;
tenho mau feitio mas um bom carácter;

em dia de namorados não quero, não posso, não devo passar em branco um valente beijã àquela que faz o favor de ser minha namorada há quase 20 anos (ufa, que é tempo);
um beijão;

terça-feira, fevereiro 13

Estado


finalmente, uma última nota em torno desta conversa com o Miguel;
para além dos mecanismos e dos instrumentos de regulação do sistema, um outro elemento (não menos determinante) está aqui em causa, face às políticas educativas, que é o papel do Estado;
papel do Estado leva à necessária explicitação que não se fica pelo papel do governo (este sempre mais curto, mais restrito e condicionado);
entre poderes e autoridades, actores e relacionamentos, protagonistas e conhecimentos as bases (antes sacrosantas) do poder do Estado esbatem-se, diluem-se em esquemas alargados de participação, de consulta pública, de flexibilização social, de argumentação individual;
quase que de modo inevitável que esta diluição de poderes e autoridades, se repercutiria na escola (começou há muito mais tempo nas igrejas, passou pelo exército e instala-se nos poderes laicos - escola e justiça); como se faria sentir naqueles que eram, então, os guardadores dessas formas (simbólicas ou efectivas) do poder, os professores;
hoje muitos pretendem reforçar ou recuperar os seus poderes indo atrás buscar antigos modos e modelos de exercício dos poderes (autoritarismo, colectivização, uniformização, homogeneização); apenas se esquecem (?) que os tempos são outros, os contextos diferentes e as oportunidades mais debatidas e argumentadas que impostas;
e a escola - e os seus profissionais - continuam a fazer percursos de fé, quando a realidade é cada vez mais agnóstica;
enquanto perdurar esta relação desencontrada, estou certo que não há escola, nem profissionais que resistam à sua inevitável erosão (social e política);
alternativas?
organizar os espaços e os tempos pedagógicos de modo diferente - ultrapassar a visão de ensinar a muitos como se de um só se tratasse;
integrar o contexto, enquanto complememento e não como concorrente - chamar os pais, os poderes e os protagonistas locais, fazer funcionar a assembleia de escola para além da sua rotina de dramatização político-educativa;
instituir os conselhos municipais de educação como elementos reguladores do local - mediando a transposição do estado central ao local, definindo percursos e meios, inventariando futuros;
considerando o aluno como sujeito e não como objecto pedagógico;
apresentar argumentos e não apenas opiniões;

dúvida


a questão anterior leva-me a considerar o centro da mudança educativa (mas não só), há muito discutido, debatido, dissecado e maltratado;
como leva a considerar um dos conceitos mais debatidos dos últimos tempo no campo educativo, a regulação do sistema;
há quem defenda que a mudança faz-se apenas por indução exterior à escola - pressão social, controlo parental, políticas partidárias, correntes pedagógicas;
como há quem defenda que as mudanças se fazem por dentro da escola - aproveitando práticas, enquadrando modos de trabalhar, disseminando conteúdos;
entre um e outro ponto teremos de considerar diferentes mecanismos, modos, procedimentos e, acima de tudo, instrumentos de regulação;
regulação das práticas, dos comportamentos, dos modos de relacionamento, de entendimento da coisa educativa;
ora o que tem marcado ausência deste campo de debate têm sido exactamente os professores e as suas estruturas;
a agenda educativa, há muito (provavelmente desde 1986, com a LDSE) que está longe da intervenção dos professores (ou se afastaram ou foram afastado?);
será tempo de a recuperar, será tempo de os professores defenirem a sua agenda, os seus interesses, os seus mecanismos de regulação;
em contrário, corre-se o sério risco de quem vier a seguir (por que há mais tempo para além deste senhora ministra) fazer mais e, muito provavelmente, acentuar o processso dedes-regulação da escola;
e, afinal, o que queremos (nós professores, nós pais, nós cidadão) que a escola seja?

diálogo


Ora cá está um dos argumentos, fortes, que me traz à escrita, as amizades e as conversas que elas promovem, induzem, estimulam;
inevitavelmente o Miguel foi atrás do meu comentário entre a defesa de uma escola situada e os receios da balcanização das relações profissionais - estou certo que não contarás com esta como dependente dos poderes locais;
a questão até pode ser (aparentemente) mais simples do que aquilo que fazemos crer, isto é, e indo para um questionar crítico, permitam-me:
se não houvesse estimulo externo (imposição dos poderes políticos, por exemplo, um ministério da educação, por exemplo) as escolas mudariam de práticas e modelos de comportamento?
se não existissem regras contrárias à retenção simples e directa do aluno quantos chegariam à conclusão da escolaridade obrigatória?
se não existissem orientações nesse sentido, quantos docentes organizariam o seu trabalho pedagógico?
se não existissem orientações nesse sentido, quantas escolas tinham um projecto educativo?
ou seja:
têm as escolas condições internas para a mudança? mudariam elas se não existisse uma determinação exterior nesse sentido?

domingo, fevereiro 11

Regulação


Este meu amigo, de quando em quando oscila entre registos e troca ideias e mistura sentimentos;
Por um lado, é um convicto defensor da escola situada, logo local, localizada, contextual e contextualizada;
por outro, desconfia (provavelmente com razão) de tudo o que surge de diferente, seja para reforçar a dimensão situada da escola, seja para retirar mecanismos e/ou instrumentos de regulação ao Estado Central;
praticamente desde o princípio que acompanho (e admiro) a sua escrita, mas fico sempre com a sensação que (mais que eu) responde mais pelo lado das emoções do que pelo lado das razões, revelando aquilo que uns caracterizam por "um estado de suspeição permanente em relação a tudo o que pretende alterar o status quo";
entre um ponto, a regulação normativa e distante do Estado central, assente no que tudo pode prever e determinar, e um outro, a definição de instrumentos e mecanismos de regulação assentes no local, seja ele pela via dos resultados, pela escolha parental da escola ou por qualquer outro, assumo que prefiro o local;
é certo que é mais pessoalizado, mais fulanizado, mas, por isso mesmo, passível de um maior controlo (não burocrático-administrativo, mas social);
a questão que pode assustar, para além dos pretensos clientelismos ou amiguismos (cada vez mais difíceis de sustentar em democracia) releva para as questões dos poderes e das autoridades; estávamos, professores, habituados a um poder e a uma autoridade delegada pelo Estado Central, olhados como elementos desse Estado reconhecia-se no professor o domínio de técnicas, instrumentos e preceitos que configuravam uma dada relação de poder e autoridade entre o professor (a escola) e o aluno (o cidadão, a sociedade);
hoje, fruto de processos diversos e diversificados, essa relação está alterada, sendo fundamental a clarificação dos instrumentos e de elementos locais de regulação; mais do que a criação de novos ou diferentes instrumentos, é a assunção daqueles que sempre existiram e sempre vingaram nas nossas escolas mas em zonas de penumbra, zonas cinzentas, mais por acções individuais do que por opção colectiva, que é preciso destacar e afirmar;
muito sinceramente, não acredito que o Miguel tenha receio de negociar os poderes e as autoridades, de defender novos e diferentes modelos de poder e de relacionamento entre figuras do Estado;
apenas crítica, por que sente a diluição de elementos que antes garantiam a estabilidade e a segurança e hoje nos podem conduzir ao fundo;

ausências


mais do que gosto e mais do que quero, estou ausente deste espaço;
imposições outras e afazeres mais prementes a isso conduzem, relegando um dos meus prazeres (o da escrita, o das amizades) para cantos mais recôndidos;
não é um abandono, é apenas (?) uma ausência forçada;
[a imagem designa-se ausência e pode ser visto aqui]

domingo, fevereiro 4

escrita


no meio de tudo isto, entre os afazeres e as obrigações, os deveres e as devoções não sinto vontade de escrever;
a escrita torna-se-me difícil, lenta nas ideias, curta nos argumentos, fugaz nos sentimentos;
entre a sensação de dificuldade da escrita e o dizer mais e maiores barbaridades, opto simplesmente por não escrever;
talvez amanhã.
talvez...

stress


não o devia dizer e, menos ainda, escrever, mas tenho andado em stress, circunstância que me afasta deste meu canto e das divagações em torno dele;
stress, considero eu, é a situação em que me sinto pressionado pela quantidade de coisas para fazer e constrangido pela sensação de falta de tempo para as concretizar;
seria uma situação aparentemente normal nos tempos que correm; mas gosto de fazer jus à fama de alentejano e não gosto (por hábito, organização e mania) dizer que tenho falta de tempo ou, menos ainda, que estou stressado;
mas é verdade, entre sexta e hoje, agora que escrevo, a sensação é a de ter mil e uma coisa para fazer e manifestamente pouco tempo, muito pouco tempo para o fazer;
de tal modo que já uso o portátil para fazer trabalho de casa;
há com cada uma que me causa cabelos brancos e me faz sentir, mais ainda, saudades da escola;
apenas stress, nada mais...

quinta-feira, fevereiro 1

outro


e pronto, quase de mansinho, pé ante pé, chuva aqui friozinho dali, entrámos no mês do carnaval;
se antes não havia novidades, agora ninguém leva a mal;
ou será que leva?

novidades


apesar de ausente e apesar de não ter acompanhado de muito perto os acontecimentos e as notícias, parece que não há novidades;
o primeiro-ministro está para fora, o ministro da economia diz das suas, ir-se-ão gastar chinesices de tinta para corrigir as afirmações do senhor ministro da economia, a região de turismo de Évora explica o inexplicável, trocam-se galhardetes e mimoseiras entre partidos e figuras de sempre...
tudo normal, neste país à beira mar incrustrado;

afastamento


por razões várias, tenho estado afastado deste espaço, deste que designo como meu cantinho;
afinal, parece que uns quantos atravessamos um período de algum distanciamento - imposto ou forçado, por opção ou por obrigação;
pessoalmente tenho estado afastado não apenas da blogosfera, como também do meu pc; como resultado, aqui chegado e tinha 153 mensagens de correio; já está tudo em dia, mas demorou;