terça-feira, agosto 31

ideias

Não posso estar mais de acordo com esta ideia do Miguel. Mais que ideia é uma preocupação que certamente ocorre a quem tem e assume o mínimo de uma postura cívica e de cidadania.
Da nossa ministra não há uma única ideia, uma única palavra. Aquilo que se pode ver e consultar no site do ME mais não é que continuidade do anterior, lugares comuns e vulgares banalidades. Sobre o que pensa fazer, nomeadamente com a lei de bases, as reformas em curso, a relação e articulação entre ciclos e níveis de ensino, sobre os sectores específicos, educação especial, projectos, a gestão, o ensino artístico e profissional, entre outros assuntos e temas candentes não há nada, uma única palavra.
Assim se faz justiça a todos aqueles que defendem que estes são tempos sem ideias nem ideologias. Certamente ao agrado de alguns. Espero que outros não se deixem ir atrás do conto do vigário - há apenas vigário, não há é conto.

vale sempre a pena

... para além das palavras do poeta, mesmo que não, mesmo que julguemos que não, mesmo que julguemos que um dia somos os mais tristes, nos sentimos mais despidos há alguém que, talvez sem saber, talvez sem qualquer propósito, nos reconforta com palavras normais, vulgares num qualquer outro dia.
As palavras que a Fernanda me deixou só tiveram um condão, esforçar-me para fazer mais, para fazer melhor, para escrever mais próximo do que é o quotidiano docente.
Não sou nem nunca pretendi ser um qualquer calimero, um coitadinho que está aqui por um qualquer sacríficio ou indeterminação. Sou professor porque assim o quis ser, sei quais são as condições deste contrato implícito que rege as minhas relações, expectativas e esperanças, que subscrecvi, vai para vinte anos, entre a minha pessoa e o Ministério da Educação, sei, desde o princípio que a vida não iria ser fácil, que há inúmero escolhos no meio, que a vontade pode ser toldada por vicissitudes várias. Como sei que o meu gosto está aqui, mora aqui, nesta profissão, e que dela não abdico, seja nos bons como nos menos bons ou mesmo nos maus momentos.
Gosto de ser professor dos ensinos básico e secundário, e pronto. Não gosto é deste governo, e muito menos do que procura fazer seja à educação, ao país ou em todas as outras áreas.

sensação

... ao contrário do que poderia supor não sinto nenhuma espécie de alívio, nem descontracção, nem paz de espírito. Se me perguntam o que sinto?, não sei o que dizer, não sei como traduzir aquilo que sinto.
Será que sinto alguma coisa?

e pronto

... tudo fica na mesma. Ou seja, lá continuo, apesar de efectivo, à procura de uma escola mais próxima de casa.
Desta feita não obtive colocação. Amanhã lá vou à minha escolinha de origem para apresentações. Depois fico à espera. Quanto tempo? era bom saber.

fim e princípio

Cessa hoje, oficialmente, o ano lectivo de 2003/2004.Inicia-se amanhã oficialmente e para alguns quantos um novo ano lectivo.Não é tempo nem para balanços nem para desejos, uma vez que os tempos são de alguma ângustia, muitas incertezas, dúvidas e preocupações.No meio de uns e de outros apenas a convicção que os profissionais da educação dizem presente. Prontos para fazer mais, melhor e o que os deixarem fazer. (A alguns é necessário algum controlo).

segunda-feira, agosto 30

mais informação

Estou plenamente convencido que um dos problemas da nossa escola se encontra relacionado com a informação - seja a sua falta, carência, excesso, uso, abuso, deturpação, manipulação ou qualquer outra distorção. É ela que em face da sua utilização causa entropias no funcionamento e enquista sectores determinantes no e para o seu fucionamento.
Vem esta conversa à baila por duas ordens de razões. Na sequência da gestão por objectivos, referida antes, e em virtude da minha ralção com pedreiros, por andar a construir a minha casa, estes terem feito uma coisa (asneira, obviamente) decorrente de uma informação insuficiente que receberam, de uma interpretação errónia que fizeram e de lhes ter sido retirada partes da conversa ocorrida entre a minha pessoa e o mestre das obras.
Resultado, asneira, trabalho, tempo, materiais e dinheiro perdidos.
Quantas vezes acontece isto nas nossas escolas? quantas vezes fazemos sem conhecimento ou informação? quantas vezes nos desenrascamos?

da gestão

A escola, neste momento mas não só, é alvo de atenção quanto aos modelos de gestão que se lhe podem adequar.
Há quem defenda uma gestão orientada pela qualidade total, uma gestão por objectivos, uma gestão estratégica, uma gestão pela cultura ou por... tanta coisa que quase se pode dizer que cada cabeça sua sentença.
Isto porque a colega saltapocinhas (e nova versão), traz uma nota sobre a gestão orientada pelos objectivos. Uma simples caricatura que não deixa de ter sentido na descoberta das arbitrariedades e contradições que dados modelos apresentam quando transpostos, linearmente, para a escola.
O problema, no meu entendimento é outro, é simplesmente haver um modelo, pode não interessar, num primeiro momento, qual ele é, quais as suas características, terá é de, na cabeça de quem está na gestão escolar, haver um qualquer modelo pelo qual se oriente. O mais das vezes é que não existe modelo nenhum. apenas vontade, muita vontade, de fazer alguma coisa, por vezes diferente do que foi feito, mas apenas isso, vontade.
Será que é suficiente?

informação

Hoje de manhã, curioso e expectante, resolvi passar pelo sindicato afim de saber se por lá havia conhecimento de algo que não constasse em jornais ou nos mentideros sobre as colocações.
Nada, tão cegos ou tão no escuro como eu.
Um pouco depois encontrei um colega membro de um órgão de gestão de uma escola cá da terra. Interroguei-o sobre a mesma situação. Nada, zero, nicles batatoides.
Desculpem lá a vulgaridade, mas que porra, ninguém sabe nada? ninguém informa de coisa nenhuma? não há informação sobre o que se passa?

domingo, agosto 29

despercebido

Por enquanto este meu espaço serve dois objectivo: passar despercebido ao resto da blogosfere e poder, deste modo, escrever outras coisas, com outro nível de preocupação. Como segundo objectivo, testar algumas diferentes fucinonalidades na minha própria escrita, passar para o ecrã ideias e pensamento mais pessoais sobre a escola, a docência ou sobre a educação, de um modo geral sobre o meu próprio quotidiano.
Por enquanto é possível. Espero que seja tarde quando descobrirem este cantinho.

sábado, agosto 28

na mesma

Há tempos, ainda decorria e havia de decorrer o ano lectivo e uma colega, quando se desenharam os contornos kafquianos do concurso de docentes, afirmou que tudo ficaria como está. Que o concurso seria anulado e, excepção feita aos estagiários, troca por troca, tudo o resto, todos os outros, ficariam onde estão.
Comentámos que seria pior a emenda que o soneto, que existem excessivas implicações, demasiadas envolventes para que isso possa acontecer.
Pois é, nesta altura começo-me a convencer que vai ser mesmo assim.

revistas

Depois de almoço, entre um café e o torpor indefinido de uma sesta, a esposa aconselha-me uma revista que tinha entre mãos. Nomeadamente dois artigos sobre o ingresso dos alunos no 2º ciclo.
[A nossa ângustia, uma vez que o filho muda de escola, de ciclo e os pais parecem que querem mudar de cabeça, pelo crescer de preocupações].
Recebi a revista e li, em diagonal, os referidos artigos.
Foi-me ligeiramente difícil deixar a condição de professor e ser apenas e simplesmente pai. Foi-me difícil imaginar tudo aquilo que pode passar pela cabeça do filho nesta ansiedade de final de férias início de ano, de novo ciclo, nova escola, novos amigos, novas rotinas.
Sei que não lhe irá ser fácil, pelas arbitrariedades dos mais velhos, pela falta de bom senso no enquadramento dos jovens, pelo desespero de não saber se está preparado. É um momento difícil que, desde que leccionei numa das primeiras EBI nacionais, procurei, juntamente com outros colegas, minimizar. Mas o futuro apenas acontece no passar dos dias e dos acontecimentos. Vamos ver como irá correr.

mistério

Ontem, em passeio nocturno por Lisboa, passei junto da DGAE, entidade responsável pelos maravilhos concursos de colocação de professores.Porque não ía a conduzir e não tinha ainda ouvido ou apercebido de qualquer nova situação referente aos ditos, pedi ao colega para abrandar e poder olhar aquele espaço.Perguntam-me o que era e o que se passava. Lá lhes expliquei.Resposta, aqui, neste sítio mais macabro?Exactamente. Ali mesmo, naquele sítio macabro, sombrio onde aquilo que acontece nós, professores, não sabemos, mas que nos afecta, lá isso afecta.

quinta-feira, agosto 26

expectativa

Encontro-me, como quase todos os anos por esta altura, dividido entre a expectativa de um novo ano, de novos colegas, uma nova escola e a ângustia de começar tudo de novo, como se não tivesse existido um passado, como se as experiências anteriores fossem para esquecer. Mas não são.

notificação

Fui hoje notificado do meu registo compulsivo na base de dados da Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação. Apesar de ter efectuado a apresentação a concurso por intermédio do registo electrónico, hoje, invocando apenas razões de segurança, afirmam-me ter alterado a minha palavra de acesso.Por razões de segurança?. Então fico com a certeza que existem pessoas que se entretém a vasculhar as palavras passe de uns e de outros (vá-se lá saber com que fins), e, quem me diz a mim o contrário, que não vasculham outras coisas propositadamente ou não.Este é um grande passo, dado pela cabeça do polvo, para descredibilizar, mais ainda, este famigerado concurso.

quarta-feira, agosto 25

outro falhanço

A Sofia deixa-nos uma preocupação, pelo menos assim a entendo e com alguma pena minha. A escola continua a ser encarada como um local de formação inicial apenas para os alunos e, quanto muito, para alguns, poucos, professores estagiários. Fora esta circunstância ainda não encaramos a escola pública portuguesa como um espaço de pensamento, reflexão, investigação, acção, inovação, onde os docentes que nela trabalham possam desenvolver estudos e apontamentos que permitam compreender os mecanismo do seu funcionamento ou as particularidades que a marcam.Para que isso possa acontecer temos que ir para a faculdade, sujeitarmo-nos a outras preocupações, a indicações exteriores ao nosso mundo. Não é uma crítica à Sofia, longe disso. É a todos nós que assim o encaramos.

falhanço

A propósito das notícias ontem divulgadas da recuperação de 40 mil licenciados desempregados hoje, depois de ler umas quantas opiniões digo a mimha. Em clara vantagem, reconheço. Este plano é o claro e objectivo reconhecimento do falhanço do modelo da formação inicial. De tão específica que se tornou, de modo a captar as suas fontes de rendimento, a formação universitária deixou de conseguir colocar no mercado indivíduos com flexibilidade e polivalência para o trabalho. Vai daí e há que formar, por intermédio de cursos de especialização, este pessoal para as características do mercado público de emprego.Combatem-se as consequências, permanecemos muito longe das causas que provocam o desemprego de licenciados e persiste a teimosia de afirmar a pouca qualificação do trabalhador português. Há aqui qualquer coisa que me escapa, que não consigo perceber.

Palavras

Pode ser impressão minha, pode ser apenas desatenção, como pode ser apenas reflexo do meu tempo de férias mas não me lembro de ouvir qualquer palavra, para além das de circunstância pouco tempo após a tomada de posse, da nova ministra da educação. É impressão minha ou efectivamente a senhora ainda não disse palavra?Será que anda aos papéis? como o seu chefe na tomada de posse.Já agora, alguém ouviu ou leu algum comentário do anterior ministro D. Justino?Foi saída de sendeiro? ou apenas recuo estratégico?

terça-feira, agosto 24

Livros

Não é fácil na minha santa terrinha, Évora, encontrar uma livraria que tenha disponível títulos oriundos de pequenas editoras, de editoras que fogem do livro de grande consumo, do grande público. Hoje, por mero acaso e alguma felicidade minha, encontrei um título do início de 2003 claramente sugestivo, Educação em tempos de Incerteza, com organização de Álvaro Hypólito e Luís Gandin.Uma colectânea de pequenos textos sobre a relação entre a educação e a incerteza, ou crise, dos tempos actuais, uma sinopse dos paradigmas que estão em discussão e da emergência de novas formas educativas.De vez enquando, só de vez enquando, a minha terra ainda me surpreende. Ainda bem.

razão

Afinal, entre estórias e gritos, insultos e palavras soltas, a justiça disse que os professores têm razão.