quinta-feira, maio 31

inquietações

melhor é impossível:

Estou convencida de que um dos problemas mais graves da nossa escola reside na sua incapacidade de se reorganizar para enquadrar de forma exigente os alunos (...)


e

A reconversão obriga a repensar os métodos de ensino
;


dito assim, por quem de direito, até parece óbvio; parece mas não é, porque se o fosse seria mais fácil cumprir esses objectivos e tal não acontece;

conversa


gosto de conversar, de trocar ideias, de discutir pontos de vista;
por vezes até pode parecer desconcertante a conversa, como quando se sabe-se, de antemão, que há posições que não são conciliáveis (clubes, política...);
mas, independentemente disso, se os interlocutores se respeitam, a conversa flui entre opiniões e argumentos, ideias e pontos de vista;
foi o que me aconteceu hoje, num encontro em que participei quase sem saber;
sem rede, isto é, sem preparação, estruturei um conjunto de ideias que cruzaram a minha abordagem à escola (no âmbito do meu projecto de investigação) e a área em que me enquadro (no âmbito da educação não formal);
tinha o privilégio de ter ao meu lado outros conversadores, nomeadamente o Prof. Luís Barbosa, que conhecia apenas dos seus escritos, e que, como eu, não se fica pelas meias tintas de uma qualquer conversa;
resultado, fomos interrompidos por quem assegurava a coordenação da mesa, uma vez que eram quase uma e trinta e se apelava mais ao almoço do que à conversa;
mas a conversa continuou ao almoço e foi deveras interessante perceber como, entre diferentes pontos de vista sobre a escola (o dele mais axiológico, o meu mais sociológico) nos entendiamos na conversa e alimentávamos a curiosidade de um e de outro;
vale a pena conversar, porque é a conversar ca gente se entende;

quarta-feira, maio 30

bussúla política


nem mais;
hoje, em dia de questionar posições e situações, a partir de um amigo tive oportunidade de (por aqui) perceber (melhor e mais adequadamente) onde me posiciono ideologicamente;
em caso de dúvidas cá estou, na esquerda liberal (?), entre o comunismo e o anarquismo, emparelhado, imagine-se, com Gandhi, Mandela ou o Dalai Lama;
será que fico mais descansado??

recomeçar


Jorge Luís Borges dizia que "o amor é eterno... enquanto dura";
acrescentei (ousadia minha) que tudo o que é biológico (e o amor é biológico) tem um princípio, meio e um fim; poderá durar um dia (uma noite), um mês, um ano ou uma vida, mas acaba;
isto a propósito da oportunidade que tive de estar com uma colega que, depois de 30 anos de casamento, recomeça a sua vida sentimental;
não é caso único e noto que, nos últimos tempos, não têm sido poucos os casais que depois de longo tempo de união, resolvem seguir vidas separadas; porque se esgotaram os argumentos da união, porque já não há desculpas, porque simplesmente se atingiu o limite;
recomeçar depois de um longo percurso (depois de uma maratona, recorrendo-me da metáfora desportista) tem outros encantos, outros proveitos, outras sensações; não se vivem as mesmas coisas da mesma maneira, crescemos, amadurecemos, perdem-se umas coisas mas ganham-se outras e o interessante neste processo é que, entre o deve e o haver dos sentimentos, o equilíbrio seja assegurado e a contabilidade fique a zero, no mínimo;
gostei de rever a colega, rejuvenescida, mais luminosa;
afinal, o amor é eterno... enquanto dura

em greve


não faço greve, por motivos óbvios (afinal sou uma das chefias da administração pública e, para qualquer caso, um dos representantes do patronato);
não sei se a faria caso não estivesse por estas bandas;
entre a imprescindibilidade da alteração do papel e da acção do Estado sou defensor de outras metodologias e de outras estratégias para a sua implementação;
apesar da alteração das lógicas de funcionamento e organizacionais as lógicas de implementação da mudança continuam muito top-downn, de cima para baixo, como se no topo estivessem os inteligentes e, cá em baixo, os operários, humildes servidores e operacionais do que os outros pensam;
continuo a defender um Estado em rede, onde, entre a concepção e a implementação, existiria uma articulação funcional, uma responsabilização individual e uma prestação de contas consentanea com os objectivos definidos;
muita da agitação social que se vive podia ser, no essencial, minimizada, caso os interlocutores sectoriais e regionais fossem chamados não apenas a implementar (quando o são) mas a justificar, a negociar, a esclarcer e clarificar o que se faz;
não estamos em tempos de imposição, mas de negociação; as populações têm de perceber o que se está a fazer, porque se está a fazer, qual o caminho, quais os objectivos, o que se obtem em troca, o que se ganha (e o que se perde) com a mudança;
porque os actores desconcentrados ou não são chamados a esta intervenção (quando não mesmo relegados para 3º plano) ou porque simplesmente estão pouco habilitados ao esclarecimento, à negociação, ao compromisso, corre-se o risco de radicalizar posições onde há sempre um conjunto de interesses e de interessados que daí obtem dividendos;
independentemente da guerra dos números, no contexto de uma greve, ninguém ganha, apenas se reforça o acantonamento de posições;

terça-feira, maio 29

serviço completo



como as coisas andam;
há dias dei com um letreiro numa agência funerária que dizia, em letras garrafais, "funerais - 700€" e, em letras mais pequenas, "tudo incluído";
tive pena de não ter oportunidade de captar a imagem e a deixar aqui;
mas pensei para com os meus botões, se é tudo incluído valerá a pena perguntar se já inclui o morto; se sim encomendo já o meu, e fico descansado dessa parte à qual, geralmente, não assistimos;

filhota


a filhota faz hoje 10 anos;
como se calculará é dia de festa, de ansiedade, de expectativas, entre as prendas, os gritos da brincadeira e o prazer de se sentir crescer;
é o primeiro ano que não o passamos à beira de uma piscina;
não foi a única coisa de jeito que já fiz; há que lhe acrescentar o mano, ambos são, sem a mínima sombra de dúvidas, as coisas mais belas que já fiz em toda a minha vida, e precisei de ajuda para o fazer;

sábado, maio 26

e...


e nesta minha cidade, onde tanto se fala, onde tanto se opina, qual poderá ser o papel dos independentes? será que se poderá perspectivar uma acção de independentes? qual poderá ser a (re)acção dos partidos políticos (mais tradicionais) face a uma proposta política independente?

sondagens


as sondagens divulgadas entre 6ª e sábado sobre eventuais resultados das eleições em Lisboa, levaram a colocar um conjunto de questões que considero interessantes e pertinentes, nomeadamente os destaques aos que, pretensamente, ficam nos primeiros lugares, os independentes Helena Roseta e Carmona Rodrigues;
será que significará efectivamente o desgate dos partidos políticos? será que, no contexto autárquico, há lugar prioritário aos independentes? qual a relação que se pode estabelecer entre partidos e independentes na democracia? qual o papel partidário da democracia participativa?
provavelmente serão questões que nos próximos tempos e em próximas oportunidades eleitorais poderemos perceber de modo mais interessante;

ervas


este ano, fruto do Inverno prolongado e de uma Primavera hesitante, as ervas irão dar cabo de mim, muito antes de eu conseguir o que quer que seja;

quinta-feira, maio 24

passantes


vá-se lá saber porquê, mas noto um crescente número de passantes por este meu espaço;
de uns poucos, aparentemente o número alarga-se;
será da escrita? do pensamento? das ideias?
ou será apenas do conhecimento? das amizades? das cumplicidades?
ou será apenas curiosidade?

dificuldade


sinto que é cada vez mais difícil ser-se profissional do seu ofício, isto é, gostarmos e empenharmo-nos no que fazemos, no que somos;
sinto que cada vez há mais barreiras entre aqueles que fazem e são profissionais por e com gosto e aqueles que consideram aquilo que fazem uma seca ou, apenas, a necessidade de assegurar um rendimento mensal;
é visível, à distância, aquele que faz com gosto e por gosto daquele que se debate na angustia de não saber o que faz, porque faz, para que faz;
há bons e maus profissionais em todo o lado e em todas as profissões, mas sinto, nos dias que correm um cada vez maior fosso entre uns e outros, com claros reflexos no desempenho, no atendimento, nas relações e nas imagens institucionais;
e a treta disto e desta sensação é a de perspectivar que os maus se sobrepoem aos bons profissionais e o nivelamente é por baixo;

titular


ontem procurei inscrever-me para o concurso de acesso a professor titular;
fiquei a saber que não precisava, tendo em conta que no ano anterior já me tinha inscrito - fico na dúvida, se o ano passado me inscrevi na base de dados de quem tudo pode e sabe, o dito Polvo, ou se já me tinha inscrito para o concurso e não sabia;

devagar


calma e sossegadamente, quase que de forma tímida, os dias escorrem assim, directos a algum pretenso local que a fé ou a esperança determina;
sente-se a ironia dos dias, o sarcasmo de um ranger de dentes, de um crepitar de sensações, umas mais desconhecidas que outras;
estou na fase de me questionar, de perceber se efectivamente estou bem e de como quero estar, onde quero estar, com quem quero estar;
dar a cara e o corpo ao manifesto pode ser excessivo quando os cabelos brancos marcam presença cada vez mais assídua e a paciência (para a hipocrisia, para a incompetência, para a desorganização) se esgota;

quarta-feira, maio 23

administração


é um reconhecimento, desde sempre o disse e o escrevi por inúmeras vezes, gosto de ser professor, como gosto de trabalhar na administração pública (AP);
isto porque não consigo perceber determinadas lógicas de (dis)funcionamento, e menos ainda quando são definidas pelos próprios; ou seja, em tempos de reorganização da AP, fundamental em tempos de reformulação da própria da acção do Estado, perceber que os serviços são desvalorizados, as pessoas desconsideradas, a participação esquecida, os argumentos escondidos;
apesar da reorganização e reformulação dos serviços do Estado é determinante que, para a sua valorização (e continuo a defender a acção do Estado, nem que seja como ente de regulação social), sejam valorizadas as suas diferentes unidades orgânicas, como instrumentos (regionais ou sectoriais) de afirmação do Estado Central;
aparentemente não é isso que se sente; permanece uma lógica assente na centralidade de uma pretensa inteligência capitalista que deixa todas as restantes partes na ansiedade, na gestão das expectativas, no gozo das dúvidas;
não será tempo de, em face da afirmação do Estado, se afirmarem os actores dessa acção pública? não será tempo de considerar que existem outras lógicas e outros modos de agir que podem ser levados em consideração na definição operacional dos instrumentos de acção pública?

papas e papistas


o recente e conhecido episódio do professor da DREN e os comentários do meu joanete esquerdo revelam diferentes ideias das quais destaco duas;
uma porque me sinto directamente envolvido, diz respeito a uns quantos pretensos ideólogos que se tornam mais papistas que o papa, mais zelosos da moral dos outros do que da sua; eventualmente procurarão esconder o gato (as suas amarguras) deixando-lhe o rabo de fora (as suas prórpais vulnerabilidades); eventualmente querem mostrar trabalho qual mcartistas esquecendo-se que hoje a malha informativa é larga e impossível de segurar veleidades desta natureza;
segunda referência, na qual também me incluo, nunca como hoje tivemos tanta liberdade de dizer e de escrever, de participar e de opinar, de apontar e de criticar, mas... nunca como hoje nos sentimos tão condicionados por aquilo que dizemos ou escrevemos, tão "apalpados" pelas ideias veiculadas, pelo cruzamento da informação, pela pretensa liberdade de opinião;
entre uma e outra das ideias, quase que me apetece perguntar, que estamos nós a fazer? não teremos nós o livre arbítrio de ir contra as marés daqueles que se arvoram de papistas? não teremos em nós mesmos a capacidade de contrariar este estado de coisas?
pessoalmente quero continuar a pensar que sim;

terça-feira, maio 22

de quem


hoje é dia de provas de aferiação no 4ª e no 6ª ano; na TSF trocam-se ideias entre a avaliação dos alunos e a avaliação dos docentes;
entre comentários mais ou menos (im)pertinentes quase que apetece perguntar, afinal, quem se avalia?
ponto aparentemente concensual é que todos estão contra, como sempre; pergunto porquê? alguém tem medo da avaliação?
é fácil dizer que não e arranjar mil e um argumentos para justificar o injustificável; provavelmente será apenas a consciência face à utilização dos seus resultados; ou não?

caretas


S. Pedro brinca connosco, como quem brinca com uma flor entre o malmequer e o bem-me-quer;
faz caretas e distrái-nos do tempo que devia fazer;
tomamos consciência das implicações humanas no estado do nosso planeta e as coisas já não são nem lineares, nem previsíveis, nem expectáveis;
resta-nos ter paciência para as caretas do tempo e esperar melhores dias, daqueles azuis, com sol e tempo quente, que trazem com ele mais alegria e boa disposição;

segunda-feira, maio 21

recordações



não sei se foi coincidência, mas estas duas últimas semanas são uma clara evidência que o passado não está nem esquecido nem enterrado;
depois de Fátima foi a vez do futebol, casamento de coincidências e oportunidades;
será que para a semana que vem é a vez do fado?

recusa


sem justificação, nem explicação hoje recuso-me a comprar jornais;
estou em blackout informativo;

sexta-feira, maio 18

prioridades


é engraçado, para quem, como eu, gosta de trabalhar na administração pública e de perceber as lógicas organizacionais que lhe estão subjacentes, como são diferentes os olhares, as concepções, os modos e as formas de relacionamento na administração pública portuguesa;
convivem nela diferentes realidades, umas ainda muito relacionadas a modos do antigamente, e outras mais fluídas, informais e pessoais;
para quem, como eu, trabalha na área da juventude, é engraçado perceber a desvalorização com que é olhada esta área, a falta de prioridade e de atenção com que outros sectores se relacionam com a juventude, numa por vezes assumida assunção que juventude = garotada;
como se existissem diferentes prioridades, diferentes níveis de administração pública, uma de primeira liga outra mais baixa, mais secundária;
não tem sido fácil ganhar a credibilização deste serviço e salvaguardar o equilíbrio entre uma imagem que não deixa de ser institucional e um posicionamento na vida marcado pela irreverência e pelo questionamento;
afinal prioridades que mais não fazem que reflectir a pluralidade de situações que convivem nos tempos presentes; harmonzar estas prioridades, consensualizar as posições é o grande desafio dos próximos tempos; e há quem esteja a milhas dessas intenções;
afinal... prioridades;

exames


as provas de avaliação, em qualquer nível de ensino e em qualquer circunstância, são um dos instrumentos mais poderosos (único?) de regulação dos comportamentos sociais e escolares, de relação entre docentes e alunos, de equilíbrio das discussões entre a escola e os pais/encarregados de educação, da escola com a sociedade;
para a semana realizar-se-ão as provas de aferição do 4º ano, 3ª e 5ª feira, ano que a filha (mais nova) frequenta;
tem sido engraçado (?) perceber os modos e as formas de relacionamento que a professora tem apresentado nos últimos tempos, criando toda uma mitificação em torno da sua realização;
no meu entendimento deveria ser apenas e simplesmente o culminar de um ano e de um ciclo de ensino; mas torna-se, pelos discursos, pelas ideias, pelos valores veiculados, pelas narrativas, pela apresentação feita da prática num dos momentos stressantes, angustiantes e problemáticos tanto para os alunos como para os pais e que não deixa de lado os professores, por muito que procurem descartar a situação, empurrando a responsabilidade para cima ou do aluno ou da família;
para quem está no final do 1º ciclo de formação e que terá pela frente e pela vida uma permanente avaliação, é assumir o lado mais negro de um processo que deveria ser natural e normal;
há em quem complique, em vez de desmontar as ideias e ajudar aos processos e aos procedimentos;

quarta-feira, maio 16

serviço público


duas ideias em torno das eleições intercalares para a câmara de Lisboa;
todos dizem que perdem dinheiro, todos dizem que está mal, todos se queixam do trabalho, dos sacríficos, mas todos lá querem estar; será por interesse de serviço público?
a primeira sondagem em tempo real ao governo de Sócrates; pelas dimensões, pela pluralidade de situações, pela heterogeneidade social, pelos interesses e pelas estórias (reais ou ficcionadas) este será um momento crítico da avaliação governativa; o facto de ser em Lisboa é apenas meramente circunstancial; e não será apenas ao governo, será também aos diferentes partidos políticos, como ao movimento de cidadania;
a ver vamos como se portam uns e outros e como se articulam interesses partidários com interesses públicos;

das escolas


numa altura que se discute a avaliação das escolas (a propósito de uma entrada do Miguel) e que se preparam os contratos de autonomia (circunscritos a uns quantos felizardos/azarados), é interessante perceber como é que as escolas se estruturam para dar resposta aos resultados e aos desafios que um e outro colocam;
como já pude apreciar numa das propostas da autonomia, a tendência é a de descair para o mercado, quantificando um conjunto de circunstâncias que, se tem o seu lado bom de métrização, apresenta o claro incoveniente de ser ou escasso (porque pouco ambicioso) ou excessivo (condicionado que está por tempos, espaços e modos);
como é interessante perceber (e analisar) quais os instrumentos que são definidos para a concretização dos objectivos; e aqui é engraçado perceber que há quem se afirme mais papista que o papa, isto é, recorre aos instrumentos e aos procedimentos que habitualmente tem criticado ao governo central e ao ME;
será que a tendência vai para a criação de espaços de microgovernos?
será que as perspectivas de responsabilização irão no sentido de se acentuarem os espaços verticais de hierarquia e poder?
será que a tendência de prestação de contas (a accountability) irá no sentido da funcionalização escolar e educativa?
será que se acentuará a vertente operária dos professores?
e não se diga que é culpa do governo.
(a imagem que ilustra a entrada vai no sentido da avaliação da saúde, metáfora que me permite cruzar uma leitura técnica, do rigor clínico, com dados afectivos, relativos aos comportaments sempre imprevisíveis; é o meu modo de olhar a coisa)

segunda-feira, maio 14

leituras


felizmente há poucos que me lêem, felizmente aqueles que têm a pachorra de por aqui passar já sabem que poucos me levam a sério;
fico-me pelas aleivosias, pelas diatribes de uma paixão pela escrita e pela discussão de ideias e de opiniões;
felizmente ninguém me liga;
antes assim;

ainda a cidade


os problemas da cidade (e do seu concelho) estão mais ou menos identificados e estudados;
não se parte apenas do senso comum, há também uma base de trabalho empírico sustentável na análise dos problemas;
trânsito, demografia, animação cultural, articulação entre freguesias, articulação entre eixos rodoviários, zona de transição, zonas de afirmação e crescimento são problemas de Évora como são problemas de todas as cidades históricas e monumentais onde o grande desafio é articular a história e a tradição com as ideias de futuro e os desafios do presente - mobilidade, conectividade, comércio e serviços, inter-geracional;
neste desafio duas ideias fundamentais, Évora como cidade do futuro, assente na sua dimensão histórica, e Évora como local de convergências, antes de tudo sociais e culturais, aqui se cruzaram e conviveram povos e culturas credos e fés, mas também de desafios;
a requalificação do centro histórico terá de passar por uma rede de interesses fulcral para a sua afirmação, como espaço de lazer e comercial, de animação e cultura, de exposições mas também de acções, ainda por cima quando se perspectivam novos espaços comerciais;
a articulação e integração dos bairros periféricos é determinante para a mobilidade e para os fluxos sociais;
os equipamentos são fulcrais para a afirmação da cidade, por intermédio de infraestruturas que prossigam a tradição arquitectónica da cidade e da região;
a afirmação da cidade na região, mediante fóruns de discussão e debate, são outro dos elementos;
não há necessidade de (re)inventar a roda, apenas de articular interesses e promover uma governança participada

cidade - que cidade?


é engraçado perceber o que não se discute, os silêncios algo ruidosos, os constrangimentos do movimento surdo nas cadeiras;
discutir a cidade é pensar a cidade, aquela que se tem, aquela que se quer e, entre um e outro ponto, os modos de lá se chegar;
desde os anos 80 que participo (com maior ou menor intensidade, mais ou menos empenhamento) na discussão da minha cidade;
lembro-me das alterações à praça de Giraldo, o primeiro PDM, o famoso pólis eborense;
como me lembro de percorrer as ruas, os bairros, os monumentos de ontem e de hoje, de falar e ouvir as pessoas;
agora que se fala novamente da cidade, não sinto (pretenciosismo meu) uma discussão sobre a cidade, nem a que temos, nem a que queremos;
percebe-se o enleio em que o PCP está, arregimentando ideias ultrapassadas, querendo veicular ideologias manifestamente em desuso, apresentando actores com prazo de validade caducado;
percebe-se o papel do PSD a querer conquistar um espaço, a apresentar pretensos actores políticos, a brincar ao toca e foge;
como se percebe a ausência de um conjunto de quadros da cidade que, vá lá saber-se do porquê, marcam pela ausência, sejam dos serviços, sejam da universidade, sejam das pseudo elites políticas, culturais ou económicas da cidade;
o que se assiste é a uma discussão pré-feita, de ideias comuns, e banalidades, mais do momento da cidade do que de que cidade de futuro se fala;
percebo o envolvimento do presidente da edilidade, a sua vontade e tenosidade em ir à frente; como é perceptível o querer falar do futuro sem se discutir de que futuro se fala;
a própria blogosfera eborense, desde aquela que brinca ao diz que se disse, que arregimenta mais a aleivosia que o argumento de facto, àquela outra que se traduz na assunção de posições e do nome, revela este traço de ausência da cidade;
parecemos presos a um espaço e a um tempo que marcou a cidade, às ideias feitas, aos actores que estão presos a esse tempo e a esse espaço de cidade;
falta arrojo, tanto de uns como de outros, faltam actores com outras ideias e não actores mais novos com as mesmas velhas ideias, falta olhar o futuro como desafio e não como constrangimento, faltam cumplicidades citadinas onde sobram lamentos e lamúrias;
discuta-se a cidade, discutam-se os futuros, sejamos ambiciosos; Évora merece e precisa dessa ambição;

sexta-feira, maio 11

universidade


durante a abertura de uma mostra organizada pela Universidade de Évora, patente no centro da cidade de Évora, tive oportunidade de trocar dois dedos de conversa, não mais que isso, sobre a relação entre a cidade e a universidade;
há quem aponte as dificuldades que têm sido levantadas à universidade para a sua implementação, sejam elas no tempo do PCP, sejam já mais recentemente;
ora considero inadequado e algo incorrecto este argumentário;
a universidade de Évora, de resto à semelhança de grande parte das instituições do ensino superior, têm estado mais interessadas no seu umbico do que se abrir à comunidade e à participação, mais interessadas em criar fossos de separação e distanciação do que de relacionamento e cooperação;
fazem-no agora mais por necessidade própria (redução de alunos, captação de outros públicos, Bolonha, financiamento) do que por interesses de partilha e relacionamento, abertura e participação;
no meio das ideias uma questão, porque não participa a Universidade de Évora, por intermédio das suas estruturas institucionais e representativas, na discussão do PDM?
porque é que não se faz sentir a opinião e a posição do diferentes órgãos face a um documento estratégico para a cidade em que se inclui?

políticas de juventude

no contexto do IPJ e de um projecto transfronteiriço, irá decorrer durante o dia de amanhã na freguesia de Orada, concelho de Borba, uma iniciativa designada "políticas de juventude - espaços transfronteiços";
pretendem-se divulgar os instrumentos de apoio à criação de políticas de juventude, dar conta das iniciativas existentes e aliciar as entidades para a apresentação de projectos;
apesar da "cansera" vale a pena perceber o empenho daqueles que denotam gosto no que fazem;

quinta-feira, maio 10

Lisboa


sou um inconfessável admirador de Helena Roseta;
desde os anos 80, ainda militava a senhora no PSD, que admiro a sua postura, a sua frontalidade, o pensamento político-social que a caracteriza e que fez com que se distancia-se daquele partido e tenha assumido um protagonismo (que sempre considerei escasso) na bancada do PS;
face à situação da câmara de Lisboa, mantém a sua (quase que) instransigente posição e coerência; mas com ela arrisca-se a contribuir para o acentuar dos problemas da capital do que pretensamente a colaborar para a sua solução;

instrumentos


ando tão entretido na pesquisa dos instrumentos disciplinares na escola pública que não há travessa, rua ou azinhaga onde não encontre, cada qual a seu modo e com as suas implicações, ferramentas que visam esse objectivo;
ao logo do período da democracia e por influências diversas existem diferentes instrumentos que vão nesse sentido, nomeadamente, educação para a cidadania, a escola segura, programa educação para a saúde, o antigo programa educação para todos (PEPT), mesmo os centros de recursos e as bibliotecas ou mediatecas podem ser enquadrados nesta perspectiva de acordo com objectivos e estratégias de utilização, ou mesmo os gabinetes de psicologia educacional e algumas redes de parceiros;
ou seja, instrumentos de acção regulatória não faltarão às escolas e aos professores; porventura faltará uma estratégia consertada, coerente e consistente da sua utilização, sabendo-se, previamente, que a utilização de um qualquer instrumento decorre de uma situação pontual, muita das vezes casuística, de análise individualizada da interacção pedagógica, dos resultados escolares, dos comportamentos que daí decorrem;
falta um pormenor determinante para a concretização efectiva dos instrumentos, a alteração de modos e práticas pedagógicas, muita das vezes descontetualizadas de realidades, práticas e interesses;
prevalece como predominante apenas um interesse, o do professor; nem sequer o da escola;
os contratos de autonomia que se irão firmar no decorrer do próximo ano lectivo correm este risco, de confundir instrumentos com procedimentos, objectivos com metas, intenções com acções;

conversas de café


há dias, em conversa de café com o presidente da associação de pais da escola onde anda o filho, fiquei a saber que votaram contra o projecto educativo do agrupamento;
mal elaborado, mal fundamento, sem orientações estratégicas, sem objectivos operacionais, sem esquema de monitorização ou de avaliação, sem uma clara relação entre ciclos, sem instrumentos que permitam combater o insucesso e os problemas educativos ali existentes, foram os argumentos apontados;
perguntava ele por que é que os professores perdem tanto tempo a fazer coisas que objectivamente não são nem viáveis nem aproveitáveis;
se calhar, pensei para com os meus botões, apenas para cumprir calendário;
se calhar;

terça-feira, maio 8

discussão


depois das eleições francesas, depois de algumas discussões sobre os seus resultados (estou certo que continuarão) depois dos comentários e das anotações de vários fazedores de opinião (sejam bloguistas, sejam eles na imprensa) duas notas pessoais, enquanto pessoa de esquerda e enquanto defensor de uma sociedade de esquerda;
as eleições francesas, em meu entender, destacam duas circunstâncias perante as quais a esquerda tem de se repensar, por um lado, o modo de fazer política, de passar (vender?) as ideias, de afirmar um discurso e um modelo social, por outro, o de repensar as opções político-sociais que, não colocando em causa princípios, ideias e valores sempre defendidos e afirmados pela esquerda social-democrata, possam ter cabimento numa sociedade em que o Estado-Providência se encontra esgotado e os modelos de participação são amplamente difundidos;
entre um e outro ponto o inegável despudor de roubar ideias que tradicionalmente são de direita (segurança, forças armadas, relações externas, mercado) e saber com elas construir políticas públicas que tenham não apenas abrangência, mas cabimento e pertinência social e pessoal;
repensar os modelos sociais de educação e saúde, intervenção social e integração comunitária deve passar pela salvaguarda dos princípios de equidade e participação, individualização e personalização da coisa pública;
o que se assiste em França é, antes de tudo, ao esgotamento de um modelo de organização social, assente na burocracia, na verticalização dos poderes, na exclusão das participações sociais e às quais a esquerda (seja ela de centro ou mais radical) não soube dar as devidas respostas;
a aposta nas questões de género sairam caro à esquerda francesa e nem aí se conseguiu a penetração eleitoral pretensamente pretendida; mas destacou-se também a aposta na re-politização da discussão social, do que fazer com as questões essenciais da modernização e afirmação do Estado;
um receio, para já, que a reestruturação do Estado francês possa significar a sua privatização, a venda das políticas sociais públicas aos interesses mais privados;
uma esperança, que a esquerda se repense no seu diálogo interno e no lamber das feridas e se afirme como alternativa social e política, não apenas em França, mas na Europa que se pretende dos cidadãos e da participação;

...

nem sei o que escrever, o que dizer, o que pensar;
está um pouco mais parvo do que é habitual;

devaneio


sento-me à secretária bem cedinho, a procurar escrever alguma coisa, organizar ideias, estruturar o campo de pesquisa e dou comigo a fazer um pouco de tudo e nada;
disperso-me pelos textos, perco-me no acervo, divago face às ideias;
estou com dificuldades de me concentrar nas obrigações, em criar uma linha de trabalho que me possa conduzir a algum sítio, mesmo que seja sem saída, mas preciso de organizar as ideias e estruturar o trabalho;

domingo, maio 6

todos diferentes - todos iguais


O Miguel tem uma entrada que considero pertinente e, de certo modo, algo preocupante;
nos tempos que correm, por questões tão diferentes como os fazedores de opinião, modernices técnico-pedagógicas, concertação de objectivos, atitudes político-administrativas, as escolas correm o sério risco da mcdonaldização, isto é de uma homogeneização que não leve em consideração as realidades contextuais e textuais de cada realidade educativa;
mas esse risco só pode ser enfrentado pelos acotres que preenchem cada contexto educativo e mediante a sua capacidade de reflexão crítica àquilo que interessa, ou não, ao contexto e aos actores aí existentes;
podemos, e é uma frase politicamente correcta, entender esta realidade a partir da afirmação que somos todos diferentes 8pelos contextos, pelas realidades, pelos objectivos, pelas personalidades, mas que teremos um ramo em que somos todos iguais, pelas preocupações, pelo querer, pela intervenção e pela dimensão;
tenhamos nós, professores e pais, capacidade de criar as condições que permitam salvaguardar esta afirmação;

sexta-feira, maio 4

comportamentos


estive para chamar a esta entrada faltas, mas opto pelos comportamentos e regresso aos comentários sobre a escola;
tenho evitado, por razões circunstanciais, mas face a comentários do filho (3º ciclo) e da filha (1º ciclo), não resisto;
uma estagiária que apoia a turma da filha (1º ciclo) tem o hábito de mandar sair da sala os alunos "mal comportados" e a miuda pergunta, oh pai e o que é que eles vão fazer? brincar, pois não podem fazer mais nada e isso não é castigo;
pois não e reflecte um modo de não se entender a relação pedagógica e de estender ao 1º ciclo atitudes e modelos de escola que estavam mais enraizados nos ciclos subsequentes; é preocupante e revelador da (de)formação dos professores;
quanto ao filho, estava preocupado porque desapareceu a chave de uma sala e foram ameaçados de falta colectiva; o docente, por que "chateado", mandava indescriminadamente para rua quem falasse, quem estivesse mal sentado, quem não anuisse às suas indicações;
pela (de)formação, seja profissional ou pessoal, falta a consideração que os professores não impoem a sua autoridade mas negoceiam o seu poder;
as relações deixam de ser verticais e impostas e passam ser horizontais e argumentativas;
é por estas e por outras que opto por um tema de tese que me é caro, não apenas enquanto profissional, mas enquanto cidadão e em face de um dado entendimento da escola;

finalmente


finalmente foi publicada a lei orgânica do Instituto Português da Juventude;
instrumento aguardado desde a reestruturação do final dos anos 90 do século passado, finalmente conheceu a luz do dia e, pode-se dizer, que a montanha pariu um rato;
é omissa quantos aos sentidos estratégicos de intervenção, ainda que contemple alguns objectivos não são definidas as estruturas de implementação e operacionalização;
é este um dos defeitos dos modelos de implementação comuns aos serviços da administração pública no âmbito do designado PRACE;
partir de uma estrutura comum é interessante do ponto de vista da operacionalização dos diferentes serviços, mas não são contempladas especificidades que se tornam quase que determinantes na sua implementação;
fica-se a aguardar o que falta;

quinta-feira, maio 3

apresentação (2)


a apresentação do meu projecto correu bem, e desta vez não apenas para mim, mas para todos os presentes;
foi um dia cansativo mas extremamente reconfortante; e a diferentes níveis;
extremamente interessante percebermos como, a partir do mesmo quadro metodológico, se perspectivam tantos olhares, tantas e tão diferentes dimensões de análise, como se constroem objectos e se desenham tão diversificados objectivos;
interessante perceber, como uma colega teve oportunidade de referir, como nos conseguimos apropriar das temáticas e reflectirmos o que somos naquilo que fazemos, no modo como olhamos a realidade educativa a partir da nossa ideia do mundo e da sociedade;
como foi extremamente interessante perceber as metodologias prosseguidas pela faculdade quando, a partir dos comentários dos professores convidados, tomamos consciência que desenvolvemos um trabalho que pode ser considerado e enquadrado numa lógica de tecnologia de ponta;
são estas diferenças, são estas dimensões que me fazem sentir, desde que ali entrei, orgulhoso de pertencer a uma faculdade que descobre outras dimensões do trabalho académico e considera os seus elementos como mais valias e não meros alunos;
como foi extremamente interessante deitar cá para fora o stress acumulado pelos julgamentos, pelos comentários de que todos fomos alvo;
é um trabalho penoso, por vezes ingrato, sempre desgastante e cansativo, mas tem destes momentos em que até me sinto reconfortado;
antes do semestre acabar há mais;

sorrisos


fico contente por perceber que amigo(a)s regressaram a esta companhia, com vontade de ir em frente e de vasculhar pelos dias em que estiveram ausentes;
pelo tempo e pelas oportunidades, fico contente, com um sorriso de orelha a orelha;

quarta-feira, maio 2

apresentação


termineio a apresentação do meu texto, sobre os instrumentos das políticas disciplinares na escola pública;
optei pelo princípio e estruturei a apresentação a partir do objectivo (analisar a disciplina na escola como um dos elementos de regulação dos quotidianos), passando pelo objecto (os instrumentos produzidos tendo em vista a regulação de comportamentos pedagógicos e sociais) e pelo quadro de análise (as políticas públicas e o conhecimento em educação) e a terminar no conjunto de conceitos (disciplina, regulação, instrumento, governança) que considero estruturantes à tese e que me permitem ir da concepção normativa da disciplina na escola à construção social dos comportamentos;
apesar dos sofrimentos, do processo lento e algo penoso desta construção, feito por aproximações sucessivas, considero que cada vez mais estou apaixonado pelo tema; não pelos comportamentos que se podem perspectivar, mais pelas ideias e pelos valores que se podem determinar e associar à ideia de disciplina na escola, às mundovidências que daí decorrem, ao papel que a escola tem e assume no contexto social, ao papel que os professores concebem à sua acção e às dimensões que a educação tem enquanto prática social;
o acervo é constituído pelo arquivo de duas escolas da cidade (uma secundária com 3º ciclo, uma outra EB2/3) e pelos instrumentos que se produziram tendo em vista a regulação (e não a regulamentação) dos comportamentos, nomeadamente os projectos implementados, as acções definidas, as soluções encontradas, bem como (e cerne da investigação) as ideias e os valores que aí se encontram, os recursos mobilizados, a participação dos actores, o envolvimento do conhecimento (pedagógico e social) nessa construção e definição;
num processo de longa duração (vai de 1977 a 2007) poder-se-á perspectivar não apenas o que muda mas, assim o pretendo, o que permanece como infra-estrutural à acção pedagógica, aos desempenhos profissionais, às concepções de escola e de educação;
tenha eu unhas para esta viola, pois e inevitavelmente (?) já encontrei inúmeras omissões no texto que apresentei, faltas que partem do meu envolvimento e da presunção do conhecimento, coisa que manifestamente é imperdoável num texto académico;

Maio


entrámos no mês de Maio e sente-se a falta do sol, dos dias mais quentes, mais alegres e reconfortantes;
o dia de hoje, por estas bandas, mais parece um dia de Outono, daqueles cinzentos, a variar entre o tímido e o chuvisco;
apetece-me sol, apetece-me o tempo quente para espairecer, para ter uma outra cara (como se isso fosse possível);

terça-feira, maio 1

coisas


coisas novas, um espaço designado de Coisas da Educação;
facilita-me o acesso a coisas que me podem ser úteis e partilham-se pontos de vista e ideias sobre a coisa educativa;
reflectem não apenas o meu interesse mas acima de tudo, a minha ideia de escola e de educação, assente numa dimensão inclusiva e participativa, de debate e de coisa pública;