domingo, janeiro 28

mil


ultrapassou-se uma fasquia, a dos mil passantes;
vale o que vale (se é que vale alguma coisa), mas não deixa de servir como uma referência, metáforas da curiosidade e, e acima de tudo, das amizades;
dos espaços por onde tenho passado, nesta blogosfera, tenho construído diferentes amizades, deixado algumas saudades mas aquilo que deveras me interessa e gosto e sinto um enorme privilégio, é de perceber aquelas amizades que mantenho, que persistem apesar de algumas reviravoltas na minha escrita, nos temas em que me centro, nos destaques que crio;
é um enorme privilégio ter e sentir amizades que perduram, em ambientes virtuais é certo, mas com pujança bem real - e vocês, uns e outro, sabem quem são;
obrigado;

vá lá


apesar de rijinhos, apesar de bem cozidinhos, lá se paparam os ditos pasteis de belém; a azia ainda ameaçou, mas nada que fosse além da ansiedade, da espectativa;
este já está; e neste fim-de-semana já ganhámos em vários campos;
teremos pernas e engenho para persistir?

sábado, janeiro 27

a união


apetece-me escrever que a união faz a força, mas sinto algum receio que os pastelinhos de belém me possam azedar o estomago depois do jantar;
como o cego da minha terra costuma dizer, logo se verá.

diferenciação


A convite de uma editora estive ontem numa acção de formação (propaganda) sobre pedagogia diferenciada face às competências específicas da disciplina de História;
primeira ideia, dos colegas presentes muitos me perguntaram se ainda sou professor; sou e não vou nunca deixar de o ser; quando me perguntam o que faço continuo a afirmar que sou professor dos ensinos básico e secundário; no resto estou de passagem [não sei é para que margem];
segundo, antes de se iniciar a acção, já muitos diziam que tinham a certeza de que não iriam ouvir nada de novo, nem aprender nada de jeito; provavelmente terão razão, apenas aprendemos o que queremos e com quem queremos e não por que alguém quer;
terceiro, é a uma reconfiguração de estratégias editoriais, face à nova redacção do ECD, no campo das acções de formação, e na limitação de publicidade dentro das escolas (ou fora delas) opta-se por um misto entre acção de formação sobre os seus produtos e divulgação dos seus conteúdos; é o dois em um tuga de contornar limitações e dificuldades;
quarto, de tão curta que foi muito ficou por dizer e consciente que a senhora que falou omitiu que é a linguagem que cria os significados e não o inverso, isto é, falou de diferenciação e não definiu o que é isso, o que implica, as relações que estrutura, as ideias que pressupõe;
último, nem tocou num dos pontos mais determinantes de uma estratégia de diferenciação pelas competências, a avaliação;

sexta-feira, janeiro 26

pêlo não


voto sim.
retirei esta imagem deste canto (de quando em vez passo por lá para ler prazeres alheios, descobrir gostos próprios);
o tema da interrupção voluntária da gravidez e toda a discussão que por aí anda, não me leva a escrever;
mas (uma vez mais) a posta de hoje de JPP leva-me a considerar a pertinência da sua escrita e dos seus argumentos;
ninguém vai aprender ou esclarecer o que seja nesta discussão; trocam-se emoções e opiniões, mais que razões, menos ainda argumentos;
procura-se encostar o adversário às lógicas da ideologia (partidária), dos valores, quando o que aqui está em causa é saber se aquilo que já está legislado (a interrupção voluntária da gravidez a pedido da mulher) é crime, ou não;
mais parece um diálogo de surdos, uma conversa de mudos;
utilizo a imagem para dizer que pêlo não, voto sim;

maravilhas da técnica


A região de turismo de Évora, segundo os jornais cá da terra, encontra-se a promover o palácio ducal de Vila Viçosa às 7 maravilhas nacionais, omitindo outras propostas, Templo Romano de Évora e a aldeia de Monsaraz;
se dúvidas existissem ficam minimizadas do excelente trabalho técnico que os senhores por ali desenvolvem;
e não há problema pois estão longe de opções políticas, foi apenas, estou certo dos seus argumentos, uma maravilha da técnica;

quinta-feira, janeiro 25

mudança


como balança que sou é algo instável encontrar-me em estabilidade;
vai daí e mudei de look, de visual;
há mais de 5 anos que usava óculos sem aros, daqueles fininhos, que passavam quase que despercebidos entre o agarrado às orelhas e em suporte no topo do nariz;
a minha filha, por exemplo, não me conhecia outra cara, outra imagem que não a de agarrado a esses óculos;
agora mudei-me, de armas e bagagens, para os de massa, assumindo a caixa d'óculos que sou, a referência em destaque da utilização desse artefacto;
obviamente que todos estranham, se nota; uns para melhor, outros para pior, ninguém indiferente;
mas ou bem que mudava e se sentia a mudança ou se ficaria pelas meias tintas, aquela de mudar, mas não se sentir;
não gosto de meias tintas, se era para mudar, mude-se;
já está;

do debate


Esta entrada de JPP, no seu não menos famoso abrupto, cria a vontade de discorrer em torno da ideia;
genericamente concordo com ela;
chegaram ao patamar do protagonismo político um conjunto de elementos (consoante a corrente poder-se-ão designar de actores), nascidos ainda antes de 74 (década de 50), formados nos ventos da primavera marcelistas e consolidados entre o PREC e a democracia pré-CEE;
apesar de pertencerem aos diferentes partidos políticos, têm, como traços comuns, estarem no mesmo intervalo etário (grosso modo entre os 45 e os 55), estão nos partidos pelos menos desde meados da década de 80, têm uma excessiva consideração, quando não valorização, pelos ventos da Europa, na generalidade têm uma formação que raramente exerceram ou praticaram, estão imbuídos de um misto entre o espírito da retórica parlamentar (com laivos normativos, juridico-legais) e uma tecnocracia saxónica (dos modelos de gestão, das lógicas de organização, da mediatização da coisa pública);
combinar a operacionalidade de um com outro é que é difícil, como é difícil a sua implementação;
neste sentido, por vezes faz-se sentir o desacordo entre um quadro conceptual(formado em lógicas mais políticas que partidárias, mais europeias que nacionais, mais urbanas que rurais) e um quadro mental ainda manifestamente português (do desenrasca, do logo se vê, da resposta mais retórica do que prática, da ausência de resultados ou de avaliação, da pequenez mesquinha);
onde divirjo com JPP (qual pretensão e arrogância) é a de que também ele pertence a esta geração, a este conjunto de actores que comanda (e estou certo que irão comandar) os destinos da nação;
onde diverge ela da geração que a antecede, dos 35-45, aquela mesma onde me situo (pelo menos na faixa etária)? quais as diferenças entre uma e outra?
em meu entender em dois planos, por um lado, numa maior harmonização entre o quadro conceptual e o quadro mental (já aqui o tenho dito e escrito, não me prendem fantasmas no sótão, nem tenho esqueletos no armário) e, por outro lado, o dos resultados (não tão práticos, mas claramente obtidos mediante processos substancialmente diferentes (menos oligárquicos, menos reticulares, de uma maior autonomia e responsabilização);
considero que não há divergência de posições (entre o dissecado por JPP e aquilo que desmonto ou desvelo);
mas há um risco, há muito assumido pela minha própria prática pessoal, organizacional e política, a de o meu grupo ficar a ver passar os comboios, perder oportunidades e não conseguir (por demérito de uns e por falta de mérito de outros) aceder aos patamares da gestão da coisa pública;
onde nos colocaram mais não é que um rebuçado, um entretém para que não moa, não resmungue, não fale e, mais importante, não se pense;
erro craso este o de desvalorizar o outro;

quarta-feira, janeiro 24

oportunidades


em 1999/2000 quando os donos do google compraram esta plataforma, blogger, questionei-me sobre a oportunidade e a consistência do negócio. Já tinha ouvido falar da coisa, mas, sinceramente, não lhe augurava grandes expectativas - como se nota, falhanço total;
quando, no final do ano passado, se teve conhecimento da pipa de massa dada pelos mesmos patrões pelo youtube, já nem me questionei, nem surpreendi;
mais rapidamente que antes, é negócio confirmado, oportunidade assegurada;
de momento é difícil passar por dois blogues simultaneamente em que um deles não tenha um vídeo do youtube acoplado;
o mundo pula e avança, como bola colorida... oportunidades.

visibilidade


sempre gostei de arquitectura; da sua representação, dos seus pressupostos, das lógicas de organização não apenas do espaço mas das lógicas que organizam esse mesmo espaço - por isso gosto deste espaço;
historicamente é uma das referências de marca na interpretação da coisa passada (quando não mesmo da presente); é através dela que podemos perceber lógicas do pensamente, culturas de relacionamento, pressupostos de acção e de intervenção - a transição entre o românico e o gótico não se faz apenas assente em pressupostos técnicos, a volumetria do barroco não é um adereço, entre outros exemplos;
há dias, nas minhas leituras, confirmei a ideia e o gosto; num texto sobre a pós-modernidade (seja lá isso o que for) encontro a referência que a arquitectura é das artes que permite visibilizar conceitos, neste caso o de pós-modernismos, mediante lógicas de organização dos espaços que mais não são que lógicas de fluxos, de redes, de partilhas, de fluências, de modos de encarar a relação entre o espaço público e o espaço privado, a decomposição do complexo;
olhar a arquitectura sob o signo do conceito é um outro desafio e percebemos a estruturação do espaço em nossa volta, o que ele significa, o que ele nos quer transmitir, a diferença entre o project e o vivenciado pela pessoa determina uma outra rede de significações.
é este espaço de visibilidade que muita das vezes nos impede de ver o óbvio; óbvio quando alguém nos chama a atenção, nos prende o olhar, nos explica o que estamos a ver;

terça-feira, janeiro 23

texto


estive quase um dia inteiro a tentar escrever um resumo, uma síntese (sintética e resumida) daquilo que pretendo fazer (quase por algumas variações e alguma dispersão);
o objectivo, para além de escrever um resumo do que pretendo fazer, relaciona-se com a apresentação do registo definitivo da tese, registo que se pretende claro, curto, conciso e concreto;
este esforço, aparentemente inglório e inconsequente, quando não mesmo despropositado, permite-me aferir das minhas ideias, quer quanto aos conceitos que quero trabalhar (por ordem, as políticas públicas, a disciplina escolar a regulação social e a organização pedagógica da escola), quer quanto à relação entre questão/objecto/metodologia e, no meio disto, a coerência e a consistência entre as suas diferentes partes;
tenho por hábito, por um lado, gostar daquilo que escrevo, mas, por outro, sentir a necessidade de deixar marinar, repousar as ideias, secar a tinta da escrita e perceber se efectivamente o texto corresponde ao pretendido, está perceptível;
a ver vamos;

urbanas


Vivo no campo, gosto de me afastar da cidade, de me distanciar do ruído e da maralha, mas sou profundamente urbano;
gosto das cidades, das ruas, das esquinas, dos espaços, da fluidez de imagens e de registos, dos sentimentos que incutem e fazem pressupor;
este é um apontamento (entre muitos que possuo) que reflecte esse meu sentimento;
é um pormenor da estação do Senhor Roubado, onde espero por boleia, tirada há precisamente um ano, em fim de dia;
é um pormenor que nos permite compreender o que somos, mais do que por onde passamos;

segunda-feira, janeiro 22

aragem


por manifesto bom senso e reconhecimento (pessoal e público) coloco aqui ao lado uma aragem oriunda do norte;
começou por ser uma leve brisa individual, está assumidamente uma corrente de ar colectiva;
partilho muitas das ideias relativamente à escola e à educação; mas não o tom pessimista e algo desencantado que algumas das entradas deixam transparecer;
faço minhas algumas das críticas ao sistema, à sua organização, às políticas e aos políticos;
mas também sou capaz de referenciar práticas desajustadas, atitudes passadista, ideologias de exclusão, teorias de darwinismo social;
afinal, partilho de um mesmo sentimento, para o bom e para o mau, gosto de ser professor;

discernimento


então não é que um amigo destas bandas diz que leva uma cabeça para discernimento; logo a minha da qual não discorro nada, nem discernimento nem vento;
sente-se a ausência de uma conversa, provavelmente agora de Inverno, no regaço do calor da lareira;
considero agradável perceber as diferenças de opinião, as valorizações que são feitas, as percepções de que damos contas;
para uns somos uma carta a mais, um joker incomodativo, para outros um ponto de discernimento;
afinal somos aquilo que o outro quer que sejamos;
ou seremos alguma coisa de modus próprio?

devagarinho


quase que subtilmente, deixo para trás a dimensão partidária nesta minha escrita;
restrinjo-me às políticas públicas, no contexto de um projecto de investigação;
as políticas partidárias, essas, ficam para trás, fruto de circunstâncias várias;
não é ela que está mal ou chocha, sou eu que estou cansado;
de quando em quando rendo-me à minha insignificância de gente; para quê discutir se já está decidido; para quê escutar quando somos surdos; para quê falar se não me faço entender;
poderá existir uma democracia participativa sem partidos participativos?
qual a correspondência entre saúde democrática e saúde partidária?
qual o sentido colectivo de um somatório de acções individuais?

sábado, janeiro 20

sítios da minha terra


em tempos, tempos de estudante, ainda com todo o gosto pela História, referenciei, juntamente com colegas da área, mais de 200 locais de culto na cidade de Évora;
capelas e capelinhas, umas públicas outras particulares, umas abertas outras fechadas, umas acessíveis outras nem tanto, igrejas, pequenas e grandes, mais antigas ou mais recentes;
foi um trabalho de que gostei e que me atirou para uma primeira abordagem à investigação, num trabalho que nunca cheguei a concluir denominado geografia da fé;
a alteração ao trânsito na cidade de Évora levou a identificar uma dessas capelas, um dos locais por onde muito poucos passam, desviada de circuitos e roteiros, é um local que nunca vi aberto - fica perto do mercado 1º de Maio, não sei sequer o nome da rua;
como não sei nem o nome nem qual o(a) santo(a); um apontamento dos sítios da minha terra e do muito que ela esconde;

silêncio


a última entrada da Sofia, ainda por cima em reacção às minhas saudades, trouxe-me à memória duas situações;
por um lado, a minha pessoa e uma das razões pela qual trabalho a ideia de disciplina escolar enquanto elemento de regulação da acção social; no inicio dos anos 90 era o último a chegar à escola, a ser colocado, ficava com os horários e as turmas que os outros não queriam, o resultado é fácil de imaginar; mas, face às circunstâncias tinha duas hipóteses, ou amargurava ou desistia; optei por procurar alternativas que recairam num misto de pedagogia diferenciada, trabalho de projecto ou pedagogia pela descoberta;
por outro e já no contexto do trabalho que desenvolvo, encontro uma afirmação lapidar, Num extremo, a disciplina é o valor do silêncio ..." (Benavente, 1994, Revista Educação, Sociedade & Culturas)
e não é o silêncio que queremos nas nossas salas de aula;
pois não Sofia?!?!?!?!?!

sexta-feira, janeiro 19

inutilidades


costumo dizer que quando não há nada para fazer façam-se meninos;
pois bem, não é bem isso, é uma outra coisa mas anda lá perto, pelo menos dá jeito quando se pensa nisso;
passem por este sítio e percebam a V/ temperatura;
a minha está referenciada - não estavam a pensar que o publicaria caso fosse cold ou chilly, pois não!?!? :)

saudades



é um inicio de ano entre o normal e o anormal; incoerente? é verdade; imperceptível? tento fazer perceber; mas que é esquisito, lá isso assim o sinto;
os dois amigos referenciados nas imagens (uns e outro, companheiros de escritas e de ideias, de sentimentos e de algumas cumplicidades andam arredios;
que se passa? certo que é um ano normal - stress, exigências, prazos, obrigações, devoções o certo é que sinto a falta da sua escrita;
para mim, no meu entendimento, a blogosfera é também feita desta coisas, cumplicidades não cumplíces, proximidades afastadas, aconchegos distantes;

entalados


somos filhos e somos pais; estamos entalados entre uns que nos exigem atenção (os filhos), e outros que nos exigem atenção (os pais);
penso que tenha sido J. M. Vaz que tenha definido esta situação como "a geração sanduiche";
quando tudo corre bem, nada se assinala, afinal tudo está bem e é um prazer saborear uma sanduiche, sempre é uma variação à tradicional culinária;
mas, e há sempre um mas, quando as coisas não estão bem (constipações, doenças, moengas da velhice ou traquinices da fase do armário) então ai Jesus - logo eu, agnóstico confesso;
é como eu hoje me sinto; entalado, ensanduichado, os avós aceleram na idade e desgastam-nos a paciência (logo eu), uma constipação na velhice dá pano para mangas e é um respirar fundo de suspiros (ainda se fossem doces); os manos esses andam que só à marretada se separam;
a esposa estica para um lado e para o outro, acode aqui e ali, apaga (procura apagar) fogos e fogachos, consciente que se o deixamos em banho maria então é que ninguém domina nada;
por mim nem sei o que faça; apesar de 6ª feira ainda há moengas pela noite, resultado, não posso ir degostar o fim-de-semana, o fim do mês, recarregar pipas de paciência;
cada um tem o que merece e eu estou entalado;

quinta-feira, janeiro 18

disciplina




dois apontamentos (em imagens) meus, sinal da minha procura, da minha pesquisa;
procuro disciplia, se puder com um pouco e políticas públicas seria bom, agora se agarrado à disciplina e às políticas públicas conseguir anexar a regulação social então calhava que nem ginjas;
é um trabalho lento, paciente (coisa que de quando em vez me falta), a exigir algum rigor e organização (pela qual por vezes resvalo);
ando a ler F. Fisher (2003) e estou a gostar; enquadra-se na corrente americana (prático, directo, consiso, com exemplos, com ligações entre teoria e prática), mas acima de tudo estou a gostar pela associação que procura criar entre as políticas públicas e as ideias, por intermédio do discurso, das conversas, das palavras naquilo que designa como uma "rede de sentidos sociais produzidos e reproduzidos através das práticas discursivas";
para os tempos que correm na educação, em geral, e na escola, muito em particular, permite-nos perspectivar outros pontos de análise, compreensão e, sobretudo, interpretação;
mas disciplina precisa-se e por vezes (como agora - em pausa pedagógica) disperso-me;

canto

a procura do espaço Intenret, por enquanto ainda circunscrito a um canto da casa, remete para um canto de leituras, quem dela menos precisa nesse momento;
um apontamento tirado já há tempos pela filha enquanto se entretinha a navegar;

terça-feira, janeiro 16

redução


por uma casual combinação de situações, tive hoje a oportunidade de defender a ideia de estender a educação para além da escola;
por um lado, num conselho municipal de educação, onde cada vez mais se apela à escola para resolver quase tudo, incluindo as questões do desenvolvimento local;
por outro, a apresentação do quadro de referência estratégica nacional, onde um dos principais, senão mesmo o principal destaque, recai na juventude;
concordo com um e com outro, mas reduzir a juventude à escola e à sua dimensão de educação formal é sobrecarregar quer a escola, quer os professores, quer os alunos (e respectivas famílias) com requisitos para os quais isoladamente não há nem resposta nem hipótese;
alargar os espaços da juventude (e da formação) a outras dimensões e lugares é permitir que cada um faça melhor o que sabe e o que deve; criando-se complementaridades, mecanismos de integração e articulação, definindo instrumentos de aproveitamento e valorização das competências que se adquirem e desenvolvem num dos diferentes lugares onde aprendemos;
talvez aproveitando as possibilidades e oportunidades de cada lugar, a escola tenha espaço e condições para respirar e a construção de uma democracia participativa mais e maiores hipóteses de se afirmar;
talvez...

sítios da minha terra


à semelhança de outras ideias, puxo para este meu cantinho um conjunto de apontamentos, em imagem, que designo sítios da minha terra;
são apontamentos soltos, uns em pormenor, outros flashes ocasionais, instântaneos; são oriundos de diferentes pontos, de locais por onde passo, onde vou, onde estou;
por uma qualquer razão dizem-me algo, despertam o meu interesse, quando não mesmo a curiosidade;
começo por esta imagem da ponte de Mourão sob as águas do grande lago (Alqueva) onde o dia se sumia, como que por um canudo;
ao longo de todo o dia foi o único momento em que o Sol conseguiu espreitar;

colaborativo


na escola reclamo da falta de trabalho colaborativo;
na administração pública reclamo da ausência de colaboração - institucional e interinstitucional;
sou filho único mas aprendi a trabalhar em grupo, a colaborar na resolução de problemas, na procura de respostas, na definição de metodologias, na implementação de estratégias;
a herança organizacional portuguesa é forte demais para se quebrar de um momento para o outro; assenta na individualização do poder, na hierarquização das chefias, no mando vertical, unidireccional e passivo, em lógicas que cruzam fordismo e taylorismo, fabricação rotineira, procedimental, operária;
implementar lógicas colaborativas é tão difícil na escola como na demais administração pública; mais (acrescento eu) é tão difícil num e noutro por que um (a escola) faz questão de acentuar essas lógicas de trabalho, de reproduzir modelos de organização do trabalho; estamos ainda longe de perceber as práticas partilhadas, colaborativas, de em conjunto procurarmos, por diferentes métodos, a prossecução do mesmo objectivo, de comunicarmos modos e procedimentos, sentimentos e ideias; assumir a diluição dos poderes, a proliferação de diferentes formas e funções do poder é coisa que da qual muita da administração pública está afastada;
não depende nem de reformas, nem de políticas (ainda que uma e outra possam criar facilitações), depende das pessoas, das lideranças, da assunção do que se faz e para que se faz;

segunda-feira, janeiro 15

estabilidade

estamos tão habituados à acalmia das situações, à gestão individualizada da coisa pública, aos protagonismos solitários, às acções pontuais que, pela tradição, pelo uso e pelo costume consideramos que é assim, e pronto; alternativas? ná, são piores, provocam alterações, dão moenga;
continuamos a pensar a acção pública do Estado sob o ponto de vista da pirâmide, de uma dada lógica que pensamos e queremos racional, ordenada, vertical, passiva;
temos dificuldades em pensar a acção do Estado, nomeadamente a acção pública, mediante a diluição dos poderes, a criação de lógicas matriciais, a partilha das redes, os fluxos desconexos, a gestão do imprevisto, a negociação dos interesses, o debate dos objectivos;
por estas e por outras, a nossa administração pública (particularmente a regional) debate-se entre a estabilidade da tradição e a imposição (obrigação) da adaptação a outras lógicas não apenas de gestão e de administração mas de organização, de funcionamento, de colaboração;
permanecemos fechados em conchas individuais, certos dos muitos afazeres, distantes do muito que acontece ao lado, perto da sofreguidão dos quotidianos, longe das redes, das lógicas colaborativas;
sozinhos é mais difícil, quando não mesmo impossível; aceito as lógicas políticas, tenho pena do isolamento partidário;

concerto


tive recentemente conhecimento que pelos lados de Beja se concertam posições e ideias sobre o Alentejo e que vão muito para além dos interesses político partidários individuais; que se procuram articular os diferentes interesses para que, juntos, possam fazer valer a sua posição perante a reforma da administração pública e a sua lógica territorial regional;
sei que por Portalegre, com outra dimensão e outros envolvimentos, se processa o mesmo, isto é se procuram conjugar interesses e políticas;
cá por Évora (distrito) também; eu, é que não dou por isso; eu, é que não me apercebo disso;

sábado, janeiro 13

temperatura

Não sei como está a temperatura por aí e pode ser um risco generalizar;
mas, por estas minhas bandas, está quente, ando/estou de manga curta, melhor na rua que em casa, mas sem necessitar de mais nada;
penso não ser normal para a época; cada vez me convenço mais que não iremos deixar grande coisa do que herdámos;
estamos em Janeiro, não é normal esta temperatura, há malmequeres espalhados pelo campo; há árvores de fruto em que a flor já espreita;
está uma temperatura fora do comum;

da cidade


regresso à cidade;
é um tema muito pouco explorado por mim; razões várias fazem com que aborde mais a região e me distancie da cidade; são tantos os temas passíveis de abordagem quanto os treinadores de bancada que se exercitam em retóricas argumentativas mais ou menos retorcidas;
há tempos, comentavam que há muito tempo, muito mesmo, que Évora não tem um presidente de Évora; pelos menos desde a democracia que têm sido importados;
é certo que santos da casa não fazem milagres; é também certo que se fica sempre com receio das sombras;
mas como seria se o presidente desta cidade fosse desta cidade? (independentemente do partido);
qual seriam as suas valorizações, as suas apostas?
como sentiria e manifestaria esse sentimento relativamente à calçada d'Évora, aos labirintos de ruelas, às capelas dispersas, à relação com as freguesias rurais?
como seriam as ligações da cidade?
por onde fluiriam sentimentos e expressões, momentos e oportunidades de ser Évora, de afirmar Évora?

quinta-feira, janeiro 11

sentido social


ao nível do trabalho académico, procuro trabalhar o conceito de disciplina escolar enquanto elemento de regulação na construção social do indíviduo;
mas não há oportunidade que, quando troco ideias sobre o que faço, não se aborde a indisciplina; e não tem sido fácil criar uma linha argumentativa onde o que destaco é a ideia de disciplina enquanto elemento de construção da pessoa - em tempos de operários disciplinados e ordenados, entre o acéfalo e o acrítico, hoje (talvez) se solicite a reflexão crítica, a autonomia, a iniciativa, o empreendedorismo;
a questão que se torna fulcral nesta análise acaba por assentar na ideia do poder, nos seus mecanismos de acção e regulação, no papel da escola na perpectuação de lógicas, na reprodução de modelos e práticas, na participação e da representatividade; e aqui a ideia de disciplina escolar ganha uma outra dimensão, particularmente se olhada sob a perspectiva das políticas públicas educativas onde, com diferentes dimensões e pretextos, o que tratamos não é o hoje e o agora (por muito que os sindicatos e alguns professores o defendam) mas o amanhã, o devir construído na escola e sob acção educativa, face ao papel pensado e atribuído à escola nos seus próprios espaços de poder e participação;
agora que me dedico a operacionalizar esta ideia a escola ganha uma outra perspectiva e a acção educativa uma outra dimensão;
tenha eu pernas e sentido para levar a nau a bom porto;

cidade


a cidade é aquilo que uns pensam ou será aquilo que dela fazemos?
a cidade é o que queremos ou apenas o que podemos?
a cidade é feita de pessoas e de coisas, casos e acontecimentos, factos e histórias mas também de intenções, de política, de opções;
desde o passado fim-de-semana e a propósito de um ranking de e sobre cidades, que se discute Évora com outros argumentos, sob outros pontos de vista (olhares);
nem de perto nem de longe se voltou a falar na cidade de excelência tão defendida pelo presidente e tão malfadada por toda a oposição, mas destacam-se as contrariedades da dinamização comercial, dos festejos de Verão, da inépcia social;
considero engraçado ouvir partidos de direita a defender a intervenção do estado (no caso local) perante os comerciantes e perante o comércio; como é interessante perceber os sentidos da acção social na dinamização do Verão, faça a Câmara e não deixe os outros fazer;
começo-me seriamente a convencer da selectividade da memória, da capacidade de discriminar o que interessa a uns e num momento e a outros noutro momento;
já o PC local não fica atrás do parceiro de acção, o PSD, que aniquilou dinâmicas locais ao promover apenas os seus interesses particulares nas festividades de Verão, nas conivências criadas com este ou com aquele em detrimento de outros e de outras propostas;
se há críticas que podem ser atribuidas à actual vereação ela consiste na dificuldade de criar coerência no muito que é feito na cidade e no concelho; com apoios institucionais, mas com dinâmicas próprias, com sentidos colectivos a partir de iniciativas particulares;
estou certo que a população não esquece e apesar da selectividade de cada um o colectivo eborense sobrepor-se-à a alguns interesses (ou interessados?)

reforço


o glorioso teve o seu primeiro reforço de Inverno, um valente atestanço de petrodólares;
pode não significar nada cá para aquilo que nos interessa (campeonato, taças, etc) mas que é um reforço lá isso é;

quarta-feira, janeiro 10

causas e consequências

face a esta missiva do meu conterrâneo, onde ficará a responsabilidade da criação ao desbarato de cursos e de universidades?
porque se pedem responsabilidades às consequências quando a causa ficou impune?
qual a responsabilidade do PSD na definição de uma lei de autonomia do ensino superior assente em lógicas quantitativas de financiamento? o porquê da resistência do PSD à alteração dessa legislação?
temos vista curta ou será apenas a mmória selectiva a agir?
esquecemos as causas para olhar apenas às consequências mais à mão?

normal


ontem passei um bom bocado da manhã na escola, na minha escola;
com as devidas cautelas e com algum comedimento fico com a sensação que, apesar do ruído, do pó, de algumas circunstâncias que se colocam aos profissionais da educação e à escola enquanto realidade organizacional, pouco mudou;
em conversa de café com alguns colegas procurei perceber o que tinha mudado de um ano lectivo para o outro, com a escola a tempo inteiro, com as aulas de substituição, com com as obrigações paralelas colocadas à escola, com o novo estatuto da carreira docente; a resposta, os comentários foram comuns, do ponto de vista organizacional pouco mudou; apenas mais burocracia; que se acentua por manifesta desorganização da escola e de alguns professores;
tudo o resto, o grosso da escola e da sua tradição permanece quase que imutável;
os bons professores empenham-se e desgastam-se, os alunos guerreiam e moem, os funcionários funcionam; o resto é paisagem;
sinal que a normalidade permanece e que ainda há muito espaço de manobra;

do erro


é verdade, é público e é notório, dou erros, erro;
será que alguém descobriu que sou simplesmente humano?
que, afinal, errar é humano? que pertenço aquela categoria de humanos que erra, que tem dúvidas, que hesito?
que sou dos expostos, é também verdade; como docente do ensino básico e secundário tenho mais olhos sobre mim do que outros profissionais; que a tolerância ao erro é menor também é verdade;
mas, reconheço, que dou erro; e não dou qualquer justificação para isso; dou erros e pronto;
já agora, fico também contente que alguém os aponte, os referencie, os descubra, os mostre; é sinal que lê aquilo que escrevo e que pouco consegue acrescentar/criticar à ideia exposta, ao pensamento colocado;

segunda-feira, janeiro 8

descriminação

apesar de pouco adiantar mas ficar de cabeça mais tranquila, asseguro que a diferença entra as imagens da entrada abaixo não foi propositada e decorreu tão só das próprias configurações de origem - apesar de não me importar, claro está :))

juntos



na minha entrada sobre o resultado da taça entre o FCP e o ACP fiquei a saber que o autor do golo (ganda golo) já esteve por estas paragens alentejanas;
levou-me a pensar sobre o que é isto do futebol na cidade de Évora e no Alentejo de um modo geral;
estou certo que existirão variados pensadores que dirão que a culpa é da câmara municipal e em particular do seu presidente, no caso de Évora;
o Lusitano tem um história vasta, tendo militado na 1ª divisão nos anos 60; o Juventude, menos brilhante, esteve lá perto, no início dos anos 80 e só não subiu pela tradição e pelo peso proletário e social que transporta consigo (já agora e aqui sim, sou juventudista desde pequenino e só não tenho os anos de sócio que tenho de idade porque os senhores fizeram a grata figura de me limpar dos registos);
em tempos militaram na então segunda divisão; com a reestruturação do futebol nacional e a criação das ligas profissionais cairam para o nível dos então regionais de onde poucas hipóteses têm de sair, seja por falta de apoios, seja por manifesto voluntarismo clubístico de um e de outro, seja por clara incapacidade de alimentar escolas de formação que não sejam para vender;
consequência de toda uma política desportiva, mais por responsabilidades próprias que alheias (por muito que digam o contrário), o certo é que Évora, património mundial, centro social e político, charneira regional não tem, nem se vislumbra vir a ter, uma equipa digna desse nome;
há anos atrás, ainda questionei, se não seria interessante criar um equipa de Évora forte e de combate e tanto Juventude como Lusitano se ficarem pelos escalões de formação? não cairam as colunas do templo dito de Diana por que não calhou;
são estas as causas que fazem do Alentejo uma vasta zona de ninguém e de coisa nenhuma;
e assim permanecerá porque juntos nem mortos;

conversa


terei amanhã a primeira conversa de espírito santo de orelha com o meu orientador;
preocupação essencial, definir uma estratégia que me permita gerir e equilibrar (é uma boa metáfora) o meu tempo profissional com o académico mediante a estruturação de obrigações “contratuais” (isto é, momentos, oportunidades para que possa trocar ideias com o senhor, apresentar textos orientados e aferir das situações, caso contrário não funciono);
e não tem sido fácil criar este equilíbrio; não tenho um horário até às 17H (felizmente), a família pede atenção (é idade para isso e não se repetem os momentos), os afazeres são diversos e plurais (o que me entusiasma mas também me condiciona e desgasta);
como processo marcadamente individual e solitário é também um processo de auto-conhecimento e de organização entre o espartana e o monástica - não sou militar, nem crente o que significa que terei de ficar entre um e outro num processo a construir por mim próprio;
assim espero com a conversa;

domingo, janeiro 7

de pequenino

é o que dá quando não se valorizam os adversários, independentemente da divisão que se disputa;
fez-se taça, hoje tal como com o Gondomar há anos atrás;
O senhor professor não se deve dar com os ares dos pequenos;
acrescento a isto uma inconfidência, sou do Atlético desde pequenino:)

Actualizações

Tive oportunidade de actualizar as ligações de cabeça aqui ao lado;
não lhe poderei chamar uma actualização tendo em conta que é mais um repescar de ligações que sempre estiveram presentes nos cantos da blogosfera por onde tenho escrito e divagado;
gosto delas, pulo por ali com regularidade; são mostras de mim mesmo;

quinta-feira, janeiro 4

afastado


sento-me no meu cantinho a pensar em trabalhar um pouco;
faço um zapping pelos sítios da net que gosto de visitar e acompanhar, prescruto o correio, mas...
mantenho-me afastado do meu trabalho académico; razões várias (todas pessoais e um pouco manhosas) fazem com que não consiga trabalhar;
as leituras enervam-me, irritam-me, sejam elas quais forem, não consigo organizar os elementos que tenho por aqui, dispersos, soltos, desarrumados; a capacidade de atenção há muito que atingiu o amarelo, disperso-me, divago; distribuo livros pela casa, por quase todos os cantos, mas nem lhes toco, quanto muito mudo-os de sítio;
sei, por experiência própria, que o mês de Janeiro é, no contexto do meu bio-ritmo, um mês complicado; mas há quem não esteja minimamente preocupado com essas coisas (apetece-me dizer mariquices);
quero querer que não serei o único, estranho a ausência de mensagens, de correio, entre o pessoal, aqueles que designo como sofredores; mas com situação dos outros podemos nós sempre muito bem;
tenho, por dever, obrigação e necessidade de me aproximar, de me reaproximar deste trabalho, de o recuperar, de retemperar ideias e acções;

Região


Há quem, com números e figuras, procure pintar a cores negras o Alentejo;
há argumentos fortes a esse favor - o analfabetismo, a falta de qualificações profissionais, pessoais e literárias, as literacias, o envelhecimento, entre outras muitas outras;
perante o cenário há quem, por um lado, opte por carpir mágoas e até, pasme-se, chamar outros tempos, porventura áureos nos números - esquecem-se que apenas em população são melhores, tudo o mais era pior, muito, muito pior - memória curta? ou apenas memória selectiva?;
por outro, culpam, quase que em regime de exclusividade, as políticas públicas nacionais; também há um conjunto de bons argumentos a esse favor - a inexistência de políticas de discriminação posítiva, a ausência de políticas públicas específicamente orientadas para a região, as distâncias aos centros, os fracos protagonistas regionais;
o Alentejo tem sido aquilo que dele temos feito, nós alentejanos, ou deixado fazer; o Alentejo tem de ser e deverá ser aquilo que nós, alentejanos, queremos que seja ou venha a ser;
com respeito pelas pluralidades, pelas diferenças, inclusivamente pelas identidades (internas ou externas, endógenas ou exógenas); como um espaço de integração e complementaridade, de cruzamento mas também de afirmação;
não quero um Alentejo que preserve a imagem do pão e do vinho, do enchido e do porco, da paisagem deserta ou da velhinha a cozer tapetes de Arraiolos;
exijo o respeito por essas imagens, mas desejo e quero um Alentejo, pelo menos para os meus filhos, que integre a tradição mas defina vanguarda, que assuma cortes e desbrave oportunidades na cultura, nas artes, nas democracias; seja um sítio onde se esteja e trabalhe, mesmo na agricultura, que seja, em si mesmo e por si mesmo, um centro de ideias;
como? criando redes e parcerias, defindo sentidos e construindo objectivos, integrando e não excluindo, partilhando e não por intermédio de rivalidades chochas; com políticos e não com interesses individuais;

discursos


hoje tive uma conversa deveras interessante sobre os discursos políticos de esquerda num contexto perfeitamente inesperado;
diziam-me que os discursos de esquerda (socialistas ou comunistas, nacionais ou estrangeiros) dos anos 70 e 80 foram/eram mais interessantes e mais acutilantes que qualquer discurso de esquerda presentemente (seja de sócrates, Zapatero, Blair ou quem quer que seja);
um dos argumentos que utilizei, e que puxo para este canto, cria uma associação entre o nosso espanto (surpresa) perante uma nossa fotografia desses tempos; ficamos admirados pelas roupas, pelas cores, pelos penteados, com os óculos, com os acessórios, apesar de sermos nós e de nos reconhecermos nessas imagens;
de igual modo os discursos da esquerda se tiverem e têm de adaptar a contextos, a tempos, a modos e a oportunidades;
tal como há um elemento de continuidade nas fotografia do antigamente, nós mesmos, também no discurso da esquerda há elementos de continuidade, os mesmos princípios, a defesa dos mesmos valores, o mesmo sentimento e a mesma consciência da dimensão social das políticas públicas;
este tem sido um dos elementos que temos tido (individualmente) dificuldades em nos apropriarmos e que faz toda a diferença com a direita, nomeadamente na prática governativa;
(imagem de Évora antiga, do arquivo municipal)

quarta-feira, janeiro 3

organização

esta é uma semana onde procuro organizar ideias, acções, tarefas e objectivos;
tem sido uma roda viva de conversa, entre um sector e outro, entre a procura de objectivos e sentidos;
à espera do fim, sabendo que estamos no princípio;
coisas da vida nacional;

do pormenor


nunca me imaginei a ter em atenção os pormenores;
provavelmente pelo conjugar da idade com a experiência ligo cada vez aos pormenores, ao detalhe, ao particular;
este é um dos pormenores que gosto de captar, ainda do ano passado, do meu moleskine e da escrita que nele desenho;

terça-feira, janeiro 2

da planície

apetecia-me ter escrito a primeira parte desta posta;
não fui eu, mas roubei-a a quem de direito e aqui a coloco para que a planície chegue mais longe;

estranho

acho estranho estar a organizar, profissionalmente, um semestre pressupondo que irão existir alterações (e significativas) quer do ponto de vista funcional, como territorial, como e inevitavelmente, pessoal- face aos impactos que sempre existem;
parto do pressuposto que existe futuro e não pretendo deixar a casa como a encontrei; mas sei também que existe um fim prévio, agendado por alguns, determinado por outros;
como organizar ideias e sectores, como mobilizar as pessoas e articular os objectivos com lógicas avaliativas - do SIADAP, p.e. - quando sabemos que há prazos (que não conhecemos) e condições que não dominamos?

da leitura

tive conhecimento que uma das livrarias que mais prezo e venero, a livraria leitura, no Porto, vai ser vendida;
não deixa de ser um reflexo do sinal dos tempos, fruto das dimensões e do próprio nome;
faço votos para que não se perca no emaranhado da confusão que as fusões acarretam, que as compras determinam e não se enleie, como outras (a ex-Arco-Íris, de Lisboa) no limbo do desaparecimento;

segunda-feira, janeiro 1

de frente

como é meu hábito e como tive oportunidade de já aqui o ter escrito, os próximos tempos irão ser encarados de frente, seja pela dinâmica, seja pelas exigências;
procurei, no que me diz respeito, organizar o meu semestre, o mais detalhadamente possível mas deixando sempre alguma margem de flexibilidade, de manobra, de fuga pelo que não depende da minha pessoa - e há muita coisa que não depende de mim - nos tempos que se aproximam;
não é necessário referir nem o contexto organizacional/profissional, nem o académico, fico-me por um mais aleatório, mais impreciso e mais volúvel, o político;
os próximos tempos irão determinar muitos dos sentidos e das opções de médio prazo; começar-se-ão a definir cenários e figuras para 2009 (legislativas e autárquicas) e, nestes campos, há espaços de manobra, folgas que irão encontrar o seu tempo e o seu modo ao longo deste primeiro semestre; os arranjos político-partidários, as ideias-força, as apostas e as novidades irão ser um dos elementos em destaque - ainda que muitos digam que é cedo, que pode ser precipitação, ou que é extemporâneo;
surpresas não espero muitas; os mesmos de quase sempre (uma ou outra variação, pontual, mais por omissão), nos mesmos sítios e com os mesmos modos;
não faltam apenas actores políticos a Évora e ao Alentejo, faltam também ideias e projectos, elementos de mobilização (como resultado não deixamos de ser o que outros nos dizem para ser ou para fazer);
se uns perderam o interesse no local/regional, afastados que estão deste meio, a outros a falta atitude para surpreender e para romper com hábitus impede-os de avançar contra ventos e marés - sem a qual não se ganham nem se constróem oportunidades;
onde me posiciono? num equilíbrio indelicado entre aqueles que me querem ver longe dos cenários de discussão e os outros que não sabem se podem contar comigo; fruto disto estarei com um pé entre o sítio onde estou e o regresso à escola; certo que estou descansado pelo que fiz e por aquilo que tenho para fazer; e farei, esteja onde estiver;
de frente

pragmatismo

apesar dos votos, apesar dos desejos, apesar dos esforços, o ano é novo mas a vida é a mesma; não direi velha, nem usada, apenas a mesma;
amanhã tudo volta ao normal, à normalidade, ao quotidiano, às rotinas;
como se acordassemos de um sonho, de um sono e retomássemos a vida onde ela se tinha suspenso;
por um lado, ainda bem que assim é, temos razões para continuar a insistir e a persistir neste nosso quotidiano, procurando, por um lado, continuar, por outro mudar;
por outro lado, é a rotina instalada, a incapacidade de rompermos com o quotidiano, a impossibilidade de fazer de outro modo;
seja por que lado for, vamos a ele que se faz tarde;