domingo, novembro 7

autonomia

Por causa desta posta [mas também dos comentários que desencadeou, estou certo que o não eram os mais esperados pelo Miguel] volto a um tema que me prendeu a atenção durante mais de dois anos, a autonomia. Foi a base da minha dissertação de mestrado, foi um enleio por onde andeia a defender ideias, princípios, orientações, foram questões políticas pelas quais me bati em diferentes patamares do sistema onde tive a oportunidade [e o privilégio] de ter andado.
Depois da justificação o enredo, não há uma autonomia profissional como não há uma autonomia pedagógica. J. Barroso defende-o há muito tempo e antes dele L. Lima e antes destes e lá por fora quer C. Cherryholmes ou D. Lortie a autonomia é um atributo da pessoa, pessoal, próprio, individual. Não se atribui nem se delega, existe, exerce-se. É a partir deste ponto que se definem as restantes autonomias, se apoia uma ideia de educação pela e para a autonomia.
A partir deste ponto podemos discutir simbolos, poderes, exercícios, práticas, princípios e atitudes.
O que o Miguel descreve é uma atitude, um princípio de muitos anos de um ensino virado para um micro-cosmos, o da sala de aula, alheado do seu ambiente, um casulo onde o professor se resguarda de ataques, opressões e pressões [discute-se a influência do poder político nos media, discuta-se, de igual modo, a pressão deste mesmo poder perante o desenrolar das actividades pedagógicas, o seu condicionamento na acção e intervenção do docente]. Daí aquele onde a cultura de sala de aula é mais sedimentada [peço desculpa se firo susceptibilidades] ser a do primeiro ciclo, onde o docente age isoladamente, daí a dificuldade de penetração de muitas das modas pedagógicas, daí a defesa quase que intransigente da necessidade de se conhecer a prática, o quotidiano, e se exigirem medidas capazes de ir ao encontro da mil e uma realidades.
O fundamental é discutir, falar-se sobre lógicas de funcionamento, princípios, de modo a sermos capazes de interpretar a nossa profissão, de a reconstruir, de a afirmar. O resto é estarmos a discutir o sexo dos anjos.

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