quinta-feira, novembro 11

desabafos

a Sofia desabafa, partilha com os outros sentimentos de todos, ela própria o reconhece, o ouviu da boca de quem tem escutado muitos e muitos desabafos, de quem conhece o que é isto de ser professor.
Como em qualquer lado, mas desculpem lá, mais nuns lados que noutros, sentimos que há momentos de fraqueza, que quebramos, que julgamos que não vale a pena, que há outras coisas tão ou mais importantes que isto, que a nossa atenção deve ser, tem de ser desviada. Uns acabam por entregar as armas e passam a ser mais uns funcionários, daqueles que mecanicamente acordam e leccionam, como se o aluno, a pessoa que está à sua frente fosse uma peça, uma máquina, um apetrecho. Outros resistem, labutam, estudam, questionam, refilam, discutem, improvisam. Negoceiam com a pessoa que têm pela frente, apelam à sua participação, resistem à obstinação de serem obstinados.
Entre um e outro lado podem estar duas coisas que ajudam a escolher, a optar por um qualquer desses lados. O meu avô diria, na sua simplicidade de alentejano ignorante, que é o brio profissional, o gosto com que se fazem as coisas, o sentimento de se ser reconhecido quer pelos seus pares quer pelos outros. Na minha arrogância de instruído, na petulância de conhecedor digo apenas que é o gosto de se estar nesta vida e nesta profissão.
vai para 17 anos que me chamam nomes, mas não desisto de lutar por uma escola inclusiva, participada, democrática, tolerante, construtora de pessoas e de saberes. A opção é nossa Sofia. Estou certo que há muito que optas-te. E bem.

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