quarta-feira, dezembro 1

sentido

há uns anos atrás a escola fazia sentido, para quem quer que fosse. Era um espaço destinado a ser e a assegurar, enquanto ritual de passagem, a possibilidade da afirmação social ou de ascensão económica, ou, ainda, de progressão pessoal.
A escola permitia a ascensão social, entrava-se como um zé-ninguém e podia-se sair um senhor doutor ou, no mínimo, com uma profissão. Foi assim que se formaram ordas de gerações que hoje ocupam os lugares intermédios da administração pública ou são os detentores de uma pequena iniciativa privada que arrisca, de electricista, contabilista, etc, etc.
Esta ideia de escola é um sonho perseguido malfadadamente por todos quantos têm sido ministros da educação deste país na democracia de Abril.
Nesta ideia de escola, que enforma também muitos docentes, não há necessidade de motivação. Ela é quase que intrínseca à pessoa, move-se por ela em face de objectivos mais ou menos visíveis, mais ou menos alcançáveis.
Agora os tempos são outros e a grande questão da escola está, talvez, digo eu, no questionar das coisas, num questionar orientado e enquadrado pela escola, na construção de um sentido das coisas, na procura de objectivos, na definição desses objectivos, hoje muitos instáveis, voláteis, imprecisos, inconstantes.
Daí divergir de um colega com o qual tenho partilhado ideias e opiniões, pontos de vista e escrita. Estou certo que esta minha posição não aquece nem arrefece, mas não posso deixar de partilhar desta sua motivação. Ou da procura dela.

2 comentários:

Miguel Pinto disse...

Enquanto lia este texto [clarinho] pensava numa metáfora que pudesse explicar essa busca de sentido para a coisa educativa. Desta vez, o olhar é dirigido para o professor: Na ânsia da ascensão social, esse aluno que se formou professor chegou ao topo da montanha. Trepou o suficiente para lá chegar, ultrapassou os obstáculos que lhe apareceram pela frente, o seu olhar procurava obstinadamente o cume.
Não é uma pena e um desperdício só ter uma montanha para escalar?

Anónimo disse...

Passo a estar na posição intermédia..Para os mais pequenos (até ao 2ºciclo) ainda acho que a motivação é o que os move, a agir, a procurar ou a querer. Os mais velhos (ensino secundário)a motivação é quase parte intrinseca da pessoa, porque já devem saber o que querem.Arte por um Canudo.