sexta-feira, outubro 8

contexto

Como (de)formado em História há muito que sei que aquilo que somos é produto de nós mesmos, da nossa experiência, da nossa (de)formação mas também do nosso contexto. As circunstâncias, boas e más, moldam-nos, definem um conjunto de ideias, pensamentos, preocupações, valorizações e outras coisas que tais.
Quer no ano lectivo transacto, que tive um conjunto de turmas particulares, quer este ano, com grupos algo distintos mas enquadrados na mesma faixa etária e num conjunto idêntico de (pré)conceitos face à escola, ao qual acresce uma significativa descrença no mundo e na sociedade, a minha grande preocupação, a minha base de trabalho tende a desviar-se da área da análise organizacional e das políticas educativas, onde gosto de estar, onde gosto de me sentir, onde me sinto menos elefante em loja de porcelanas, para a área das didácticas, das metodologias do ensino, da relação pedagógica.
O grande objectivo, afinal não muito distante das questões da organização e da política educativa, é definido com base na procura ou na construção de um sentido da/para a escola, de qual o papel do processo formal de educação, na aquisição de instrumentos que permitam compreender e interpretar o mundo.
A treta é que muitos estão ali apenas e somente para engolir algumas ideias e vomitar conhecimentos em altura de teste. É para isso que serve a escola. Não concordo, nem quero assim entender o papel da escola. Mas sinto-me isolado. E estar sozinho cansa.

2 comentários:

Miguel Pinto disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Miguel Pinto disse...

Já que estamos em maré de desabafos, então aqui vai mais um: Como sabes(?), iniciei um ciclo (de três anos lectivos) com uma turma do novo curso tecnológico. Presumi, erradamente, que os alunos estariam interessados em adquirir algumas ferramentas para lidar com o mundo (incluindo o laboral) no final desse ciclo. Como vês não estás só, companheiro de estrada! E já que toquei ao de leve na questão do isolamento, ainda na semana passada uma colega que lecciona Matemática nessa turma referia-se ao estado deprimente em que se encontrava devido à dificuldade em manter os alunos orientados para as tarefas da aula. Assumindo desde logo a responsabilidade pelo clima das aulas ela reconhecia estar perante um caso perdido... não sabia o que fazer. Disse-lhe que já eramos dois! Ficámos mais aliviados!