sábado, outubro 2

ranking

há tempos assinalei a surpresa inglesa dos resultados dos exames nacionais. A média tem subido, de forma constante, há mais de 10 anos, circunstância que, dizem os senhores, descredibiliza exames, examinados, sistema e actores educativos.
Por cá, as conversas rodam, de forma insistente e teimosa, numa descriminada comparação entre escolas públicas e privadas, escolas do interior e escolas do litoral, escolas urbanas e escolas sub-urbanas, como se não existissem diferenças entre realidades, como se os recursos não fossem incumensuravelmente diferentes e descriminatórios, como se a estabilidade, segurança e possibilidade de articular um trabalho de longo prazo não fizessem parte de filmes diferentes.
Estou certo que as escolas privadas, e os seus defensores, encontrarão pretextos suficientes para defenderem, com mais veemência e acutilância, a privatização de todo o sistema, talvez os resultados se alterassem, talvez a realidade fosse melhor.
Como estou certo que os elementos das escolas públicas que ficaram na cauda encolhem os ombros perante a sensação de agrura e a incapacidade e impossibilidade de fazer melhor, de fazer diferente. Simplesmente porque não têm um quadro docente estável, depois porque as crianças têm, para além da escola, muitas outras ocupações e afazeres, porque não têm os meios nem os recursos disponíveis que tornam atractivos os espaços e as situações pedagógicas, porque não têm possibilidade de definir qual a formação necessária para quadro de docentes, nem de influenciar modelos de trabalho, nem de repensar o espaço organizacional.
Pequenas/grandes questões que definem um modelo de trabalho e um mercado alvo. Tal como qualquer outro produto que, para além do seu próprio usufruto, permite criar situações e factores quer de descriminação, quer de diferenciação.
Para terminar esclarecer que, genericamente, concordo com a apresentação dos resultados dos exames, com a análise que é efectuada. Considerar a partir dele que existe um ranking de escolas é tapar o sol com a peneira, favorecer o mercado da educação, descriminar o trabalho que de bom também existe no sector público.

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