sexta-feira, setembro 3

das situações

A Visão desta semana apresenta um apontamento de reportagem sobre a situação mais ou menos indefinidade de milhares de docentes. Aqueles que, independentemente do tempo de serviço mas claramente condicionados pelo curso ou pela idade, andam de lado para lado, à procura de gente, à procura de uma escola onde possam fazer aquilo que sabem e que gostam.
Não comento esta situação, sabemos o que ela é, sabiamos, previamente, com o que contar e quais as regras deste jogo. Como não comento do papel do Estado quanto à sua intermediação na relação entre formação incial e mercado de trabalho.
Não comento nada. Permitam-me, no entanto, perguntar:
  • como se pode, nestas condições e nesta situação pereclitante, pensar a escola?
  • como podem as escolas ser espaços de aprendizagem e troca de conhecimentos mútuos, entre alunos e professores, entre professores e encarregados de educação/comunidade, quando sabemos que temos prazo de validade na relação estabelecida?
  • como se podem definir objectivos de ciclo quando, muitos, nem um ano lectivo chegam a estar na escola?
  • como se pode apelar à qualidade da educação, ao aumento da qualidade das nossas escolas, quando estamos preocupados com os filhos distantes, se dormiram, se comeram, se estão bem?
  • com que legitimidade se exige ao docente o domínio de tecnologias, didácticas, conteúdos, conhecimentos e informações quando anda mal dormido, mal comido e preocupado com aqueles perante os quais tem maiores e mais legítimas obrigações, os filhos?
Continuar a exigir à escola e aos seus profissionais, competências, qualidades, empenhos e dedicação sem nada em troca, é como pedir o céu e a terra em troca de um sorriso. Mas não haja dúvidas que este sistema educativo, tal como está montado e articulado, não merece, em muitos dos casos, os professores que tem. Quer pela dedicação de muitos dos seus profissionais, como pelo distanciamento que muitos também criam, seja por protecção e segurança emociaonal própria, seja porque a mais não se sentem obrigados.

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