domingo, setembro 5

nova escola

Belissíma peça esta que António Barreto traz à baila.
São outros argumentos, um outro ponto de vista a confirmar que não chega a democratização, a autonomia, a massificação. Que, apesar das suas vantagens óbvias e evidentes, este modelo de escola encontra-se esgotado, ultrapassado.
Que há necessidade de ultrapassar o isolacionismo, o acantonamento, o fechamento, o individualismo em que a escola tem estado inserida, como se a coisa da educação fosse exclusiva da escola e dos professores.
Há que ultrapassar dicotomias, divergências e receios, fantasmas.
A escola, a nova escola, a nova orientação organizacional da escola dever-se-á pautar pela integração, pelo pluralismo e pela tolerância. Como? integrando todos aqueles que num dado contexto se relacionam, directa ou indirectamente com a escola. Chamando à tomada de decisão, mas também de responsabilização, pais encarregados de educação, autarquia, forças económicas e sociais de um concelho de uma região, interesses colectivos e culturais, agentes desportivos e recreativos.
Ela já existe na Assembleia de escola? digam-me uma em que exista debate, definição e orientação política, criação de estratégias e modelos, de uma gestão adequada entre conselho executivo e assembleia de escola.
Não podemos deixar na mão dos professores e da escola a responsabilidade de educar e instruir uma população, de preparar os jovens para o futuro. Todos devem ter a sua responsabilização na definição de modelos, de objectivos, de perspectivas, de oportunidades de futuro.
A escola não pode ficar limitada e condicionada aos modelos de alfabetização de massas ou de instrução de públicos, nem se deve ficar pela formação inicial. A escola deverá ser capaz de envolver públicos, criar novos e diferentes públicos, definir linhas de rumo num concelho e numa região, como deverá ter participação na formação profissional, na formação continua, na reconversão profissional.
A escola terá de ser diferente para respeitar as diferenças, os interesses e objectivos diferenciados de toda uma população. Como deverá ser capaz de criar alternativas ao desemprego de licenciados, criando alternativas à prossecução de estudos, à valorização excessiva do canudo.
A escola terá de se organizar de modo diferente, diferenciado, plural e dinâmico. Deixar as escolas entregues exclusivamente aos professores e ao ministério da educação é limitar, excessivamente, os interesses e as capacidades daqules que são os profissionais da escola.

1 comentário:

Miguel Pinto disse...

(Este texto serviu de ponto de partida para um novo olhar. Transformei o meu comentário numa entrada.) Então aqui vai.
Não existe acordo generalizado exógeno sobre a falência do modelo de organização da escola. Mas admitamos que esse acordo será indeclinável tendo em conta as exigências insatisfeitas que a sociedade vai observando a partir de uma presumida ineficácia da escola. Neste quadro, a discussão sobre um modelo alternativo seria obrigatório.
Cabe-me perguntar se esse modelo alternativo prosseguiria os objectivos que têm conferido sentido à educação, agrupando-se nas temáticas sugeridas por Sacristán:
A fundamentação da democracia;
O estímulo ao desenvolvimento da personalidade do sujeito;
A difusão e incremento do conhecimento e da cultura em geral;
A inserção dos sujeitos no mundo;
A custódia dos mais jovens, suplantando nessa missão a família?