domingo, setembro 5

uma nova escola

O Miguel deixou um comentário pertinente, um ponto de partida para uma discussão onde seria interessante o maior número de participações e de elementos possíveis. Provavelmente pela mudança de endereço e pelas limitações que o próprio sapo tem colocado neste fim de semana, a discussão ficará algo limitada.
Mas avancemos. A escola ou mais adequadamente o novo figurino organizacional da escola do século XXI deverá respeitar os princípios e valores da escola que conhecemos (democracia, participação, tolerância, respeito, multiculturalidade, relação estreita escola/família, entre outros), como deverá estimular novos objectivos.
Quando refiro que é necessário um novo paradigma organizacional da escola portuguesa penso não apenas no falhanço que é adequação da escola às saídas (profissionais ou escolares), à exclusão e ao não respeito pelas minorias e pela diferença, como também na clara inexistência de uma ligação efectiva entre a escola e o seu meio, entre os actores educativos e os restantes protagonistas locais, na clara e manifesta ausência de factores locais de regulação da escola, como lhe chamaria J. Barroso.
A escola que conhecemos procura homogeneizar, integrar a diferença dentro daquilo que algo ou alguém convencionou designar de norma e de normal. Como a ligação com o local é forma, despida de qualquer laço ou ligação de responsabilidade, como o próprio local não reconhece a escola como sua (a não ser que existam factores exógenos de ameaça - encerramento, junção, deslocalização, entre outros).
Como é patente que quer o modelo político-administrativo centralizado falhou mas que a autonomia, por ausência de um sentido político local, falhou também. Há necessidade de contrabalançar entre um e outro nível, criando factores de participação e responsabilização dos actores locais no devir educativo.
Há, permita-se-me a metáfora, que deitar abaixo os muros e as grades da escola e fazer desta mais um bairro, um entre todos os outros que existem, que se leve para a escola aquilo que interessa à sua comunidade, às suas gentes. Que se seja capaz de integrar uma lógica nacional em interesses que são locais. Que seja capaz de promover o local como um espaço próprio e específico de um contexto nacional, mas que (de)tem problemas e problemáticas que lhe são específicas. É por estas e por outros que se criticam os elementos das direcções regionais ou os demais políticos de desfazamento face ao que se passa nas escolas, no terreno.
Isto só é possíovel desde que o modelo organizacional da escola seja diferente daquele que hpje existe mas também só será possível se os seus principais actores (os professores) assim o interpretarem e desejarem.

1 comentário:

Miguel Pinto disse...

Deixemos para outro momento a discussão sobre a tarefa primeira de qualquer processo de mudança na escola. A persuasão dos professores, ou melhor, o auto convencimento de que é possível retirar vantagens numa outra escola, numa escola aberta à comunidade, numa escola da comunidade.
Ficou claro no teu texto que seria possível encontrar escolas com distintas lógicas de funcionamento conforme o desejo das comunidades educativas a que pertencem, as tradições e a especificidade do meio.
Que relação seria desejável estabelecer com o poder central?
Estou a pensar, por exemplo, na função de controlo das relações laborais, da definição curricular, etc.
(Seria interessante que outros olhares se deixassem envolver na discussão...)