quinta-feira, janeiro 25

do debate


Esta entrada de JPP, no seu não menos famoso abrupto, cria a vontade de discorrer em torno da ideia;
genericamente concordo com ela;
chegaram ao patamar do protagonismo político um conjunto de elementos (consoante a corrente poder-se-ão designar de actores), nascidos ainda antes de 74 (década de 50), formados nos ventos da primavera marcelistas e consolidados entre o PREC e a democracia pré-CEE;
apesar de pertencerem aos diferentes partidos políticos, têm, como traços comuns, estarem no mesmo intervalo etário (grosso modo entre os 45 e os 55), estão nos partidos pelos menos desde meados da década de 80, têm uma excessiva consideração, quando não valorização, pelos ventos da Europa, na generalidade têm uma formação que raramente exerceram ou praticaram, estão imbuídos de um misto entre o espírito da retórica parlamentar (com laivos normativos, juridico-legais) e uma tecnocracia saxónica (dos modelos de gestão, das lógicas de organização, da mediatização da coisa pública);
combinar a operacionalidade de um com outro é que é difícil, como é difícil a sua implementação;
neste sentido, por vezes faz-se sentir o desacordo entre um quadro conceptual(formado em lógicas mais políticas que partidárias, mais europeias que nacionais, mais urbanas que rurais) e um quadro mental ainda manifestamente português (do desenrasca, do logo se vê, da resposta mais retórica do que prática, da ausência de resultados ou de avaliação, da pequenez mesquinha);
onde divirjo com JPP (qual pretensão e arrogância) é a de que também ele pertence a esta geração, a este conjunto de actores que comanda (e estou certo que irão comandar) os destinos da nação;
onde diverge ela da geração que a antecede, dos 35-45, aquela mesma onde me situo (pelo menos na faixa etária)? quais as diferenças entre uma e outra?
em meu entender em dois planos, por um lado, numa maior harmonização entre o quadro conceptual e o quadro mental (já aqui o tenho dito e escrito, não me prendem fantasmas no sótão, nem tenho esqueletos no armário) e, por outro lado, o dos resultados (não tão práticos, mas claramente obtidos mediante processos substancialmente diferentes (menos oligárquicos, menos reticulares, de uma maior autonomia e responsabilização);
considero que não há divergência de posições (entre o dissecado por JPP e aquilo que desmonto ou desvelo);
mas há um risco, há muito assumido pela minha própria prática pessoal, organizacional e política, a de o meu grupo ficar a ver passar os comboios, perder oportunidades e não conseguir (por demérito de uns e por falta de mérito de outros) aceder aos patamares da gestão da coisa pública;
onde nos colocaram mais não é que um rebuçado, um entretém para que não moa, não resmungue, não fale e, mais importante, não se pense;
erro craso este o de desvalorizar o outro;

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