quarta-feira, maio 30

em greve


não faço greve, por motivos óbvios (afinal sou uma das chefias da administração pública e, para qualquer caso, um dos representantes do patronato);
não sei se a faria caso não estivesse por estas bandas;
entre a imprescindibilidade da alteração do papel e da acção do Estado sou defensor de outras metodologias e de outras estratégias para a sua implementação;
apesar da alteração das lógicas de funcionamento e organizacionais as lógicas de implementação da mudança continuam muito top-downn, de cima para baixo, como se no topo estivessem os inteligentes e, cá em baixo, os operários, humildes servidores e operacionais do que os outros pensam;
continuo a defender um Estado em rede, onde, entre a concepção e a implementação, existiria uma articulação funcional, uma responsabilização individual e uma prestação de contas consentanea com os objectivos definidos;
muita da agitação social que se vive podia ser, no essencial, minimizada, caso os interlocutores sectoriais e regionais fossem chamados não apenas a implementar (quando o são) mas a justificar, a negociar, a esclarcer e clarificar o que se faz;
não estamos em tempos de imposição, mas de negociação; as populações têm de perceber o que se está a fazer, porque se está a fazer, qual o caminho, quais os objectivos, o que se obtem em troca, o que se ganha (e o que se perde) com a mudança;
porque os actores desconcentrados ou não são chamados a esta intervenção (quando não mesmo relegados para 3º plano) ou porque simplesmente estão pouco habilitados ao esclarecimento, à negociação, ao compromisso, corre-se o risco de radicalizar posições onde há sempre um conjunto de interesses e de interessados que daí obtem dividendos;
independentemente da guerra dos números, no contexto de uma greve, ninguém ganha, apenas se reforça o acantonamento de posições;

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