segunda-feira, maio 14

cidade - que cidade?


é engraçado perceber o que não se discute, os silêncios algo ruidosos, os constrangimentos do movimento surdo nas cadeiras;
discutir a cidade é pensar a cidade, aquela que se tem, aquela que se quer e, entre um e outro ponto, os modos de lá se chegar;
desde os anos 80 que participo (com maior ou menor intensidade, mais ou menos empenhamento) na discussão da minha cidade;
lembro-me das alterações à praça de Giraldo, o primeiro PDM, o famoso pólis eborense;
como me lembro de percorrer as ruas, os bairros, os monumentos de ontem e de hoje, de falar e ouvir as pessoas;
agora que se fala novamente da cidade, não sinto (pretenciosismo meu) uma discussão sobre a cidade, nem a que temos, nem a que queremos;
percebe-se o enleio em que o PCP está, arregimentando ideias ultrapassadas, querendo veicular ideologias manifestamente em desuso, apresentando actores com prazo de validade caducado;
percebe-se o papel do PSD a querer conquistar um espaço, a apresentar pretensos actores políticos, a brincar ao toca e foge;
como se percebe a ausência de um conjunto de quadros da cidade que, vá lá saber-se do porquê, marcam pela ausência, sejam dos serviços, sejam da universidade, sejam das pseudo elites políticas, culturais ou económicas da cidade;
o que se assiste é a uma discussão pré-feita, de ideias comuns, e banalidades, mais do momento da cidade do que de que cidade de futuro se fala;
percebo o envolvimento do presidente da edilidade, a sua vontade e tenosidade em ir à frente; como é perceptível o querer falar do futuro sem se discutir de que futuro se fala;
a própria blogosfera eborense, desde aquela que brinca ao diz que se disse, que arregimenta mais a aleivosia que o argumento de facto, àquela outra que se traduz na assunção de posições e do nome, revela este traço de ausência da cidade;
parecemos presos a um espaço e a um tempo que marcou a cidade, às ideias feitas, aos actores que estão presos a esse tempo e a esse espaço de cidade;
falta arrojo, tanto de uns como de outros, faltam actores com outras ideias e não actores mais novos com as mesmas velhas ideias, falta olhar o futuro como desafio e não como constrangimento, faltam cumplicidades citadinas onde sobram lamentos e lamúrias;
discuta-se a cidade, discutam-se os futuros, sejamos ambiciosos; Évora merece e precisa dessa ambição;

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