sábado, abril 5

da política local

A estrutura concelhia de Évora do Partido Socialista foi ontem a votos, com resultados que pouco acrescentam à linha do horizonte partidário;
Algumas notas sobre uma vida interna vista por um elemento (eu mesmo) que não foi convidado para a comissão política concelhia mas que integra a secção de Évora.
O Partido Socialista queira-se ou não, concorde-se ou não, é um partido plural. Plural por integrar diferentes correntes de opinião, diferentes facções, diferentes lógicas de governação e de acção pública. Plural porque os seus próprios estatutos concebem a possibilidade de existirem tendências no seu seio.
Ora esta pluralidade tem servido para quase tudo. Por um lado, para o reconhecimento político, partidário e social que o PS tem assumido no contexto nacional e local.
Mas, por outro lado, e em face de posições diferenciadas tem servido também para o entrincheirar de posições, lógicas e poderes por vezes mais fulanizados do que ideológicos, mais individuais que políticos.
O PS, no concelho e no distrito, tem-se pautado por um paulatino crescimento, como se tem evidenciado nos actos eleitorais, e por uma crescente consolidação da sua massa eleitoral.
contudo, o PS, em militantes, tem crescido muito pouco e muito menos do que intenções ou os votos expressos. Talvez por isso mesmo a sua organização interna é ainda muito marcada por lógicas dos idos anos 70 ou 80 do século passado, onde os debates eram marcadamente ideológicos. Onde os tempos foram muito marcados por lógicas mais partidárias que políticas.
Neste século XXI, o PS em Évora mantém estas mesmas características. Uma excessiva dependência (quando não reverência) pelas figuras nacionais, um apagamento político local (escassez manifesta de debate, de confronto de ideias, de integração das diferenças, de afirmação das tolerâncias), uma permanência de lógicas de acção institucional que facilmente são identificáveis com a História local do partido, alguma dificuldade em apresentar ideias próprias, uma linha de orientação definida, ou mesmo de apresentar uma capacidade de renovação que, apesar de existente, é ainda muito incipiente e dependente das lógicas de fulanização, de camaradagem, de dependências. Isto é, o lifting externo e público que marcou o aparecimento de novos nomeados não teve, ainda, a necessária correspondência interna.
ora os tempos e tudo o que eles trazem, são outros, como as exigências, a abertura, a participação, o debate, o pluralismo e alguma flexibilidade de fronteiras, de modo a integrar outros elementos, novas ideias.
Saibam as novas estruturas criar mecanismos e instrumentos que possam contrariar uns e afirmar outros.

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