quarta-feira, março 29

Alentejo 2015

Foi ontem apresentado, na CCDR, com alguma pompa mas sem grandes circunstancialismos, as linhas estratégicas do percurso que pretensamente nos conduzirá a 2015.
Na ausência de um ministro claramente fora do tempo e desenquadrado de contextos e de muitas das realidades políticas nacionais, houve espaço para que um dos seus secretários de estado apresentasse as linhas gerais do que será o novo QCA e para que o Prof. Augusto Mateus, há muito estudioso da realidade económica alentejana, sintetizasse os grandes objectivos, as metas em torno das quais terá de existir algum consenso. Um apontamento onde são visíveis alguns dos mitos que rodeiam o Alentejo, afinal não é uma região intensamente desfavorecida (faz a ligação entres o pelotão avançado e a retaguarda – em 7 regiões está num 4 lugar, em termos de competitividade e coesão), tem potencialidades endógenas há muito reconhecidas e algumas já afirmadas, tem ritmos perfeitamente distintos de afirmação, entre o litoral e o Baixo Alentejo, entre as mais valias empresariais e as afirmações industriais, entre outros, num trabalho que aconselho a ver.
Eram visíveis na plateia inúmeros protagonistas locais e regionais, organismos desconcentrados da administração pública, autarcas, quadros técnicos, sindicalistas, empresários, etc.
No computo das afirmações, algumas marcadamente lugares comuns, outras em tentativa de romper com o senso comum, foi também visível, pela ausência, um factor determinante e que neste momento o Alentejo não tem, uma liderança.
Para que o Alentejo se afirme, para que seja possível alcançar o pelotão da frente, por que é possível para além de ser desejável, há que se afirmar uma liderança que afirme a democracia, isto é, respeite as diferenças políticas e partidárias, acentua as pluralidades regionais, dê destaque às particularidades pessoais e visibilidade às especificidades locais mas que, para além de tudo isso, seja capaz de congregar em torno de si uma ideia mobilizadora, uma força impulsionadora, uma liderança que afirme um projecto.
E isso, neste momento, o Alentejo não tem.

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