segunda-feira, março 27

sinais

as medidas propostas pelo governo de Sócrates, no contexto da designada reestruturação do Estado, desencadeia um conjunto diverso de sinais.
uns preocupantes, outros reveladores, outros que esclarecem e outros ainda que ocultam.
preocupantes quando são solicitados sacríficios aos portugueses, apesar de existir um amplo consenso, e de repente sentimos que pode haver o refrear de ânimos, o condicionar da acção política, o apelo a que tudo se mude para que tudo fique na mesma. Faço votos e para isso trabalharei para que assim não seja.
reveladores do peso que algumas corporações (desde sindicatos a ordens, desde lbies de interesse a grupos de intervenção) adquiriram e da petrificação social e política que impuseram a determinadas áreas profissionais. Há tempos M. S. Tavares escreveu, e bem, que todos concordamos com as medidas de reestruturação desde que não nos afectem. Percebemos facilmente os comentários daqueles que não são os profissionais abrangidos e as diferenças com aqueles que sentem na pele as mudanças.
esclarecedores de qual o papel que se pretende para o Estado neste início de milénio. Obrigatoriamente diferente daquele que se afirmou no início do século XX e que se consolidou no pós guerra. As situações são outras, os contextos manifestamente diferentes, as exigências muito mais altas, os índices de participação e representatividade claramente outros. Não pode o Estado, seja ao nível da educação, da saúde ou da justiça, permanecer imóvel como se nada se tivesse alterado à sua volta. Haja capacidade, ousadia e temeridade (aquilo que alguns chamam de obstinação) para levar ávante esta reconfiguração.
Agora o que me preocupa é começar a sentir que existem sinais que há interesses que se insurgem. Uns dizem que decorrem do "aparelho" do PS (seja isso o que for), outros dos poderosos grupos de interesse que se movimentam em torno de áreas ou sectores de actividade (assim não têm rosto, são tudo, não sendo nada). Outros apontam as fugas cirurgicas de informação que causam constrangimentos e promovem agitações sem sentido e, particularmente, sem fundamento.
Passado pouco mais de um ano sobre a tomada de posse deste governo socialista há sinais que devemos levar em consideração e saber interpretar. Serão apenas sinais? sinais do quê? sinais para quê?

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