domingo, fevereiro 11

Regulação


Este meu amigo, de quando em quando oscila entre registos e troca ideias e mistura sentimentos;
Por um lado, é um convicto defensor da escola situada, logo local, localizada, contextual e contextualizada;
por outro, desconfia (provavelmente com razão) de tudo o que surge de diferente, seja para reforçar a dimensão situada da escola, seja para retirar mecanismos e/ou instrumentos de regulação ao Estado Central;
praticamente desde o princípio que acompanho (e admiro) a sua escrita, mas fico sempre com a sensação que (mais que eu) responde mais pelo lado das emoções do que pelo lado das razões, revelando aquilo que uns caracterizam por "um estado de suspeição permanente em relação a tudo o que pretende alterar o status quo";
entre um ponto, a regulação normativa e distante do Estado central, assente no que tudo pode prever e determinar, e um outro, a definição de instrumentos e mecanismos de regulação assentes no local, seja ele pela via dos resultados, pela escolha parental da escola ou por qualquer outro, assumo que prefiro o local;
é certo que é mais pessoalizado, mais fulanizado, mas, por isso mesmo, passível de um maior controlo (não burocrático-administrativo, mas social);
a questão que pode assustar, para além dos pretensos clientelismos ou amiguismos (cada vez mais difíceis de sustentar em democracia) releva para as questões dos poderes e das autoridades; estávamos, professores, habituados a um poder e a uma autoridade delegada pelo Estado Central, olhados como elementos desse Estado reconhecia-se no professor o domínio de técnicas, instrumentos e preceitos que configuravam uma dada relação de poder e autoridade entre o professor (a escola) e o aluno (o cidadão, a sociedade);
hoje, fruto de processos diversos e diversificados, essa relação está alterada, sendo fundamental a clarificação dos instrumentos e de elementos locais de regulação; mais do que a criação de novos ou diferentes instrumentos, é a assunção daqueles que sempre existiram e sempre vingaram nas nossas escolas mas em zonas de penumbra, zonas cinzentas, mais por acções individuais do que por opção colectiva, que é preciso destacar e afirmar;
muito sinceramente, não acredito que o Miguel tenha receio de negociar os poderes e as autoridades, de defender novos e diferentes modelos de poder e de relacionamento entre figuras do Estado;
apenas crítica, por que sente a diluição de elementos que antes garantiam a estabilidade e a segurança e hoje nos podem conduzir ao fundo;

Sem comentários: