terça-feira, fevereiro 13

Estado


finalmente, uma última nota em torno desta conversa com o Miguel;
para além dos mecanismos e dos instrumentos de regulação do sistema, um outro elemento (não menos determinante) está aqui em causa, face às políticas educativas, que é o papel do Estado;
papel do Estado leva à necessária explicitação que não se fica pelo papel do governo (este sempre mais curto, mais restrito e condicionado);
entre poderes e autoridades, actores e relacionamentos, protagonistas e conhecimentos as bases (antes sacrosantas) do poder do Estado esbatem-se, diluem-se em esquemas alargados de participação, de consulta pública, de flexibilização social, de argumentação individual;
quase que de modo inevitável que esta diluição de poderes e autoridades, se repercutiria na escola (começou há muito mais tempo nas igrejas, passou pelo exército e instala-se nos poderes laicos - escola e justiça); como se faria sentir naqueles que eram, então, os guardadores dessas formas (simbólicas ou efectivas) do poder, os professores;
hoje muitos pretendem reforçar ou recuperar os seus poderes indo atrás buscar antigos modos e modelos de exercício dos poderes (autoritarismo, colectivização, uniformização, homogeneização); apenas se esquecem (?) que os tempos são outros, os contextos diferentes e as oportunidades mais debatidas e argumentadas que impostas;
e a escola - e os seus profissionais - continuam a fazer percursos de fé, quando a realidade é cada vez mais agnóstica;
enquanto perdurar esta relação desencontrada, estou certo que não há escola, nem profissionais que resistam à sua inevitável erosão (social e política);
alternativas?
organizar os espaços e os tempos pedagógicos de modo diferente - ultrapassar a visão de ensinar a muitos como se de um só se tratasse;
integrar o contexto, enquanto complememento e não como concorrente - chamar os pais, os poderes e os protagonistas locais, fazer funcionar a assembleia de escola para além da sua rotina de dramatização político-educativa;
instituir os conselhos municipais de educação como elementos reguladores do local - mediando a transposição do estado central ao local, definindo percursos e meios, inventariando futuros;
considerando o aluno como sujeito e não como objecto pedagógico;
apresentar argumentos e não apenas opiniões;

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