quinta-feira, novembro 29

do local - os "factus"

como pessoa e como cidadão, não me restrinjo a um olhar a escola; gosto, sempre gostei, de opinar sobre a minha terra e a minha região numa troca de ideias (com quem por aqui passa) sobre política (por vezes partidária, assumo a minha militância) mas que parte dos circunstancialismo locais;
vai daí e não consigo resistir a comentar dois factos que circulam pela cidade;
um refere-se à qualidade da água, que uns pretendem que seja o papão político da câmara e se transforme no imenso lago de imersão das políticas; a criação deste factu político - para além dos dados existentes - mostra o incómodo que se faz sentir pelas hostes que, por um lado, durante tanto tempo desbarataram esta preocupação (sou do tempo em que, pela falta de água, se restabeleciam antigos fontanários, que a conduta da rua do Muro rebentava pelas costuras, que as torneiras pingavam...) e, por outro, do assumido desconhecimento do que é a história desta cidade que condiciona o arranque e a definição de alternativas; a criação e a difusão destas notícias revelam, ainda, que a imprensa local ainda não sabe lidar com o contraditória, que assenta mais no voluntarismo que nas competências, que procura criar distâncias políticas mediante a criação de eventos do que na discussão plural e real das situações;
o outro factu relaciona-se com a localização do novo hospital, que é contestado por alguns, refutado por outros e silenciado por outros ainda;
esta discussão traz-me à ideia uma anedota do tempo em que Abílio Fernandes e o PCP comandavam os destinos do burgo; dizia-se que alguém abordou o presidente da câmara (Abílio Fernandes) com um projecto de construir uma pirâmide de vidro na praça de Giraldo (o centro cá da terra); grande ideia, sublinha o então autarca, por que é que nunca me terei lembrado de uma coisa destas; converse com o vereador das obras para se definir o projecto; da receptividade e simplicidade do atendimento, partia-se para todo um conjunto de obstáculos perfeitamente incontornáveis; e, obviamente, nada se fazia, nem ali, nem noutro lugar; e assim ficou Évora durante 25 anos;
isto é, será que um hospital de dimensão regional deveria ficar na praça de Giraldo? afinal é um espaço central, com rápidas ligações a norte, sul, leste e oeste; será que se a localização fosse na Estrada de Beja não se iria defender que seria melhor que ficasse mais perto da zona norte de modo a permitir a ligação à A6? afinal, quem afirma que o trânsito se encontra congestionado e que as infraestruturas existentes não comportam a expansão da cidade a sul, se esquece (ou omite) que o afluxo a um Hospital é tanto ou maior que a certas zonas comerciais?

há discussões por esta cidade que percebo em face da tentativa de se criarem factus políticos, onde nem sequer acontecimentos existem (relembro, mais atrás, a discussão sobre os contentores do lixo no centro histórico, do pavilhão multiusos e das suas casas de banho, a discussão em redor da escola da comenda, entre outras) onde todas se esgotaram na inevitabilidade da falta de consolidação e coerência dos argumentos; mas são recorrentes na clara tentativa de não matar à primeira, mas moer a discussão que o PS não tem feito e se tem manifestado pela ausência;

um toque final, lamento a extensão, gosto de entradas mais escorreitas para poderem ser lidas e digeridas rapidamente, aproveitando a fugacidade destes espaços; como lamento a impossibilidade de comentários anónimos, limitando e condicionando a troca de ideias, em particular de anónimos que por aqui passam e gostam de discutir os pontos de vista, lembro-me do meu amigo DD, mas fico disponível para a conversa, em circuito aberto ou fechado;

3 comentários:

Francisco da Costa disse...

Manuel Cabeça, quando determinada imprensa usa como fonte um blogue anónimo está tudo dito. Criadores de fogo fátuos.

Paulo Esperança disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo Esperança disse...

“a discussão em redor da escola da comenda”
Posso assegurar-lhe, caro Manuel Cabeça, que por detrás da situação da Escola da Comenda não houve nunca a tentativa de criar “factus políticos”.
E o que pensa ter sido uma movimentação com propósitos obscuros, perpetrada por pais boçais e pouco razoáveis, esteve muito longe de o ser!
Por forma a dissipar qualquer suspeita e a clarificar a situação, terei todo o prazer (assim o queira), em esclarece-lo a propósito deste triste episódio… que continua por resolver...
Um abraço
Paulo Esperança