segunda-feira, outubro 29

da administração

um relatório dá conta, clara, daquilo que muitos já suspeitávamos;
a administração pública trabalha mal é pouco produtiva;
contudo, na comparação efectuada com o sector privado, há diferentes ideias que me ocorrem;
primeiro, trabalha mal e é pouco produtiva porquê? por causa do simples funcionário que cumpre regras e obrigações? por causa dos objectivos que são definidos exteriormente e aleatoriamente ao funcionário e ao sector? ou porque os chefes, as chefias da administração pública são fracas, pouco formadas, pouco conhecedoras de lógicas organizacionais e de articulação dos seus recursos humanos?
segundo, ao se rotular a administração pública de pouco produtiva e desorganizada, comparativamente ao sector privado, está-se a querer dizer que se privatizássemos os serviços eles seriam melhores? mais produtivos? mais rentáveis? considero esta ideia enganadora e preocupante, pois revela o retorno de um velha ideia que quanto menos Estado melhor Estado;
terceiro, no contexto da produtividade e qualidade do trabalho da administração pública, foram equacionados os sectores que, apesar de trabalharem mal, estarem indevidamente organizados, são fundamentais a um Estado de direito, ao Estado previdência, ao serviço público que, neste sentido, o privado nem dado quereria?
sou defensor do papel do Estado e conheço alguns dos seus meandros; considero a acção pública como fundamental na correcção de desequilíbrios e da equidade social; é por isto que defendo, há muito, que a administração pública funciona mal por causa das chefias intermédias, geralmente perpétuaveis nos cargos, independentemente das políticas, sempre defensoras de um função técnica, formadas em lógicas do antigamente, funcionais, hierárquicas, com linha de comando definida, cerceadoras das iniciativas individuais, das autonomias institucionais, sempre receosas da fuga do mando;
mais do que se reconhecer que a administração pública funciona mal seria procurar perceber porque é que funciona mal, onde, por que factores e em que circunstâncias;
este trabalho, pouco adianta ao senso comum, a não ser a progressiva desqualificação e desconsideração de um sector que é, apenas, o mais importante no contexto da economia nacional;

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