quinta-feira, junho 21

desalinhado


estou que na posso;
leva-me a pensar alto e a escrever para me conseguir pensar e situar;
sou um desalinhado manifesto; não gosto de carneirismos, não gosto de lambe botas nem lambe cus;
não me acusem, como é hábito, de pôr em causa o socialismo - na gaveta já está há muito (talvez bem), a social democracia (da qual sou acérrimo defensor) parece cair em desuso;
restam-nos uns quantos amorfismos que trocam salamaleques como se de gente importante se tratasse;
não gosto da rotina, nem da previsibilidade; sou emotivo, gosto das gentes e das conversas; confude-me a ignorância e a arrogância, como fico descabreado com a incompetência e o deixa andar;
nos tempos que correm, fruto de tudo e de mais alguma coisa, ando desapontado e desiludido, faz-se sentir, ainda mais, o meu carácter de desalinhado;
dizem-me que não mudo o mundo, nem é minha intenção tal, mas procuro mudar o cantinho em que me encontro, sinto é as dificuldades de David frente a Golias, da formiga perante o elefante;
dizem, provavelmente com razão, qual a minha arrogância de querer mudar o que para muitos está bem;
sempre que estou assim, lembro-me do filme "Expresso da Meia-Noite" em que preso e condicionado, teimava em andar em sentido contrário, era, dizia, a única forma de se sentir ainda gente no meio daqueles que não eram nada nem ninguém;
talvez uma das razões de ser desalinhado;

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