quarta-feira, maio 4

da diferença

Na sequência de um texto do Miguel, o Paulo levanta uma questão que alguns colocam, outros subentendem e muitos olham para o lado de modo a fingir que não é com eles (entendam-se, os professores)
Pergunta o Paulo uma escola que deve dar as mesmas oportunidades a todos deve ser igual para todos (?).
Resposta directa - Não, pelo contrário tem, deve ser diferente. Isto é, deve disciminar (não confundir com descriminação) e diferenciar para que se possam aceder às mesmas oportuidades.
O que os estudos no campo da História da Educação revelam quase que inequivocamente (o evidente é um deles) é o facto de a escola, em vez de homogeneizar as oportunidades, acentua as diferenças de origem social (e, em algums países, cultural, de género ou raça).
No meu entender (que é feito meu) a escola terá de diferenciar para apoiar a construção da igualdade. Aí sim, não será tão grave o choque quanto aos princípios de organização e de defesa da democracia. E tem sido isto que a escola pública portuguesa não tem sabido fazer - diferenciar.
O resultado é tratar todos como iguais, que não somos, de igual modo, que não queremos, com os mesmos interesses, que é falso, e com idêntidos objectivos ou expectativas, que é ainda mais falso.
A consequência é o insucesso, o desinteresse, o alheamento, o absentismo, o abandono, a indiferença do aluno face à escola, a incapacidade do professor face aos seus próprios límites e desafios.
Para termos uma educação cada vez mais igual para todos, temos de ter uma escola cada vez mais diferente e diferenciadora, que respeite a diferença, que assuma a diferença entre os seus elementos.

2 comentários:

Miguel Pinto disse...

Há ou não lugar para o indivíduo na escola? Convém não esquecer que a educação intercultural não resolverá todos os problemas das crianças e dos jovens. Não resolve todas as situações de desigualdade e exclusão económica, social e cultural. Insisto na necessidade da escola reforçar o princípio da autodeterminação que conduz a diferenciação e a individuação! E isso passa pelo reforço das actividades extralectivas, digo eu [e não estou sozinho]. ;o)

Fernando Reis disse...

Diz o Manuel: "O que os estudos no campo da História da Educação revelam quase que inequivocamente (o evidente é um deles) é o facto de a escola, em vez de homogeneizar as oportunidades, acentua as diferenças de origem social (e, em algums países, cultural, de género ou raça)."
Eu não tenho assim tantas certezas sobre a validade das conclusões desses estudos.
Pelo contrário, o que vejo é que excelentes alunos vindos de meios sociais problemáticos vêem a sua vida beneficiada pela Escola.
Será que é a Escola que acentua essas diferenças, ou as diferenças são tão pronunciadas, independentemente da Escola, que esta não consegue superá-las?
São duas conclusões diferentes, e esta última parece-me a mais correcta.