domingo, janeiro 6

do público

se há serviço público de educação este é um exemplo;
conseguem ser muito mais que a simples soma aritmética dos elementos envolvidos;
e, a propósito da discussão que aí circula, duas notas para a conversa:

podemos não gostar do modelo, podemos não concordar com a proposta, até podemos arranjar todos os pontos de crítica e recusa, mas a responsabilidade primeira pelo estado a que a coisa chegou é nossa, dos professores; é certo que manietados (em parte por imposição, outra por omissão) pelos governos e pelas políticas; mas não fomos capazes de dar mostra que com outras alternativas é possível fazer mais e melhor; tivemos o decr. lei 43/89 (famoso pela designação, da autonomia), depois modelos que eram novos na gestão e depois novos novos modelos (não é repetição nem gaguez, foram assim designados), depois o 115-A/98 e como ficaram as escolas, que espaços foram criados, que envolvimentos foram definidos, que estruturas foram implementadas, que experiências foram iniciadas, que ousadias foram tomadas? existiram, é verdade, como existem boas propostas, ideias, práticas, mas são, o mais das vezes, avulsas, individuais, fruto da carolice e da perseverança de um ou outro docente, da curiosidade ou da recusa de uma certa conformidade de um ou de outro; mas como se integram estes processos diferentes, inovadores, pontuais na estrutura e na globalidade do funcionamento da escola; como se articulam estes outros modos de fazer com a conformidade instalada em muitos dos conselhos pedagógicos;
como as escolas não fazem, como as escolas não promovem, como as escolas não mostram que é possível fazer de outro modo, há sempre um governante à espreita para dizer como é que se deve fazer; e então perdemos outra oportunidade de mostrar como realmente se faz, como há diferenças boas entre nós (professores, concelhos, alunos, contextos, sítios) e que nos enriquecem e não nos limitam e uniformizam (talvez já tenha faltado mais para o uniforme - que tantos defendem);

depois, concordo que no documento em discussão não estará em causa a escola pública, quer pelo alargamento que é considerado de elementos da comunidade, quer pela perspectiva de resultados que se irão colocar à escola e ao director; também tenho algumas dúvidas quanto a lógicas economicistas, sejam elas decorrentes da eficiência do sistema ou da eficácia de resultados; mas já não tenho grandes dúvidas quanto à assumida confusão entre os conceitos de gestão e administração e como, entre eles, se conjugará a autonomia; talvez possa ser lido que ao director competirá a gestão e ao conselho geral a administração, se assim for duas questões, uma teórica outra prática, a teórica, onde se encaixará a autonomia do fazer, do construir, do ousar ou está-se a pensar que o director muitíssimo dependente de resultados irá arriscar na inovação e na diferença? uma questão mais prática, se a administração fica cingida ao conselho geral imaginem a transposição das lutas, dos conflitos e dos interesses que se têm revelado no BCP para um conselho geral de uma qualquer escola e não é nem ficção, nem querer exagerar;

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