segunda-feira, dezembro 3

da falta

o Miguel colocou-me um comentário deveras pertinente na minha entrada sobre a greve;
comentário a apelar à conversa, à troca de ideias, a fazer lembrar os primeiros tempos de uma boa discussão - ainda por cima pública;
não receio os penduras, receio a incapacidade de, por intermédio da greve, não se perspectivar saída, de se radicalizarem posições e situações a que pouco ou nada conduzem - a não ser à afirmação de um ou outro interesse;
como alguém escreveu os tempos são pós-modernos (?) enquanto as formas de luta, a estruturação do confronto social se mantém numa lógica moderna;
sinceramente, sinceramente, não consigo perspectivar outros modos onde o trabalhador possa fazer valer as suas posições e, acima de tudo, as suas reivindicações;
mas a greve não é uma delas, pelo impasse que cria;
não considero justas nem a posição do governo nem as dos sindicatos, que entram para as negociações com valores perfeitamente descabidos, desencontrados e impossíveis de uma qualquer negociação;
é isto que critico, mais do que a acção em si;
mas sou defensor da politização dos processos, nãos os receios, enquanto afirmadores de posições, ideias, ideais e valores; os partidos políticos no nosso contexto é que são mais coorporativistas que políticos; não sei se será uma consequência dos tempos, mas será certamente pela intervenção das pessoas;

1 comentário:

Miguel Pinto disse...

"não consigo perspectivar outros modos onde o trabalhador possa fazer valer as suas posições e, acima de tudo, as suas reivindicações;
mas a greve não é uma delas, pelo impasse que cria;"
A greve é um instrumento limite, um recurso de quem esgotou alternativas e aproximações. É um grito de alerta sério dos trabalhadores(pelos danos que causa, principalmente, neste tempo de vacas magras) e que devia merecer a devida atenção dos responsáveis políticos. Uma greve denuncia um impasse. A greve é uma consequência e não a causa desse impasse. Quanto às verdadeiras razões da greve isso seria motivo para outras conversas...