segunda-feira, agosto 13

a reificação da escola


antes de mais nada, entendo por este título a imagem congelada e imóvel, algo entre o estagnado e o petrificado, da nossa escola;
ora na sequência da entrada anterior, a escola tem sido um dos principais (senão mesmo o principal) instrumento de construção social - a par da igreja e do exército, ainda que estes com significativas alterações no decorrer do século XX;
é a escola o principal responsável pela socialização das gentes, pela homogeneização das diferenças, pela horizontalização das relações, pela uniformização de procedimentos, normas e atitudes, pela estandardização dos comportamentos, etc, etc;
é na escola que se iniciam as regras do bom comportamento, da assiduidade, do respeito pelas hierarquias, pelo cumprimento de prazos e objectivos; é na escola que se aprendem comportamentos, que se interiorizam atitudes, que se disseminam valores e concepções (racionais e lógicas) do mundo; é na escola que se aprende a distrinçar o formal e o informal, o correcto do incorrecto, a lógica metodológica e o senso comum;
ora é tudo isto que, nos últimos tempos, particularmente nos últimos 25/30 anos do século passado, está a ser colocado em causa; e é colocado em causa por um dos principais elmentos do sistema, a autoridade de que a escola (e por seu intermédio os professore) esteve, até há pouco, imbuida; fosse pela valorização social, pelo destaque institucional ou, mesmo e por parodoxal que possa parecer, pelo seu papel político;
é esta mutação que não tem sido acautelada por políticos e por políticas, dando oportunidade a que da autoridade linear, vertical, formal e institucional se passasse para uma sensação de libertinagem, vulgaridade e informalidade;
situação que faz com que em sala de aula o docente hoje seja mais um negociador de situações (comportamentos, atitudes e inclusivamente de aprendizagens) do que um transmissor de conhecimentos préformatados;
como é que isto se processa? quais os instrumentos de que o docente se socorre para o fazer, que práticas são utilizadas para esta negociação, que recursos são mobilizados, que actores são chamados e a que nível de intervenção?
questões que procuro inquirir por intermédio de um projecto que, simultaneamente, me apaixona e amedronta;
e para o qual M. Foucault é incontornável;

1 comentário:

SILÊNCIO CULPADO disse...

Fiquei impressionada com esta tua dissertação.Eu também tenho formação em sociologia e, há muitos anos, tinha uma atracção especial por desenvolver conhecimentos na área da sociologia da educação. É lamentável que actualmente o governo esteja a desvalorizar a classe dos professores porque, ao fazê-lo, está a desautorizá-los perante os alunos e a minimizar a qualidade do ensino.
Bom trabalho de tese e um abraço