quarta-feira, março 7


no meio de todos estes tempos e dos modos, fico com a sensação, mais do que antes, que já não conduzimos os nossos destinos nem as nossas oportunidades;
somos conduzidos, direccionados a sentidos e em direcções que alguém nos impõe ou determina;
no meio da fluidez e das flatulências sinto que estamos a perder o pequeno espaço do livre arbítrio que a igreja e o Estado, até há pouco tempo, nos deixavam;
desprendemo-nos de um e de outro (da igreja e do Estado), ganhamos em gnosticismo o que antes tinhamos em fé ou providência, mas ficamos mais órfãos;
as âncoras que antes nos prendiam a um dado sentido, hoje deixam-nos atolados em terra seca, ou leva-nos para o fundo sem luz;
sinto necessidade de alguns sinais para me poder orientar, mas o que vejo mais se parece com o trânsito cidadino, um caós, o caótico organizado, o fluxo que parece desorganizado mas que, para quem o percorre, terá sentido e direcção;

2 comentários:

Patrícia disse...

Entendo que devemos ir experimentando coisas e saberes. Formando uma consciência, para que depois possamos dizer que não queremos isto, mas queremos aquilo. Essa orientação vinda de fora, vale tanto como uma imposição. Ou seja, nada!
E, sabes o que me assusta mais nesse caos de que falas? O frenesim a que ele nos obriga e nos impede de pensar, raciocinar e tomar posição sobre as coisas da nossa vida e do nosso mundo. Mais do que tudo, assusta-me a possibilidade de nos perdermos a nós próprios, a nossa capacidade de sermos críticos. Porque será sempre através da crítica (porque tem subjacente um raciocínio) que nos afirmamos como homens e mulheres. Como cidadãos. E isso é demasiado importante para que caia no esquecimento.

Ni disse...

«no meio de todos estes tempos e dos modos, fico com a sensação, mais do que antes, que já não conduzimos os nossos destinos nem as nossas oportunidades;
somos conduzidos, direccionados a sentidos e em direcções que alguém nos impõe ou determina;»

...

E assim nos roubam a amada liberdade e e fluidez própria da esperança de quem sabe poder 'chegar'...
... há desencanto... muito... nestes tempos em que nos lembramos das histórias contadas por avós, onde alguém impunha modos de ser, estar e pensar...

Hoje, a mentira é uma realidade. Sob a farsa da bela palavra 'democracia'... impõem-nos decisões tomadas...

...
Sensação estranha, esta. Como se estivessemos num tempo atemporal, num non sense...

Quero a liberdade de volta!

...
Ni*