sexta-feira, setembro 8

sinais da interioriadade

Há uns tempos atrás tive oportunidade de enviar um comentário para o blogue de Pacheco Pereira referente à biblioteca de Évora que mereceu, para além de honras de publicação, comentários simpáticos nesta minha cidade;
um espaço que, nas minhas memórias de estudante nesta cidade, era repleto de respostas, pelo acervo que continha, pela organização que primava, pela acessibilidade dos documentos, pela procura apoiada e muita das vezes substituída pelos elementos sempre prestáveis (uns mais que outros, obviamente) que ali se encontravam;
por razões académicas regresso à Biblioteca de Évora à procura de títulos, documentos, jornais e livros;
uma agradável surpresa, decorrente da modalidade de empréstimo, um espaço diferente das tradicionais bibliotecas, labiríntico na orientação do leitor, na arrumação e disponibilidade dos títulos, pela quantidade disponível;
em contrapartida um manifesto desapontamento, fora da modalidade de empréstimo é, segundo dizem alguns elementos, o caos, a desordem, a desarrumação, o encaixotar de ideias e de sonhos, pensamentos e opiniões;
peço um jornal de meados da década de 90, não está disponível; peço uma revista do final dos anos 80, não temos; peço um livro de 2001, provavelmente temos mas estará certamente empacotado;
num dos dias que vou à biblioteca o meu filho mais velho aproveita a companhia e diz que vai pesquisar nos jornais do dia em que nasceu; como foi um domingo não estão disponíveis ou simplesmente não existem;
procuro eu uma revista da área da educação, das mais conhecidas, só têm números intercalados e por mera coincidência - dizem-me - a que solicito não há;
resultado, de um total de cerca de 20 títulos que alí procurei apenas tive acesso a três ou quatro, tudo o mais sou remetido (sugiro, recambiado) para a biblioteca nacional numa assumida desconsideração institucional de um local de culto e que deveria ser de cultura;
é nestas pequenas mas significativas questões que se fazem sentir os sinais da interioridade;
uma biblioteca pública que foi (ou é, não sei) depósito nacional, recambia os interessados para a biblioteca mais próxima, no caso a de Lisboa;
estou certo que há biblioteca municipais mais arrojadas, organizadas e com amiores disponibilidades que esta que progressivamente e quando comemora os seus 250 anos, se perde na memória, na desorganização, no pó;
é pena;

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