quarta-feira, setembro 6

leituras

Até muito recentemente sentia alguma resistência em realizar leituras directamente do ecrã do computador.
Apesar de os documentos serem digitais (PDF’s, HTML ou outro) quando sentia interesse por um dado documento imprimia-o e, assim, sentia-o nas mãos, podia sublinhá-lo, rasurá-lo de acordo com as diferentes leituras que lhe fazia.
Há dias um comentário fez-me perceber uma outra razão deste meu pretenso gosto.
É que ler, ter um livro ou um texto nas mãos implica um reclinar atrás, um recostar para fruir a leitura e as ideias. Enquanto ler um qualquer documento no ecrã de um computador implica um inclinar à frente, para nos sentirmos mais próximos da fonte, termos uma outra noção do equilíbrio entre nós e o texto.
Pois, …mas fruto de obrigações, agora tanto leio no ecrã como manuseio um livro. Mas que gosto mais de sentir o livro, lá isso gosto.

2 comentários:

Miguel Pinto disse...

Que boa metáfora para caracterizar a relação que todos estabelecemos com o real. De facto, num tempo em que tudo acontece velozmente, e o efémero ganha cada vez mais protagonismo, há gente que prefere ler a realidade inclinado para a frente. Desgraçado daquele que não é capaz de se recostar para explorar outros sentidos dessa mesma realidade. O equilíbrio… é isso mesmo, meu caro!

LN disse...

Por mim, inclino-me mais para a frente em certos períodos mas tem um prazer especial em reclinar :).É o peso, o cheiro, o toque e, claramente, repercurssões da «geração do papel» :))