segunda-feira, agosto 14

(des)igualdade

há muito tempo, desde os meus primeiros passos na pedagogia diferenciada, lá para os primeiros anos da década de 90, que considero que tratar todos de igual modo e da mesma maneira mais não faz que assentuar as diferenças, sublinhar as divergências e criar um maior fosso entre quem não é, por vicissitudes várias, igual;
este fim-de-semana, primeiro num jornal semanário o presidente da câmara de Sintra pôs o dedo na ferida e disse que a Lei das Finaças Locais tem de reflectir as diferenças entre os grandes e os pequenos munícipios (provavelmente passará ao lado de muitos que qualquer freguesia urbana de Évora tem mais eleitores que qualquer outro concelho do distrito, mas muito menos recursos e condições de gestão, como os critérios de dotação são idênticos - mas não deviam ser - para Barrancos ou para Lisboa);
depois e no âmbito dos fogos, o presidente da associação de bombeiros profissionais realça a tradição de culpabilizar tudo e todos, não restando ninguém para poder casar com a culpa; dentro disto, destaque para uma manchete jornalística em que a geografia do fogo retrata o planeamento e a prevenção (que não foi) realizada;
entre um e outro dos apontamento, a manifesta desigualdade de tratamentos, quer na gestão da coisa pública, quer na acção do Estado;
por isso defendo que para se criar a igualdade, há que acentuar as diferenças; a partir daí talvez faça mais sentido falar-se de estado social;

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