quinta-feira, abril 7

viragem (?)

Ontem um amigo procura-me para me questionar sobre a situação em que está o ensino, foram estas as suas palavras.
Tinha estado, momentos antes, na reunião da escola de um dos seus filhos, que frequenta o 7º ano, onde ouviu cobras e lagartos da turma, desinteressados, mal educados, mal comportados, alheados do trabalho escolar, conflituantes.
Disse-me que já em conversas com a directora de turma da filha (5º ano) tinha ouvido o mesmo, no mais velho, 11º ano, o destaque foi à indiferença, à falta de objectivos, à falta de esforço para conseguir resultados, que não sabem o que querem.
Entre a dúvida e a surpresa por de uma só vez ter constatado a situação, pergunta-me o que se passa com a escola, o que é os professores andam a fazer, sobre a situação em que está o ensino.
Começo-me seriamente a convencer que estamos a atravessar um momento de viragem, de reconfiguração conceptual e metodológica, de viragem espistemológica, no que ao trabalho escolar e educativo diz respeito. Não consigo ainda perceber contornos, descrever situações ou, sequer, apontar pistas dos novos caminhos. Mas a situação é generalizável pelo menos em contexto alentejano. As respostas que têm sido definidas são as mesmas de há décadas. A carolice e a boa vontade de muitos professores fazem com que se procurem outras propostas de trabalho mas que acabam, de um modo ou de outro, por ser mais do mesmo, da mesma maneira com a desgraça de ser face a raízes diferentes.
Em que ponto estamos nós? qual o balanço que se pode fazer de 30 anos de democracia da escola? quais as razões deste desinteresse, do alheamento, da indiferença, da falta de sentidos e de objectivos face ao trabalho escolar? o que pode ser feito? qual o papel do professor nesta reconfiguração, nesta viragem?
Será que se justifica manter práticas, estratégias, metodologias, conteúdos e conceitos, organização e princípios que cheiram a bafio face aos desafios do hoje, do amanhã?
Fico na mesma expectativa de um amigo, prefiro sonhar que estamos a discutir currículos, a construir localmente a escola e a educação. Mas estaremos mesmo?

1 comentário:

Anónimo disse...

n-ao! Não estamos....!!!