terça-feira, abril 19

paisagem e gabinete

Há quem tenha a sorte (será privilégio?) de ter um paisagem bucólica onde se descansa a vista e se distendem ideias. Como há quem tenha o prezer (será privilégio?) de usufruir de um gabinete.
Reconheço, assumo a minha inveja (é por estas e por outras que este país não sai do buraco, por causa destas invejas, quem o diz é José Gil). Não exigiria um gabinete, contentar-me-ia com um pequeno cantinho onde pudesse estar, ler, organizar ideias, escrever devaneios, preparar uma sessão.
Mas não tenho. Mas não deixo de estar, de ler, de organizar ideias, de escrever devaneios, de preparar as sessões de trabalho com os aluno.
Não tenho, então invento, desligo do ambiente. Isolo-me. Finjo que fujo e que tenho uma paisagem alentejana em fundo, agora salpicada entre o castanho seco e o verde pintalgado de papoilas e margaridas.
Não tenho. Então imagino. Imagino e construo o futuro com o que tenho, com o que posso. E, se quisermos, podemos tanto.

Sem comentários: