sexta-feira, abril 29

das conversas

Em face das conversas que a discussão em torno das medidas de apoio ao ensino da matemática têm sucistado, permitam-me acrescentar dois ou três aspectos que designo, assumidamente, de banalidades e lugares comuns.
Qualquer medida adoptada necessita de tempo de maturação, de gestação para que, de modo efectivo, prático e real, se façam sentir os seus efeitos, os impactos (tanto os desejados como, inevitavelmente, os nem por isso). Ora a escola e nomeadamente o tempo educativo não se coaduna com o tempo político, com a celeridade mediática que um tempo político e social pensa determinar.
Se, genérica e globalmente, vejo como boas as medidas adoptadas, não deixo de considerar que elas não são vistas em função das capacidades reflexivas e críticas nem dos professores nem das escolas (entendidas como um colectivo profissional e social). Bem pelo contrário. Vêm encontro a consideração dos professores como claros funcionários públicos que apenas fazem quando se lhes diz para fazer, como fazer e o que fazer. Como profissional do ensino tenho pena, como cidadão reconheço muita da verdade, como pai e encarregado de educação considero as medidas, para além de legitimas, escassas, pouco ambiciosas.
Terceira ideia, na minha sala de professores não oiço um comentário fundamentado, consistente ou, sequer, coerente de crítica ou de oposição. apenas e genericamente falando, lugares comuns, defesa de um profissionalismo atávico, minimalista e cerceador de uma qualquer autonomia profissional.
Finalmente, considero que há, em imensas escolas, práticas eficazes, caminhos alternativos, casos de sucesso, reflexão crítica e pensamento assertivo sobre o que se faz, a construção local da escola e da educação. Ideias, práticas, caminhos e alternativas que há que apoiar, valorizar, incentivar e partilhar.
A conclusão que posso fazer destes meus lugares comuns vai no sentido que falta formação à formação, faltam ideias a quem as devia ter (aos professores), falta imaginação, ousadia, capacidade de ultrapassar a banalidade dos dias, desligar de um quotidiano amorfo e enfrentar a construção diária, continuada e persistente da escola. Com o apoio dos colegas, com a conversa na escola, com uma organização diferente dos espaços e dos tempos lectivos, com a construção de objectivos, com a definição de elementos de avaliação, com a aferição de possibilidades, com o envolvimento e a participação daqueles que estão interessados na escola e pela escola. Aprender com os erros, nossos e alheios, saber retirar as necessárias e devidas ilacções dos caminhos trilhados, do feito, do construído.
Três ideias básicas - participação, construção local, avaliação.

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